História Halves - Lavínia

O que você tem é difícil de encontrar

Eu penso nisso o tempo todo

Estou deprimida, meu coração está frito

Eu não consigo tirar você da minha cabeça

Your love is my drug - Ke$ha

Lavinia P.O.V

Taylor estacionou e abri a porta antes dele fazer. Entrei em casa, caminhando pelo corredor até a cozinha. Com sorte, Mariah ainda vai estar aqui e vai poder fazer um sanduíche de frango para mim. Felizmente, a loira que cuida de mim desde de que nasci está em frente ao balcão secando alguns pratos.

-Oi Mariah. -sorri antes de me sentar em cima do balcão.

-Oi olhos cinzentos. -ela sorri. -O que quer comer hoje?

-Um sanduíche de frango. Estou sonhando com ele desde cedo.

-Vou fazer e levar no seu quarto.

-Obrigada Mariah. -desci do bacão. -É por isso que te amo.

Ouvi a risada dela antes de subir as escadas. Minha casa é tão grande que quando me mudei acabei me perdendo umas duas vezes. Eu não entendo o porque de ter uma casa grande sendo que apenas meu pai, minha mãe e eu moramos aqui. Claro que tem as pessoas que trabalham aqui, mas elas vão embora no fim do dia.

Abri a porta do meu quarto e deixei a mochila em cima de uma das poltronas que ficam em frente a lareira. Passei pela cama e pelo sofá entrando em uma das portas que leva ao meu closet. A maior parte das roupas foi a minha mãe que comprou já que eu não sou muito chegada a ir no shopping para fazer compras.

Escolhi um short preto, um moletom do Mickey e meias pretas com listras brancas. Tomei um banho rápido e me vesti. Quando voltei ao quarto, havia uma bandeja em cima da cama com o meu lanche da tarde. Peguei meus cadernos e comi enquanto fazia a lição, assim posso ter o feriado e o fim de semana livre.

Lá pelas sete horas, bateram na porta do quarto. Já ia pedir para entrar quando a Hailee abriu a porta com um sorriso animado. Fechei os livros e cadernos e guardei dentro da mochila um segundo antes da Haiz pular na cama.

-Cheguei! -ela gritou.

-Eu percebi. -gargalhei .-Eu te pedi para me ligar se seus pais deixassem você dormir aqui.

-Achei melhor vir. -Haiz deu de ombros. -Sabe, o Mark não vai convidar a Amber para o baile.

Meu coração deu um salto, minha respiração falhou por um momento e senti as malditas borboletas se agitando em minha barriga.

-Eu não ligo. -dei de ombros.

-Claro que não. -Haiz revirou os olhos. -Eu sou sua melhor amiga Lavínia. Sei que você é apaixonada pelo Mark, mesmo que não admita. Porque não se dá uma chance? Ele é um garoto legal.

-Um garoto legal cercado por noventa por cento da população feminina da escola. Eu não tenho chance contra todas elas e mesmo que ele diga que não vá convidar a Amber, todos sabem que ele vai. É só um questão de tempo.

-Você é uma cabeça dura! -Haiz deu um tapa fraco na minha testa.

Peguei uma almofada e joguei nela, ri quando ela me olhou indignada. Fizemos uma guerra de travesseiros por uns cinco minutos antes de decidir que iriamos assistir alguns filmes de terror. Pedimos uma pizza e quinze minutos depois desci para poder pegar.

Meus pais estavam jantando juntos na mesa. Mariah deve ter avisado que eu estava com a Hailee e não ia comer com eles.

Paguei a pizza e voltei ao meu quarto. Hailee estava encolhida embaixo da coberta e eu tive que me segurar para não rir. Ela morre de medo de filmes de terror, mas sempre assiste comigo.

Deitei na cama e me cobri também. A noite vai ser bem longa.

Acordei com o barulho do aspirador de pó que vinha do corredor. Hailee continuava dormindo agarrada em um travesseiro. Bocejei algumas vezes antes de decidir que iria levantar .Já passa das dez horas e eu preciso passear um pouco com o Wolf, meu cachorro.

-Quantas horas? -Haiz resmungou quando comecei a me levantar.

-Não queria te acordar. -mordi o lábio.- Dez e alguma coisa.

-Aonde vai? -ela se sentou.

-Vou passear com o Wolf. Quer ir comigo?

-Claro.

Hailee pegou sua mochila e fui até o closet para trocar de roupa. Visto uma calça jeans preta rasgada, uma regata preta e uma blusa xadrez com meus vans pretos. Escovo os dentes, amarro meu cabelo e passo um pouco de protetor solar. Hoje o dia está bem quente e eu me queimo muito fácil.

Voltei para o quarto e Hailee estava terminando de pentear o cabelo. Peguei meu skateboard branco com as rodas vermelhas e entreguei meus patins para a Haiz. Ela não anda de skate, mas é muito boa com os patins.

Descemos as escadas em direção ao jardim e Wolf veio correndo em minha direção .Por muito pouco, não cai no chão com o impacto. Wolf é um huscky siberiano com o pelo preto e branco e olhos azuis. Ele é bem brincalhão e eu tento passear com ele o máximo que posso já que ele não gosta de ficar preso em casa.

