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História Hands to Myself - Lágrimas falsas não me comovem;


Escrita por: AllieMaddox

Capítulo 24 - Lágrimas falsas não me comovem;


Fanfic / Fanfiction Hands to Myself - Lágrimas falsas não me comovem;

 Livros e canetas preenchiam a cama da menina Argent, enquanto ela, perdida entre eles, lutava por um mínimo espaço ali. Fim de semestre. As provas chegaram e ela precisava estudar até mesmo nas manhãs de domingo, após passar metade da madrugada em uma festa com o amigo Derek.

 Já estudou economia, álgebra e história, agora era a vez de inglês. Allison pega um dos livros da matéria e abre nas páginas que ela havia marcado com post it para se lembrar que deveria estudar posteriormente.

 Começa a ler o primeiro tópico e sem perceber era a voz dele que lia em sua mente. Um pequeno sorriso surge nos lábios dela, involuntariamente. Inclina seu corpo para trás até as costas escorarem na cabeceira da cama e pensa nele.

 Estava com saudades do seu professor. Muitas saudades. Mesmo que tivesse visto-o sexta-feira no colégio. Desde que eles se acertaram e decidiram que iriam confiar neste relacionamento sem pensar na hipótese de dar errado no futuro, Allison sempre via-o aos finais de semanas, todos sem exceção.

 Alguns finais de semana dormiam juntos no apartamento do Stiles, ou às vezes ele dormia no quarto dela mesmo. Outros finais de semana, eles apenas se encontravam e saiam juntos, durante o tempo que conseguiam. Eles já foram para o cinema, shopping, restaurante, parque... qualquer lugar que fosse fora de Beacon Hills, onde ninguém iria importuná-los.

 Porém, neste, pela primeira vez, ele não pode encontrá-la, nem por uma mísera hora sequer. O senhor e a senhora Werneck vieram passar o final de semana em Beacon Hills para visitar a filha e o genro. Entretanto, isto não o impedir de enviar diversas mensagens de texto a ela, todas extremamente fofas.

 Em ao menos cinco minutos distraída, quando Allison voltou à realidade após pensar nele, a menina se encontrou com uma letra S escrita no pulso e um coração pequeno desenhado ao lado. Ela ri de si mesma por ter feito isto.

 — Que merda você está fazendo comigo, Scott.

 Balança a cabeça de um lado para o outro em negação, coloca as mechas do seu cabelo atrás da orelha, e tenta se concentrar para voltar a estudar. No entanto, acaba devaneando e não absorve nada do que acabara de ler. Ela definitivamente precisava de uma pausa.

 Larga o livro e se levanta da cama. Se olha no grande espelho, analisando seu visual: short de malha, blusinha de alça, rabo de cavalo bagunçado e pés descalços. Simples e confortável.

 Apanha o seu celular e desce para o primeiro andar da casa, enquanto trocava mensagens de texto com os amigos.

 Assim que desce as escadas, percebe que pessoas conversavam, vozes femininas que não eram apenas da mãe e da irmã. Passa os olhos por ali e encontra a mãe conversando com a Maya e a senhora Werneck – que conheceu-a de vista na inauguração da loja. Allison franze o cenho e dá alguns passos silenciosos para trás na intenção de fugir para o quarto, entretanto, infelizmente, a senhora Argent avista-a e chama-a para cumprimentar as visitas. A menina suspira e espreme os lábios um contra o outro. Sem a mínima vontade, ela anda arrastado até as três mulheres e para ao lado da mãe.

 — Olá, Maya, senhora Werneck, como vocês estão? — cumprimenta Allison com educação e um sorriso no rosto que se obrigou a colocar.

 — Senhorita Argent, prazer em conhece-la — a loira mais velha sorri.

 — Prazer é meu — sorri de volta. — Eu estou estudando para as provas de fim de semestre, só vim pegar algo para comer. Peço que me deem licença.

 — Tudo bem, estudos são prioridades, boa sorte com as provas — deseja.

 — Obrigada, senhora Werneck — profere Allison, enrolando uma mecha do seu rabo de cavalo no próprio dedo.

 A Argent só não percebia que Maya olhava-a de cima a baixo, analisando cada detalhe. Ao encontrar os rabiscos no pulso da menina, a loira trava o maxilar e encara Allison furiosamente. Sem pensar, dá alguns passos para frente, se aproxima da morena e segura no braço dela.

 — O que é isto?! — indaga Maya com sua voz aguda e cheia de ódio.

 Allison olha para o braço sendo segurado com força e depois para o rosto da loira, encontrando raiva.

