História Hands to Myself - Feliz aniversário;

 Algumas semanas depois.

 Era uma manhã de sábado e, como todas as outras, Allison trabalhava na cafeteria. Com seu bloquinho na mão, ia de um lado para o outro anotando e entregando os pedidos. O pano de limpeza guardado nos bolsos do avental vermelho que vestia era usado para higienizar as mesas frequentemente.

 Em um breve momento que se sentou em uma das banquetas altas próximas ao balcão para descansar com o amigo Theo, vê novas pessoas adentrando o estabelecimento. Não eram quaisquer clientes, eram suas três amigas: Malia, Kira e Lydia.

 Um sorriso gigantesco brotou no rosto da morena e os olhos escuros cintilaram em sinais de alegria. Isto porque Malia segurava dois balões: um deles tinha o formato do número um e o outro o formato do número oito, enquanto Kira carregava dois balões com a temática do filme Monstros S.A. Já Lydia levava consigo um cupcake azul com uma velinha acesa.

 Hoje, dia vinte e nove de outubro, Allison completava dezoito anos de vida. E as amigas não deixariam esta data passar em branco. As três e Theo cantaram parabéns e no final, seguindo a tradição, a Argent assoprou a velinha para apagá-la.

 — Obrigada, amo vocês — agradece Allison e abraçava fortemente cada uma delas, ainda com um enorme sorriso nos lábios. — Posso? — usa o indicador para apontar em direção ao cupcake. Após receber a permissão de Lydia, a morena pega o doce com animação e logo dá uma enorme mordida, se deliciando com o sabor. Chocolate certamente é uma das melhores coisas existente no mundo.

 — Depois que terminar o seu expediente aqui na cafeteria, onde pretende ir para comemorar o seu aniversário? — a ruiva pergunta.

 — Hmm... — Allison limpa o canto da boca com o dedo, se livrando de qualquer farelo de cupcake que restara ali. — Vou para casa dormir um pouco, depois irei na casa de campo do Derek... — Dá os ombros como se não fosse fazer nada de especial, era só mais um sábado comum como todos os outros. Come mais um pedaço do seu delicioso cupcake.

 — Você já vai para lá quase todos os sábados, será que hoje não podíamos passar a noite com você? — resmunga Lydia e faz uma cara manhosa.

 — Sempre podem. Quer que eu leve vocês hoje? Eu pego o carro da minha mãe e peço para os pais de vocês, tenho certeza que deixarão quando eu disser que é o meu aniversário — oferece.

 Os pais de Kira e os de Lydia não gostavam nem um pouco que as filhas frequentassem festas como era as da casa do Derek: cheia de universitários, bebidas e drogas ilícitas, por isso sempre proibiam-nas de ir. Mas, na verdade, elas não se importavam tanto assim. Sabiam se divertir em outros lugares, e até em outras festas que a rejeição dos pais não fosse tão grande.

 — Ah, não. Estava pensando em comemorar nós — Lydia gira o dedo por ali apontando para as quatros e ao Theo —, os gêmeos, o Danny, sua irmã e o Liam. Lá no apartamento que a Malia mora, o Peter já liberou. Nós assistimos alguns filmes, pedimos pizza, não sei, improvisamos na hora... o que acha?

 — Pode ser, parece legal — concorda Allison e sorri.

 — Ótimo — a ruiva comemora extremamente feliz, arrancado uma risada da aniversariante do dia. — O Theo leva você e a Hayden.

 Allison só não imaginava que esta noite de filmes e pizza era na verdade uma incrível festa surpresa que estava sendo planejada por seus amigos há uma semana. Todos os convidados já haviam sido avisados há alguns dias sobre a festa de luz negra para celebrar o aniversário de dezoito anos da Argent.

 A menina chegou ao apartamento da família Hale e, logo quando Theo abriu a porta, Allison foi surpreendida por um número consideravelmente grande de pessoas cantarolando parabéns para ela. A expressão de susto rapidamente passou para uma imensamente alegre.

 Todos os seus amigos estavam ali, juntamente com vários outros conhecidos – alunos e ex-alunos do colégio Beacon Hills. Todos estes cantaram parabéns em um belo coro e a menina ainda sem reação só conseguia sorrir feito boba.

 Abraçou Theo em agradecimento primeiro, pois no momento ele era o amigo que estava mais perto dela e em seguida a irmã. Logo, correu para abraçar todos os outros, agradecendo profundamente cada um ali. Era possível dizer que algumas lágrimas escorreram em seu rosto, mesmo ela lutando contra por odiar chorar. Ela com certeza tinha os melhores amigos que alguém poderia ter.

