Jackson tinha apenas sete anos, quando teve que se mudar com seus pais da China para Coreia do Sul, Seul.
A princípio gostou da nova cidade e ficou feliz por poder ver seus pais sorrindo novamente, já que a vida aqui seria mais fácil para os dois e isso o deixava alegre, mas os dias foram se passando e até que suas aulas começassem ele teria que ficar em casa, com sua mãe e para uma criança não ter com quem brincar poderia ser um dos piores castigos.
Jackson sempre foi uma criança alegre e cheia de energia desde seu nascimento e ficar um minuto que fosse sem se mexer, cair, brincar e se machucar enquanto jogava bola não entrava na sua cabeça e foi assim durante muitos dias, até que passou a ficar menos entediado, por poucas horas, quando subia para seu quarto e sentava-se em frente à janela e observava um garotinho que poderia ter sua idade, também sentado de frente para a janela o encarando.
Ele se assustou da primeira vez, que ambos fizeram isso, foi engraçado pois ele saiu correndo de medo e depois voltou, colocando só metade do rosto e vendo o outro garoto fazer o mesmo.
“Ali tem um espelho? – Cogitou a ideia de ter um grande espelho na outra casa e o que estaria vendo não era nada mais e nada menos que seu próprio reflexo”.
Mas não era.
“Estou louco e tenho um amigo imaginário agora? - Cogitou ser um amigo imaginário, que havia se hospedado na outra casa”.
Mas não era.
E por fim, resolveu deixar o medo de lado e finalmente encarar de frente a pessoa do outro lado da janela, e assim fez.
Ficou encarando o outro garoto, sem saber se esboçava um sorriso ou simplesmente acenava e se surpreendeu ao ver o garoto sumir e voltar com um papel e começar a escrever algo.
“Mark” – O garoto ergueu um papel, com o nome escrito.
Jackson correu e pegou um papel, também fazendo o mesmo e mostrando ao garoto logo em seguida.
“Jackson” – Ergueu a folha, sorrindo em seguida e vendo o outro sorrir e acenar.
“Passaram dias e eles não pararam de se comunicar por papel, através da janela”.
Mark, seu mais novo amiguinho, costumava ficar na janela na parte da manhã que parecia ser a hora que seus pais iam trabalhar e Jackson também começou a frequentar a janela a essa hora, quando sua mãe também estava ocupada em algo.
Jackson puxou a cadeira e se sentou, à frente da janela e ficou esperando Mark chegar. Os minutos foram passando e nada de Mark aparecer, e isso preocupou Jackson e muito.
Jackson estava com medo, e voltou novamente a imaginar que Mark não existia, lembrou-se de algo que tinha visto na TV, de que crianças solitárias, as vezes criavam amigos imaginários.
"Mark não pode sumir, ele não pode ser de mentira" - Disse para si mesmo, enxugando os olhinhos já marejados.
Xx
— Mamãe? – A criança se pronunciou, sentando-se na cadeira perto da mãe que se concentrava no preparo de um bolo.
— O que foi bebê? – Perguntou sem encarar o filho e o pequeno bico que formava em sua boca.
— Eu quero um amiguinho! – Disse, já chorando.
— Não chora Jackson! – A mãe que largou a massa de bolo sobre a mesa correu para acalentar o filho – Não chora, a mamãe vai dar um jeito, mais ainda tem alguns dias até que suas aulas comecem, o que a mamãe faz? Huh? – Perguntou, já quase chorando.
— Mark! – Disse, entre lágrimas.
— Mark? – Não entendia o porquê do filho ter dito aquele nome, afinal, nunca tinha tido amigo nenhum com esse nome.
— A casa do lado, tem alguém chamado Mark! – Disse, encarando a mãe que enxugava suas bochechas - Eu sei que tem - Disse, soluçando.
— Como você sabe disso? – Levantou, pegando o filho e o colocando em seu colo.
Xx
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