 — Você está me machucando, me solta — reclama Allison em um tom baixo de voz, tentando manter sua calma.

 — Querida, o que está fazendo? Solte-a — a senhora Werneck pede à filha usando sua voz calma e apaziguadora. Victoria apenas observava sem conseguir entender o que acontecia ali.

 — Não irei soltar até eu receber explicações sobre o que é isto!

 Allison revira os olhos, impaciente.

 — É simples, Maya, um S e um coração, o que é tão difícil compreender? — murmura Allison.

 — S de quê?

 — Não te interessa, não lhe devo satisfação da minha vida.

 — Espero que não seja de quem eu estou pensando que é.

 — Eu também espero — rebate Allison, encarando-a sem medo. Puxa seu braço se livrando das mãos agressivas da loira.

 — Se for, você irá se arrepender — diz Maya, bravamente, apontando seu dedo em direção ao rosto da menina morena. Allison olha para o dedo da mulher e dá uma risada debochada, balançando a cabeça em negação.

 — Espera aí, você está me ameaçando? — Allison solta uma nova risada. — Pois saiba que eu não tenho medo de você — sussurra, pisca e empurra a mão dela, tirando-a da direção do seu rosto.

 — Allison! — Victoria puxa a filha para ela, afastando-a de Maya, e repreende a morena com o olhar. — Desculpa, Maya.

 — Desculpa, Maya? — questiona Allison incrédula. — Era só o que me faltava — bufa e cruza os braços sobre os peitos, recebendo um novo olhar fulminante da mãe.

 — Maya, é coisa de adolescente, o S é do namorado dela, o Stiles — explica Victoria.

 — Ela namora o Stiles? — a loira questiona e franze o cenho.

 — Sim. O amigo do senhor McCall. Achei que você sabia que eles começaram a namorar — fala Victoria.

 — Eles estão juntos desde quando? — pergunta com extrema desconfiança.

 — Preciso repetir que a minha vida não lhe diz respeito?! — interrompe Allison.

 — Allison Argent, para com isto agora ou ficará de castigo.

 — Então, me coloque de castigo, eu não me importo. Eu não vou abaixar a cabeça para uma pessoa que vem até a minha casa e, sem motivo algum, aperta meu braço com força e ainda quer se intrometer na minha vida sem eu ter dado liberdade. E ainda é ela quem recebe o pedido de desculpas, inacreditável.

 — Sem motivos? Você sabe muito bem os motivos — braveja Maya.

 — Eu acho que não lembro. Você não quer falar para eu poder me recordar? Adoraria ouvir — desafia Allison.

 — Eu sei que você quer e sempre quis o meu marido para você!

 Allison dá risada.

 — Metade das alunas dele o querem, vai no colégio amanhã e briga com todas se o motivo realmente for este, então. E, aliás, não foi você mesma que disse que vocês são felizes para caralho e se amam? Não estou entendendo esta insegurança toda, senhora McCall — pronuncia “senhora McCall” de forma debochada. — Ai, meu Deus, espera! Ele está te dando motivos para desconfiar? Talvez saindo sozinho mais que o normal? Ficando menos tempo com a esposa? O casal perfeito não é tão perfeito assim? Estão em crise? Como acreditarei em conto de fadas agora? Vocês dois eram o meu exemplo de casal que eu queria para minha vida, vocês eram o meu exemplo de amor verdadeiro — perguntava tudo distraidamente, de forma engraçada, zombando, como se tivesse acabado de receber uma boa fofoca.

 Maya, acuada, se mantém calada. A loira franze o cenho e cruza os braços, ainda visivelmente brava. Allison olha-a e dá risada novamente, se divertindo com a cara dela.

 — Allison, eu não irei repetir, peça desculpa a ela — Victoria manda mais uma vez.

 — Não vou pedir desculpa alguma, castigos não me assustam e eu só estou me defendendo desta mulher que vem me atacar quando eu estou quieta. E não é a primeira vez, ela já me empurrou, já jogou bebida em mim, é sempre grossa... qualquer dia ela surta e puxa os meus cabelos, me bate para valer, não sei. Eu não revidei das outras vezes, Maya, mas para a próxima vez que quiser chegar perto de mim, saiba que eu não sou uma pessoa que gosta de ficar apenas na defensiva, na verdade eu odeio ficar na defensiva, sempre preferi o ataque. Agora, me deem licença, porque eu realmente preciso estudar.

(...)

