História Hands to Myself - O Scott é meu;

 O tempo voa. Nunca houve uma frase tão verdadeira. Allison Argent se lembrava perfeitamente do momento que chegou no colégio para o seu primeiro dia aula do seu último ano, encarou o prédio e sussurrou para si mesma que faltava apenas mais um ano. Se lembrava como se tivesse acontecido ontem, porém, surpreendentemente, o próximo final de semana já era a sua formatura.

 Allison se sentia imensamente feliz por estar prestes a começar um novo ciclo da sua vida. A única coisa que a preocupava era as suas amizades. Não verá mais os amigos com frequência e sequer sabia se conseguirá vê-los ao menos uma vez por mês. Os únicos que ela tinha certeza que verá sempre são a Malia, o Theo, o Isaac e a Marie, pois estes irão morar em Los Angeles também. Kira e Lydia irão juntas para Massachusetts. Boyd, Erica e Cora irão para New York. Os gêmeos e o Danny vão para Washington.

 Derek também irá para New York com a namorada. Paige e Derek passarão a morar juntos agora que a garota de dezenove anos irá estudar em Juilliard, uma escola de música. E, como já sentia saudades do melhor amigo, hoje, sábado, Allison veio passar o dia com eles.

 Na sala do apartamento do Hale, Allison se sentava sobre as pernas da Paige, enquanto, através do celular, assistia um vídeo da mesma tocando violoncelo em seu último recital.

 Allison se segurava apoiando seu braço esquerdo em torno dos ombros da garota de longos cabelos castanhos e pele pálida, e com a mão direita segurava o aparelho celular. Paige por sua vez deixava seus braços em volta da menina sentada em seu colo e também assistia o vídeo. Já Derek mantinha-se sentando logo ao lado das duas e assistia um jogo de basquete que passava na televisão.

 — Que orgulho, você é tão talentosa — elogia Allison e sorri quando o vídeo termina. — Eternamente triste que não fui em nenhum e agora com você morando em New York será quase impossível.

 — Mas você irá a New York para nos visitar sempre que puder, né? Você tem família lá e se quiser também pode passar os dias comigo e com o Derek no nosso apartamento.

 — Sim, certamente — confirma Allison. — Ah, porra, eu vou sentir tanta falta de vocês dois.

 A Argent estica seus braços e puxa os dois amigos para um único abraço, forma um bico triste nos lábios e deita a cabeça sobre a cabeça de Paige.

 — Nós também, Allie. — Paige espreme os lábios e Derek concorda ao movimentar a cabeça. O homem passa os seus braços em torno das duas garotas e também envolve-as em um abraço.

 — Vocês dois tratem de atender todas as minhas ligações por FaceTime, contem-me todas as novidades, mandem-me vídeos, fotos, tudo... não sumam, por favor, eu amo vocês.

 — Nós também amamos você, Allison, não iremos sumir. FaceTime todo dia — fala Derek.

 — E, Allie, por favor, também mande-nos tudo... — pede Paige.

 Allison assente e sorri.

 — Ah, vamos parar com este assunto agora porque eu só quero chorar no aeroporto quando eu ver vocês embarcando — a menina de apaixonantes covinhas desfaz o abraço, sai do colo da Paige e senta-se ao lado direito dela já que Derek ocupava o esquerdo.

 — Você vai chorar? — pergunta Derek dando risada.

 — Do que está rindo? Eu sou uma pessoa sensível — Allison move os ombros e ri também.

 — A Paige é, você não é — ele responde e recebe o olhar confuso da namorada. — O que foi, amor? Você consegue chorar com qualquer vídeo de dez segundos que envolva qualquer animal e também com qualquer final de filme de drama, romance ou comédia romântica, mesmo que seja um filme realmente ruim.

 — Não é verdade — contesta Paige.

 — Não? — o homem ergue uma sobrancelha e encara-a.

 — Ok. Talvez seja um pouco verdade. — Paige se rende, cruza os braços sobre o peito e dá os ombros. Derek ri, traz a namorada para os seus braços e beija-a na bochecha. Allison também dá risada da carinha fofa que Paige fazia e faz carinho com a mão no longo cabelo castanho que ela possuía.

 — Agora eu só vi a Allison chorando no máximo umas cinco vezes em todos esses anos de amizade e nas cinco vezes ela estava de TPM — conta Derek.

 — Acontece que eu odeio despedidas. E desta vez você não irá morar apenas em outra cidade, você irá morar em outro estado, não terá como eu pegar a minha moto e te visitar todos os finais de semana. Eu ficarei sem o meu melhor amigo. Então, sim, se prepare pois eu ficarei muito triste vendo vocês partindo.

