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História Halo (Camren) - Quase Afogada


Escrita por: lmfs13

Capítulo 21 - Quase Afogada


O que MGK queria dizer com "Ela tinha o rosto de um anjo"? Senti que as palavras tinham sido marcadas a ferro em meu cérebro, como se, em uma fração de segundo, MGK tivesse me despido e me deixado exposta e trêmula. Será que ele adivinhara o meu segredo? Seria essa a sua ideia de uma piada de mau gosto? 

Então, algo tomou conta de mim. Senti uma raiva repentina me dominar. Esquecendo-me de que tinha planejado pesquisar sobre a Revolução Francesa, voltei correndo ao prédio principal para procurar ele. Saí em disparada por corredores vazios e voltei à cantina, onde observei atentamente os alunos reunidos em grupinhos. Mas ele não estava em nenhum deles. Um tremor de medo brotou no meu peito, e vi logo que a sensação ia aumentar se eu não fizesse algo para impedir. Precisava localizar MGK e lhe perguntar sobre o poema antes do início da aula seguinte, ou esse medo acabaria comigo. 

Encontrei-o junto ao seu armário. 

— O que significa isso? — indaguei, aproximando-me dele e balançando o papel diante do seu nariz. 

— Como assim? 

— Não tem graça nenhuma. 

— Não era para ter. 

— Não estou a fim de joguinhos. Diga logo o que significa isso. 

— Humm... Acho que você não gostou — disse ele. — Não se preocupe, podemos começar de outra forma, não precisa ficar nervosa. 

— No que você estava pensando quando escreveu? 

— Apenas que seria um bom início — respondeu dando de ombros. — Ofendi você ou algo assim? 

Respirei fundo e me obriguei a lembrar como a srta. Castle havia apresentado o trabalho à turma. Ela nos deu um rápido resumo da tradição do amor cortejador e leu alguns trechos de Petrarca, bem como alguns sonetos de Shakespeare. Falou sobre a idealização da mulher de lugares longínquos e a tendência a venerá-la. Estaria MGK apenas seguindo o tema à risca? Minha fúria então se voltou contra mim mesma por ter tirado conclusões precipitadas. 

— Não estou ofendida — respondi, sentindo-me ridícula. 

Tanto meu ódio quanto meu medo sumiram com a mesma rapidez com que tinham brotado. Não era culpa dele ter pensado na palavra anjo no contexto de um poema de amor. Estava paranóica em relação a todas as referências celestiais. O uso da palavra por MGK devia ter sido inocente. Nem mesmo era original. Quantos poetas ao longo do tempo fizeram comparações similares? 

— Tudo bem — acrescentei. — Trabalharemos mais no poema durante a aula. Desculpe se me excedi. 

— Sem problema. Todos nós temos nossos momentos de excentricidades. 

Ele me deu um sorriso, um sorriso adequado dessa vez, sem malícia ou arrogância. Estendeu a mão e tocou meu braço, num gesto tranquilizador. 

— Obrigada por não fazer drama — agradeci, repetindo o que Dinah teria dito numa situação parecida. 

— Esse é o meu jeito — completou ele. 

Observei-o se afastar e se juntar a um pequeno grupo que incluía Alicia, Alexandra e Ben, da nossa turma de literatura, além de alguns outros que identifiquei como alunos de música devido ao cabelo despenteado e às gravatas frouxas. Os jovens o cercaram como devotos e aparentemente mergulharam de imediato numa discussão profunda. Fiquei satisfeita por ele ter descoberto um grupo em que se incluir. 

Segui em direção a meu armário, ainda com a sensação de que algo estava errado. Somente depois de pegar os livros, quando já esperava por Lauren, me dei conta de que meu desconforto era físico. Concentrei-me um instante e localizei a sensação. Não se tratava realmente de uma dor; era mais como uma queimadura de sol. A pele do meu braço, logo abaixo do cotovelo, ardia precisamente no lugar em que MGK me tocara. Mas como era possível que seu toque tivesse me machucado? Ele apenas passara a mão, delicadamente, no meu braço, e na hora não senti nada de estranho. 