 Começo da tarde, após almoçar um lanche qualquer, Allison voltou para o quarto após descobrir a brilhante ideia da mãe: fazer um jantar para a menina pedir desculpa à Maya, mesmo com Allison dizendo e repetindo que não iria pedir desculpas para ninguém.

 A Argent se deita na cama, pega o celular e disca o número dele, que não demora muito a atender.

 — Ei — ela cumprimenta.

 — Ei — ele cumprimenta e os dois riem.

 — Eu queria saber se você tem ciúmes de mim com o Stiles...

 — Não, por quê?

 — A Maya veio aqui e acabamos discutindo quando ela viu a letra S e um coração desenhados no meu braço. Minha mãe me culpou e irá convidá-la pra um jantar para que eu possa pedir desculpa. E como a minha mãe explicou a ela que era S de Stiles, meu namorado — ela ri —, pensei que eu poderia chama-lo, será divertido. E assim, ela diminuirá a suspeita que eu tenho algo com você e me deixará em paz. Você disse que ela já perguntou se eu e o Stiles estávamos juntos, lembra? Provavelmente ela acreditará nisto.

 — Desenhou um S e um coração no braço? — pergunta Scott, animado. De todas as palavras que Allison dissera, estas foram as que ele mais prestou atenção.

 — Infantil, eu sei, mas não me julgue, eu estava estudando inglês e pensei em ti. Que merda ficar um dia inteiro sem te ver. Você me acostumou mal, professor — diz e eles dão risadas. — E, então, tudo bem eu chamar o meu namorado falso?

 — Tudo, Allison.

 — Promete para mim que não ficará com ciúmes?

 — Prometo.

 — Está bom. Aceita vir para o jantar quando ela falar sobre, minha mãe deve estar com ela no telefone agora. Tchau, professor.

 — Espera! Você está bem? Sua mãe está brava contigo por causa dela?

 — Está, mas relaxa, eu estou bem, juro. Apesar que esta noite meu castigo de não sei quanto tempo será concretizado, porque eu não pedirei desculpa e a única coisa que farei é irritá-la ainda mais.

 — Allison, Allison... Toma cuidado, não se prejudique por causa dela, ou por minha causa.

(...)

 A noite não demorou para chegar e, acompanhado com ela, o aguardado jantar na casa da família Argent.

 Chris Argent se sentava na ponta da mesa, enquanto Victoria, Maya e Scott se sentavam de um único lado, um do lado do outro. Hayden e Allison, antes no quarto da mais velha, descem para a sala de jantar quando Stiles, ao pedido de Victoria Argent, sobe para busca-las.

 Envolvendo as duas meninas em um único abraço, Stiles leva-as até a sala de jantar. E, então, os três se acomodam nas cadeiras restantes, um do lado do outro. Allison cumprimenta apenas Scott com um sorriso e um aceno, e fica em silêncio desde então. As meninas e Stiles se servem e começam a jantar como o restante.

 — Você não tem nada para falar à Maya? — questiona Victoria olhando para a filha.

 — Não — responde Allison, dá os ombros e se serve com mais uma garfada. — Aliás, tenho — ela limpa o canto da sua boca com o guardanapo e sorri. — Maya, sabia que o Isaac, um loirinho de cabelo cacheado, olhos claros, realmente alto, sorriso lindo... então, ele é muito meu amigo e me conta absolutamente tudo. Soube que vocês se conheceram na festa de aniversário do Stiles.

 — Não sei quem é — murmura Maya.

 — Não sabe? O Isaac ficará chateado quando souber que a loirinha já se esqueceu dele.

 Allison sorri largo para a loira, ergue as sobrancelhas provocadoramente e toma mais um gole do seu suco. Maya estreita os olhos e encara-a com raiva. Stiles prendia o riso ao morder o lábio inferior. Scott também continha o riso dentro de si e balança levemente a cabeça em negação. Chris observava com atenção cada detalhe, pois achava tudo muito estranho. Victoria repreendia Allison com o olhar a cada palavra pronunciada pela menina. Hayden se distraía com o celular e mal prestava atenção no que acontecia.

 — Gente, eu tenho uma pergunta! — continua Allison, animadamente. — Alguém rouba uma... coisa de outra pessoa, e então, depois, ironicamente, ela é roubada ou perde isto, ela tem o direito de reclamar?

 — Certamente não, até porque esta coisa nunca foi dela de verdade, mesmo se ela for doente e acreditar que sim — responde Stiles e olha para a loira.

 — Eu também acho, Stiles. O que você acha, Hay? Ela pode reclamar ou foi mais que merecido? — Allison olha para a irmã ao lado.