 — Terei que ficar limpando as lágrimas das duas choronas.

 — Vai — afirma Allison e ri com eles.

 Ao sentir o vibrar alertando-a de uma nova mensagem de texto, Allison pega o celular guardado no bolso da sua jaqueta jeans, coloca a senha e desbloqueia.

 — Que foto bonita aquela — diz Paige ao visualizar a imagem de fundo da tela de início da Argent. — É você e o Scott?

 — É — Allison diz ao responder a mensagem e logo em seguida entra na galeria para mostrar a foto com maior resolução à Paige. A garota de cabelo castanho pega o celular da Argent para ver.

 — Nossa, ele é bonito, né? — comenta Paige ao ver Scott pela primeira vez.

 — Bonito, é, Paige? — questiona Derek.

 — É. Mas, obviamente, você é muito mais, amor. Além do homem mais lindo deste mundo, também é o mais gostoso, mais cheiroso, mais maravilhoso, mais tudo de bom que existe e o homem que eu mais amo. — Paige sorri largo e ganha um beijo do namorado. — Mas olha que bonito... a foto, claro.

 Mostra a foto ao Derek. Uma foto em que mostrava o casal de corpo inteiro, Allison sobre os seus saltos altos e em seu belo vestido preto, Scott com a calça do terno e sem camisa, deixando assim o abdômen definido à mostra, e ao fundo uma maravilhosa vista do céu colorido pelo nascer do sol.

 — Você não tira fotos assim comigo.

 — Um dia a gente tira — Derek dá os ombros.

 — Promete?

 — Prometo — ele diz e um sorriso alegre aparece nos lábios da garota. Sem poder se segurar, ela distribui vários beijinhos no namorado que retribui.

 — Te amo.

 — Te amo. — Derek dá um último beijo na boca dela e abraça-a fortemente.

 — Casal apaixonado visto de fora é realmente muito chato — murmura Allison.

 — Depois de ver estas fotos, aposto que você é bem pior com o Scott — fala Paige. — E, aliás, por que ele não veio com você?

 — Porque... — Allison começa a responder, mas é interrompida por Derek que responde em cima dela:

 — Porque ele não gosta de mim.

 — Por quê?

 — Pelo mesmo motivo que você não gostava da Allison antes de começar a falar com ela.

 — Porém, já passou, eu só não a conhecia. Agora eu amo esta menina. — Paige abraça Allison.

 — Felizmente — Allison abraça-a de volta.

 — E não era que eu não gostava da Allison, eu não gostava muito de nenhuma das garotas que você já ficou, que inclusive são muitas, né, senhor Derek Hale. E, você não pode dizer nada, se eu sou ciumenta, você é o triplo. Você odeia o meu primeiro namorado que eu nem converso mais.

 — Odeio mesmo, aquele playboyzinho.

 — Sendo assim, o Scott também está certo em não gostar de você — diz Paige.

 — Não, eu e a Allison não temos nenhum mínimo interesse um no outro mais.

 — Eu também não tenho no meu ex-namorado.

 — Mas ele tem em você.

 — Ah, mas aí o problema é dele, a culpa não é minha se eu sou muito apaixonante e inesquecível — Paige dá os ombros, joga os cabelos castanhos para trás e sorri, fazendo os dois morenos sentados ao seu lado gargalharem.

 — Eu preferiria que o motivo do Scott não estar aqui fosse este mesmo — Allison suspira. — Na verdade, ele está com a Maya e com o pai dele no shopping, comprando a roupa que a Maya usará nas festas de aniversário dela, uma amanhã apenas com os mais próximos na casa dela mesmo e outra será uma festa enorme em um salão no outro final de semana depois da formatura.

 — Ah, entendi — murmura Paige. — Não sei como você aguenta ver o Scott com ela ainda.

 — É, né, fazer o quê — Allison suspira pela segunda vez e brinca desanimada com os desfiados do seu short propositalmente rasgado.

 — Quando você vai se mudar?

 — Tem a formatura semana que vem e... — pensa — ficarei mais duas semanas em Beacon, depois irei para a casa da minha tia até conseguir alugar um apartamento.

 — E como serão as coisas com o Scott?

 — Nem sei na verdade.

 — Esta Maya não sabe mesmo de vocês dois?

 — Ela sabe que o Scott está com alguém além dela, porém acho que ela não tem certeza que eu sou a mulher, apenas desconfia.

