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História Your Name - Rainy Days


Escrita por: iDonutCare

Notas do Autor


Essa é uma história que está em andamento há muito tempo, tipo muito mesmo e resolvi que estava na hora de concluir. Cheia de referências, não spoilers, não plágios. Simples referências de músicas, séries e afins.
Não sei muito bem o que pensar sobre ela, é apenas um TaeNy cheio de amor e drama que ficou bem grande. Q
Pode ser que não faça um pouco de sentido em algumas partes porque é o pensamento de apenas um personagem, é como ela vê a situação, não como necessariamente está acontecendo.

Leiam um pouquinho.

Capítulo 1 - Rainy Days


Fanfic / Fanfiction Your Name - Rainy Days

 

 

— O que você pensa que está fazendo?

 

— Eu? É SÉRIO ISSO? — minha voz sobe dois tons em relação a sua e posso vê-la encolher no momento que fecho a porta do apartamento, fazendo o som pesado ecoar por todo o ambiente — Ah, vai se foder.

 

A vibração do som envolve meu corpo por alguns segundos e a única coisa que consigo pensar é: Foda-se que virão reclamar depois.

 

— Quebra... — você sussurra em tom de deboche.

 

Reviro os olhos.

 

— O que está fazendo aqui? Pensei ter dito que não queria mais ver a sua cara — continuo ríspida e isso parece cutucar algo no seu ego inabalável; você aperta as mãos momentaneamente.

 

Você está igualmente irritada, no entanto, diferente da minha, sua voz continua calma. É quando eu tenho a certeza de que não vemos a situação da mesma forma.

 

— Pensei que algum dia tivéssemos nos amado.

 

Minha respiração falha e não consigo mais ficar parada no mesmo lugar. Me obrigo a dar um único passo para o lado e você percebe que isso, de alguma forma, me atinge.

 

— Você só pode estar brincando... — passo a mão pelos cabelos de forma ríspida tentando controlar o calor em meu rosto e te vejo desviar o olhar.

 

Estamos em pé, uma de frente para a outra e nossos olhares ressentidos não se encontram. Minha visão começa a ficar turva, as lágrimas quentes quase transbordando, mas não quero deixar que me veja dessa forma novamente, então eu as seco.

 

Seu olhar está distante e eu sei que é por culpa do álcool em seu corpo, afinal, era eu que conseguia beber muito antes de ficar realmente bêbada, não você. Você está de cabeça baixa, os cabelos vermelhos cobrem seus olhos e quase não me deixam ver o seu rosto.

              

Eu não sei o que dizer, estou com muita raiva por você estar aqui e ao mesmo tempo muito aliviada pelo mesmo motivo. É o tipo de paradoxo sentimental que só você é capaz de me fazer sentir. Continuo te olhando e concluo...

 

Você é linda.

 

Essa é a única coisa que eu não posso negar a você, Kim Taeyeon. Seu rosto pequeno, seus olhos castanhos, o cabelo colorido e a marquinha no queixo que aparece em cada sorriso. Até mesmo sua personalidade; todo o seu jeito especial só te dá um ponto a mais de beleza incomparável que, como você me diz, pode facilmente conquistar a todos. Você está certa, Kim Taeyeon.

 

Percebi que havia me conquistado ao me dar conta de todas as vezes que me peguei observando você sem ao menos piscar, mesmo quando eu não sabia nem o seu nome.

 

Com a cor de cabelo que você quisesse, não importava, sempre chamava atenção. Me pergunto se na época que nos conhecemos você se dava conta disso.

 

Quando estávamos na faculdade eu gostava de te observar pelo canto dos olhos, você era sempre tão calma e tão sob o controle de si mesma. A expressão era sempre a mesma, séria, bonita, concentrada. Eu sentia como se nada pudesse distraí-la, como se seus pensamentos a mantivessem tão ocupada a ponto de impedir sua expressão de vacilar.

 

Interessante. Era como eu te classificava.

 

Seu curso era diferente do meu então era difícil simplesmente te encontrar por aí e você parecia ocupada sempre que eu te via, mas eu não queria continuar adiando a possibilidade de te conhecer.

 

Então, um dia eu resolvi falar com você. O primeiro dia de nossos vários anos, ou como eu passei a chamar depois "Meeting-you Day".

 

Você lia um livro da sua saga preferida debaixo de uma árvore qualquer quando me aproximei, estava na metade e seus olhos concentrados não deixavam as páginas por um segundo sequer. Era até meio engraçado encontrar você ali. Todos os alunos daquela universidade sabiam o que responder quando alguém perguntava “onde está aquele aluno de humanas?”, a resposta era sempre: Procure debaixo de uma árvore.

 

Parece que a resposta se aplicava a você também.

 

— Oi, você — eu te disse, sorridente, tímida.

 

Lembro de ter rido um pouco no dia por você estar ali, mas hoje, te vendo encostada em uma parede qualquer da minha sala, eu sei que encontrar uma aluna de humanas debaixo de uma árvore foi o maior erro da minha vida.

 

Você ergueu o olhar de seu livro para mim sem entender o porquê de eu estar falando com você, talvez nem eu entendesse.

 

Eu sentei bem ao seu lado sobre a grama recém cortada, queria te conhecer, vagar pelos pensamentos que roubavam suas distrações. Era uma garota tão misteriosa e interessante que eu não podia simplesmente ficar quieta diante de você.

 

— Eu posso ficar aqui? — voltei a falar e você deu de ombros sorrindo como se eu fosse louca ou coisa do tipo, e voltou a ler o livro.

 

— Sou Tiffany Hwang — eu te disse, simplesmente, percebendo que me fitava com o canto do olho por entre os seus cabelos loiros como se perguntasse o quanto eu estava disposta a insistir em sua atenção. Você não me respondeu.

 

Eu deveria ter saído de perto de você quando me ignorou pela primeira vez, eu realmente deveria.

 

— Como tem paciência pra ler um livro como esse? — insisti.

 

Você queria um jogo para saber quem cederia primeiro e você o teve, eu não estava disposta a me calar no meio de um silêncio. Isso me fez vencer.

 

— Não é algo que precise de paciência, apenas leio — foi a primeira vez que ouvi a sua voz, você pareceu tão hesitante ao se render que nem tirou os olhos do livro. Hoje, me repreendo por ter ficado tão feliz de finalmente ter te arrancado algumas simples palavras.

 

— Mas olha o tamanho desse livro — gesticulei procurando mostrar com as mãos o tamanho do primeiro volume d’As Crônicas de Gelo e Fogo, A Guerra dos Tronos. Você mostrou um sorriso mais aberto dessa vez.

 

Oh, my sweet summer child.

 

Na época, eu não entendi bem o que você quis dizer com aquela frase, até ri internamente da sua pronuncia enrolada e cheia de sotaque. Hoje sabendo o que significa e pondo no nosso contexto, eu bateria palmas e concordaria com você sem pensar duas vezes. Eu me deixei levar pelos seus encantos facilmente, afinal, eu era apenas uma pobre e ingênua criança do verão.

 

Não soube naquele momento que seria você o meu pior inverno.

 

Naquele dia você me contou porquê o ambiente ficava com aquele cheiro característico - que todos tinham certeza que vinha da grama - quando a cortavam. Segundo você, era uma forma dela pedir por socorro, ela estava sangrando, sendo cortada e precisava soltar esse cheiro para pedir ajuda a alguém.

 

O motivo era realmente esse, mas naquele dia, talvez a grama com o seu cheiro estivesse apenas me aconselhando a sair de perto de você e eu não captei a mensagem.

 

Te olho novamente encostada na minha parede. Quero correr até você, te beijar e te levar pra cama como costumávamos fazer no fim de cada tarde depois das aulas, meu coração acelera apenas com o pensamento, mas não o faço. Lembro do que te trouxe aqui e todos os momentos anteriores a esse, e ao invés disso, eu me atrevo a perguntar.

 

— Vai dizer logo o que você pretende ou está difícil? — a voz que eu planejo dura e imponente não vem. Mais uma vez você tem prova de que apenas sua presença pode me desestruturar.

 

Posso imaginar você falando: “Está difícil”, você diria sorrindo e eu te bateria sorrindo mais ainda.

 

— O que foi aquilo? — seu olhar não sai do chão quando você pergunta e eu quase tenho vontade de rir diante de sua atitude.

 

— Aquilo o quê, Kim Taeyeon?

 

—  Aquela... mulher — antes tive apenas vontade, dessa vez, porém, eu ri. Ri do olhar raivoso que você levantou pra mim, ri da sua preocupação, ri do quão bêbada você está; mas acima de tudo, ri de mim.

 

Por ter me sentido culpada.

 

Eu não deveria sentir isso, você deveria, Kim Taeyeon.

 

— Eu não lhe devo satisfação alguma — viro as costas e começo a andar pela sala, sei que se continuar parada apenas te olhando vou acabar enlouquecendo. Paixão enlouquece.

 

— É, acho que não deve... — te vejo passar a mão pelos cabelos vermelhos nervosamente como se de alguma forma ele fosse a fonte da falta de sincronia entre nossos pensamentos e palavras.

 

A verdade é que você está surpresa. Geralmente eu não falo com você dessa forma, mas eu estou com muita raiva e muito aliviada, meus pensamentos não estão sendo processados direito, mal consigo organizá-los em minha mente.

 

Eu quero tudo e ao mesmo tempo não quero nada. Seu olhar confuso continua sobre mim, talvez percebendo que uma hora ou outra eu posso acabar abrindo um buraco no chão por andar tanto no mesmo lugar, de um lado para o outro. E não posso evitar recordar dos momentos em que você riria da minha cara por agir dessa forma.

 

Houve um tempo em que seu cabelo estava escuro. Você gostava de trocar a cor constantemente e isso apenas te tornava mais interessante para mim, era como você, uma constante mudança que eu gostava de tentar acompanhar.

 

Já fazia algum tempo desde que havíamos nos beijado pela primeira vez e fora uma total surpresa para mim já que a iniciativa foi sua.

 

Meu pensamento, inocentemente, foi: É recíproco.