 — Alli! — chama Lydia, após a morena terminar de agradecer todo mundo. — Comprei para você usar hoje, espero que goste. — A ruiva entrega uma sacola a ela contendo algumas peças de roupas.

 — Obrigada, Liddy — agradece e abraça a ruiva mais uma vez naquele dia, depositando um beijo carinhoso no topo da cabeça da amiga. — Aposto que a ideia da festa foi sua, estou certa?

 Lydia confirma em um movimento com a cabeça e sorri.

 — Estávamos organizando há uma semana, todos sabiam, não desconfiou de nada?

 — Por incrível que pareça não.

 — Missão concluída com sucesso — comemora Lydia com alegria. — Vamos, troca de roupa.

 A ruiva puxa a amiga pela mão em direção ao quarto da Malia, onde Allison poderia colocar a roupa que Lydia lhe dera de presente especialmente para esta festa: um sutiã estilo top rendado e rosa, uma saia rodada preta e uma linda sandália de salto alto também na cor preta.

 Assim que termina de se vestir, em busca da opinião da amiga ruiva, Allison dá uma lenta volta completa para mostrar cada detalhe do seu visual.

 — Gata — aprova Lydia com um sorriso após analisar o visual dela.

 Allison agradece com um novo sorriso, inclina levemente a cabeça para o lado e, usando a mão, joga os cabelos para trás tirando-os do ombro. Gargalha com Lydia e só então volta para o local onde acontecia a festa de aniversário.

 Antes mesmo de dançar ou pegar qualquer bebida, a morena foi pintar o seu corpo com a tinta fosforescente, encontrando Malia, Isaac e Theo nesta função. Os três se posicionavam em frente à mesa com várias latas de tintas de diferentes cores, além dos pincéis que usavam.

 Pela pequena fila ali, Allison pode analisar que Malia cuidava dos meninos, enquanto Isaac e Theo se encarregavam de pintar os corpos das meninas.

 — Meu triângulo preferido — diz Allison com animação ao chegar a vez dela. Sempre quando via os três juntos chamava-os de triângulo, referente ao termo triângulo amoroso, só para irritar os três amigos. Nas primeiras vezes eles se incomodavam, mas agora já haviam se acostumado com Allison chamando-os assim.

 — Aniversariante — fala Isaac. — Vai escolher quem? Eu estou ganhando, o preferido até agora, se eu fosse você também me escolheria.

 Theo estreita os olhos e balança a cabeça em negação. Malia também negava com a cabeça, mas diferente de Theo ela ria.

 — Estão competindo para ver quem pinta mais garotas? — Allison aponta para ele e depois para o Theo, gargalhando em seguida. — Neste caso, eu escolho a Malia.

 Allison se posiciona em frente à amiga para que Malia pudesse pinta-la. Malia começava a pintura na região do colo dela indo até o maxilar.

 — Está pintando todos os garotos sozinha? — pergunta.

 — Não, a Kira está me ajudando, ela foi buscar algo para a gente beber e... pensando bem, está demorando para voltar, deve ter encontrado alguém interessante no caminho.

 Allison assente e sorri.

 — Daqui a pouco venho te buscar para você dançar muito comigo — a Argent fala para a amiga antes de se afastar. Se despede e anda até o bar improvisado que eles montaram.

 Erica e Boyd eram os responsáveis pelas bebidas, Derek também acompanhava-os.

 — O que está bebendo? — questiona Allison já tirando o copo da mão do amigo e bebendo o pouco do líquido que ainda restava ali.

 — Gostou da sua festa? — pergunta Derek. Allison faz que sim com a cabeça e sorri. — Inclusive, é bom saber que você pretendia passar o seu aniversário longe de mim. Está esquecendo as velhas amizades e trocando pelas novas, é?

 — Deixa de ser trouxa, Derek. Eu te vejo todo final de semana, só não te vejo mais porque você está morando perto da universidade que você estuda agora, é impossível eu te encontrar todos os dias, mas eu juro que queria. Sem falar que eu falo com você o dia inteiro por mensagem.

 — Isso não muda o fato de você ter preferido passar o seu aniversário com seus novos amigos.

 — O Theo é um velho amigo e a minha irmã também estava inclusa. E tem a Malia, eu falo com ela à bastante tempo.

