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História Halo (Camren) - Estado de Graça


Escrita por: lmfs13

Capítulo 12 - Estado de Graça


Eu nunca tinha visto Deus. Já sentira Sua presença e ouvira Sua voz, mas nunca realmente me defrontara com Ele. Sua voz não era o que as pessoas imaginavam, forte e reverberante como retratada nos filmes épicos de Hollywood. Era, na verdade, sutil como um sussurro e atravessava nossos pensamentos com a suavidade de uma brisa nos juncos altos. Ally o vira. Havia uma audiência na corte de Nosso Pai reservada só para os serafins. Normani tinha o nível máximo de interação humana. Ela via todos os maiores sofrimentos, do tipo que era mostrado no noticiário: guerras, desastres naturais, doenças. Ela era guiado por Nosso Pai e trabalhava com o resto da sua aliança para colocar a Terra no rumo certo. Embora Ally tivesse uma linha de comunicação direta com Nosso Criador, nunca conseguimos induzi-la a falar sobre o assunto.  Normani e eu havíamos tentado várias vezes sacar informações dela, mas fora em vão. Acabei estranhamente imaginando Deus quase da mesma maneira que Michelangelo imaginara: um velho sábio de barba, sentado num trono no Céu. Minha imagem mental devia ser imprecisa, mas uma coisa era indiscutível: independentemente de sua aparência, Nosso Pai era a personificação completa do amor. 

Por mais que eu saboreasse cada dia passado na Terra, havia uma coisa do Céu de que às vezes eu sentia falta. Não havia conflitos nem divergências, afora aquele levante histórico que resultou na primeira e única expulsão do Reino. Embora essa expulsão tivesse alterado para sempre o destino da humanidade, raramente se falava nela. 

No Céu, eu tinha uma vaga ideia da existência de um mundo mais sombrio, mas esse lugar era distante de nós, e normalmente estávamos muito ocupados trabalhando para pensar nele. A cada um de nós, anjos, eram atribuídos papéis e responsabilidades: alguns de nós davam as boas-vindas às novas almas chegando ao Reino, ajudando a facilitar a transição; alguns apareciam em leitos de morte para oferecer conforto às almas que partiam; e outros ainda eram guardiães designados para os seres humanos. No Reino, eu tomava conta das almas das crianças que chegavam. Era meu trabalho consolá-las, dizer-lhes que no devido tempo elas tornariam a ver seus pais se abandonassem as dúvidas. Eu era uma espécie de recepcionista celestial para pré-escolares. 

Ainda bem que eu não era anjo da guarda; em geral, eles são extremamente sobrecarregados. Era função deles ouvir as preces dos muitos humanos sob seus cuidados e afastá-los do caminho da perdição. O ritmo ficava frenético com bastante facilidade — uma vez eu vira um anjo da guarda tentar socorrer uma criança doente, uma mulher passando por um divórcio confuso, um homem que acabara de ser demitido e uma vítima de acidente de carro, todos ao mesmo tempo. Havia muito trabalho a fazer, e nunca estávamos em número suficiente para dar conta de tudo. 


Lauren e eu estávamos sentadas  almoçando à sombra de um bordo no pátio. Não podia deixar de reparar na sua mão pousada a milímetros da minha. Ela usava uma aliança de prata simples no dedo indicador. Estava tão absorta olhando para ela que mal notei quando ela falou comigo. 

— Posso pedir um favor? 

— O quê? Ah, claro. Do que você precisa? 

— Será que você poderia corrigir esse discurso que escrevi? Já reli duas vezes, mas tenho certeza de que deixei passar algumas coisas. 

— Claro. Para que é? 

— Uma conferência sobre liderança na semana que vem — disse ela com indiferença, como se fosse algo que fizesse todo dia. — Não precisa ser agora. Pode levar para casa se quiser. 

— Não, está bem. 

Estava lisonjeada por ela valorizar minha opinião a ponto de me pedir para ler seu discurso. Espalhei as folhas na grama e as li. O discurso de Lauren era eloquente, mas ela deixara passar uns errinhos gramaticais que detectei facilmente. 

