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História Hammond - Dia 5 - O Espelho


Escrita por: Vinibrazuka98

Notas do Autor


Olá meus amigos leitores! Peço desculpas pela minha prolongada ausência. Infelizmente, com a faculdade acabei ficando sem tempo de escrever.
Nesse capítulo, em especial, peço que leiam as notas finais para alguns esclarecimentos que julgo importantes.
É um prazer enorme voltar a postar (:
Um grande abraço!

Capítulo 3 - Dia 5 - O Espelho


Sei que fiquei alguns dias sem escrever, mas posso me explicar. Foi muito difícil trazer à tona tudo aquilo que disse na última “carta”. Creio que nem mesmo lembrei de me despedir ao final. Bem, a verdade é que não tive coragem de tocar na máquina pelos últimos dois dias.

Mas retomemos o suplício. O espetáculo deve continuar.

Você alguma vez já se sentiu distante da realidade, como se todos ao seu redor não fizessem parte do seu mundo, e você não passasse de um mero expectador? Se a resposta for sim, então, bem-vindo ao clube, meu caro.

Eu vejo a vida se desenrolar à minha volta, vejo pessoas chegando e indo embora, como hóspedes fugazes de uma pousada ao pé da estrada. Tudo se move muito rápido para eles enquanto, para mim, cada segundo passa como uma pequena eternidade.

E desse conjunto de várias eternidades que eu já vivi, pude tirar algumas conclusões e, mais importante ainda, formular algumas perguntas a mim mesmo.

Por que gostamos tanto de nos separar uns dos outros, e não de nos aproximar? Por que odiamos tanto, e amamos tão pouco? Todas as noites, na televisão do vizinho aqueles homens engravatados falavam de perseguição religiosa, assassinatos de homossexuais, pobreza nas vizinhanças negras. Quem, em sã consciência, deixou isso acontecer?

Rápida nota: se os seres humanos conseguem matar outros seres humanos só por causa de religião, cor da pele e opção sexual alheias, será que nós temos salvação?

Eu tenho uma teoria para esse comportamento autodestrutivo da humanidade: nós gostamos de separar, de excluir, para nos sentirmos seguros. Vou explicar. A partir do momento em que eu decido odiar um grupo de pessoas (tomemos por exemplo os homossexuais), eu defino para mim mesmo um conjunto de características que me desagradam.

Depois, quando o ódio e o preconceito já estão enraizados, fica fácil perceber a dinâmica deste mecanismo: todo o mal se concentra nos homossexuais. A razão da fúria de Deus sobre o mundo é a depravação que os gays e lésbicas trouxeram. Eles são os pecadores imundos. Este é apenas o prenúncio do fim dos valores morais tradicionais da nossa nação!

E é assim que a verdade (sofisma) se revela. Se eu não ajo da mesma forma que os homossexuais, então isso só pode significar que eu sou o mocinho na história; eu tenho moral e não eles; eu sou um ser puro e iluminado pela graça de Deus, e eles são as crias ingratas, tentadas pelo diabo.

A existência humana é vazia, e as pessoas sentem muito medo de admitir essa verdade. Por conta disso, escolhem o ódio ao invés do amor, afinal, o amor exige sacrifício, exige compromisso, tal qual o compromisso de um jardineiro que rega sua plantinha todos os dias. O amor precisa de cuidado e carinho para se manter. O ódio, por sua vez, não tem as mesmas demandas. Odiar é estático, é agradável, e é a coisa mais fácil do mundo.

É o ódio que traz segurança para as pessoas, que diz a elas “está tudo bem”, “Deus tem um propósito para você”, "sua existência não é um mero desperdício de espaço e oxigênio do universo”. É o ódio que preenche o vazio, o tédio, e alimenta nossos delírios sobre o que seria realmente um mundo ideal.

Assim, fechamos o ciclo e voltamos ao começo, onde meu tempo passa mais devagar que o dos outros, onde eu não sou nada além de um pássaro preso numa gaiola. Minha única companhia é a solidão, e meu único e ardente desejo é poder fazer parte de toda aquela vida lá fora.

Mas nós dois sabemos que lá não é meu lugar...

 

Ass.: O Autor.


Notas Finais


Gostaria de deixar bem claro que minha intenção com este capítulo não é atacar nenhuma ideologia, religião, etnia ou opção sexual. Prego o respeito à diferença, e a proposta por trás desse capítulo é apenas gerar reflexão e debate.
Se você discorda das coisas que eu escrevi, sua opinião será muito bem-vinda nos comentários. Lerei sempre com carinho e de mente aberta. Abração!


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