 Malia era prima do Derek e sempre foi a melhor amiga de Theo também. Por causa destas pessoas que tinham em comum, Malia e Allison nunca foram pessoas muito distantes, sempre se falaram. Porém a amizade delas só se desenvolveu de verdade nestes últimos anos.

 — E eu continuo excluso.

 — Ah, Derek, cala a boca, você esquece de mim rapidinho quando qualquer mulher gata aparece na sua frente, nessas horas ninguém sente a minha falta, não é?

 — Olha quem fala. Em um segundo você está do meu lado e basta piscar que você já está em um canto pegando alguém.

 — Vá se foder, Derek! — ela gargalha alto. — Vai me acompanhar nos shots?

 Com a confirmação dele, Allison pede à Erica quatro shots. A loira coloca os quatro copinhos na frente dela e enche-os com tequila. A morena agradece e arrasta dois shots para perto do amigo.

 Derek e Allison instantaneamente pegam um, ergue-os no ar, brindam e só então bebem todo líquido de uma vez só, pegando o segundo shot logo em seguida, bebendo-o também em um único gole.

 A Argent faz careta no final ao colocar o copo de volta sobre o balcão, arrancando uma risada divertida de Derek e Allison acaba rindo junto a ele.

 Os dois conversam mais um pouco até Allison decidir ir dançar, arrastando Erica com ela. As duas se aproximam de Cora que já dança e se juntam a ela.

 Dançaram juntas um total de cinco músicas seguidas, Allison só abandonou-as quando avistou uma nova pessoa atravessando a porta de entrada, adentrando o local.

 — Stiles! — A menina se aproxima do moreno de olhos caramelos e abraça-o forte.

 — Feliz aniversário! — parabeniza-a, enquanto as mãos grandes acarinhavam a cabeça da morena. Distribuiu um beijo rápido na bochecha dela, e a morena agradeceu os parabéns retribuindo com outro beijo na bochecha.

 — Estou surpresa que até você veio — diz animada ao desfazer o abraço.

 — Estranhamente, o Isaac insistiu dizendo que você ficaria extremamente feliz se eu viesse.

 — Eles devem achar que a gente tem algum envolvimento — conclui Allison e dá risada.

 — Sério? — Stiles franze o cenho com confusão.

 — Culpa minha — confessa —, eu disse a ele que você era muito gato e que eu estava interessada quando eu te chamei para a festa do Derek para me aproximar de você.

 Stiles ri, achando aquilo engraçado.

 — O Scott me contou que a Maya também acha isto, porque nos viu na inauguração. Aliás, o Scott também foi convidado por uma amiga sua, ela disse que sabia sobre vocês.

 — E por que ele não veio? Ele é um cuzão.

 — Vocês são bem complicados. — Stiles balança a cabeça em negação.

 — Eu não sou nada complicada, eu já deixei mais que claro que quero-o, seu amigo que está se fazendo de difícil. Me disse para ter paciência e esperar. E, bom, eu estou esperando, fazer o quê, não é?

 — Ele me disse que você estava evitando-o e se afastando.

 — Óbvio, eu ouço a mulher dele falando que os dois estão super felizes querendo formar uma família, planejando os filhos e tudo, você queria que eu fizesse o quê?

 Stiles dá uma gargalhada extremamente alta com o que acabara de ouvir. Maya, Scott e filhos na mesma frase soava como uma verdadeira piada e ele não pode conter as risadas.

 Allison encara-o com os olhos estreitos e testa franzida, balançava a cabeça de um lado para o outro em negação. Sem entender o motivo daquilo, apenas aguardou o momento que ele parasse de rir enfim.

— Allie, pelo amor de Deus — ofegante, ele dizia ainda entre risadas, mas já lutava para conseguir controlar o seu riso —, ignora tudo que aquela mulher diz. Eu te garanto que o Scott não quer ter filho algum com ela. Se ela disse que ele queria, ela certamente mentia. Coitado do Scott — Stiles solta mais uma risada e movimenta a cabeça em negação.

 — Eu devo acreditar em você? Ou você só está mentindo para acobertar as merdas do amigo?

 — Deve. Eu não minto. — Ele dá os ombros e sorri para ela.

 — Não mente? Então, me diz porquê o Scott ainda está com ela.

 — Hm. Isto é o Scott quem deve te falar. Provavelmente ele contará um dia, se você deixar ele se aproximar de você. Mas, até lá, saiba que não precisa sentir nenhuma culpa e que o Scott não é nenhum filho da puta, a única vítima neste casamento é ele. Não afaste-o por causa da Maya.