— Você parece distraída — comentou Lauren enquanto caminhávamos juntas para a aula de francês. Ela me conhecia tão bem que não perdia um detalhe. 

— Estou pensando na formatura, só isso — justifiquei. 

— E isso a deixa triste? 

Decidi tirar MGK da cabeça. A dor no meu braço provavelmente não tinha a ver com ele. Devia ter esbarrado em um armário ou numa mesa sem perceber. Precisava parar de ter reações exageradas. 

— Não estou triste — falei num tom leve. — Esta é a minha expressão pensativa. Francamente, Lauren, você ainda não me conhece? 

— Foi um deslize. 

— Que desculpa mais esfarrapada... 

— Sei disso. Sinta-se à vontade para me castigar como quiser. 

— Já mencionei que finalmente escolhi um apelido para você? 

— Eu nem sabia que você estava procurando um. 

— Bem, venho pensando seriamente no assunto. 

— E qual foi a sua ideia? 

— Lern Jergi — anunciei orgulhosa. 

Lauren fez uma careta. 

— Nem pensar. 

— Já sei! Lolo.

— Lolo? É, gostei.

— Sabia que ja gostar.

Cruzamos com algumas garotas admirando vestidos de celebridades numa revista, e me lembrei da minha outra novidade. 

— Já contei que Ally vai fazer o meu vestido? Espero não estar dando trabalho demais a ela. 

— Para que servem as irmãs? 

— Estou tão feliz porque vamos juntas... — disse eu com um suspiro. — Vai ser perfeito.

— Você está feliz? — sussurrou Lauren. — Sou eu que vou com um anjo. 

— Shhh! — exclamei, pondo a mão sobre sua boca. — Lembre-se do que prometemos a Mani. 

— Tudo bem, Camz. Não tem ninguém por aqui com ouvido biônico — garantiu ela, me beijando no rosto. — E a formatura vai ser o máximo. Me fale do vestido. 

Franzi os lábios e me recusei a fornecer qualquer detalhe. 

— Ah, qual é! 

— Não. Você vai ter que esperar. 

— Posso ao menos saber de que cor é? 

— Não. 

— Por quê você é tao muito cruel? 

— Lauren?

— Sim, meu bem. 

— Você faria um poema para mim se eu pedisse? 

Lauren me olhou, curiosa. 

— Estamos falando de poemas de amor? 

— Acho que sim. 

— Bom, eu não diria que é meu forte, mas terei algo para você até o final do dia. 

— Não precisa fazer isso — disse rindo. — Perguntei por curiosidade. 

Sempre me surpreendia a disposição de Lauren para me agradar. Haveria alguma coisa que ela não fizesse por mim se eu pedisse? 

Lauren e eu estávamos escaladas para apresentar um trabalho na aula de francês e tínhamos escolhido falar de Paris, a cidade do amor. Na verdade, não tínhamos sequer feito uma pesquisa. Normani nos deu todas as informações necessárias, sem que tivéssemos que recorrer a um único livro ou página na internet. Quando o Sr. Collins chamou nossos nomes, Lauren falou primeiro e notei que as alunas da classe a observavam. Tentei me imaginar no lugar delas, observando-a, encantadas, de longe, sem conhecê-la de verdade. Olhei para a sua pele branca e macia, os olhos verdes sedutores, seu meio sorriso e o cabelo preto jogado para um lado somente. Ela ainda usava o crucifixo pendurado no cordão de couro em volta do pescoço. Era tão bonita... E todo minha.

Estava tão concentrada em admirá-la que perdi a deixa para começar a falar. Lauren pigarreou, me trazendo de volta ao presente, e rapidamente mergulhei na minha parte da apresentação, sobre os passeios românticos e a maravilhosa cozinha parisiense. Enquanto falava, percebi que, em vez de olhar para os demais alunos e tentar impressioná-los, eu lançava olhares de esguelha para Lauren. Aparentemente, não conseguia tirar os olhos dela um minuto sequer. 