— Você é uma boa revisora — comentou ela. — Obrigada por fazer isso. 

— Não tem problema. 

— Sério, fico devendo essa. Se eu puder fazer alguma coisa por você, é só dizer. 

— Você não me deve nada — disse eu. 

— Devo, sim. Por sinal, quando é seu aniversário? 

A pergunta me pegou de surpresa. 

— Eu não gosto de presentes — fui dizendo logo, para o caso de ela ter ideias. 

— Quem falou em presente? Só estou perguntando em que dia você nasceu. 

— Trinta de fevereiro — disse eu, chutando a primeira data que me veio à cabeça. 

Lauren ergueu a sobrancelha. 

— Tem certeza? 

Entrei em pânico. O que eu dissera de errado? Recapitulei mentalmente os meses e percebi meu erro. Epa — fevereiro tinha só 28 dias! 

— Quer dizer, trinta de abril — corrigi, sorrindo timidamente. 

Lauren riu. 

— Você é a primeira pessoa que conheço a esquecer o próprio aniversário. 

Mesmo quando eu fazia papel de boba, minhas conversas com Lauren eram sempre encantadoras. 

Ela era capaz de falar das coisas mais corriqueiras e, ainda assim, conseguir torná-las fascinantes. Adorava o som da sua voz e ficaria feliz até de ouvi-la ler os nomes de um catálogo telefônico. Eu me perguntava se seria este um sintoma de paixão. 

Enquanto Lauren fazia anotações nas margens do discurso, dei uma mordida na minha focaccia de legumes e fiz uma careta quando um gosto estranhamente amargo atacou minhas papilas gustativas. Normani nos apresentara à maioria dos produtos alimentícios, mas ainda havia muitas coisas que eu não tinha provado. Levantei o pão com cuidado e olhei a substância passada embaixo dos vegetais. 

— O que é isso? — perguntei a Lauren. 

— Acho que o nome é berinjela — respondeu ela. — Às vezes chamam de aubergine em restaurantes elegantes. 

— Não, a outra coisa. 

Apontei para a camada de pasta verde empelotada. 

— Sei lá, passe para cá. — Observei-a dar uma mordida hesitante e mastigar pensativamente. — Pesto — anunciou. 

— Por que tudo tem que ser tão complicado — disse eu, irritada —, inclusive o sanduíche? 

— Tem toda razão — refletiu Lauren. — Pesto realmente torna a vida muito mais complicada. 

Ela riu e deu outra mordida, empurrando sua salada intocada para mim. 

— Não seja boba — disse eu. — Coma o seu almoço, posso enfrentar o pesto

Mas ela se recusou a me devolver o sanduíche, embora eu insistisse lamuriosamente. Desisti e comi o dela em vez do meu, aproveitando a intimidade entre nós. 

— Está tudo bem — disse ela. — Como qualquer coisa. 

Enquanto seguíamos para a aula depois do almoço, deparamos com uma comoção no corredor. As pessoas falavam com nervosismo sobre o que parecia ser um acidente. Ninguém tinha muita certeza de quem estava envolvido, mas havia uma massa de alunos se dirigindo para os portões principais, onde uma aglomeração se formara em torno de algo ou alguém. Podia sentir que havia dor humana envolvida, e uma onda de pânico me subiu no peito. 

Acompanhei Lauren pelo meio da multidão, que pareceu se dividir instintivamente para dar passagem a representante da escola. Uma vez na rua, meus olhos bateram logo nos cacos de vidro no chão, e segui o rastro dos cacos até um carro com o capo completamente amassado e o motor fumegando. Tinha havido uma colisão frontal entre dois alunos do último ano. Um dos motoristas estava parado ao lado do carro com uma aparência atordoada e desorientada. Felizmente, parecia ter sofrido apenas alguns arranhões. Mudei o foco do Volkswagen destroçado para o carro engatado nele. Vi com um sobressalto que a outra motorista continuava caída no banco, a cabeça encostada no volante. Mesmo da posição em que me encontrava, dava para ver que ela estava seriamente ferida. 