 — Está bom, Stiles. — Allison revira os olhos.

 — Aliás, ele queria muito ter vindo, se não fosse a Maya para barra-lo com chantagem. Porém, pediu para eu ficar te vigiando.

 — Ficar me vigiando? — Ela gargalha. — Me poupe, Stiles. Cuide da sua vida, vá curtir a festa. Quer que eu arranje alguém para você? Tem a Kira ela é um amor e transborda fofura. A Malia que é foda, divertida e muito parceira. A Lydia, ela é toda linda e certamente a mais inteligente de todo o colégio... — diz apontando para as amigas. — Ah é, a Cora. É irmã do Derek... pensando bem, caso não queira arranjar inimizade com o Derek é melhor ficar longe dela.

 — Quem sabe mais tarde — ele sorri com malicia após analisar cada uma delas.

 Ela assente em um movimento com a cabeça e sorri.

 — Vamos pintar seu corpo? — a morena oferece para que ele se igualasse às todas outras pessoas da festa.

 Stiles concorda com a cabeça e os dois vão juntos até a mesa. Permaneciam ali com as tinturas apenas Malia e Theo.

 — Mali, Theo este é o Stiles, melhor amigo do nosso professor... o meu professor preferido, diga-se de passagem — ela sorri. — Stiles estes são Theo e Malia, meus amigos que sabem de tudo.

 Os três se cumprimentam com simpatia.

 — Qual parte do corpo? — pergunta Malia a Stiles, se referindo ao local onde ele queria que ela fizesse a pintura.

 — Pode ser no braço — responde, levantando a manga da camiseta que usava.

 — Ah, por favor, você está vendo alguém todo coberto aqui? — resmunga Allison, mostrando que todos os homens ali estavam sem camisa e as mulheres usavam tops. — Tira esta camiseta, Stiles.

 A Argent se coloca na frente dele e, sem ao menos pedir permissão primeiro, segura a barra da camiseta que ele usava e puxa-a para cima. Com a mínima ajuda dele, ela consegue tirar a peça de roupa, revelando o corpo magro, porém definido do homem. Amarra a camiseta pendurada em um dos passantes da calça jeans que ele usava e sorri satisfeita olhando-o.

 — O Scott vai me matar — ele murmura ao notar que Allison passou a visão pelo corpo dele mais tempo que o necessário. Afinal, ela até podia estar afim do Scott, amigo dele, mas ela não era cega e nem de ferro.

 — Por quê? Eu só tirei a sua camiseta — Allison sorri e dá os ombros.

 Sai da frente dele dando espaço para que Malia pudesse pintá-lo com a tinta fosforescente e assim ela faz, iniciando o desenho na área do abdômen do moreno de olhos castanhos claros.

 — Ele é todo ciumento, você não faz ideia. Fica toda hora me questionando quando eu vou pegar meu boné de volta — conta.

 — Ele é ciumento, então? Com qualquer uma que ele esteja afim?

 — Você não é qualquer uma para ele.

 — Ah, claro que não sou — ironiza Allison. — Já que ele é ciumento a esse ponto, com quantos caras eu tenho que ficar nesta festa para deixa-lo puto o suficiente para ele arranjar um jeito de vir até aqui?

 Stiles move os ombros e dá risada.

 — Está com seu celular, não está? — ela pergunta. — Me empresta?

 Stiles olha-a desconfiado, contudo tira o próprio celular do bolso, coloca o código de segurança e entrega o aparelho a ela. Theo também compartilhava do mesmo olhar desconfiado, esperava para ver o que a amiga iria fazer.

 Allison abre o aplicativo de mensagens que ele usava e em segundos encontra o nome do Scott ali.

 Seleciona-o para enviar uma mensagem.

 — Bro, cheguei agora pouco e já vi a Allie beijando quatro caras diferentes — ela silabava cada palavra que digitava conforme ia fazendo tal ato. — Você é muito trouxa, se você tivesse vindo eu tenho certeza que ela ficaria só com você. Enviar e... pronto.

 Allison sorri.

 Theo, Malia e Stiles davam risadas ao ouvirem cada palavra que a menina Argent proferia. Se divertiam com a mensagem que ela havia mandado a Scott como se fosse o Stiles.

 — Que filho da puta, visualizou e não respondeu — resmunga, após breves minutos se passarem. — O que isso significa? — pergunta olhando para Stiles, pois por eles serem melhores amigos acreditava que Stiles conhecia Scott o suficiente para decifrar uma mensagem visualizada e não respondida do amigo.

