1. Spirit Fanfics >
  2. Harpia >
  3. XIV - Primeiro pedido

História Harpia - XIV - Primeiro pedido


Escrita por: monecasssa

Notas do Autor


Capítulo maior hoje. Boa leitura!

Capítulo 14 - XIV - Primeiro pedido


Filippo

   - Vamos, então.

   Matia reparou na minha mudança drástica de comportamento e, como bom soldado aprendiz, ele apressou, entrando dentro do enorme quartel.

   - Onde a acusada está?

   - Está na sala da sentença, senhor.

   - Como?! - deixei o homem para trás e corri até onde estaria Luna. Quem o general Alberico pensava que era? Ninguém podia sentenciar qualquer acusado sem a minha presença! Ainda mais ela, pois certamente morreria, já que os assuntos de magia são bem delicados no império romano.

   À medida que me aproximava, sentia as metades da alma de Luna se completarem e sabia que ela também poderia sentir. E foi mesmo isso que aconteceu quando entrei pelas portas grandes da sala da sentença: a criança estava ajoelhada e curvada no meio do salão porém olhava para a porta, aguardando que eu aparecesse a qualquer momento, enquanto soldados guardavam as saídas e o general estava sentado no cadeirão, olhando para a jovem.

   - Filippo Verdatti! - ele cumprimentou talvez um pouco assustado, mas o ignorei.

   - Matia, - falei para o jovem que acabava de entrar na sala. - Traga a acusada para a minha sala, eu tenho que conversar primeiro com os acusados conforme o meu trabalho estipulado.

   - Certo, senhor.

   - Capitanum Verdatti, eu estava agora mesmo sentenciando essa praticante de bruxarias e feitiçarias!

   - General Alberico, o senhor sabe que só poderá dar a sentença depois de eu ter conversado com os acusados. Ainda insiste em roubar a minha função? Não lhe é suficiente ser general?

   - A denúncia foi muito clara!

   - E onde está o denunciante agora? Certo, não está. Por isso, temos apenas as palavras dessa menina e eu estou disposto a ouvi-la antes que você a torne como uma de suas prostitutas.

   - Eu não admito essa infâmia contra mim, Capitanum!

   - Nem eu. - dei de costas e caminhei para a minha sala, onde Matia provavelmente já deveria estar com Luna. Alberico ficara bufando dentro de sua gordura inflamável e seu rosto redondo mas tampouco isso me afetou.

   Segundos depois eu já estava sentado na minha cadeira de frente para a morena assentada também. Era visível o nervosismo dela e ao mesmo tempo o medo por ser castigada. Luna não confiava em mim nem acreditava que eu pudesse mentir e manipular para salvá-la mesmo sendo isso que faria. Não era por me interessar por ela mas apenas porque precisava descobrir o segredo que estava por detrás da simples humana.

   - Conta o que aconteceu.

   A transformada tomou uma respiração e então me encarou. - Eu estava voltando da sua casa e resolvi passar pela floresta para pegar um atalho. Estava muito cedo e eu temi que encontrasse alguém nos trilhos e que tentasse me fazer mal. Então, a meio do caminho comecei a sentir uma dor de cabeça muito forte, tão forte que achei que ia morrer, contudo algo completamente estranho aconteceu. Eu me senti sendo observada e me escondi atrás de uma árvore, só que não pude controlar a dor enorme, então me sentei no chão, curvando minha cabeça para a frente. Infelizmente, as luzes esverdeadas da minha tranformação me circularam e nesse preciso momento uma mulher apareceu, gritando por socorro. Ergui os meus olhos e ela viu o meu rosto, reconhecendo-me de não sei onde... De verdade, eu não a conheço nem nunca a vi, não sei como ela me conhece! Mas continuando, ela chamou por ajuda e apareceram dois soldados. Quando eles me viram, as luzes já tinham desaparecido, mas perante o relato da mulher, eles me trouxeram para cá.

   - Foi isso que você disse quando te interrogaram?

   - Não me interrogaram. Me levaram para uma sala escura e depois para aquela, para receber a sentença. - Essa dor de cabeça... Só podia ser Saar dando o último golpe antes de retirar a magia, quando eu pedi. - Você vai contar ao general?

   Ignorei sua pergunta. - Que roxo é esse em seu rosto e pulsos?