As pessoas observavam boquiabertas, sem saber que atitude deviam tomar. Só Lauren conseguiu pensar com clareza. Sumiu de perto de mim para pedir ajuda e alertar os professores. 

Sem ter muita certeza do que eu deveria fazer, agindo mais por impulso do que por qualquer outra coisa, fui me aproximando do carro, tossindo com a fumaça densa que me tomava a garganta. A porta do motorista tinha sido amassada com o impacto e estava quase solta do corpo do veículo. Ignorando o aço quente que feria minhas mãos, arranquei a porta e fiquei paralisada ao ver a garota de perto. Com um corte na testa sangrando aos borbotões, ela estava inerte, a boca aberta e os olhos fechados. 

Mesmo no Céu, eu sempre ficava tonta quando via cenas envolvendo sangue se desenrolarem na Terra, mas, naquela hora, nem pensei nisso. Passei os braços em volta do corpo da garota e, com todo o cuidado possível, comecei a puxá-la das ferragens. Como ela era mais pesada do que eu, fiquei agradecida quando dois garotos fortes, ainda com roupa de academia, correram para ajudar. Deitamos a garota no chão a uma distância segura do carro fumegante. 

Percebi que a ajuda que os garotos poderiam dar não passaria daquilo. Ambos ficavam olhando nervosamente para trás, esperando o socorro chegar. Mas não havia tempo a perder. 

— Mantenham as pessoas afastadas — instruí-os, e voltei a atenção para a menina. Ajoelhei no chão e encostei dois dedos no seu pescoço, como Normani uma vez me ensinara. Não encontrava o pulso. Se ela ainda respirava, não havia nenhum indício visível disso. Mentalmente, chamei Normani para vir me ajudar. Não havia a menor chance de eu poder resolver aquilo sozinha. Eu já estava perdendo a batalha. O sangue quente escorrendo do talho na sua testa coagulara no seu cabelo. Havia olheiras roxas embaixo dos seus olhos, e ela estava pálida como se estivesse sem vida. Desconfiei de lesões internas, mas não conseguia identificar exatamente quais eram. 

— Aguente firme — sussurrei perto do ouvido dela — O socorro já vem. 

Apoiei sua cabeça com as mãos, manchando-as de sangue, e concentrei-me em lhe passar minha energia curativa. Sabia que tinha apenas minutos para ajudá-la. Seu corpo já tinha quase desistido de lutar, e eu sentia sua alma tentando sair. Logo ela olharia seu corpo inerte de fora. 

Minha concentração foi tamanha que achei que também poderia perder a consciência. Lutei contra a tonteira e me concentrei mais ainda. Imaginei uma fonte de energia brotando de dentro de mim, conduzida por meu sangue e minhas artérias para carregar as pontas dos meus dedos e fluir para o corpo no chão. Enquanto sentia a energia saindo de mim, achei que talvez, apenas talvez, a menina pudesse sobreviver. 

Ouvi Normani antes de vê-la; vinha pela multidão pedindo passagem com insistência. Na presença de uma autoridade, os alunos suspiraram aliviados. Tinham sido isentados de outras responsabilidades. O que quer que acontecesse não estava mais em suas mãos. 

Enquanto Lauren foi socorrer o outro motorista, Normani ajoelhou ao meu lado e usou sua força para fechar os ferimentos da garota. Trabalhou depressa e em silêncio, sentindo e localizando com o pensamento as costelas quebradas, o pulmão perfurado e o punho torcido que quebrara como se fosse um graveto. Quando os paramédicos chegaram, a respiração da menina já tinha se normalizado, embora ela ainda não tivesse recobrado a consciência. Vi que Normani não fechara os cortes menores, provavelmente para não levantar suspeitas. 

Enquanto os paramédicos colocavam a menina numa maça, um grupo histérico de amigas veio correndo em nossa direção. 

— Grace! — gritou uma delas. — Ai, meu Deus, ela está bem? 

— Gracie! O que aconteceu? Consegue nos ouvir? 

— Ela está inconsciente — disse Normani — mas vai ficar boa. 

Embora as garotas continuassem soluçando agarradas umas às outras, eu via que Normani as acalmara. 