 — Hm, acho que foi merecido. É a lei do retorno — responde Hayden.

 — Amo a lei do retorno — Allison sorri. — E o senhor, pai?

 — Eu não estou entendendo onde quer chegar, Allison — Chris fala.

 — Eu não quero chegar a lugar nenhum, é só uma situação que passou na minha cabeça e eu apenas queria ouvir opiniões diferentes da minha. Mas, deixa para lá, já tive a resposta que eu queria. — Allison se ajeita na cadeira e encara a mulher loira sentada no lugar bem à sua frente com a mesma cara de sonsa de sempre. — Pai, mãe, Hayden, sabiam que o Scott, Stiles e Maya se conhecem desde o ensino médio? Eles tinham um grupo com mais duas garotas, a Brooke e a Octavia. A Brooke eu conheci e já se tornou minha amiga, ela é sensacional, lindíssima, uma Barbiezinha. Além de linda, a Brooke é muito inteligente. Formada em medicina, agora ela está fazendo residência em cirurgias gerais e em breve fará em cirurgia plástica. E ainda se sustenta muito bem sozinha, parou de depender dos pais. Ela é perfeita, tenho dó de quem tenta competir com ela.

 Maya emburra ainda mais a cara, irritada com os elogios que a sua rival recebia.

 — Sim, ela é perfeita — confirma Stiles. — Ganhava de todas as garotas que tentavam derrubá-la por inveja sem precisar fazer o mínimo de esforço, até mesmo daquelas que se fingiam de amiga, mas vivia querendo competir com ela.

 — Competição entre amigos é foda, nem podemos classificar como amizade. Amigos de verdade querem crescer juntos, ajudam um ao outro no que precisar, querem subir a escada da vida de mãos dadas para dividirem e compartilharem o topo. Agora os falsos querem te fazer de escada e tem como único objetivo ser melhor que você — fala Allison e Stiles concorda com a cabeça.

 — Ainda bem que a Brooke tinha, e ainda tem, eu, a Octavia e o Scott.

 — Sim, a Octavia... eu ainda não a conheci, apenas vi uma foto dela no quarto da Brooke. Ela é tão linda. Não sei muito sobre ela, porém só escuto coisas boas. Sei que ela também é muito inteligente e é formada em odontologia. Um dia vocês dois poderiam me levar para conhece-la — olha para o Stiles e para o Scott. — Mas, não sei se a Maya poderá ir conosco, afinal, pasmem, a Octavia e o Scott eram namorados no ensino médio, que louco, né.

 — Allison, filha, para de expor a vida do senhor McCall — Chris chama a atenção dela.

 — Mas, eu não estou dizendo nada demais. Scott, eu estou te incomodando? Se sim, eu paro de tagarelar... hoje eu acordei com uma vontade absurda de falar e não estou conseguindo me segurar, estou falando mais do que eu já falo normalmente.

 — Não, sem problemas, tudo bem — ele sorri sem mostrar os dentes.

 — Viu, pai. Sem problemas. Até porque eu não estou dizendo segredo nenhum. — Allison sorri para o homem mais velho. — Eu só nunca compreendi como a Maya começou a namorar o namorado de uma das melhores amigas dela até então. Como foi isto, Maya? Foi assim que o grupo se separou? Sempre há um traíra para separar um grupo de amigos, incrível, ainda bem que eu sou vacinada contra falsos.

 — Allison! — excessivamente impaciente e se controlando por muito tempo, a senhora Argent brada com uma expressão nitidamente nervosa no rosto. — Vem aqui, vamos resolver isto agora, cansei de ser paciente com você! — se levanta e chama pela filha.

 A menina, também impaciente, se levanta e vai para o lado da mãe.

 — Maya, por favor, venha conosco. Para restante peço licença.

 As três vão para a sala, sendo acompanhada pelos olhares das pessoas que se sentavam à mesa. Hayden tinha os doces olhos castanhos assustados. Chris em silêncio ainda tentava compreender tudo aquilo. Scott acompanhou com os olhos Allison se afastar e uma evidente preocupação dominou-o.

 O McCall muda sua visão para o amigo à sua frente, pedia silenciosamente por ajuda. Stiles gesticula um “fica calmo” com a boca e Scott assente.

 — Nos perdoe, senhor McCall. Minha filha é um pouco difícil às vezes, mas tenho que certeza que ela e a sua esposa se resolverão, não se preocupe — Chris fala tentando amenizar o clima tenso.

 Scott força um sorriso, escondendo sua aflição, e assente para ele.