Quando terminei, Lauren, num ato espontâneo, me tomou nos braços. 

— Eca, dá para vocês duas arrumarem logo um quarto? — comentou Veronica. — Isso é trés nojento.

— Já chega — disse o Sr. Collins, desfazendo nosso abraço. 

— Desculpe, Sr. Collins — disse Lauren com um sorriso. — Estávamos apenas tentando tornar a nossa apresentação mais autêntica. 

O Sr. Collins nos lançou um olhar fulminante, mas o resto da classe riu. 

Notícias da nossa performance em francês circularam pela escola, e Dinah me imprensou na parede na primeira oportunidade. 

— Então você e Lauren estão mesmo se curtindo? — indagou com inveja. 

— Estamos — respondi, tentando não parecer empolgada demais, como em geral acontecia quando eu pensava nele. 

— Ainda não acredito que você esteja namorando Lauren Jauregui — disse Dinah, balançando a cabeça. — Quer dizer, não me entenda mal, você é linda, mas as garotas a perseguem há séculos e ela nem pisca. O pessoal achava que ela jamais esqueceria Lucy, mas aí você apareceu e... 

— Às vezes nem eu acredito — concordei com modéstia. 

— Admita que é um bocado romântico o jeito como ela cuida de você, parecendo uma cavaleira galante em seu cavalo branco — emendou Dinah, com um suspiro. — Quem dera se alguém me tratasse assim. 

— Tem um monte de garotos loucamente apaixonados por você, abanando o rabo que nem cachorrinhos. Até mesmo algumas garotas.

— É, mas não é a mesma coisa — discordou Dinah. — Vocês duas parecem ligadas. Os outros só querem aquilo. Quer dizer, é claro que você e Lauren estão curtindo um bocado de coisas boas, mas parece que é mais que isso. 

— Que tipo de coisa boa? — indaguei, curiosa. 

— Tipo... que se faz no quarto — respondeu Dinah rindo. — Não precisa ficar com vergonha de me contar, também já fiz tudo isso. Quer dizer, quase tudo. 

— Não estou com vergonha. É que realmente não fizemos nada de mais. 

Os olhos de Dinah se esbugalharam. 

— Você e Lauren não...? 

— Shhh! — Abanei as mãos diante dela quando os garotos da mesa ao lado se viraram para nos encarar. — Claro que não! 

— Desculpe — disse Dinah. — Fiquei surpresa, só isso. Quer dizer... Bom, achei que já tinham... Mas já fizeram outras coisas, certo? 

— Claro. Passeamos, andamos de mãos dadas, dividimos o almoço... 

— Credo, Mila, quantos anos você tem? — gemeu Dinah. — Preciso desenhar tudo para você? Espere aí, você ao menos já viu? 

— Vi o quê? — explodi. 

— Você sabe — disse ela, enfaticamente. — Isso! — completou Dinah, apontando para a região entre as pernas. Finalmente, entendi. 

— Nossa! — exclamei. — Jamais faria isso! 

— Ora, ela nunca sugeriu que quer mais? 

— Não — respondi, indignada. — Lauren não dá bola para esse tipo de coisa. 

— É o que todos dizem no começo — afirmou Dinah com cinismo. — Dê tempo ao tempo.

— É mesmo? 

— Claro, meu bem — confirmou Dinah, com uma palmadinha no meu braço. — Acho que você deve ficar preparada. 