 

Não demos um nome ao que éramos, mas podíamos ter certeza do nosso compromisso onde pertencíamos uma a outra quando nos beijávamos. Não precisávamos de palavras para entender isso.

 

Dessa vez seu cabelo era preto, a cor combinou muito com você. Você estava linda, isso me encantava e conseguia me irritar na mesma intensidade, porque você não atraía só a mim.

 

— Que cara é essa? — você me perguntou sorrindo, aquele sorriso lindo que poderia acabar com toda a depressão do mundo.

 

Eu continuei andando com a expressão fechada. Estava morrendo de ciúmes e você não tinha nada que ficar perguntando sobre a minha cara. Considerei mil vezes mandar você ir perguntar a maldita atendente do shopping que cara era a minha, mas não o fiz, não iria suportar você perto dela novamente.

 

— É a minha cara — cruzei os braços e aumentei a velocidade de meus passos pelo ambiente tendo as várias lojas a me encarar no caminho, você riu mais uma vez se apressando para me acompanhar.

 

Você sempre ria em todas as vezes que eu demonstrava algum tipo de ciúmes e isso me fazia me questionar sobre o que eu estava fazendo. Talvez você achasse o ciúme bobo e por isso ria, mas talvez fosse por eu estar sendo louca de me envolver tanto a ponto de reclamar de ciúmes de alguém com quem eu nem tinha um compromisso fixo.

 

Isso só me deixava mais chateada.

 

— Tiffany-ah, por favor~ Ela só me vendeu o livro — você levantou a sacolinha da maldita livraria onde a maldita atendente havia colocado o maldito livro. Bufei. Já fazia uma boa hora que eu estava com a cara fechada por causa desse livro, eu não conseguia simplesmente ignorar o que estava sentindo, era maior que eu.

 

— Você estava sendo linda perto dela e faltou “isso aqui” pra ela subir em cima daquele balcão e te agarrar — resmunguei mostrando com os dedos o quão pouco faltara para a cena que minha mente conseguia facilmente projetar.

 

— Mas não agarrou e nem ia — fez bico tentando me puxar para perto de si quando estávamos chegando perto da saída, seu jeitinho impulsivo e atencioso quase me fazendo vacilar.

 

“Esses não são os nossos únicos produtos” — imitei a voz da maldita atendente no momento em que ela colocava o maldito livro na maldita sacola. O sorriso dela dando voltas em minha cabeça.

 

— Ah, claro. E em seguida ela completou com: Caso queira me levar também, estou aqui — você recitou a fala como se realmente houvesse acontecido e eu te empurrei emburrada, vendo-a voltar a rir de mim. Comecei a ficar verdadeiramente com raiva disso, você parecia não ligar.

 

—  O Festim dos Corvos, Fany-ah — você voltou a erguer a sacolinha com o quarto volume de sua saga preferida — Acha mesmo que ia prestar atenção nela tendo essa belezinha na minha frente? — suas sobrancelhas dançaram para cima e para baixo e isso só me deu mais motivos para bater mais em você.

 

Pouco me importava se era por causa de O Festim dos Corvos ou A Dança dos Dragões, e isso porque você havia conseguido me fazer gostar da saga depois de falar tanto dela comigo; apesar de preferir pessoalmente a série já que a paciente para livros era você.

 

— Se não fosse o livro, você teria prestado atenção?! — dei mais um forte tapa em seu ombro, vendo-a tentar inutilmente se defender, coisa que não conseguia com frequência. Você apanhava muito de mim. — Bom saber...

 

Apressei o passo, estava há poucos metros de conseguir sair do lugar quando você me fez parar.

 

Era uma tarde de domingo, tudo estava lotado, você tinha O Festim dos Corvos dentro da maldita sacolinha e estava me beijando na entrada do shopping no meio de todos. A surpresa foi tanta que eu mal consegui fechar os olhos, fiquei sem reação enquanto borboletas, que eu nunca imaginei que existissem, festejavam em meu estômago. Não percebi nem mesmo a atendente da livraria nos assistindo com cara de poucos amigos, porque se tivesse percebido, faria questão de te beijar com mais vontade. “Kim Taeyeon é minha”, eu diria pra ela com um sorriso vencedor e ela iria chorar suas pitangas em algum canto.

 

O nosso beijo durou tempo suficiente para que todo aquele ciúme idiota sumisse de dentro de mim e eu já sorria em seus lábios quando a falta de ar nos obrigou a encerrar o beijo.

 

— Você não sabe de nada, Tiffany Hwang — você sussurrou sem me soltar, a mão que você manteve em minha cintura não deixou que eu me afastasse. Quando meus olhos se abriram, encontrei os seus ainda fechados. Não lembrava mais de garota alguma, não lembrava que estávamos sendo observadas por milhares de olhos e várias câmeras; eu só conseguia sorrir boba. — Eu sou sua.

 

E sorriu.

 

Ah, como eu amo o seu sorriso. Amo até mesmo a covinha unilateral que você insiste em dizer que é estranha. Todo o conjunto fazia de seu sorriso o meu preferido.

 

Dessa vez também é domingo, só que à noite e ainda assim eu espero que venha até mim e me beije na frente de todos. Mas talvez as noites de domingo não tenham sido feitas para serem iguais às tardes de domingo. Estamos sozinhas, você não sorri, nem diz que é minha. E, no fim, minha raiva também não se dissipa.

 

— Vá embora, Kim Taeyeon — eu digo pegando em cima do sofá a garrafa de tequila que havia “sobrado” da maldita festa onde a maldita Kwon Yuri flertava comigo deixando você, maldita Kim Taeyeon, com ciúmes e rumo para a cozinha sem olhar para trás.

 

Você não merece que eu olhe para trás.

 

Eu nem me preocupo em verificar se você vai mesmo embora, nem quero pensar no quão difícil será o caminho para casa sendo você uma bêbada tão desastrada quanto sempre foi. Encosto no balcão e abro a garrafa de tequila, tomando um generoso gole sem me preocupar com copos.

 

— Você é uma vadia, Tiffany Hwang — sua voz embargada surge há alguns metros atrás de mim me deixando incrédula.

 

— Então quer dizer que agora eu sou uma vadia? — ri, sentindo a bebida horrível fazer efeito no meu organismo horrível. Aquela seria a segunda garrafa que eu tomaria, ou quem sabe seria a terceira, eu já não lembro. — Preferia quando era vadia apenas na sua cama.

 

— Que se foda a minha cama — estágio dois, agressiva — Era nela que você ia transar com a Yuri hoje? Você não esperou nem um dia! — isso me faz largar a garrafa de tequila sobre o balcão para finalmente te encarar, meu rosto de repente parece quente demais e eu não sei dizer se é raiva ou efeito da bebida.

 

— Você sequer teve a decência de terminar comigo antes de abrir as pernas para alguém, Kim Taeyeon — falo vendo a raiva crescer também em seus olhos, mas você não pode reclamar — Tem certeza que a vadia da história sou eu?

 

— Já falamos sobre is-

 

— Eu não quero saber, Kim Taeyeon.

 

               Falo e viro de costas para o seu olhar raivoso novamente. Você fica mais bonita assim e eu não quero pensar nisso, não quero te olhar. Nem lembrar que às vezes posso preferir sua expressão séria a seus sorrisos, ela te faz linda, atraente e misteriosa, seu olhar atencioso te faz a garota pela qual me apaixonei.

 

Eu não posso. Não quero mais me apaixonar por você, Kim Taeyeon.

 

Minha cabeça insiste que devo odiar você, minhas mãos apoiadas no balcão me dão o sustento que as pernas parecem me negar cada vez que seu olhar encontra o meu, então continuo assim, de costas. 

 

— Você não está usando a porcaria da aliança — você fala com desgosto me fazendo olhar inconscientemente a mão esquerda onde deveria estar a prova do nosso compromisso. Nego com a cabeça e, ainda evitando te olhar, tomo mais da tequila de forma desajeitada, já podendo sentir minha cabeça doer pela quantidade de álcool em meu corpo.

 

Percebo quando você começa a se mover pela cozinha lentamente e me pergunto se você está se sentindo tão inquieta quanto eu.

 

— Você também não usou ela quando quis abrir as pernas pra uma qualquer — solto simplesmente, a voz embargada pela bebida.

 

Quando acho que estou saindo por cima nessa conversa quase jogo a garrafa de tequila na sua cara quando você volta a falar.

 

— É, eu não usei... — sua voz sai baixa como se estivesse refletindo consigo mesma para logo crescer de tom em minha direção — Vadia eu, vadia você. Nosso amor é lindo, vê? — ri irônica me fazendo te acompanhar.

 

Nosso amor foi lindo, Kim Taeyeon. Lá estava você me lembrando que eu ainda te amo desesperada e apaixonadamente. Um amor desgastante e sem retorno, mas ainda assim, amor. O mesmo amor idiota de quando começamos a namorar, com as mesmas malditas borboletas que resolveram se alojar no meu estômago quando te conheci.

 

Deveriam ir à merda, você e essas borboletas.

 

— Eu te amo — você diz há um curto espaço de onde eu estou e eu quero rir pelas borboletas dançando dentro de mim, mas eu gosto de me contrariar, meus sentimentos ainda mais. Ao invés de rir, eu sinto uma ou duas lágrimas molhando meu rosto.

 

“Não minta pra mim, Kim Taeyeon!”, eu quero gritar. No entanto, se eu o fizer, irei esperar que você me devolva um “Você não sabe de nada, Tiffany Hwang. Eu te amo sim.”

 

Eu adorava quando você falava assim.

 

Você provavelmente diria e eu seria uma idiota novamente em seus braços.

 

— Você não ama porra nenhuma, Kim Taeyeon! — esbravejo largando a bebida para me aproximar de você em passos pesados. Aponto um dedo acusatório em sua clavícula. — Você não me ama.

 

— Você não sabe d-

 

Você quase diz...

 

— Cale a boca, Kim Taeyeon! Cale a boca, eu odeio a sua voz — te interrompo irritada, mas é tudo mentira.

 

Eu amo sua voz, Kim Taeyeon.

 

Ela é sempre suave e calma mesmo quando você está brava e isso é encantador. Eu poderia estar gritando, irritada da forma que fosse, você sempre me respondia calma. Você gosta de falar pausadamente como se eu fosse lerda e não fosse te entender caso falasse rápido demais.