 

 Na sala de estar, Victoria estava entre as duas, em busca de uma conversa que resolveria o conflito existente. Porém, injustamente, a única causadora do conflito para a senhora Argent era a filha.

 — Allison, peça desculpa a ela agora!

 — Eu já falei que não pedirei desculpa alguma para esta mulher desprezível!

 Maya entreabre a boca e se abraça, colocando a sua máscara de vítima. Allison revira os olhos novamente e cruza os braços sobre o peito.

 — O que está acontecendo com você, filha? Eu não estou te reconhecendo.

 — É assim que eu trato e sempre tratarei pessoas que prejudicam alguém que eu gosto — Allison balança os ombros.

 — A Maya não prejudica ninguém. Ela trata nossa família tão bem. É um amor com as suas amigas, com os pais delas e qualquer pessoa que esteja próxima a ela.

 — Eu não tenho culpa se vocês acreditam em sonsas. Se lembre que ela roubou o namorado da própria amiga, cuidado para ela não se apaixonar pelo papai e fazer o mesmo com você.

 — Allison Argent, para com isto! Você não sabe sobre a vida deles e não tem o direito de julgá-los.

 — Se não quer que eu fale a verdade, é só me deixar quieta em meu canto, assim como eu estava. Agora se quiser me forçar a falar com a Maya, saiba que as únicas coisas que eu tenho a dizer é que ela não irá me enganar assim como ela engana todos vocês, ela é uma falsa, mentirosa, cruel, egoísta, egocêntrica, manipuladora, invejosa, infeliz!

 — Por que está me dizendo estas coisas? — murmura Maya, após muito tempo calada. Sua voz era baixa e falha. Seus olhos de irises claras se encontravam marejados, prontos para começar um choro. — Eu gosto tanto de você, da sua mãe, da sua família. Nós poderíamos ser grandes amigas. Eu não entendo. Por que está fazendo isto comigo? Me magoando assim, quando eu só quero o seu bem, Allie.

 Ao terminar de falar, diversas lágrimas já haviam caído dos olhos claros.

 — Se esforça um pouco mais para chorar porque estas lágrimas falsas ainda não conseguiram me comover — diz Allison, indiferente.

 — Está tudo bem, Maya — Victoria se aproxima da loira e abraça-a, reconfortando-a. — Allison, peça desculpa a ela ou está de castigo.

 — Prefiro o castigo — a menina dá os ombros.

 — Allison Argent — range os dentes.

 — Mãe, a senhora quer mesmo insistir nisto? Sinto muito, mas apenas estará perdendo o seu tempo.

 

 Na sala de jantar, Stiles puxava uma conversa com Hayden na tentativa de distrair o ambiente. Falavam sobre faculdade, pois a menina de dezesseis anos também tinha a vontade de seguir a área de engenharia e como Stiles já estava acabando o último semestre, ele esclarecia dúvidas que ela tinha e orientava-a. Chris Argent também participava da conversa.

 Em contradição, Scott não conseguia pensar em outra coisa senão no que estaria acontecendo no outro cômodo da casa. O moreno respirava pesado e suas pernas inquietas não paravam de balançar sob a mesa.

 — Elas estão demorando muito — murmura Scott. Stiles olha para o amigo.

 — Espera, bro, ela sabe se cuidar — fala Stiles, mas antes mesmo de conseguir terminar a frase, Scott se levanta por impulso e caminha apressadamente em direção às mulheres. — Merda, Scott — resmunga baixo, se levanta e corre atrás do amigo.

 Ao chegar na sala, Scott avista a senhora Argent sentada no sofá, abraçando a loira, enquanto a mesma tampava o rosto com as mãos, pois chorava.

 Allison estava escorado em uma das paredes dali, observando as duas mulheres sentadas no sofá, impacientemente. Sua testa franzida, o bico nos lábios e os braços sobre o peito demonstrava quão brava ela estava.

 Victoria murmurava alguma coisa olhando para a filha, mas Scott não foi capaz de escutar, sua preocupação com Allison não permitiu.

 Em passos rápidos, Scott se coloca na frente da menina Argent e segura nas mãos dela.

 — Ei, o que aconteceu? Você está bem? — pergunta Scott preocupado.

 — Scott, licença. Eu cuido da minha namorada — Stiles aparece no segundo seguinte, envolvendo Allison com seu braço direito, em um abraço. Repreende o amigo com o olhar.

 Scott solta as mãos da menina, e guarda as próprias mãos no bolso da calça jeans, percebendo o seu deslize.

 — Como você está, amor? — indaga Stiles com um tom propositalmente um pouco mais alto, olhando para a menina.

