O carro de Tony para em frente a casa de Clay. Clay salta e alegre se despede de Tony e de Skye. Clay caminha para a porta de casa e Skye passa para o banco da frente. O carro parte e Clay entra em casa. Dentro de casa Clay sobe ao segundo andar procurando não fazer barulho.
Clay entra no quarto e tranca a porta. Se joga na cama feliz, sorriso na cara, lembrando do dia intenso e feliz que teve com seus amigos. Hoje de manhã, depois que entregou as fitas da Hannah ao senhor Porter, o conselheiro do colégio, Clay arrastou Skye, sua amiga de turma, para fora da escola e embarcaram no carro de Tony.
Dentro do carro, rumo ao horizonte, os três em silêncio. Clay olha para fora e sente o vento na cara, e mais que o vento na cara, sente paz. Entregar as fitas, passar isso adiante, foi a melhor coisa que aconteceu a Clay desde o suicídio de Hannah. E também a coisa certa a fazer, assim com entregar uma cópia num pendrive para a mãe e o pai de Hannah, como fez o Tony.
Finalmente Clay sente paz. Toda a culpa por ser um dos culpados pelo suicídio de Hannah se foi. A frustração por não ter namorado com ela, se foi. A fantasia de que Hannah vai aparecer e então vamos descobrir que tudo isso não passou de um pesadelo, se foram. Clay sabe lá no fundo, que essa fantasia, vai sempre povoar sua cabeça, vindo a tona com força nos seus momentos de tristeza.
Os três rodaram de carro, foram a praia, mergulharam, se divertiram. Um daqueles poucos dias felizes que se vive e que ficam na memória para sempre. Onde a mente se esvazia e a gente vive o momento, não pensando no passado, nem preocupados com o futuro.
Deitado na cama, mãos cruzadas atrás da cabeça, o sorriso de Clay vai dando lugar a uma careta e seu semblante se fecha. Clay é atingido e derrubado de novo pelo sentimento de fracasso por uma não ter sido capaz de ver todos os sinais que Hannah deu e assim ter evitado sua morte. Talvez isso esteja acontecendo porque até agora Hannah foi o mais próximo que Clay teve de uma namorada. Saber que não há nada que ele possa fazer para ela ser sua namorada. Nunca poder saber se poderia ter dado certo ou não. Tudo isso o enche de raiva e ódio, e acaba com tudo de bom que lhe aconteceu neste dia. Clay senta na cama de um salto, com uma única certeza na cabeça.
- Alguém vai ter que me pagar por isso! – diz Clay com raiva.
Clay levanta e pega o notebook, encaixa nele um microfone e começa a gravar. Vários smartfones apitam e vemos na tela deles o recebimento do arquivo “track 01”, mas não vemos nenhum dos usuários dos smartfones. Um dos usuários toca o arquivo: “Aqui é o Clay, só para te avisar que seus problemas com a morte da Hannah ainda não acabaram. Por quê? Porque eu decidi que não.”
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