 

Você que é a lesada, Kim Taeyeon.

 

Na verdade, você sempre fala assim, é simplesmente o seu jeito, naturalmente calma e lesada. E é por isso que eu gosto de pedir para você me explicar as coisas, ou até mesmo contar como os personagens dos seus livros são totalmente diferentes dos que aparecem série, como quando você me disse que o nome da Talisa deveria ser Jeyne e que a teoria das cartas não deu em nada.

 

Só que, mais do que quando você falava, eu amava te ouvir cantar. Eu nunca havia gostado realmente de algumas músicas, até ouvir você cantá-las.

 

— Você é maravilhosa, Kim Taeyeon... — eu disse quando você se calou.

 

Estávamos na sua cama e por algum motivo você gostava de deitar em cima de mim, encostando sua boca em meu ouvido ao reproduzir cada nota. Imaginava que fosse porque você ficaria sem jeito se eu ficasse te observando e, mesmo assim, sua voz soava desnecessariamente tímida.

 

Isso não tornava a experiência menos satisfatória.

 

— Por que você sempre chama meu nome completo? — você perguntou do nada - talvez estivesse mesmo se sentindo sem jeito depois de ter cantado para mim - e se afastou para fitar meu rosto, porém, não saiu de cima de mim.

 

A canção anterior ainda estava sendo processada com a sua voz em minha mente quando sorri para você acariciando seus cabelos que inicialmente eram para ser azuis, mas que com o tempo acabaram ficando um tanto esverdeados. Era um aspecto descuidado que estranhamente combinava com você, eu gostava muito.

 

— Porque é bonito, ué — dei de ombros vendo seu sorriso aparecer acompanhado da covinha engraçada.

 

— Isso eu sei, eu toda sou bonita — falou cheia de si me fazendo te acompanhar em uma risada gostosa — Sério Fany-ah, por quê?

 

Sua mão direita viajou pelo meu corpo debaixo do seu lentamente, da cintura até o meu rosto. O toque gentil da ponta de seus dedos em minha bochecha me fez fechar os olhos para aproveitar o carinho sem tirar o sorriso do rosto. Você e eu, éramos algo tão íntimo e verdadeiro, parecíamos tão certas.

 

— Sinto que você é mais... Minha quando pronuncio ele — falei baixinho, tão sem jeito quanto eu imaginava que você ficava ao cantar pra mim e não me atrevi a abrir os olhos à medida que sentia meu rosto ganhar cor, o toque nele cessou.

 

Esperei escutar alguma risadinha pelo meu pensamento bobo, mas ela nunca veio. O que eu senti em seguida foram seus lábios sobre os meus me tocando com um beijo lento e carinhoso, guiado como se fosse o selamento de algo entre nós. Seus lábios me tocaram a boca, o queixo e a bochecha vagarosamente, um por vez até que você falasse.

 

— Diga...

 

No começo eu não entendi o que você queria que eu falasse, então abri os olhos encontrando os seus me observando com certa admiração...? Essa não seria a palavra certa e carinho parecia muito simples para classificar, enquanto amor me soava forte como um soco. No entanto, foi o que senti. Eu senti o amor no seu olhar atingir meu estômago com um soco, despertando cada borboleta bruscamente e não pude deixar de corar.

 

— Diga, Fany-ah... — você pediu novamente tocando meus lábios com a ponta dos dedos, sua voz era tão terna quanto o olhar que você me lançava.

 

— Kim Taeyeon... — sussurrei vendo-a morder o lábio inferior numa tentativa um pouco falha de esconder seus sentimentos. Você sentou sobre a minha barriga fazendo o lençol que nos cobria escorregar pelo seu corpo nu e desistiu de morder o lábio permitindo que ele se moldasse em um sorriso acompanhado da covinha unilateral. — Kim. Taeyeon.

 

Eu também sorri. Minhas mãos em sua cintura fizeram força suficiente para que eu te jogasse na cama, o que resultou em nós duas explodindo em risadas divertidas e em um piscar de olhos era eu que estava por cima de você.

 

— Se eu falo Tiffany Hwang... Você se torna mais minha? — minha visão sumiu em um eyesmile e eu amassei seus lábios com um beijo violento e desajeitado.

 

— Eu sou completamente sua, Kim Taeyeon. — disse ajeitando os cabelos coloridos em volta de seu rosto.

 

Se você pudesse ver o sorriso lindo que iluminou seu rosto, você se perguntaria se algum dia poderíamos ter um fim?

 

Diante dele, eu pensei que nós pudéssemos ser a mais bela história que eu pudesse contar para alguém.

 

Naquele dia eu te amei, amei como nunca antes ao som de Tiffany Hwangs escapando a todo momento de sua boca. Dois dias depois desse começamos a namorar oficialmente e eu não podia ter ficado mais feliz, mas se eu soubesse na época, teria te beijado mais. Teria abafado cada Tiffany Hwang em sua boca, não teria deixado você falar e me fazer tão sua assim.

 

Hoje você já não é totalmente minha, mas infelizmente, eu ainda sou completamente sua, Kim Taeyeon.

 

Ainda estou à poucos centímetros de você e percebo seus olhos marejando, ver você frágil dessa forma me quebra, então eu te empurro para longe do meu caminho com toda a força que tenho e saio da cozinha, te deixando sozinha mais uma vez.

 

Talvez eu não tenha falado Kim Taeyeon o suficiente para te fazer minha na mesma intensidade que eu sou sua.

 

— Tiffany Hwang... — eu escuto atrás de mim e sei que você tomou da tequila que eu deixei porque posso sentir o cheiro vindo de você, fecho os olhos dolorosamente com aquele conhecido sentimento remexendo meu estômago.

 

— Deveriam mesmo ir à merda, você e as malditas borboletas — falo ríspida abraçando meu próprio corpo como se dessa forma eu pudesse acalmar a festa de sentimentos dentro de mim.

 

— O quê?  — você pergunta confusa e mesmo sem te ver eu rio do seu jeito, rio muito e aparentemente sem motivo te deixando confusa. Você é lesada e eu adoro ter que precisar fazer até mímica pra você entender o que eu estou falando, gosto da forma como me olha quando tento explicar algo. — Você está bêbada pra caramba, Tiffany Hw-

 

— Eu lembro de ter mandado você calar a merda da sua boca.

 

Eu digo, mas na verdade quero que continue falando comigo.

 

— Cale a merda da minha boca — você fala perigosamente perto e então eu sinto seu corpo tocar minhas costas sutilmente. Seus braços envolvem meu corpo com cuidado e lentamente, como se quisesse saber se eu iria repelir o contato e eu sinto toda a barreira que eu tentei levantar contra você desmoronar de uma vez com o simples ato.

 

Eu fecho meus olhos e respiro profundamente sentindo seu perfume doce misturado com aquele cheiro horrível da bebida. É uma combinação estranha e, estranhamente, eu gosto dela. Me sinto segura estando em seus braços mais uma vez.

 

Eu penso em dizer que te amo, que mesmo que não fale “Tiffany Hwang” eu ainda serei completamente sua. Suspiro longamente.

 

— Vá à merda, Kim Taeyeon... — sussurro e encosto minha cabeça em seu ombro, afundando o rosto na curva de seu pescoço mesmo naquela posição estranha e posso perceber pelo leve tremor de seu corpo que você riu.

 

Minha voz não é nem um pouco dura, muito pelo contrário. Eu sinto falta de ter esse tipo de contato com você e por um momento apenas me deixo relaxar.

 

— Tiffany Hwang... — você me faz ainda mais sua e continua a falar, encostando sua cabeça na minha — Eu sinto sua falta.

 

Uma nova onda de sentimentos toma conta de mim fazendo-me esboçar um sorriso bobo fora do seu campo de visão, me sinto amada novamente. Kim Taeyeon me ama. Minhas mãos, antes soltas ao lado de meu corpo, faço questão de manter com elas as suas em volta de mim. Deus, como sinto falta de te tocar, do seu cheiro, da sua voz suave em meu ouvido.

 

Eu deveria te odiar, Kim Taeyeon.

 

— Eu... — começo a falar, mas eu não sei o que te dizer. Seria muito estranho se eu soltasse simplesmente um “não me importo que você enlouqueceu e andou querendo dar pra metade do mundo, eu quero você”.

 

Primeiro, seria uma mentira muito grande, porque eu me importo sim.

 

Segundo... Isso é uma droga, mas eu quero mesmo você.

 

Minhas mãos encontram as suas e eu as aperto entrelaçando nossos dedos firmemente. Com suas mãos entre as minhas, percebo que você também não está usando a porcaria da aliança e tudo volta à tona.

 

Os desentendimentos. Seu ataque de ciúmes. Nossas brigas. E a noite que você a levou pra nossa cama.

 

O que mais doeu em mim foi ter visto aquele sorriso estampado no seu rosto quando estava com ela, o sorriso com covinha que costumava ser apenas meu.

 

Eu te largo andando pra longe, nossas mãos vazias nos lembrando que o nosso compromisso fora esquecido, que de alguma forma ele não importa mais e é assim que eu me sinto. Vazia como as nossas mãos, sem importância como o nosso compromisso.

 

— Eu odeio você, Kim Taeyeon — te fiz um pouco minha balançando a cabeça negativamente

 

É hora de dizer que acabou.

 

— Por favor, Fany, v-vamos conversar — sua voz falha e isso me quebra por dentro. Eu sei que está chorando, mas não quero me virar para confirmar isso então simplesmente ando até o sofá, me jogando nele desajeitadamente.

 

— Eu não quero falar sobre isso, vai embora... — falo tão baixo que não posso ter certeza se você realmente me escutou. Percebo quando você sai da sala, talvez você esteja indo embora chorar sozinha, ou talvez ande até a janela e se jogue, com uma cena digna de filme. Mas acho que você não faria isso comigo aqui e também tem a 7 temporada de Game of Thrones que ainda não saiu, eu sei que você quer que a Sansa seja rainha, então não pode morrer ainda.

 

Obrigada, Sansa. Obrigada, Game of Thrones.