 — Não chame-a de amor — cochicha Scott.

 — Desculpa — Stiles cochicha de volta. — Como você está, Allie? Está tudo bem contigo? O que houve aqui?

 — Eu estou bem, gente — Allison diz aos dois homens e dá um singelo sorriso para dizer que tudo estava bem.

 Os olhos castanhos da menina encontram o pai olhando-a, então ela abraça Stiles de volta, envolvendo toda a cintura dele com os dois braços, e deita a cabeça no ombro dele. Recebe um carinho do mesmo no cabelo, depois de um beijo rápido no topo da cabeça.

 Scott lamente mentalmente, pois era ele quem deveria estar abraçando-a agora. Segura o seu ciúme querendo aparecer e respira fundo.

 — Tem certeza? Eu estou preocupada contigo, não fica se prejudicando, por favor, Allison — murmura Scott, bem baixinho, possibilitando que apenas ela e Stiles ouvissem.

 — Não estou, não se preocupe, professor — murmura no mesmo volume.

 — Scott, nos dê um tempo a sós, por favor. Eu cuido da minha namorada e você da sua esposa. É melhor vocês dois irem para casa — pede Stiles antes que problemas maiores viessem a ocorrer. Stiles observou o ponto de interrogação no rosto da senhora Argent e no rosto da Hayden. Olhou para Chris também, mas não conseguiu decifrá-lo.

 Scott olha para Allison por mais uma vez, a menina sorri e balança a cabeça incentivando-o a fazer o que o Stiles mandou.

 — Cuida da minha garota — cochicha Scott.

 — Cuidarei — cochicha Stiles.

 O moreno de maxilar torto se afasta e anda até a loira sentada sobre o sofá com a Victoria ao lado.

 — Maya, vem, vamos embora, por favor — ele chama pela loira.

 E, então, Maya e Scott foram embora.

 Stiles permaneceu na casa da família Argent em uma falha tentativa de apaziguar.

 Assim que o casal McCall puseram os pés fora de casa, Victoria voltou a brigar com a filha que escutou tudo em silêncio, mas também sem mostrar qualquer arrependimento das suas atitudes.

 Stiles parou para conversar com a senhora Argent para tentar acalmá-la e assim livrar Allison do castigo, mas nada parecia adiantar. Victoria continuou crente que Maya havia sido magoado e não merecia o que acabara de acontecer. Victoria se mostrava decepcionada com a filha, por não entender o comportamento da menina.

 Hayden, apensar de também não entender o comportamento da irmã, ajudava Stiles na defesa de Allison.

 Quando Victoria se encontrava muito distraída com Stiles e Hayden, Allison subiu para o quarto. Cansada de ouvir as palavras proferidas pela mãe. Cansada de ouvi-la defender Maya, cegamente. Cansada desta idolatria sem sentido.

 Antes de fechar a porta, Chris apareceu pedindo por uma conversa com ela. Allison deixou-o adentrar e fechou a porta.

 — Você não quer me explicar isto?

 — O quê, pai? — ela se senta na cama. — Eu já falei ao senhor que não fomos uma com a cara da outra.

 — E posso saber o por quê? — Chris se senta do lado dela e pergunta. Sua voz era calma, não queria que a conversa virasse uma nova discussão.

 — Eu sei de coisas que o senhor não sabe e eu não vou falar por se tratar da vida pessoal do Scott, eu só sei porque eu sou amiga dele. Então, não. Não é implicância minha. Maya só parece boa moça, mas ela não é. Porém, infelizmente, o senhor não acreditará em mim e não há nada que eu possa fazer.

 — Allison, isto está muito estranho — ele murmura, suspira e fica em silêncio por um momento. — Eu realmente não quero acreditar no que passou pela minha cabeça por um instante lá na sala.

 — O que passou pela sua cabeça?

 — Quando o senhor McCall foi na sala ver o que estava acontecendo, mesmo com a mulher dele chorando e você não, ele foi ver se você estava bem primeiro — ele recorda.

 — Foi? Eu não me lembro, só me lembro do Stiles me abraçando. — Allison dá os ombros.

 — Eu sei que você se lembra muito bem.

 — Ah, pai, tanto faz. O Scott é meu amigo agora, ele só queria saber se eu estava bem, não vejo o problema.

 — Ele só se afastou de você quando o Stiles pediu e quando se certificou que você estava bem mesmo. Em contradição, com a esposa dele, a única coisa que ele disse é para irem embora, sequer perguntou como ela estava como fez com você — descreve.