 — E ela aceita estar sendo traída assim?

 — Sei lá o que se passa na cabeça daquela mulher, Paige, ela só fica com aquela irritante cara de sonsa o tempo inteiro... quer saber, o que vocês acham de eu ir conhecer o meu sogro agora? — pergunta Allison aos amigos e sorri.

 — Quer encontrar a Maya, o Scott e o pai dele no shopping? — questiona Paige e Allison afirma.

 — Allison, Allison... — Derek balança a cabeça em negação e dá risada. — Já vai aprontar, né?

 — Claro que não, só quero dar um oi para o pai do Scott, talvez um oi para a Maya também e dizer que aceito ser amiga dela — pisca.

 — Allie, não provoque-a e se ela fizer algo ruim contra você? — diz Paige.

 — Eu não tenho medo dela — fala Allison já se levantando do sofá.

 — Mesmo assim. Você quer que a gente vá com você? — oferece Paige com preocupação.

 — Não precisa, Paige. Fica tranquila, meu amor. Não farei nada de errado... eu acho.

 — Promete que vai se cuidar? — Paige ainda se mostrava preocupada com a amiga.

 — Prometo — Allison sorri.

 — Qualquer coisa nos ligue, Allie — pede Derek.

 — Credo, gente, o que vocês acham que eu vou fazer? — Allison dá risada. — Está tudo sob controle, relaxa. Vou indo, tchau, amo vocês.

(...)

 Allison adentra o estacionamento aberto do shopping e, em pouca velocidade, pilota sua moto entre os corredores procurando pelo carro do McCall, carro o qual felizmente ela sabia perfeitamente o modelo, a cor e até mesmo a placa. Não demora muito para encontrar o veículo de cor branca. A Argent, então, para sua moto ao lado do mesmo e aguarda ali, pacientemente. Para se distrair, a menina ficou ouvindo música em seus fones de ouvido e conversando com seus amigos por mensagem de texto.

 Em pouco mais de meia hora de espera, um sorriso brota nos lábios da morena no exato momento em que os olhos castanhos avistam as três pessoas por quem ela aguardava.

 Rafael McCall se posicionava ao lado direito de Scott, enquanto Maya se arranjava ao lado esquerdo. A mulher de uma perfeita cabeleira loura segurava no braço do marido. Scott por sua vez mantinha sua mão esquerda dentro do bolso da jaqueta de couro preta, e carregava as duas grandes sacolas de compra com a mão direita.

 Por já estar escuro, devido à noite ter chegado, nenhum dos três pareciam ter avistado a menina morena.

 Allison umedece seus lábios com a língua e finaliza mordendo o inferior. Enrola os fios do fone de ouvido no celular e joga-os de qualquer jeito no bolso da jaqueta jeans. Ajeita rapidamente seu longo cabelo preto e se levanta da moto.

 Em um passo alinhado após o outro de maneira que seus quadris realizavam um belo movimento em um andar extremamente confiante, a menina Argent vai em direção a eles carregando seu sorriso provocante e desafiador nos lábios rosados.

 Maya é a primeira a avista-la. A loira entreabre a boca e franze o cenho em uma expressão confusa. Por instinto, Maya segura o braço de Scott com mais força e para de andar. O moreno, que antes andava com a cabeça baixa, sem entender o aperto em seu braço e porque ela havia parado de andar, muda sua visão para a loira e depois segue o olhar dela encontrando Allison.

 Em uma reação comum, o moreno estremeceria dos pés à cabeça com medo do que Allison pretendia fazer. Porém, hoje ele se perdeu com a beleza de Allison. Ela estava não linda que ele não conseguiu controlar o sorriso que escapou no canto da boca. Scott era perdidamente apaixonado pela confiança de Allison e agora ela estava exalando isto. Talvez fosse pelo andar e o hipnotizante balanço que o longo cabelo fazia ao vento, talvez fosse pelo sorriso e a sobrancelha arqueada, talvez fosse a junção de tudo. Scott simplesmente se esqueceu das pessoas ao seu lado para admirar a menina e por um momento ele pode jurar que estava tudo em câmera lenta.

 — O que houve? — pergunta Rafael e também olha para menina desconhecida para ele, mas não obtém resposta.

 Perto o suficiente, Allison fixou seu olhar apenas em Scott.

 — Senti saudades — murmura Allison e, em questão de segundos, elimina qualquer milímetro de distância que separava seus lábios dos lábios do Scott. Sua mão era posicionada na nuca dele trazendo-o mais para perto e impedindo a mínima chance dele recuar. A Argent também não esperou para fazer sua língua invadir a boca que ela conhecia muito bem.