 

Me largo deitada no sofá e sinto meus olhos marejando à medida que as lembranças do nosso "término" preenchem minha mente. Entre aspas, porque mesmo depois das brigas essa palavra nunca chegou a ser mencionada entre nós. Talvez ambas ainda mantivessem a falsa ideia de que um dia pudéssemos simplesmente ignorar tudo o que aconteceu, mas isso não é nada fácil, Kim Taeyeon.

 

Eu não sei o que nós somos e talvez isso não importe tanto realmente, eu sei que amo uma idiota e por isso sou tão idiota quanto você.

 

Idiota eu, idiota você; vadia eu, vadia você.

 

Lindo.

 

Entre tantos pensamentos me pergunto se ainda posso acreditar quando você diz que me ama, Kim Taeyeon e isso me faz pensar no seu cabelo rosa.

 

Muitas vezes você repetiu as cores em seus cabelos, mas nunca teve tempo para voltar a usar o rosa.

 

Fim de tarde, eu estava chegando em casa depois de um longo dia de trabalho, havia sido horrível e eu ainda podia escutar a voz irritante do meu supervisor.

 

Estava tirando aqueles incríveis torturadores de pés que as vendedoras insistiam em chamar de saltos de grife quando você me ligou. No primeiro momento eu estranhei aquela atitude já que a primeira coisa que você fazia quando imaginava que eu provavelmente havia chego em casa era me mandar uma mensagem. Você perguntava se eu havia chegado bem e se eu queria matar meu supervisor, às vezes vinha ao meu apartamento e eu te contava todo o meu dia. Uma vez você até mandou uma mensagem dizendo "Que belo dia para se amar, Tiffany Hwang". Fiquei com a boca doendo de tanto sorrir.

 

Hoje pela manhã eu também lembrei disso e me perguntei se os outros dias não eram belos para me amar também.

 

— Sim? — perguntei adorando a sensação de andar descalça pelo chão gelado, você demorou um pouco a me responder.

 

— Oi, amor... — você disse em quase um sussurro e nesse exato momento eu tive certeza de que havia algo errado.

 

Sempre era eu a levar isso de Kim Taeyeon e Tiffany Hwang mais à sério e gostar de falar assim. Era até normal que você preferisse Fany. Isso quando não me chamava de Tiffany Snow - o que eu achava particularmente adorável -, mas "amor" vindo de você era novidade pra mim.

 

— Aconteceu alguma coisa? — perguntei ouvindo você suspirar do outro lado da linha.

 

— Não, eu só queria... Escutar sua voz — você continuou falando baixo à medida que uma certa curiosidade crescia em mim.

 

Você é estranha, Kim Taeyeon, sempre foi, mas às vezes chegava a me assustar. E eu não estou nem falando do fato de você dar risada quando algum de seus personagens preferidos é morto pelo Velho Martin. Você tinha um jeito muito desleixado de tratar as coisas, parecia até não se importar com nada, eram raros os momentos que você mostrava o contrário. Mas no fim, você sempre me provava ser a que se importava com tudo, do seu jeito.

 

— O que está acont

 

— Você já está em casa? — você me interrompeu e eu franzi o cenho murmurando uma confirmação — Abre a porta pra mim? — você pediu e quase não acreditei que você estivesse ali, não tardei a responder me guiando pelo chão frio até a porta do apartamento.

 

— Onde você está? — resmunguei quando não a encontrei na porta como esperava.

 

— Do seu lado esquerdo, Tiffany Hwang.

 

Você disse e desligou logo em seguida. Foi quando eu te vi, enfiando o celular no bolso do jeans surrado e caminhando despreocupadamente em minha direção enquanto o elevador se fechava atrás de você.

 

Eu não sabia exatamente o que esperar disso tudo. Você só bancou o tipo Taeyeon-imprevisível duas vezes. Em uma você me fez correr na chuva e me melecar toda de lama. Na outra acabamos fugindo da faculdade, literalmente, e passamos o dia rodando com o carro sem rumo algum. Todos os quatro cantos de Seoul. Você estava totalmente confiante e eu, mais nervosa impossível pela possibilidade de alguém nos pegar saindo e acabarmos levando suspensão, mas depois que saímos eu só pude me entregar ao momento. Foram os dias mais divertidos da minha vida.

 

Dessa vez não chovia, tampouco fizemos Tour por lugares imprevisíveis, você apenas veio até mim.

 

No caminho eu me peguei observando seu cabelo, você havia mudado a cor outra vez. Um tom suave de rosa marcava seus fios e isso me fez sorrir, eu gosto muito de rosa e você sabe disso.

 

Foi a primeira coisa que eu comentei com você quando você entrou.

 

— Gosto da cor do seu cabelo — eu disse vendo você retribuir meu sorriso.

 

— Eu sei — você se moveu pela sala em passos lentos me dando tempo pra fechar a porta, sentou no braço do sofá ainda sorridente e estendeu os braços em minha direção, me chamando para perto.

 

Você estava sorrindo bastante, mas na minha visão era um sorriso tão vago que dessa vez eu não retribuí. Me aproximei de você deixando que envolvesse minha cintura com os braços.

 

— Me desculpe — você me disse sem fazer rodeios e eu não pude ver seu rosto por conta da posição que estávamos.

 

— Por que está me pedindo desculpas, Kim Taeyeon? — te fiz um pouco minha e comecei a acariciar sua cabeça, você me olhou rapidamente com um olhar culpado.

 

— Por ter agido estranha... — você disse me puxando em seguida pra sentar no sofá — Devia ter vindo só mais tarde, você deve estar cansada.

 

Você completou para logo em seguida levantar de onde estava sentada, dando a volta no sofá para sentar de lado em meu colo, balancei a cabeça negativamente.

 

Você sempre foi louca assim, Kim Taeyeon. Fazia o que queria e só depois iria pensar sobre o que fez. Isso criou muitas situações engraçadas para nós, mas também nos causou vários problemas. Quem sabe se eu tivesse percebido isso antes, não pudesse prever o que viria a seguir.

 

— Tudo bem, Taeyeon-ah. Quer me dizer o que está acontecendo com você? — sugeri vendo-a comprimir os lábios com um certo descontentamento.

 

— Eu só... Tive medo.

 

— Mas-

 

— Eu não quero perder você, Fany-ah.

 

Isso me pegou de surpresa. Você não gostava de conversar sobre esse tipo de coisa, eu até tentei, mas depois de algumas tentativas sem sucesso acabei deixando de lado. Era o suficiente tê-la demonstrando o que sentia, a falta de palavras nunca foi um problema entre nós.

 

— Por que está falando isso?

 

Perguntei ainda sem entender aonde você queria chegar com aquela conversa. Se tinha algo que você sabia era que eu, totalmente dependente de você, nunca iria fazer algo do tipo porque você sempre foi tudo pra mim. Então o medo me atingiu em cheio.

 

Você iria fazer?

 

— Fany, eu estava pensando sobre aquela conversa de ontem... — você começou sem manter contato visual e nesse momento meu coração pulou uma batida.

 

— Onde você quer chegar com isso? — perguntei levando minha mão ao seu rosto para te fazer me olhar.

 

— Não é que eu não confie em você, Tiffany Hwang, mas... — você tentou desviar o olhar, mas eu não deixei — Tenho medo que você acabe concordando.

 

— Eu já disse que não vou fazer isso — mantive seu rosto em minha mão, fazendo questão de manter o contato visual que você parecia insistir em evitar.

 

— Eu sei, mas-

 

— Não há "mas" — rebati de imediato e, de certa forma, irritada por você estar questionando isso, te vi morder o lábio insegura — Eu não me importo com o que meu pai pensa ou quer fazer da minha vida. Eu não vou deixar você, Kim Taeyeon.

 

— Eu sei, Tiffany — você suspira tirando minha mão de seu rosto delicadamente.

 

Você não me olha e algo quebra dentro de mim nesse momento.

 

— E então? — pergunto deixando transparecer todo o receio sobre essa conversa em minha voz.

 

Por um momento você pareceu sem palavras. Por longos minutos você não me disse nada e por causa da insegurança eu não me atrevi a perguntar mais que isso, você não podia estar cogitando isso.

 

Você é uma idiota, Kim Taeyeon.

 

— O seu pai não gosta mesmo de mim — você finalmente falou algo e eu concordei com um breve aceno esperando que continuasse a falar — Toda essa pressão dele sobre você se relacionar com alguém de verdade pode acabar te fazendo refletir sobre algumas coisas...

 

O silêncio que seguiu a sua fala seguiu também seus cabelos cor de rosa quando você decidiu levantar do meu colo.

 

— O MinHo é um cara legal, bonito... — você começou a falar e eu podia ver apenas suas mãos gesticulando calmamente enquanto você se afastava — E, além de tudo isso, ele já é seu amigo...

 

— Taeyeon... — levantei logo em seguida, você continuou se afastando. Estava de costas pra mim, eu podia ouvir sua voz falhar a cada nova frase e, por deus, eu não queria te ver assim.

 

— Você pode começar a gostar dele, vai chegar o momento que você se sentirá bem na companhia dele mais do que na minha...

 

— Kim Taeyeon.

 

— Você vai cansar de mim! — você virou de frente pra mim, o seu rosto corado e a ponta do nariz vermelha denunciavam como você ficava sempre que tentava segurar as lágrimas — Eu sou uma garota, Fany-ah. Você nunca vai poder ter nada comigo, eu não vou poder te pegar no trabalho sem que te olhem torto, não vou poder te abraçar na rua, não vou poder te beijar na pista de dança, droga, eu não posso nem gritar de um telhado qualquer o quanto eu te amo, Tiffany Hwang... — você secou rapidamente as lágrimas que ousaram molhar seu rosto e seu olhar saiu de mim outra vez.

 

Você falou tudo tão rápido que até acabei ficando sem fôlego, meu coração batia como louco contra meu peito. Eu poderia ter te batido nesse momento por ser idiota assim, mas não o fiz. Senti necessidade de cuidar de você, de te mostrar o quanto estava errada ao pensar dessa forma.

 

Mas talvez houvesse sido mais fácil se tivéssemos terminado aqui, Kim Taeyeon. Nesse exato momento.