Após orientar os alunos a voltarem para a aula, Normani me pegou pelo braço e me conduziu à escada da frente, onde Ally nos esperava. Lauren, que não entrara junto com o resto do pessoal, veio correndo quando viu meu estado. 

— Camz, você está bem? — Seu cabelo preto estava bagunçado pelo vento, e sua tensão era aparente nas veias que pulsavam em seu pescoço. 

Quis responder, mas o ar me faltava e o mundo começava a girar. Senti que Normani estava ansiosa para que ficássemos a sós. 

— É melhor você ir para a aula — disse ela a Lauren, adotando um tom de professora. 

— Vou esperar a Camz — respondeu Lauren. 

Olhava para o meu cabelo despenteado, as mangas ensanguentadas da minha camisa e os meus dedos apertando o braço de Normani. 

— Ela só precisa de um minuto — disse Normani mais friamente. — Pode vê-la depois. 

Lauren fincou pé. 

— Só vou se a Camz falar para eu ir. 

Imaginei que tipo de expressão teria se estampado no rosto de Normani, mas quando virei a cabeça para ver, os degraus onde eu pisava pareceram prestes a ceder. Ou seriam meus joelhos que estavam cedendo? Pontos pretos apareceram no meu campo de visão, e me apoiei mais pesadamente em Mani. 

A última coisa de que me lembro foi de dizer o nome de Lauren e vê-la dar um passo na minha direção antes que eu desmaiasse em silêncio nos braços da minha irmã.


Acordei no ambiente familiar do meu quarto. Estava encolhida debaixo da colcha de retalhos da minha cama e sabia que as portas da sacada não estavam completamente fechadas, porque dava para sentir uma brisa trazendo o cheiro de maresia. Levantei a cabeça e fixei o olhar em detalhes reconfortantes, como a tinta descascada no parapeito da janela e o assoalho esburacado suavizado pelo brilho âmbar do crepúsculo. Meu travesseiro era macio e recendia a lavanda. Enterrei o rosto nele, sem querer me mexer. Então vi a hora no despertador — sete da noite! Estava dormindo há horas. Minhas pernas e meus braços pareciam chumbo. Fiquei em pânico quando percebi que não conseguia mexer as pernas, mas logo percebi que Fish estava deitado em cima delas. 

Ele bocejou e se espreguiçou quando viu que eu estava acordada. Afaguei o pelo sedoso da sua cabeça, e ele me olhou com aqueles olhos tristes e sem cor. 

— Vamos — murmurei. — Ainda não é hora de você dormir. 

Devo ter me sentado muito rápido, porque uma onda de cansaço me atingiu como uma avalanche, e quase caí para trás de novo. Passei as pernas pelo lado da cama e tentei fazer o esforço necessário para ficar de pé. Não foi fácil, mas consegui me enfiar no robe e ir trôpega para baixo, onde tocava "Ave Maria", de Schubert, como fundo musical. Afundei-me na cadeira mais próxima. Normani e Ally deviam estar na cozinha. A sala cheirava a alho e gengibre. Elas pararam o que faziam para virem falar comigo. Ally secava as mãos num pano de prato, e as duas estavam sorrindo. Isso me surpreendeu, pois parecia já fazer muito tempo que só nos relacionávamos com uma educação distante e civilizada. 

— Como está se sentindo? — Os dedos frios e esguios de Ally afagaram minha cabeça. 

— Como se eu tivesse sido atropelada por um ônibus — respondi honestamente. — Realmente não sei o que aconteceu. Eu me sentia bem. 

— Certamente você sabe por que desmaiou, Camila — disse Normani. 

Lancei-lhe um olhar vazio. 

— Ando comendo direito e seguindo todos os seus conselhos. 

— Não tem nada a ver com isso — disse ela. — É porque você salvou a vida daquela menina. 

— Esse tipo de coisa pode realmente exaurir o praticante — acrescentou Ally. 

Quase dei uma risada. 

— Mas, Mani, você salvou a vida daquela garota — disse eu. 

Ally olhou para nossa irmã indicando que ela devia explicar aquilo melhor e saiu discretamente para botar a mesa do jantar. 