 — Não sei, é provável que ele não tenha gostado do que leu. — Stiles dá os ombros.

 — Não gostou o suficiente para vir até aqui?

 — Não faço a menor ideia, Allie.

 Allison bufa e fica em silêncio, pensando. Quando uma ideia enfim aparece na sua cabeça, um sorriso simultaneamente surge em seus lábios. Esperou Malia terminar de pintar o corpo do Stiles e, quando isto acontece, Allison não espera para pedir um favor à amiga.

 Sussurra no ouvido da morena de cabelos curtos, deixando Theo e Stiles olhando-as com curiosidade. A de covinhas entrega o celular do Stiles na mão da amiga e se afasta.

 Em um passo seguido de vários outros, a menina de longos cabelos andava com confiança sobre seus saltos altos. Caminhou até seu destino final: Derek. Este ainda estava perto do bar improvisado e conversa com Isaac, porém Allison sequer se importou se atrapalharia a conversa que eles tinham. Não esperou qualquer segundo ao estar próxima o suficiente dele para fazer o que pretendia.

 Em um rápido movimento, segurou a nuca do rapaz com firmeza e puxou para um beijo. Derek de fato foi pego de surpresa pela ação inesperada, porém estava muito longe de recusar ou questionar, afinal este não era o primeiro beijo deles, era apenas mais um entre todos os outros.

 Derek equilibra um copo com a bebida que tomava com uma das mãos e a outra repousou sobre a cintura da menina, deslizando até o quadril.

 Allison passa os dois braços em torno do pescoço do homem, enlaçando o pescoço dele em um abraço, conseguindo aproxima-los ainda mais. A morena não poupou tempo e já iniciou com um beijo profundo e intenso, pois sabia que há alguns metros dali, assim como a Argent pediu, Malia estaria filmando tudo, cada mínimo movimento realizado por eles.

 Quando decidiu que era a hora de finalizar, a menina prendeu o lábio inferior do amigo com os dentes e puxou lentamente.

 — Já volto — Allison diz com um sorriso ao abrir os olhos novamente.

 Em passos apressados volta para perto dos três amigos, mas dirigiu sua atenção somente à Malia, que ainda segurava o celular do Stiles nas mãos.

 — Enviou a ele? — indaga e recebe a confirmação de Malia, que movimentou a cabeça para responder. — E ele respondeu desta vez?

 A menina de cabelos curtos dá o celular a ela, para que a própria pudesse checar. Allison lê as últimas mensagens trocadas naquela conversa, logo após o vídeo que Malia gravara da Allison beijando o Derek.

 Scott: Faz alguma coisa, Stiles.

 Stiles (mas que na verdade havia sido escrita por Malia): Vem aqui e faz alguma coisa você mesmo, caralho.

 Scott: Não dá, porra. Os pais da Maya estão aqui.

 — Ele não vai vir — conclui Allison, fazendo uma cara desanimada.

  A Argent balança os ombros como se não pudesse fazer mais nada e, por fim, devolve o celular ao Stiles.

 Não era por este pequeno detalhe que deixaria Allison menos feliz para curtir a sua festa de aniversário de dezoito anos. Todos os seus amigos estavam presentes e era isto o que realmente importava para ela.

 A menina levou Stiles consigo para apresenta-lo aos amigos que ainda não o conheciam. Depois foi junto com ele para pegar alguma bebida e o fez companhia até ele se enturmar e se sentir à vontade na festa. Não queria que ele se sentisse sozinho ou perdido ali.

 A festa foi perfeita e Allison não podia negar isto.

 Ela se acabou de dançar junto aos amigos. Não parou para descansar por um minuto sequer, dançava uma música seguida de várias outras apenas mudava o grupo de amigos quando alguns deles cansava, mas sempre tinha alguém para acompanha-la na dança. Naquela noite ela usou toda a energia que possuía e pôs em prática todas as coreografias guardadas em sua mente.

 Allison e as amigas abusaram da voz para cantar o mais alto possível todas as músicas que conheciam a letra e as que não conheciam davam um jeito de improvisar, gerando altas gargalhadas entre a cantoria. Certamente amanhã todas elas acordariam sem voz alguma.

 Mesmo sabendo da imensa bronca que receberia do pai, Allison não se privou de beber. Ingeriu e misturou bebidas de mais diferentes sabores. Virou tantos copos que já perdera as contas.