 

Quebrei a pouca distância que havia entre nós puxando a gola de sua camisa do Arctic Monkeys em minha direção, você me olhou assustada.

 

— O que você pensa que está falando? — apertei sua camisa entre meus dedos torcendo para minha voz não falhar nesse momento. Você e essa sua habilidade de criar paradoxos sentimentais, me deixando confusa e preenchendo meu corpo com uma sensação estranhamente gostosa.

 

Falar o quanto eu te amo, Tiffany Hwang...

 

— Quantas vezes eu vou precisar dizer que não quero ninguém além de você? — usei a mão presa em sua camisa para te empurrar contra a parede mais próxima. Você tentou desviar o olhar, mas eu segurei seu rosto com a mão livre e não deixei, estava visivelmente sem jeito e tinha uma ou duas lágrimas molhando o rosto. As sequei. — Não me importo com MinHo ou com qualquer um que me olhe torto.

 

O quanto eu te amo, Tiffany Hwang...

 

— Eu te beijaria em um shopping lotado novamente pra quem quisesse comentar, quantas vezes fosse preciso... — sussurrei apertando sua camisa, sua respiração agitada batia em minha boca tamanha era a nossa proximidade — Pra provar a qualquer um que quiser saber o quanto eu sou sua. O quanto você é minha.

 

Eu te amo, Tiffany Hwang...

 

— Não fale besteira, amor... — eu continuei, soltando sua camisa apenas para subir minha mão até o seu rosto. Sabia que você confiava em mim e também entendia o seu lado, no seu lugar eu teria feito uma cena pior, por isso não me importei em repetir. — Você sabe que eu amo você.

 

Sussurrei como se te contasse um segredo e pude ver que você sorriu levemente e ainda sem jeito antes de receber meus lábios nos seus.

 

A pesar do longo tempo juntas, foi a primeira vez que você disse que me amava com todas as palavras.

 

As malditas borboletas estavam comigo nesse dia também, eu estava feliz por saber que você se importava com o nosso relacionamento. Poderia gritar um "Foda-se, MinHo" enorme depois desse beijo, porque eu sabia que você me pertencia. Me amava.

 

Pelos deuses, você não pode me culpar por ter ficado feliz com isso. Não se culpa uma pessoa por amar alguém, Kim Taeyeon. No entanto, você pode me culpar por ter esperado que você me amasse da mesma incondicional forma.

 

O beijo foi lento, apaixonado e um tanto molhado em certo momento, mas não deixou de ser significativo. Ao fim dele, pude senti-la suspirar. Me perguntei se aliviada ou se você continuaria insistindo sobre MinHo, se ainda tinha dúvidas sobre o que eu queria, mas não quis abrir os olhos e procurar isso no seu olhar; apenas a segurei e me perdi no calor do seu abraço. Palavras não eram necessárias naquele momento, as batidas do meu coração pareciam altas o suficiente para calar o mundo.

 

Passamos longos segundos apenas abraçadas em silêncio, então você falou.

 

— Case-se comigo, Tiffany Hwang.

 

Por um momento eu esqueci de respirar, eu esqueci de MinHo e esqueci até mesmo que devia falar alguma coisa.

 

Você tinha seu rosto enfiado na curva de meu pescoço e quando voltei a dar sinal de vida soltando todo o ar preso em meus pulmões você me beijou ali.

 

— Não fique calada — você disse baixinho perto do meu ouvido parecendo desconfortável com o meu silêncio.

 

— Você está brincando comigo, não está? — sorri nervosamente, afastando do nosso abraço para conseguir te olhar. Procurei algum vestígio de brincadeira em seu rosto, mas você parecia bem séria no que estava falando.

 

— Quero que os velhos e os novos deuses testemunhem o que nós temos.

 

Você disse e eu não pude deixar de alargar meu sorriso ao ver sua covinha unilateral surgir junto com o seu. Eu ainda estava calada e você corou me observando, parecia um tanto insegura sobre a minha resposta. E eu, novamente presa no paradoxo que é você, percebi minha visão embaçar com as lágrimas em meio ao sorriso. Voltei a te sufocar em meus braços.

 

— Eu te odeio, Kim... Taeyeon — uma pausa foi feita na tentativa de acalmar a confusão de sentimentos que acontecia dentro de mim — Primeiro você quase termina comigo...  Depois me shippa com um cara e agora diz que me ama. Isso lá e jeito de pedir alguém em casamento?

 

— Me d-desculpe — sua voz se perdeu no seu pequeno infinito de inseguranças e eu soprei uma risada gostosa.

 

— Não peça desculpas depois de me pedir em casamento, Kim Taeyeon — me afastei novamente só para bater em você.

 

— Você não disse nada... — sua voz falha acompanhada de seu rosto corado me fez ter vontade de te amassar. Você pode até ser estranha, mas também é muito fofa, Kim Taeyeon. Tanto que chegava a ser irritante às vezes.

 

Segurei na barra de sua camisa do Arctic Monkeys e voltei a colar meus lábios nos seus, queria que você sentisse tudo o que eu queria te dizer naquele beijo, tudo o que eu sentia. Queria que você soubesse que não precisava de inseguranças em relação a mim.

 

— Você... — tentei dizer, mas fui surpreendida ao ter meus lábios tomados pelos seus novamente. Suas mãos subiram até meus ombros e em seguida até meus cabelos aprofundando o nosso, até então, calmo beijo.

 

Durante a nossa pequena pausa em busca de ar, tomei um espaço para falar.

 

— Você tem a minha resposta.

 

Mal tive tempo de terminar e você já me beijava novamente como o mesmo fervor, pude sentir um sorriso enorme beijando minha boca. Sorri com você.

 

Nessa noite transamos pela casa toda. Em todos os cômodos, em toda posição que fomos capazes de imaginar. Estávamos tão agitadas e empenhadas em mostrar o quanto pertencíamos uma a outra que acabamos nem dormindo. Nós transamos e conversamos a noite toda, planejamos todo o nosso futuro, pensamos sobre quantas crianças teríamos e decidimos até mesmo que tipo de flores iria me dar no dia seguinte.

 

Tulipas vermelhas, você prometeu. Disse que me levaria em um café parisiense, me daria as flores e elas nos representariam. "Significam amor eterno", você me. Naquela noite, fiquei fascinada por você mais um pouco.

 

Hoje eu sei que você só esqueceu de me dizer uma coisa, Kim Taeyeon. Amores eternos são os mais breves.

 

E a pior coisa de um coração partido é lembrar de como você se sentia antes.

 

Ficamos na cama até o amanhecer entre beijos e promessas tentando calcular o quão eternas seríamos se você me desse um número nove de tulipas vermelhas. Se seria eterno mais eterno ou eterno vezes eterno, uma vez que o número também representava a eternidade. No fim, concordamos que não fazia sentido multiplicar ou somar as duas eternidades para que ela se tornasse apenas uma, então ficamos com eterno-e-mais-eterno. No dia seguinte você me presenteou com nove amores eternos.

 

Nove dias depois terminamos.

 

Hoje é o décimo dia depois daquele que juramos amor eterno. Ainda deitada no sofá da sala, de olhos fechados, eu penso em silêncio: As tulipas morreram, ficaram secas e o dia nove passou.

 

Nossas duas eternidades acabaram.

 

Escuto seus passos voltando lentamente para a sala. Sei que é você, Kim Taeyeon, porque você sempre anda arrastando os pés, parece até que tem preguiça de se mover. Não sei se está indo embora ou se veio verificar se eu ainda estou viva, no entanto, acabo falando.

 

— Talvez a gente devesse ter multiplicado... —mantenho os olhos fechados e, bem no fundo, desejo que você não esteja mais ali porque o álcool está acabando com meu raciocínio muito rápido. Volto a me entregar muito rápido. — Se fosse durar, eu não me importaria de ter ficado com apenas uma delas, Kim Taeyeon...

 

Minha fala arrasta um curto soluço. Sei que estou chorando de uma forma vergonhosamente desesperada e dessa vez não ligo; me perco na imensidão do silêncio daquele lugar, na imensidão do nada que nos separa, porque você continua calada e o silêncio se perpetua.

 

Talvez você nem esteja mais aqui. Talvez tenha mesmo ido embora. Mas quem sabe você tenha ido em busca de um novo amor eterno; talvez nove deles. Se for, dessa vez eu juro que vou encontrar uma forma de multiplicar, Kim Taeyeon.

 

Mesmo estando deitada sinto-me tonta então passo as mãos desajeitadamente pelo meu rosto molhado de sentimentos e tento sentar no sofá. Não é nada fácil. Meu corpo pesa sob o efeito das sei-lá-quantas garrafas de bebida, então eu volto a deitar antes mesmo de conseguir me apoiar em algum lugar.

 

Estendo o braço para fora do sofá, torcendo para que a mesinha de centro esteja ali e eu possa usá-la como apoio. Falho miseravelmente. A mesinha não está lá, mas você está e me ajuda.

 

— Aquela tequila é uma porcaria — você resmunga sentando ao meu lado quando finalmente consigo não cair. Estreito meu olhar e enxergo a mesinha bem na minha frente como se me encarasse e risse da minha cara de bêbada. "Maldita", eu penso encarando-a de volta, mas talvez eu não precise de mesinha para me ajudar, talvez eu só precise de Kim Taeyeon.

 

Mas talvez levantar não tenha sido uma boa ideia. Está tudo girando, minha cabeça dói como o inferno e o seu perfume perto de mim não me ajuda em nada.

 

— Você está bem? — você me pergunta com aquela voz doce que eu sempre amei e eu solto uma risada amarga. Não faço a mínima questão de olhar para você e a única coisa que consigo pensar é:

 

Por que você está fazendo isso comigo?

 

— Eu pareço bem pra você, Kim Taeyeon? — consigo dizer passando a mão pelos cabelos e volto a estreitar o olhar tentando fazer as coisas pararem de rodar na minha frente.

 

O silêncio reina novamente e em meio a ele, decido que, se fosse formada por palavras, eu poderia muito bem escrever uma tragédia shakespeariana.

 

Amor, ódio, morte, tristeza, conflito e tragédia. Eu seria todas essas palavras e seria a combinação perfeita para um livro, mas não para uma pessoa.