 — Eu já disse que ele e a Maya têm problemas que ela faz de tudo para esconder. Ele sabia que aquelas lágrimas eram falsas, portanto não teria o porquê se preocupar — fala.

 — Isto porque ele parecia todo preocupado na sala de jantar, eu até pensei que ele passaria realmente mal. Mas, aparentemente eu me enganei sobre quem era a pessoa que ele realmente se preocupava.

 Allison olha para o pai e sua respiração falha por um segundo. Merda.

 Allison odiava ter um pai tão observador.

 — Pai, agora sou eu que não estou entendendo aonde o senhor quer chegar com estes assuntos — fala tentando esconder o nervosismo.

 — Está bom, Allison. Como não quer me contar o que está acontecendo, só espero que saiba o que está fazendo e não se arrependa depois. Eu posso confiar em você?

 Allison assente e sorri fraco.

 (...)

 Dirigindo de volta para casa, ao parar no sinal vermelho, Scott tira sua visão da pista e olha para a loira ao seu lado.

 — Vai ficar chorando para sempre? — questiona.

 Maya levanta a cabeça anteriormente baixa e olha para o moreno.

 — Por que você parece não se importar? — indaga com uma voz baixa, franze a testa e forma um bico.

 — É você quem provoca-a, ela só se defende.

 — Eu nunca fiz nada para ela. E o que eu fiz por medo de te perder, eu já pedi desculpa, dei um vestido para ela e escrevi um cartão. Você sabe como reajo quando penso que posso te perder, a pessoa que eu amo.

 — Então, deixa a Allison em paz, por mim — fala Scott. Batuca seus dedos inquietos no volante e respira mais aliviado quando o semáforo se torna verde.

 O silêncio prevaleceu no carro por alguns poucos minutos, até Maya quebra-lo para fazer uma nova pergunta.

 — Você está me traindo com a Allison?

 O moreno engole seco e respira antes de responder.

 — Ela namora o Stiles — mente —, e eu não sou o tipo de pessoa que rouba alguém que o meu amigo namora, porque isto é ser alguém muito filho da puta, não acha? — ele encara-a arqueando a sobrancelha.

 — Acho.

 Scott dá uma risada baixa e desacreditada, balança a cabeça em negação e volta a olhar para frente.

 — A Octavia também achava — murmura.

 — Você nem gostava dela de verdade, amor.

 — E de você? Eu gosto? — pergunta Scott quase rindo.

 — Sim, por isso estamos casados.

 — Ah, claro — ele ri. — Não é possível que você acredita mesmo nisto, Maya. Você sabe que estamos juntos apenas porque o meu pai depende de você.

 — Não sei o que está dizendo.

 — Se ele não depende de você, caso eu me divorcie de você, a empresa dele não será afetada? — indaga.

 — Divorciar? Por que você se divorciaria de mim? Eu sabia que aquela vadia e aquele merda que você chama de amigo estão fazendo de tudo para nos separar!

 — Não chame-os assim, Maya! — brada rígido.

 — Amor! Você não está percebendo que eles estão te colocando contra mim? — reclamava com a voz aguda e mimada, como uma adolescente.

 — Talvez porquê eles sabem de tudo e querem me ajudar.

 — Tudo o quê?!

 — Tudo. Nós dois, meu pai, porquê estamos juntos — Scott dá os ombros.

 — A Allison sabe? — a mulher loira recua por um momento e questiona com a voz baixa.

 — Ah! — Scott olha para ela com uma sobrancelha arqueada e um riso escapando dos lábios. — Finalmente se lembrou porque estamos juntos de verdade?

 — Porque a gente se ama! — seu tom voltara a se tornar alto e agudo, quase um grito desesperado. — Porque você me pediu em casamento e eu aceitei! Porque eu te ajudo em tudo o que você precisa! E eles estão estragando tudo! Eu nunca devia ter te deixado passar uma semana de férias com o Stiles, você se aproximou dele e ficou distante de mim! Depois daquela maldita semana, você dormiu pouquíssimos finais de semana em casa e me deixou sozinha! Se não é a Allison, você está me traindo com outra pessoa, e eu não entendo porquê! Aquele lixo de casal deve estar te incentivando a isto! Mas, amor, eu te perdoo, só volta para mim e se afasta deles, por favor!

 — Sinto muito, mas nunca irei me afastar de nenhum dos dois, pois eles são importantes para mim.

 — Mais importantes que eu?

 — Você sabe a resposta.

(...)