 Allison só procurou um lugar para descansar enfim, quando quase todos já haviam ido embora, restando apenas Derek, Isaac, Theo e Malia.

 A morena sentava desajeitadamente, porém com extremo conforto, sobre um sofá. A cabeça inclinada para trás, apoiava-se sobre o encosto do móvel. Distraída, Allison encarava o teto e seus olhos piscavam lentamente. Um sorriso bobo ainda era presente em seu rosto. Malia, igualmente bêbada, deitava no mesmo sofá e usava as pernas da Argent como travesseiro. Isaac, outro em péssimas condições por causa de todo o álcool ingerido, também estava deitado, porém diferente de Malia, o loiro se encontrava no chão.

 Os três estavam indiscutivelmente próximos, contudo permaneciam em silêncio, apenas aguardavam os outros amigos: Theo e Derek. Estes dois também beberam, no entanto não ultrapassaram dos limites que possuíam. E por não estarem bêbados como o restante, a responsabilidade de cuidar dos amigos apareceu.

 Os dois trouxeram três garrafinhas de água gelada e distribuíram para os amigos tomarem.

 — Fala para o tio que depois voltares para limpar toda a bagunça — pede Derek olhando para a prima, enquanto ela bebia toda a água presente na garrafa. Malia assente com um breve movimento com a cabeça.

 Peter havia ido a um encontro com alguma mulher que conhecera recentemente e até o momento não havia voltado.

 Quando os três terminaram de tomar toda a água, Theo carrega Malia no colo levantando-a até o quarto dela, deita-a sobre a cama, cobre-a com um lençol e só então volta para perto dos outros.

 — Você leva a Allie? — pergunta Derek e Theo assente ao balançar a cabeça.

 O moreno mais velho se abaixa para ajudar o loiro a se lentar. Isaac se apoia em Derek, deixando o braço em volta dos ombros do amigo.

 — Eu estou bem, Theo — diz Allison e sorri, já se levantando para mostrar que conseguia ficar em pé sozinha, antes do amigo se aproximar para tentar ajudá-la.

 Os quatros abandonam o apartamento e se dividem para seguirem direções distintas. Theo levava Allison consigo em seu carro levando-a para casa. Do outro lado, Derek também dirigia seu carro, ia em direção ao apartamento de Isaac, para só depois voltar ao seu.

 — Tchau, Theo. — Allison se estica para dar um beijo na bochecha do amigo, quando já estavam parados em frente à casa da família Argent.

 Theo entrega a chave da casa dela que guardou no bolso da calça jeans que ele vestia a festa inteira.

 A Argent sai do carro, anda até a porta de entrada, acena em despedida e só então Theo inicia seu percurso em direção à própria casa.

 Allison abria a porta de casa quando escuta uma buzina sendo acionada. Ela para de girar a chave e procura o lugar de origem do barulho, encontrando um único carro estacionado a poucos metros de distância com os faróis ligados. Força a vista para visualizar quem estava no carro, porém por conta de todo o álcool que ingeriu naquela noite sua visão estava ligeiramente turva.

 Ponderou se deveria ir até lá, afinal já passava das quatros horas da madrugada e a rua estava deserta, certamente não seria cem por cento seguro. No entanto ao ouvir o barulho da buzina mais uma vez, sua curiosidade falou mais alto.

 Andou em passos desalinhados até o carro branco. Quando já havia se aproximado o suficiente, identificou o professor ali dentro do carro esperando por ela. A morena sorri e vai para o lado da porta do passageiro.

 — Scott McCall — pronuncia Allison após se sentar no banco do passageiro e fechar a porta. — A que devo a honra da sua ilustre presença?

 — Vim lhe desejar feliz aniversário — ele diz com uma voz suavemente carinhosa.

 — Obrigada, professor — murmura. Deita a cabeça no encosto do banco, fecha os olhos lentamente e sorri com inocência.

 Scott reparou quão bêbada ela estava, principalmente pela voz alterada e os movimentos que eram realizados mais lentamente que o normal. Contudo, ela continuava impecavelmente linda. Também a achou engraçada e extremamente fofa.

 — E eu vim lhe trazer um presente — ele continua.

 Ela abre os olhos com a mesma calma que os fechou segundos atrás e encontra ele mexendo no bolso da calça.

 — Deixa eu adivinhar: um anel de noivado! — fala e gargalha.