 

Eu poderia muito bem seguir o exemplo de Shakespeare e escrever algo do tipo Romeu e Julieta. A história de amor mais verdadeira já escrita, que mostra que ao se apaixonar a melhor coisa a se fazer é se matar.

 

— Tiffany.

 

— Acho que sua boca deveria estar fechada — resmungo e ajeito minhas pernas em cima do sofá porque até elas resolvem começar a doer. Preciso parar de beber, reflito. — Ela nunca fala a verdade.

 

Percebo quando você suspira pesadamente e balança a cabeça em um sinal negativo. Eu não queria ser tão evasiva com você, mas é que, nesses últimos dias, às vezes, você me perde. E me ganha de novo. E me perde. E, sei lá, isso bagunça com a minha cabeça.

 

Dessa vez não sei por quanto tempo o silêncio permanece entre nós e isso me leva a imaginar se você desistiu de argumentar, se desistiu de mim. Quando o leve barulhinho que toca a janela do meu apartamento anuncia a chuva, me sinto desprotegida em meio ao frio daquele lugar.

 

Penso em me aproximar mais de você, me aproximar mais de seu coração, porque, mesmo que eu não admita em voz alta, sinto muito sua falta. Eu encostaria minha cabeça em seu ombro e você me abraçaria, seria o suficiente para mim. Ficaríamos quietinhas até às 22 horas, então assistiríamos a nova temporada de Game of Thrones ainda compartilhando o calor da outra.

 

Seria perfeito, mas uma tragédia shakespeariana não se escreve assim. Então você volta a falar.

 

— Tiffany...

 

— Então me diz. — te interrompo e não me aproximo como planejado, estou magoada demais para isso, dentro demais da nossa complicada tragédia. Percebo que você me olha, mas eu não faço o mesmo. — Me diz como é ser como você.

 

Meu olhar se perde na sala e a chuva começa a cair de forma mais constante.

 

— Uma merda... — você me diz parecendo pensar e o meu corpo entra em combustão quando sinto sua mão entrar em contato com a minha, tão carinhosamente que sinto as lágrimas voltarem a insistir e o meu coração acelerar. — Eu não gosto do que eu sou agora.

 

— Por que você fez isso comigo, TaeTae? — pela primeira vez nessa noite é a sua vez de prender a respiração. Sinto-a apertar minha mão delicadamente, você parece realmente escolher as palavras para não acabar me perdendo mais ainda. Não me atrevo a olhar pra você porque não sei como vou reagir se a ver chorar outra vez. — Se você não quer me magoar, por que droga fez isso comigo?

 

— Eu pensei que... — você faz uma longa pausa e eu quase acredito que a explicação vai se perder no silêncio entre nós, que não há mais nada na sua caixinha de desculpas. Quase. — Realmente pensei que tivesse me deixado, Tiffany Hwang.

 

Você fala e me faz um pouco sua, também me quebra um pouco por dentro.

 

Essa é uma das vezes que você me ganha um pouco.

 

— Eu disse pra esperar por mim, droga... — largo sua mão e uso a minha para impedir os sentimentos que tentam molhar meu rosto.

 

— Eu sei, foi idiota — você toca meu rosto e me faz te olhar, mas eu quero empregar a minha atenção em qualquer coisa, menos seu rosto. Por que merda você tem que ser linda assim?

 

— Não, você não sabe de nada. — eu digo e levo minha mão a sua em minha bochecha para afasta-la, você não me deixa desvencilhar do toque. Tão perto e tão longe.

 

Paradoxo Kim Taeyeon.

 

— Eu não sei o que deu em mim, Fany-ah — você diz tão absurdamente calma que eu sou obrigada a soprar um riso incrédulo. Nesse momento meu olhar se volta para você e eu estou realmente irritada e magoada com você; a chuva, aos poucos, se torna mais forte.

 

E essa é uma das vezes que você me perde.

 

— É tudo o que tem a dizer pra mim? Que não sabe o que porra deu em você? — afasto sua mão e, pela primeira vez, minha voz não tem a mesma violência das palavras. Levanto sem saber exatamente o porquê, talvez só para me afastar de seus sentimentos, sentindo doer em algum lugar dentro de mim, algo que eu pretendia nunca mais lembrar. Posso ver seu olhar culpado entre as mechas de cabelo vermelhas quando você baixa a cabeça, mas isso não diminui a intensidade da chuva dentro de mim.

 

A sala gira uma ou duas vezes ao meu redor e, como se fosse combinado, minha cabeça passa a doer mais ainda.

 

— Não me culpe assim, Fany — você diz simplesmente, como se fosse fácil justificar, como se não houvesse significado nada a merda que você fez.

 

Fecho os olhos por alguns segundos, sinto que se não fizer isso sou capaz de ir ao chão como a chuva fora do nosso apartamento e quando tudo parece ficar mais calmo volto a abri-los. Decido que gritar mais com você não vai resolver nada, então apenas suspiro. Não vai apagar o que aconteceu. Não vai voltar no tempo nove dias atrás. Não vai trazer de volta nosso amor eterno.

 

— Apenas vá embora, Kim Taeyeon — eu digo instalando uma falsa calma entre nós e te dou as costas na intenção de sair dali. Quando começo a me mover, porém, a sinto segurar meu braço e sou obrigada a parar. Em questão de segundos eu tenho as costas coladas na parede e o seu corpo no meu.

 

Estamos tão próximas quanto no dia que me pediu em casamento. Meu peito queima, porque você está tão perto que parece que as borboletas em meu estômago estão sendo sopradas pela minha boca entreaberta. Estupidamente, espero que você se declare para mim outra vez, que me beije, mas você não faz isso.

 

— Por favor, me escute — suas duas mãos em meus ombros me mantêm no lugar quando tento uma fuga, mas você não consegue ter meu olhar.

 

— Me largue — eu continuo não querendo ouvir nada do que você tem a dizer.

 

Você continua me perdendo.

 

— Eu não sou a única a ter culpa nessa história, Tiffany Hwang, você sabe que não sou — sinto meu rosto esquentar com a afirmação e não acredito que você está tentando comparar as situações. Você não tem esse direito, Kim Taeyeon. Não há desculpas para o que você fez.

 

— Você quer dizer que continua acreditando que se eu saí com Choi MinHo para conversar sobre o trabalho é porque eu queria dar pra ele? — encontro um tempo nessa fala soltar uma risada amarga, estou fazendo muito isso essa noite e a culpa é totalmente sua — Pensei que você tivesse o mínimo de capacidade de diferenciar as coisas. — mais uma vez tento me esquivar de você e até consigo me afastar alguns passos, mas você volta a me impedir.

 

— Naquele dia. E você ainda quer que eu não pense nada, Tiffany? — você eleva a voz.

 

Dessa vez você me machuca ao me empurrar de volta contra a parede.

 

— Vocês estavam em um bar, no nosso dia. Que trabalho do caralho é esse que se faz bebendo e sorrindo daquele jeito? — por um momento, me sinto ameaçada pelo seu olhar porque eu ainda não posso acreditar que Kim Taeyeon elevou a voz pra mim.

 

Você está com muita raiva e isso quase me faz vacilar.

 

— Era um negócio informal, eu disse isso pra você. — eu realmente havia dito, aliás, sempre deixei tudo claro pra você. Isso também não é desculpa. — Estávamos em um bar, o mínimo que podíamos fazer era beber.

 

— O mínimo... — você sopra silenciosamente e por algum motivo eu escuto, a ambiguidade das interpretações me faz suspirar incrédula — Então, no máximo você daria pra ele ali mesmo em cima daquela mes

 

Sua fala morre no meio do caminho, totalmente derrubada pelo som estalado da minha mão contra o seu rosto preenchendo o ambiente dolorosamente.

 

— Você não tem o direito de falar disso, porque você é uma vadia, é isso que você é. — isso é o que minha boca diz, ainda com aquela raiva presente no olhar, mas de alguma forma eu sei que não é o que eu sinto. No impulso criado pelo momento e o efeito do álcool em meu organismo, volto a falar enrolando em algumas palavras. — Eu te deixo sozinha por um dia e o que você faz? Deixa a vadia da Juniel consolar você.

 

Cada palavra é pontuada com um empurrão de meu dedo em seu peito e uma lágrima dolorosa molhando meu rosto. Mesmo você continuando calada eu volto a falar.

 

— Deveriam dar as mãos e ir à merda, você e ela. Levem a porcaria das borboletas e usem elas à vontade. — a situação só fica pior quando seu olhar encontra o meu, um olhar que eu nunca antes havia visto em seu rosto. Eu não sabia como defini-lo e no momento eu não quis, minha voz falha diante dele. — Bem que eu poderia mesmo ter dado pro MinHo naquela mesa, quem sabe até na sua cama... Não sei como fui capaz de jurar amor eterno a alguém como você.

 

Solto quase sem pensar e, no segundo seguinte, me arrependo, porque eu sei sim. Você é maravilhosa e tudo sobre o meu futuro era ao seu lado, Kim Taeyeon. Que se foda Choi MinHo com o seu lindo terno e cabelo bem penteado.

 

É a sua bagunça que eu amo.

 

"Droga", eu penso. Eu sei que não deveria ter dito isso e seus olhos dizem pra mim que isso te magoou profundamente. Eu penso em te abraçar, pedir que me perdoe, porque eu realmente sei que isso não é verdade, que MinHo não importa, que Juniel se foda e que meu amor por você é a minha única certeza, mas você sequer revida qualquer coisa do que eu falei.

 

Subitamente você me ganha.

 

Me ganha tão rápido e tanto quanto você poderia ter nove dias atrás.

 

Ou mesmo no primeiro dia depois das flores de amor eterno.

 

— Kim Taeyeon! — gritei exasperada tentando me soltar de você, mas, caramba, você é forte, e continuou me arrastando violentamente para fora do abrigo improvisado.

 

Voltei a gritar desesperada quando a chuva fria nos atingiu em cheio e você só continuou a rir. Me arrastando cada vez mais para longe da loja onde algumas pessoas - que resolveram esperar sensatamente que a chuva parasse - nos encaravam como se fôssemos loucas por sair assim. Realmente era loucura, mas a louca era você, eu estava tentando inutilmente me soltar e voltar para um lugar seguro.