 Scott não recusou, pois mesmo se quisesse seu corpo já não era mais capaz disto. Scott era impossibilitado de rejeitar o beijo da mulher que ele amava. Então, a única coisa que ele fez foi retribuir. A mão que segurava as compras institivamente se abriu deixando cada sacola cair ao chão e, então, se deslocou até achegar à cintura fina da Argent.

 Maya abriu a boca em um perfeito ‘O’, incrédula com o que estava vendo. Ainda segurava o braço do marido, portando puxa-o para trás na intenção de interromper o beijo, no entanto em vez disto, Allison apenas seguiu Scott sem parar o beijo por um segundo sequer e colou ainda mais seu corpo com o dele, envolvendo seus braços em torno do pescoço do moreno em um abraço.

 — Rafael! — Maya resmunga para ele fazer algo.

 Rafael McCall então segura o braço de Allison e puxa-a com força, conseguindo separar os dois morenos que se beijavam. O homem se posiciona na frente do filho, impedindo assim que Allison pensasse em beijá-lo novamente.

 — Meu Deus do céu, para que esta violência toda, sogro? — pergunta Allison ao alisar o seu braço com a própria mão na região que ele havia apertado fortemente.

 — Allison, você se machucou? — questiona Scott tentando vê-la mesmo com o pai na frente e com Maya segurando-o para ele não sair do lugar.

 — Não, estou maravilhosamente bem — tranquiliza-o.

 — Então, você é a vadia que está em cima do meu filho? — indaga Rafael.

 — Vadia não, meu nome é Allison Argent, mas se preferir pode me chamar de nora — Allison pisca para o homem à sua frente e sorri com sarcasmo.

 — O que foi isto, Scott?! — rezinga Maya.

 — Sei que não conhece muito, pois nunca deve ter tido um na sua vida, mas foi um beijo de duas pessoas apaixonadas — responde Allison. — E, você, Maya Werneck, sabe que estamos juntos, sempre soube, não sei o porquê desta cara de espanto.

 — Você está beijando o meu marido, você é uma vadia!

 — Na verdade, o Scott é meu, da mesma maneira que eu sou dele. É você quem está beijando o meu homem! — dá ênfase na palavra meu. — Mas, enfim, só passei aqui para ver o meu amor e também para finalmente conhecer o meu desagradável sogro. — Allison dá dois tapinhas no ombro do Rafael e sorri para ele. — Já estou indo, boa noite, só preciso dar um beijo de despedida no Scott, licença, Rafael, você pode sair da frente, por favor? Está me atrapalhando.

 Allison olha para a cara da Maya e gargalha.

 — Estou brincando. Vamos ter muito mais tempo para isto depois. Aliás, eu ainda estou convidada para sua festinha de aniversário amanhã?

 — Eu te odeio! — a Maya braveja.

 — Sério? Agora você realmente conseguiu me magoar — Allison faz um bico triste, mas logo ri. — Tchau, gente.

 Allison dá as costas para eles e começa a andar até a sua moto, porém para por um segundo no meio do caminho e olha para trás, como esperava ainda estava sendo observada. A Argent sorri e corre até Scott novamente depositando um breve beijo no lábio dele que quase de imediato é interrompido por Rafael novamente.

 — Desculpa, não resisti, foi o último... de hoje. — Allison sorri e corre até sua moto sem olhar para trás desta vez. Coloca seu capacete e não demora a ir embora.

 — Scott! — Maya cruza os braços sobre o peito e olha para ele bravamente.

 — O que? — Scott se abaixa para pegar as sacolas que deixou cair no chão.

 — Você me disse que a Allison era a namorada do Stiles.

 — Disse, e mesmo você sabendo que não preferiu se convencer que sim, assim como faz com todas as mentiras que nós vivemos. — Scott dá os ombros.

 — Scott! — era a vez de Rafael chamar a atenção do filho.

 — O que é, pai? A Maya já sabe muito bem que não sinto nada por ela e que eu estava com outra pessoa, agora ela só teve a certeza que era mesmo com a Allison. E, se vocês querem desistir deste teatro todo agora, melhor para mim.

 — Você não pode me deixar agora, amor, eu estou...

 — Não — ele interrompe-a —, eu não quero saber, nada do que diga mudará o fato que eu amo a Allison, só a Allison, sinto muito. E eu verdadeiramente espero que nenhum de vocês dois tentem prejudica-la, muito menos cheguem perto dela.