 — Ainda não. — Ele sorri e retira do bolso um colar delicado do bolso, entregando a ela.

 — Uma flecha... — diz ao analisar o pingente da correntinha prateada.

 — A Malia me contou que você amava praticar arco e flecha com seu pai quando era menor, então achei que iria gostar.

 — Eu amei, é linda... mas não posso aceitar. — Devolve a correntinha colocando de volta na mão dele. — Professores não dão esses presentes às suas alunas.

 — Eu não estou te dando como professor.

 — Então, como o que? Nós não somos amigos... somos?

 Scott pensou por um momento qual era a resposta correta para aquela questão, mas não achou nenhuma palavra que pudesse denominar com perfeição o relacionamento que eles tinham. Então, se silenciou e espremeu os lábios.

 — Eu não sei qual foi a sua verdadeira intenção, porém precisamos deixar claro que eu não quero nada romântico vindo de você, eu só quero o seu corpinho. Não precisa me dar nenhum presente, Scott.

 O homem assente e, sem dizer qualquer palavra, guarda o colar de volta no bolso.

 — Você ficou chateado? — pergunta Allison com preocupação após observa-lo. Encara-o, estica o braço e posiciona a mão magra em cima da coxa dele, acariciando aquela área docilmente. — Não fica chateado comigo, eu já pedi para não se ofender com tudo que eu falo, eu não aprendi a me segurar ainda e às vezes posso ser um pouco grossa. Desculpa. Se quiser, podemos ser amigos também. — Allison sorri para ele e fecha os olhos novamente.

 Um sorriso também aparece nos lábios do homem. Ele coloca uma das duas mãos sobre a mão da menina que ainda acarinhava sua coxa. Inclina o tronco do seu corpo para aproximar seu rosto ao dela e com a mão livre segura o queixo dela para selar seus lábios, dando-lhe um beijo calmo e delicado. Mas para a frustração de Allison, foi um beijo extremamente breve, quando pensou em aproveitar, os lábios do moreno já estavam longe dos seus.

 — Estou indo, professor, até segunda — se despede, após reclamar mentalmente.

 A menina abre a porta do carro e se levanta, saindo do veículo. Porém, antes de fechar a porta novamente se abaixa para falar com o homem mais uma vez.

 — Caso queira me beijar novamente, me dê um beijo de verdade, se for igual ao de hoje eu dispenso. Tenho grandes chances de levar uns tapas na cara e alguns puxões de cabelo da Maya, além de ser julgada como uma vadia por todos, então tem que ao menos valer a pena. Se for para me dar esses beijos mais ou menos, acho que prefiro manter a minha dignidade, se é que eu ainda tenho alguma — fala em uma reclamação, pronunciando cada palavra com uma voz levemente alterada e ainda arrastada por causa do álcool.

 Fecha a porta e seus pés começam a leva-la de volta para casa em passos calmos, se esforçava para manter o equilíbrio em cima dos saltos altos. A linha que percorria estava longe de ser reta, andava em um zigzag.

 Comemorou mentalmente ao chegar em pé na porta de casa. Mais uma vez colocou a chave na fechadura, mesmo com dificuldade. Assim que colocou a mão na maçaneta olhou para o carro que o moreno estava mais uma vez, encarou-o por breves segundos.

 Tirou a mão da maçaneta, se abaixou para tirar suas sandálias rapidamente. Quando já estava descalça, se levantou novamente e correu até o veículo.

 — Scott McCall, abre essa porta! — a morena manda e bate no vidro da janela ao lado dele com impaciência. O moreno franze o cenho confuso, mas não hesita em fazer o que ela pediu – ou mandou. Desliga o carro, que já havia ligado para ir embora, e abre a porta.

 A menina com pressa entra no carro junto a Scott novamente, porém desta vez se coloca sentada sobre ele. Mesmo com o pouco espaço, ela procurou a melhor posição que poderia encontrar, encaixando seus corpos com perfeição.

 — É o meu aniversário e eu exijo um beijo melhor, eu sei do que você é capaz — fala encarando os lábios dele.

 — Allison, você está bêbada e eu estou sóbrio, eu estaria me aproveitando de você se tentasse alguma coisa, não quero ser um babaca com você. — Sua voz era suave e carinhosa. Com os dedos posicionou uma mexa do longos cabelos negros atrás da orelha dela.

 A menina sobre sua visão para encontrar os olhos escuros que a encaravam.

 — Neste caso, eu quero me aproveitar de você, professor. — Morde o próprio lábio inferior e sorri, abaixando seu olhar para a boca dele novamente.