 

— Você é louca. Sua idiota. Desgraçada. Projeto de ser humano. — eu derramei todas as palavras junto com socos em seu peito quando paramos de correr e consegui me soltar, você não sabia se ria ou se defendia do ataque.

 

Você tinha concordado que iríamos esperar até a chuva não estar tão forte, então correríamos para o carro. Corríamos o risco de nos molhar, mas um risco relativamente baixo. Estaríamos em casa rapidamente e o melhor de tudo, não estaríamos ensopadas como agora. Você levou nosso plano por água a baixo, literalmente.

 

— É só chuva, Fany — você tentava ajeitar o emaranhado de cabelos cor de rosa colados em sua testa por conta da chuva e eu tive que correr um pouco pro lado ou seria acertada em cheio por um carro que fez questão de acelerar ao passar pela gente, levantando uma enorme onda de lama.

 

Eu corri, mas você ficou parada. Isso mesmo, parada no meio da rua e rindo igual uma louca quando o carro passou.

 

Deus, onde eu fui amarrar meu burrinho?

 

— Não se aproxime! — arregalei os olhos quando você abriu os braços em minha direção e corri, você não ia me abraçar toda suja de lama daquele jeito, mas nem fodendo.

 

— Fany-ah! — você gritou entre sorrisos correndo atrás de mim e o quanto você estava feliz simplesmente não fazia sentido.

 

Parecíamos estar dando um verdadeiro show naquela chuva já que ouvi bem de longe gargalhadas altas. Me distraí por um momento ao fitar o aglomerado de gente naquela loja que ria sem parar da nossa situação e riram ainda mais quando ameacei escorregar e ir ao chão. Foi o suficiente para você acelerar e acabar me abraçando por trás. Certo que você me salvou de quase colar a cara no asfalto, mas

 

— MEU DEUS! Minha roupa, Taeyeon. Minha ROUPA! — me debati em seus braços tentando me soltar a todo custo. Como se não bastasse estar molhada até em lugares impróprios, agora também estava suja de lama.

 

— Você sempre foi tão fresca assim? — fez uma careta quando decidiu que estava suja o suficiente para que me soltasse.

 

Eu só quis bater nessa sua carinha fofa até arrancar esse sorriso debochado dela.

 

— Eu mereço um beijo por ter te segurado bem a tempo — se gabou mostrando aquele sorriso com direito à covinha. Até considerei o beijo, mas estão prestei mais atenção em seu rosto iluminado pela luz noturna e nos pequenos respingos de lama em sua bochecha.

 

— Nem fodendo — fiz uma careta e passei a me dirigir em direção ao carro, mas parei no meio do caminho dando um suspiro derrotado.

 

— Vem, Fany. Me beija — insistiu caminhando ao meu lado e já ia tirar a chave do bolso para abrir o veículo. A fitei incrédula segurando seu braço imediatamente.

 

— Você não vai entrar no meu bebê toda molhada e suja de lama desse jeito — me coloquei entre você e o carro e você me fitou curiosa.

 

— Como vamos pra casa então? — se soltou de mim e cruzou os braços.

 

— No meu carro que não é. — resmunguei tomando as chaves de suas mãos e a puxei para longe do carro.

 

— Você não quer que eu vá andando, né? — voltou o olhar pra mim sem acreditar e eu só pude rir, a culpa de meu plano não ter dado certo era sua de qualquer forma. — Mas Tiffany...

 

— Mas nada, Kim Taeyeon. Você não vai entrar no meu carro assim. — te fiz uma careta e comecei logo a fazer caminho pra casa que nem era tão longe, quanto mais demorássemos discutindo no caminho pior seria o resfriado. 

 

— Chata... — você resmungou baixinho e eu te bati.

 

Mal tínhamos começado a andar e, como vingança, você me empurrou em direção à rua, bem no momento em que apareceu um novo carro disposto a jogar lama em todo mundo.

 

Meu cabelo, minhas roupas, minhas pernas mal cobertas pelo short, meus braços, meu deus, meu rosto, tudo. Absolutamente tudo em mim agora tinha um vestígio de lama.

 

Fiquei pasma com a astúcia de tão pequena namorada barra esposa que fez questão de sorrir vitoriosa ao ver minha cara.

 

— Você. Está. Morta. Corra, Kim Taeyeon — eu disse entre dentes e você não desobedeceu, correu como se sua vida dependesse disso. E realmente dependia, porque se eu te pegasse você ia se arrepender do dia que planejaram para você nascer.

 

Não sei quanto tempo passamos correndo de um lado para o outro, você fugindo e gritando provocações, eu perseguindo e rebatendo com mil e uma formas de tortura. Corremos tanto que você acabou se cansando, não que eu não estivesse cansada também, mas à medida que você começou a ficar assustada de verdade com as ameaças eu comecei a rir divertida e só querer te alcançar logo.

 

— Eu não quero morrer! Sete infernos! Me desculpa! — você gritou desesperada correndo no meio daquela chuva que parecia nunca ficar mais calma.

 

— Um caralho, Kim Taeyeon. Pare de fugir!

 

Em algum momento dessa perseguição acabei chegando perto o suficiente para puxar o casaco pesado de água que não tinha utilidade nenhuma no seu corpo agora, tudo que ele menos ia fazer era te esquentar.

 

Com o puxão, você quase perdeu o equilíbrio como eu havia feito momentos atrás e parou de correr voltando a rir escandalosamente, aquela risada de ahjumma que me enche de vergonha alheia. Não sei por que acabei rindo também, aproveitei o sucesso da minha missão para te fazer cócegas na barriga.

 

Logo estávamos parecendo duas loucas, no meio da chuva e rindo sem motivo aparente. Você tentava se soltar a todo custo, mas ria a ponto de quase acabar indo ao chão. Rimos tanto que fui obrigada a te soltar por conta da barriga doendo e a respiração ofegante. Você não estava diferente.

 

Nem percebi que ainda segurava seu casaco, me dei conta apenas quando senti sua mão sobre a minha e seus olhos a me fitar fixamente. Você me pegou de surpresa se erguendo na ponta dos pés para me beijar. Não que eu fosse tão mais alta assim, mas, vi isso de um jeito tão adorável que não pude evitar sorrir boba.

 

Merda, estávamos tão bem, Kim Taeyeon.

 

Sua boca estava gelada por conta do tempo frio e eu imaginava que a minha também, mas isso não impediu o nosso beijo repentino, o que acabou impedindo mesmo foi a chuva. Não fazia nem cinco segundos direito desde que retribuí o beijo e já não estávamos conseguindo respirar direito.

 

Nos afastamos com um sorriso largo estampado na cara, o sorriso divertido de quem compreendia a situação. Havíamos acabado de descobrir que beijar na chuva é tão horrível quanto transar no carro. Isso acabou me lembrando da vez que acabamos tão excitadas no caminho para casa que quase o fizemos no carro, quase porque era um espaço muito apertado e quando você estava quase lá acabou batendo o cotovelo com tudo na buzina do carro. O que acabou nos assustando, impedindo seu orgasmo e atraindo olhares curiosos para o carro.

 

Você ficou tão frustrada que se ajeitou só para entramos no prédio e acabar com o que havíamos começado antes mesmo de chegar na cama.

 

Meu sorriso se alargou com o pensamento.

 

Você apertou minha mão e sem dizer uma palavra voltou a correr em direção ao meu prédio que se erguia no fim daquela rua me puxando, agradeci mentalmente por você estar correndo na frente e ignorando o meu rosto corado. Por algum motivo eu não conseguia tirar o sorriso do rosto.

 

Nos apressamos a passar pelo saguão do hotel, porque ele estava milagrosamente vazio àquela hora da noite. Esperamos apenas a moça do balcão se distrair com algo do outro lado e literalmente corremos porque estávamos deixando um caminho absurdo de água e pegadas de lama. Apertamos o botão do elevador apreensivas, mas ele iria demorar a eternidade pra chegar ali. Olhamos para a moça e ela continuava distraída com alguma coisa, mas não ia demorar nada até ela resolver olhar para onde estávamos, então nos arriscamos a subir os três andares de escada, fazendo questão que escorregar a cada lance que subíamos.

 

Já no terceiro andar, você correu mais rápido em direção a minha porta para que logo estivéssemos a salvo, mas parou ao me ouvir xingar em alto e bom tom.

 

— O que é isso, mulher? — você sussurrou já com a chave na fechadura.

 

— Eu me perguntaria a mesma coisa se saísse do meu quarto e encontrasse o corredor assim. — apontei pra desgraça enlameada que havíamos deixado por onde passamos. — Vão saber que foi a gente.

 

Resmunguei vendo que tudo acabava em frente a nossa porta, mas como você é dona das ideias brilhantes, acabou virando pra mim com um sorriso sapeca a moldar seus lábios.

 

— Vamos andar pelo corredor todo então ninguém vai saber quem foi — você disse sabiamente e eu estalei os dedos como se você tivesse acabado de mostrar a solução mais brilhante de todos os tempos, assenti.

 

— Vamos lá — e começamos a pisotear o corredor, cada uma correndo para um lado diferente para deixar o rastro da destruição.

 

Voltamos a minha porta rapidamente, sorrindo orgulhosas da confusão de água e lama que era aquele corredor, você pôde finalmente abrir a porta.

 

Mas como tudo que é bom dura pouco.

 

— Puta merda, Taeyeon — meu sorriso morreu e eu apontei assustada para o alto do corredor onde uma câmera nos observava atenta. — Olha a serenidade na lente da câmera que filmou as culpadas de tudo!

 

Você olhou para onde eu apontei e arregalou os olhos voltando o olhar pra mim em seguida, nos fitamos por breves segundos de desespero e corremos para dentro do meu apartamento, trancando a porta e jogando a chave para longe.

 

— Estamos ferradas.

 

Realmente estávamos bem ferradas, Kim Taeyeon. Minhas costas ainda doem de quando, no dia seguinte, fomos intimadas a limpar o corredor e as malditas escadas.