Calei a boca. Quando se tratava de relacionamentos, eu confiava totalmente na opinião de Dinah. Era a sua especialidade, e ela tinha experiência suficiente para saber do que falava. De repente, me senti desconfortável. Tinha suposto que Lauren não se incomodava com a minha incapacidade de satisfazer todos os aspectos do nosso relacionamento. Afinal, ela jamais abordara esse assunto, sequer sugerira expectativas a esse respeito. Será que estava me escondendo seus verdadeiros desejos? O fato de nunca ter falado nada não queria dizer que não pensava no assunto. Ela me amava porque eu era diferente, mas os seres humanos têm certas necessidades, algumas delas impossíveis de ignorar por muito tempo. 

— Ai, meu Deus. Você já viu o novato? 

Dinah interrompeu minhas divagações, e ergui os olhos a tempo de ver MGK passar por nós. Sem olhar para mim, ele atravessou a cantina para ocupar um lugar na cabeceira de uma mesa onde estavam uns quinze terceiranistas, que o encararam com uma estranha mistura de adoração e respeito. 

— Ele não demorou para recrutar amigos — comentei. 

— Está surpresa? — indagou Dinah. — O cara é quente. 

— Você acha? 

— Claro. De um jeito sinistro, fechadão. Com aquele rosto podia até ser modelo. 

Os seguidores de MGK se pareciam com ele. Estavam sempre com olheiras, em geral mantinham a cabeça baixa e não olhavam nos olhos de quem não fizesse parte do grupo. Observei a forma como MGK os encarava, com um sorriso satisfeito, como um gato diante de um prato de leite. 

— Ele está na minha turma de literatura — comentei num tom indiferente. 

— Ai, que sorte você tem! — gemeu Dinah — E aí, como ele é? Parece um rebelde para mim. 

— Na verdade, é bem inteligente. 

— Droga — disse aborrecida. — Esses caras nunca se interessam por mim. Só conquisto os babacas. Mas, afinal, não custa tentar, não é? 

— Não sei se é uma boa ideia — avisei. 

— Você diz isso porque tem a Lauren. 

De repente fomos distraídas por um grito vindo da cozinha, seguido pelo som de vozes em pânico e pessoas correndo. 

Os alunos trocaram olhares nervosos, e alguns se levantaram hesitantes para investigar o ocorrido. Um deles, Austin Mahone, congelou na entrada da cozinha e levou a mão à boca. Ele recuou com o rosto ficando cinza, dando a impressão de que ia vomitar. 

— Ei, o que houve? — perguntou Dinah, parando Austin quando ele passou por nós. 

— Uma das cozinheiras... A fritadeira com óleo fervendo virou. Queimou as pernas dela. Estão chamando uma ambulância. 

Austin saiu meio zonzo, chocado. 

Olhei para o meu prato e tentei me concentrar em enviar energia curativa na direção da cozinha ou pelo menos algo que anestesiasse a dor. Seria mais eficaz se eu visse a pessoa ferida ou a tocasse, mas sabia que despertaria suspeitas e provavelmente acabaria expulsa da cozinha antes de chegar perto da cozinheira. Por isso, fiquei onde estava e me esforcei ao máximo. Mas havia algo de errado: não consegui me conectar corretamente. Toda vez que tentava, sentia um bloqueio, e minha energia ricocheteava, como se outra força interceptasse a minha, uma força tão impenetrável quanto uma parede de concreto e capaz de rechaçar a energia curativa. Talvez eu estivesse cansada. Esforcei-me mais, porém a resistência foi ainda maior. 

— Mila? O que deu em você? Está com cara de quem está com prisão de ventre — disse Dinah, me arrancando do transe. 

Sacudi a cabeça para voltar à realidade e dei um sorriso forçado. 

— É que está quente aqui. 

— Tem razão, vamos embora. Não podemos fazer grande coisa mesmo — sugeriu, chegando a cadeira para trás e levantando-se. 

Eu a segui sem dizer uma palavra. 

Quando passamos pela mesa em que MGK e os amigos estavam, ele olhou para mim. Nossos olhos se encontraram, e por uma fração de segundo senti que me afogava nas profundezas daquele olhar.


Notas Finais


MGK e seu jeito meio sombrio
As coisas vão começar a esquentar agora...


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