 — Allis... — tenta falar algo, mas é interrompido por Allison que cala-o com um beijo, sem esperar muito para invadir a boca dele com a língua.

 Scott não recua e cede aos beijos da menina. Sentiu o gosto forte das diferentes bebidas alcoólicas que ela ingeriu naquela noite, no entanto não achou nenhum pouco ruim. Ele não podia negar o quão necessitado estava do beijo dela e não era um simples gosto de álcool que iria atrapalhar isto, a sensação de beijá-la ainda era imensamente maravilhosa.

Eles tinham uma forte química, compartilhavam da mesma sintonia e energia, as línguas deles se moviam tão harmoniosamente que pareciam que tinham sido destisnadas exatamente para se encontrarem.

 Allison deslizou os dedos finos entre os fios negros da cabeleira dele e puxou-o para mais perto intensificando ainda mais o beijo. Diferente dos outros beijos, este era ela quem mantinha o total controle da situação. Scott totalmente rendido, apenas acompanhava cada movimento que ela fazia.

 Quando o ar faltava, a menina cessou o beijo brevemente, mas não desperdiçou este pequeno tempo.

 — Quero que tire a camiseta, agora — murmura Allison como uma ordem. E, antes mesmo que ele tivesse tempo de pensar se deveria atender o pedido dela, a morena se apressa segurando as mãos na barra da camiseta preta que ele usava e puxa-a para cima. Scott ergueu os braços facilitando que ela tirasse a peça de roupa por completo, por fim arremessando a camiseta no banco de trás.

 Allison joga todo o seu cabelo para o lado e se inclina ligeiramente para conseguir beijar o pescoço dele, enquanto isto sua mão percorria toda a extremidade do abdômen definido. Roçava as unhas grandes na pele dele, causando-lhe incríveis arrepios.

 A boca da menina trabalhava excelentemente bem na área do pescoço dele: beijava, chupava, sugava, mordiscava e distribuía chupões que certamente lhe renderia algumas visíveis marcas posteriormente.

 — Allison — ele arfa. Sua cabeça estava inclinada para trás e estremecia a cada contato prazeroso da menina em seu pescoço. — Para — pede, mesmo querendo que ela continuasse, pois se lembrava que ela estava bêbada. As mãos grandes seguram a cintura dela para tentar afastá-la para trás, mesmo que minimamente.

 — Parar por quê? — ela move seu corpo para frente novamente, para eliminar os centímetros de distância que ele criara ao afastá-la. — Você está gostando. Você está excitado, eu estou sentindo, bebê — sussurra com os lábios encostando no ouvido dele. Mordisca o lóbulo da orelha dele e sorri.

 Ela sentia a ereção do homem contra a sua intimidade por estar sentada sobre ele encaixando seus corpos de modo que apenas os poucos tecidos das roupas que eles vestiam não permitiam o contato direto das partes mais intimas do corpo de ambos.

 Para provoca-lo ainda mais, a morena rebolou em cima dele e se apoderou dos lábios do homem novamente para mais um beijo molhado e luxurioso.

 Scott gemeu entre o beijo e sentia cada vez mais o seu membro pulsar dolorosamente por baixo da cueca.

 Allison voltou seus lábios para o pescoço dele.

 — Calma, Allison — pede novamente com a voz doce, porém ela parecia ignora-lo. Scott se lamentou mentalmente, pois sabia que não poderia fazer nada com ela mesmo que quisesse, como ele dissera para Allison há minutos atrás: ela estava bêbada e ele sóbrio, não queria ser um babaca aproveitador.

 — Como vai explicar isto para a sua mulher? — indaga referentes aos chupões e mordidas propositais que ela dava no pescoço dele e também os arranhões no abdômen deixados pelas unhas de Allison.

 A Argent dá mais um beijo rápido na boca dele e morde o lábio inferior de Scott, só então sai de cima dele, saindo também de dentro do carro.

 Antes de ir embora, se baixa para ficar na altura do carro.

 — Eu acho que vou ficar com a colar — fala.

 Repousa a mão sobre a região do membro dele, massageando rapidamente a ereção por cima da calça. Por fim percorre um caminho com a mão, deslizando-a até o bolso da calça jeans que ele usava, pois pelo que ela se lembrava ele havia guardado o presente dela ali. Quando pegou a correntinha, se despediu dele mais uma vez com um breve beijo e um sorriso carregado de malícia.