 

Aquele dia foi maravilhoso, mesmo que eu tenha acabado toda suja de lama, tenha recebido uma advertência daquelas e tenha sido obrigada a limpar tudo.

 

O beijo na chuva foi uma droga. Quase nos afogamos várias vezes ao tentar respirar enquanto nossas bocas se tocavam. Aprendemos que beijar na chuva não é nada legal como os grandes romances mostram então foi uma droga mesmo, mas os beijos que demos debaixo da água quente do chuveiro naquele mesmo dia, foram deliciosos.

 

Foi bom estar com você e lembrar que isso me fazia sentir tão bem e feliz me obriga a repensar o que raios eu andei dizendo e fazendo que apenas não a beijei.

 

Você toca levemente a bochecha em que eu desenhei um vermelho doloroso ao te bater, como se ainda não acreditasse que eu havia feito isso, mordi o lábio sem saber como reagir diante da sua falta de ação.

 

Talvez eu tenha me precipitado demais com o que falei e agora sinto que estou sofrendo as consequências. Podia ter me calado e ouvido o que tem a dizer, voltar a ser feliz e despreocupada como naquele primeiro dia de chuva apenas recebendo os seus abraços, o seu carinho, eu realmente podia ter evitado isso.

 

Mas hoje é um dia de chuva completamente diferente.

 

Não sei se culpa do álcool, culpa do seu olhar ou culpa do que sinto por você, acabo pensando algo do tipo "se tiver que ser, vai ser", ou algo como "deixe acontecer naturalmente sem hora ou lugar", mas me parece um pouco tarde. Pensando bem, seria uma ótima ideia, mas cada vez que eu vejo o seu olhar voltado pra mim me destruo, me desmonto, mas seria pior ainda se você estivesse sorrindo, porque ficaria claro o quanto você também está destruída.

 

Ainda bem que você não está sorrindo, Kim Taeyeon.

 

Mas, por favor, não chore.

 

"Diga alguma coisa!", tento gritar. Minha boca abre, mas não consigo que nada saia dela, não sei nem que palavras usar. Você continua calada e lentamente se afasta de mim, penso que se nesse momento seu olhar fosse uma palavra, ele seria todas elas.

 

Então ele se afasta, você passa as mãos desajeitadamente pelos cabelos vermelhos e anda apressada em direção a porta. Vejo você ir embora outra vez e eu não consigo fazer nada.

 

Então é a minha vez de te perder.

 

É a mesma porta como caminho, o mesmo silêncio como despedida, mas eu ainda não aprendi como te fazer ficar.

 

Você sutilmente desaparece e o único som que você me deixa é o da porta fechando sem cuidado.

 

Eu hesito, hesito por exatos dez segundos antes de sair do apartamento o mais rápido que meus passos trôpegos permitem.

 

Fora do apartamento percebo que dez segundos foi tempo suficiente para você esperar o elevador chegar ao nosso andar e só entrar nele no momento que abro a porta.

 

— Taeyeon! — forço minha voz no que calculo ser o suficiente para que você me escute mesmo estando praticamente no fim do corredor. Não sei descrever como me sinto quando você não sai do elevador e nem sei como deveria me sentir, eu não posso realmente esperar que você apenas saia e venha falar comigo como se nada houvesse acontecido.

 

Estou parada fitando o fim do corredor e nada acontece.

 

Talvez eu não tenha chamado alto o suficiente, talvez o elevador tenha fechado antes que pudesse me ouvir. É o que meus pensamentos me dizem a medida que eu me aproximo do elevador, mas a verdade é que você pode simplesmente ter me ignorado e ido embora. Simplesmente.

 

Só de pensar que terei que esperar o elevador descer e voltar a subir para que eu possa entrar nele, cogito a possibilidade de ir pela escada, assim como fizemos naquele dia.

 

Acabo deixando essa ideia de lado porque provavelmente acabaria morta caso tentasse descer três andares de escada tonta desse jeito. E não, isso não é um exagero.

 

Continuo o caminho até o elevador, imaginando ao olhar meus pés, as mesmas pegadas confusas que havíamos deixado aqui. Do quanto estávamos bem.

 

E do quão idiota acabei sendo.

 

Quinto dia depois das flores de amor eterno...

 

— Fany, Fany, Fany, Fany! — você apareceu correndo e pulou ao meu lado na cama onde eu lia O Dragão de Gelo, tinha um sorriso de orelha a orelha.

 

— Por que está tão animada, hm? — perguntei oferecendo-a uma olhadela básica antes de voltar para o livro que estava na parte crucial. Era tanto dragão perto daquela menina que eu já começava a me confundir.

 

— Que dia é amanhã? — você se arrastou para cima de mim e sutilmente pegou meu livro jogando-o para o lado, o que acabou me fazendo rir pelas medidas desesperadas.

 

"Tão importante assim?", pensei comigo, procurando na cabeça qualquer data próxima e importante à ponto de você me fazer ignorar um livro. E para falar a verdade, eu mal sabia que dia era hoje.

 

— Eu n... — precisei pensar por um longo minuto até me dar conta do que você se referia. Minha boca formou um pequeno "o" e flashbacks do seu pedido de namoro invadiram minha mente tornando tudo claro. — 27.

 

Você assentiu mostrando a pequena covinha que acompanhava seu sorriso.

 

— Eu gostaria de saber se a mulher mais linda de todas as mulheres gostaria de sair comigo no dia mais lindo de todos os dias — você recitou o convite com uma formalidade divertida fazendo as sobrancelhas dançarem para cima e para baixo.

 

— Seria uma grande honra, Kim Taeyeon — selei seus lábios rapidamente, ganhando um sorriso maior — Para onde pretendemos ir?

 

— Surpresa.

 

Você disse e eu torci o a boca em falso repreendimento. Você sempre soube que eu sou curiosa e por isso mesmo continuava a fazer 1001 surpresas só para me ver desesperada em busca da resposta. Apesar disso, eu não podia dizer que não gostava.

 

— Essa é a hora que você me beija e diz que sou a melhor — sugeriu me fazendo sorrir e eu o fiz. Te beijei, beijei muito.

 

— Você é a melhor.

 

No dia seguinte, em um smartphone cor de rosa.

              

De Kim Taeyeon:

Esteja pronta às sete, sairemos hoje à noite~

 

Para Kim Taeyeon:

Por quê?

Eu vou trabalhar até às oito hoje.

 

De Kim Taeyeon:

Ok. Esquece isso.

 

Para Kim Taeyeon:

Oh, Deus

Eu esqueci totalmente

Me desculpe, Taeyeon-ah.

 

De Kim Taeyeon:

Não se importe.

 

Para Kim Taeyeon:

Não fique brava

 

De Kim Taeyeon:

Não estou.

 

Para Kim Taeyeon:

Que tal amanhã? ☆

 

De Kim Taeyeon:

Desculpe, não posso.

 

Para Kim Taeyeon:

Por quê?

 

De Kim Taeyeon:

Eu tenho outro encontro com minha outra namorada.

 

Para Kim Taeyeon:

Ah :(

Eu sei que está brava, mas eu prometo que vamos amanhã, Taeyeon-ah :(

 

De Kim Taeyeon:

Eu não estou. Já estou entediada e cansada desse tipo de comemoração todo mês.

 

Para Kim Taeyeon:

Não fique entediada ou cansada de mim :(

 

De Kim Taeyeon:

Pare de me mandar esses emojis tristes.

Apenas volte ao trabalho.

 

Para Kim Taeyeon:

Okay. Eu te amo.

 

De Kim Taeyeon:

Eu sei.

 

Minha consciência pesa como um planeta apenas com esse pensamento.

 

Você ficou realmente muito chateada e claro que ficaria louca de raiva caso me visse em um bar qualquer com Choi MinHo quando esqueci de sair com você.

 

Eu a teria cortado em pedacinhos, você foi até compreensiva comigo.

 

Acumulo mais culpa em meu peito.

 

Há poucos passos do elevador, acabo prendendo a respiração ao notar que ele está aberto e que apenas um pequeno pé calçado por um tênis branco impede que a pesada porta se feche.

 

Só tem você ali dentro, de braços cruzados e de cabeça baixa, com o vermelho de seus cabelos cobrindo quase que totalmente o seu rosto.

 

Você me espera dessa vez.

 

Vejo a luz do botão P acesa e reprimo a vontade de sorrir aliviada. Não posso porque você não fez nada, apenas me esperou. Apenas.

 

Paro exatamente no espaço entre o corredor e o elevador e você recolhe o pé, não me olha. Eu apenas quero saber o que devo te dizer, se devo deixá-la ir, ter um tempo ou simplesmente beijá-la.

 

Eu não posso evitar ainda sentir raiva de você e quero que você entenda o meu lado.

 

Hesitante, estendo a mão para tocar seu rosto. Eu quero o seu olhar, quero decifrar o que está pensando e senti-la nas mãos novamente.

 

"Me desculpe", eu quase digo, mas você é mais rápida e empurra delicadamente a minha mão.

 

— Não me toque.

 

Você diz tão magoada que eu me obrigo a recuar ameaçada pelo seu olhar cheio de lágrimas. Estou de volta no corredor quando consigo entender o que seu olhar guarda.

 

Ele me diz que seria bom se nós pudéssemos escrever um conto de fadas, com príncipe encantado, sapatos de cristais e finais felizes, mas nós continuamos sendo uma tragédia shakespeariana, sem esperança, sem amor, sem glória... Sem final feliz.

 

Sem nada para impedir a porta do elevador, ela começa a se fechar lentamente.

 

Não quero que o tempo volte, nem que as lembranças magníficas que vivemos se repitam. Só quero novas histórias, maiores e ainda melhores. Mas eu quero com você, Kim Taeyeon.

 

Só com você.

 

Nós fomos uma história mal contada, mal escrita, porém, muito bem descrita. Fomos maravilhosamente descritas em cada sentimento, cada beijo, assim como nas dores e em cada lágrima. Fomos, éramos, não somos mais...

 

Não mais, Kim Taeyeon

 


Notas Finais


Pior seria se pior fosse.
"Um conto completo sobre uma história incompleta." #SomosTodosFany

Algum docinho a ser oferecido?


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