— Eu só curei os ferimentos físicos — disse Normani. 

Olhei estupefata para ela, me perguntando se ela estava brincando. 

— O que você quer dizer com ? É isso que salva alguém. Se uma pessoa é baleada e você retira a bala e fecha o ferimento, você salvou essa pessoa. 

— Não, Camila, aquela garota ia morrer. Se você não tivesse dado a ela sua força vital, nada do que eu pudesse ter feito a teria salvado. Uma vez que se chega àquele ponto, mesmo que a gente feche os ferimentos, não dá para a pessoa voltar. Você falou com ela; ela voltou porque você a chamou e sua força não deixou a alma dela sair do corpo. 

Não conseguia acreditar no que ela me dizia. Eu salvara uma vida humana? Eu sequer sabia que tinha o poder de fazer isso. Achava que meus poderes na Terra só bastavam para acalmar o mau humor das pessoas ou ajudar a recuperar pertences perdidos. Como era possível eu ter encontrado forças para salvar uma garota à beira da morte? Poder sobre o mar, sobre o Céu, sobre a vida humana, este era o dom de Normani. Nunca me ocorrera que meus poderes pudessem ser maiores do que eu imaginava. 

Ally olhou para mim, os olhos brilhando de orgulho. 

— Parabéns — disse ela. — É um grande passo para você. 

— Mas por que me sinto tão mal agora? — perguntei, de repente percebendo o meu corpo dolorido. 

— O esforço de trazer alguém de volta à vida pode ser muito debilitante — explicou Ally — especialmente nas primeiras vezes. Provoca um abalo em sua forma humana. Mas não vai ser sempre assim; você vai se acostumar com isso e vai acabar conseguindo se recuperar mais depressa. 

— Você quer dizer que vou ser capaz de fazer isso de novo? — perguntei. — Não foi um golpe de sorte? 

— Se fez uma vez, pode fazer de novo — respondeu Normani. — Todos os anjos têm essa habilidade, mas ela se desenvolve com a prática. 

Apesar do cansaço, de repente fiquei alegre e jantei com apetite. Em seguida, Normani e Ally recusaram minha oferta para ajudar a lavar a louça. Em vez disso, Ally me levou para o deque e me fez deitar na rede. 

— Você teve um dia muito cansativo — disse. 

— Mas detesto não ser útil. 

— Você vai poder me ajudar já, já. Tenho um lote inteiro de chapéus e cachecóis para tricotar para o bazar. — Ally sempre arranjava tempo para se relacionar com a comunidade por meio de pequenas tarefas terrenas. — Às vezes as coisas pequenas são as que mais contam. 

— A ideia desses lugares é que a pessoa doe roupas velhas, não que confeccione novas — provoquei. 

— Bem, pelo tempo que estamos aqui, ainda não temos coisas velhas — retrucou Ally. — E tenho que dar alguma coisa a eles; eu me sentiria péssima se não desse. Além disso, posso fazer tudo rapidinho. 

Fiquei sentada na rede com uma manta de mohair enrolada nos ombros, tentando processar os acontecimentos da tarde. Por um lado, achava que entendia o objetivo da nossa missão melhor do que antes; por outro, nunca estivera mais confusa. Hoje fora um exemplo gritante do que se esperava que eu fizesse — proteger a santidade da vida. Em vez disso, eu andara gastando meu tempo absorta numa obsessão adolescente por uma garota que na verdade não sabia nada sobre mim. Pobre Lauren, pensei. Ela jamais conseguiria me entender, por mais que tentasse. Não era culpa dela. Ela só podia saber o que eu permitia que ela soubesse. Estava tão ocupada tentando manter minha fachada que não tinha pensado que mais cedo ou mais tarde tudo teria que ser desfeito. Lauren estava atada a uma vida humana e a uma existência da qual eu nunca poderia participar. A satisfação que senti com meu êxito aquela tarde se desvaneceu, e fiquei me sentindo estranhamente dormente.


Notas Finais


Alguma coisa vai rolar no próximo cap hahaha
Até lá


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