 Hayden bate na porta do quarto da irmã, entreabre a porta e avista a mais velha deitada na cama. Allison tinha o controle da televisão na mão e mudava os canais, procurando algo para assistir.

 — Posso entrar? — pergunta.

 — Pode, meu amor, vem aqui.

 Com a confirmação, Hayden adentra o quarto e tranca a porta. Caminha até a cama e se deita, apoiando a cabeça no mesmo travesseiro que Allison. Abraça a irmã mais velha, fazendo Allison sorrir e a abraçar de volta.

 — O que deu em você, hein? — questiona Hayden.

 — Ah, Hay. Você me ouviu falar tudo o que eu penso sobre a Maya. Eu tentei manter distância todo este tempo e ficar calada, porém hoje ela apareceu aqui, me cutucou e eu não pude me segurar — explica.

 — E o que te fez achar que ela é tudo aquilo que você diz?

 — Eu sei sobre a vida dela com o Scott, com o Stiles, com a Brooke e com a Octavia, como eu disse no jantar.

 — Mas, você poderia ter ficado quieta, sua louca, ou pelo menos ter falado em outra hora, agora a mãe está puta com você.

 — Eu sei, mas caralho, esta mulher se finge de boa moça indefesa a todo instante e vocês caem nisto. Vocês poderiam abrir os olhos um pouco.

 — Você disse que ela teria roubado o namorado da amiga, mas o que nós temos a ver com isto? O Scott também tem sua parcela de culpa, você já pensou pelo lado de que ele pegou a amiga da namorada dele? E, Allie, tanto faz, já passou, não há mais nada a se fazer, eles estão juntos e felizes agora e... — Hayden falava com sua voz calminha e excessivamente doce, porém é interrompida por Allison antes de conseguir terminar.

 — Eles não estão felizes.

 — Não?

 — Não.

 — Por que não? Eles parecem felizes, ela sempre fala muito bem dele e do casamento.

 — E quando vezes você já viu o Scott falando bem dela ou do casamento?

 — Hmm — ela pensa, se esforçando para resgatar na memória um momento deste, entretanto falha miseravelmente. Hayden olha para o rosto da irmã e estreita os olhos, confusa. Allison ergue a sobrancelha, balança a cabeça e espreme os lábios. — Há mais coisa que você sabe, não é?

 Allison confirma.

 — Eu posso saber? — pergunta Hayden.

 — Você é minha bebezinha e eu não quero preocupar você com os meus problemas, Hay.

 — Allison! Por favor, eu sou sua irmã, quero te ajudar — a morena mais nova faz biquinho.

 — Você não pode me ajudar com isto. Acredite, é melhor você não saber.

 — Por favor, Allie.

 Allison suspira.

 — Promete que não contará a ninguém, nem ao Liam?

 — Prometo.

 — E se você ficar estranha comigo, vai me deixar muito triste.

 — Não ficarei.

 — Ok. Eu não namoro o Stiles, ele só está nos ajudando. Ajudando o Scott e eu. Nós dois estamos juntos.

 — Allison! — Hayden abre a boca formando um perfeito ‘o’ e seus olhos se tornam assustados.

 — Eu sei, eu sei... mas calma, Hay, eu vou te contar a história inteira, inclusive a do Scott e da Maya, porque eu confio muito em você. Me escuta direitinho e depois você pode dizer algo se quiser, só espero que tente me entender.

 Hayden assente. Allison conta tudo resumidamente e com calma, reforçou as partes mais importantes.

 — Meu Deus.

 — Pois é. Por favor, não conte para ninguém, nem trate o Scott diferente no colégio. Também não haja estranho com a Maya, não faça nada, apenas abra os olhos e fique esperta. Não precisa se preocupar comigo.

 — Tudo bem — Hayden assente. — Então, basicamente, tudo isto foi porque você quer defende-lo.

 — Sim, eu não vou deixar aquela mulher em paz, até que ela deixe o Scott em paz.

 — Mas ainda acho que você não deveria afrontar a Maya na frente da mamãe. Além da Maya, você irritará a nossa mãe, e vocês duas começarão a ter um relacionamento ruim.

 — Eu sei, Hay, é uma merda isto, mas vou tentar me segurar mais.

 Hayden assente.

 — Você gosta mesmo dele, né?

 — Muito, você não sabe o quanto.

 — Ah, gente... que bonitinha, toda apaixonadinha a minha irmã — zomba Hayden e aperta as bochechas da irmã.

 — Trouxa — Allison gargalha.


Notas Finais


* Para os esquecidos o que a Allison estava falando do Isaac é do capítulo 17 (você foi só uma distração).


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