-Hora de passear garoto. -disse fazendo carinho atrás da sua orelha. -Cadê a sua guia hein?

-Aqui. -Haiz me entregou.

Prendi a guia na coleira e Wolf latiu, pulando animado. Saímos pelo portão e tive que esperar a Haiz colocar os patins. Subi no skate e comecei a andar. Haiz gritou pedindo para esperar e eu só conseguia rir enquanto Wolf corria para longe de casa.

-Sabia que eu te odeio? -Haiz disse ao meu lado.

-Eu sei que você me ama. -sorri convencida.

-Aonde vamos? -ela mudou de assunto.

-Ao parque perto da escola. O Wolf adora ir lá.

Seguimos nosso caminho em silêncio até chegar ao parque. Estava um tanto cheio por causa do feriado, mas nada fora do comum. Desci do skate para dar um pouco de água para o Wolf e andar com ele. Segurei o skate na mão e fomos andando com Haiz ainda em cima dos patins.

-Porque tem tantos esquilos aqui? -perguntou Haiz.

-Tantos o que? -perguntei sem entender direito.

-Esquilos! -ela disse um pouco mais alto e arregalei os olhos quando entendi.

Wolf olhou para os lados desesperado e começou a correr em direção a um esquilo. Como a guia estava presa ao meu pulso, fui arrastada pelo Wolf enquanto Haiz gritava e tentava correr atrás de mim. Meu cachorro é obcecado em caçar esquilos e não pode ouvir essa palavra sem sair correndo atrás deles.

Felizmente o esquilo subiu em uma árvore e Wolf parou para poder latir e tentar subir no tronco. Tirei sua guia do meu pulso que estava vermelho e dolorido. Cinco segundos depois, outro esquilo subiu na mesma árvore e um cachorro parou ao lado do Wolf e começou a latir.

-Meu Deus, seu cachorro corre demais! -Haiz colocou as mãos nos joelhos.

-Respira! -coloquei as mãos em suas costas. -Não morre ainda.

-Você fala isso porque corre com seu pai, eu sou sedentária Lavínia.

Sorri de lado. Wolf latiu mais alto atraindo a minha atenção e fui até ele o pegando pela guia. Me abaixei para fazer um carinho e consequentemente dar uma bronca nele.

-Bolt! -ouvi um grito que arrepiou meu corpo.

Eu reconheço essa voz em qualquer lugar. Haiz parecia ter reconhecido também porque olhou para mim com um sorriso malicioso e tratou de sair correndo em direção a quadra de basquete onde alguns garotos estavam jogando. Reconheci os amigos de Mark ali e imaginei o porque dele não estar jogando também.

-Bol  !-ele se aproximou do cachorro e só depois de pegar a guia, ele reparou que eu estava ali. -Oi Lavínia.

-Oi Mark. -sorri fraco, ficando de pé.

-Não esperava te encontrar aqui. -Mark sorriu.

-Decidi passear um pouco com o Wolf. -o cachorro latiu ao ouvir seu nome. -Calma filho. -disse sorrindo para ele.

-Não sabia que gostava de cachorros. -Mark passa a mão no cabelo.

-Esse é seu? -pergunto apontando para o bichinho de pelo marrom.

-Sim, o Bolt. -ele late.- Eu gosto muito de cachorros.

-Eu também.

-Você anda de skate também? -ele arregalou levemente os olhos vendo o skate embaixo do meu pé.

-Sim. -sorri. -Tem muitas coisas que você não sabe sobre mim Mark.

-Percebi. -ele riu fraco. -A Haiz veio com você?

-Ela está na quadra de basquete. -dei de ombros.

-Vamos lá então. -Mark me chamou.

Andamos em silêncio indo em direção a quadra de basquete. Bolt e Wolf  ficavam latindo um para o outro, tentando fugir das guias e eu segurei com força, fazendo meu pulso doer ainda mais. Mark pareceu perceber a situação e tirou a guia do meu braço. Seus dedos tocaram a minha pele e uma corrente elétrica se passou por todo o meu corpo.

Wolf ficou quieto e eu o olhei indignada. Então, é só Mark pega-lo que ele fica quietinho?

-Me deixa ver seu braço. -Mark estendeu a mão.

Estiquei o braço com certa relutância. Mark riu e segurou o meu pulso com cuidado. Foi impossível impedir o meu corpo de reagir com o seu contato. Mordi o lábio para não suspirar. Apenas com um simples toque, Mark já consegue me deixar assim.

Talvez Haiz tenha razão. Talvez eu seja uma boba apaixonada.

-Não parece grave. -Mark me encarou. -Coloque gelo quando chegar em casa.

-Tudo bem.- disse meio hipnotizada pelos olhos escuros de Mark.

Ele sorriu e deslizou sua mão até se encaixar na minha. Senti um calor subir pelo meu pescoço e parar nas minhas bochechas, deixando as mesmas vermelhas. Mark segurou as guias com mais força e me puxou levemente para segui-lo em direção a quadra de basquete.

Um sorriso bobo surgiu no meu rosto e eu tentei, mas não consegui tira-lo dali.