   A morena moveu seus olhos da minha direção, suspirando dolorosamente. - Fui agredida. - Eu me levantei de rompante da cadeira, dando uma volta na minha própria sala ao mesmo tempo que passava as mãos pelo cabelo. Droga! O único que pode tocar e interrogar os acusados sou eu! Alberico tem os dias contados por intrometer no meu trabalho e por permitir isso logo nela. - Eles não me tocaram intimamente. - acrescentou - Ameaçaram mas não o fizeram, só me deram bofetadas quando desmenti o que aquela mulher dissera contra mim.

   - Vamos. Seus pais de certeza devem estar preocupados pelo seu sumiço.

   - Eu queria pedir uma coisa. - a encarei, suspendendo uma sombrancelha. - Por favor, me ajude... Não por mim mas por Martino e Gianni. Se eu for acusada, certamente eles irão atrás da minha família e, principalmente, Gianni também seria castigada ou morta.

   Não respondi, apenas abri a porta e pedi que Matia a levasse de volta à sala da sentença enquanto eu daria um jeito no grupo de juízes militares.

   Bati na porta e entrei.

   - Capitanum Filippo! Não o vimos durante a manhã toda! - exclamou um dos cinco homens.

   - Eu sei. - aproximei-me de cada um, fazendo com que os cinco olhassem hipnotizados para os meus olhos. - Luna Frozzo é inocente.

   Pisquei e esperei três segundos até todos eles saírem do transe. Então, o mesmo que me cumprimentou, falou. - Diga ao general que solte a inocente.

   - Com todo o prazer, senhor juiz.

   Sorri convencido e abandonei a sala, tomando o caminho de onde estava a criança me esperando com a resposta de sua salvação ou sua condenação.

   - Finalmente! Pensei que fosse libertar a feiticeira! - exclamou Alberico, sorrindo presunçoso.

   - E é por isso que retornei a essa sala. - debati ao chegar. - Não só eu, como o grupo juiz, afirmamos a inocência de Luna Frozzo. - me virei para Matia. - Por favor, Matia, leve a moça a casa e explique a situação aos seus pais. Peça perdão em nome do general Alberico por ter difamado o nome de uma família campestre honesta.

   - Eu não peço perdão por nada! Como pôde defender uma bruxa?

   - Comunique suas frustrações ao grupo de juízes, eles lhe darão uma resposta plausível.

 

 Semanas depois

   A rotina tinha-se reestabelecido. Infelizmente não conseguira descobrir mais nada sobre a humana, nem mesmo o meu Mestre Dragão. O mistério sempre estava cada vez mais longe de ser desvendado mesmo que, na minha cabeça, Luna tinha alguma coisa a ver com o Dragão-problemático-Branco.

   Ainda sobre ela, a criança se casaria dentro de alguns dias. A cerimônia estaria sendo preparada e os hóteis de Nápoles recebiam alguns poucos familiares de Fahran Anthes, o futuro marido. Eu sabia onde os dois iriam morar, pois o mesmo comprou uma domus nos arredores do centro, longe da casa da família da harpia mas perto da floresta. Ao menos ele estava aparentando ser um homem atencioso com ela.

   O melhor disso era o fato dos pombinhos casarem-se apenas por conveniência. Sorri largo depois de um grande gole na minha bebida: Anthes era homossexual a um nível que não se sentia “cheio” com uma mulher, apenas com um homem bem encorpado.

   - E com isso, Luna se candidata firmemente a ser ainda mais minha do que já é. - conclui, imaginando algum momento em que ela pudesse se entregar a mim.

   Não podia mentir que aquele corpo me agradava. Desde a vez que a vi no penhasco, nua e contornada pelo brilho laranjado do sol, que não conseguira tirá-la da cabeça. Isso poderia ser demência, mas eu estaria lutando contra os meus instintos para tomá-la para mim. O meu desejo pela criança era aventureiro e desafiador, pois eu a faria querer-me tal como eu a ansiava.

   Suspirei. A noite gelada do fim do inverno me deu uma ideia.

   Sorvi o resto da bebida e me joguei da varanda enquanto tomava a forma de harpia macho e batia as asas, rumo ao mesmo penhasco onde a vira. Fazia alguns dias que não fingia ser uma harpia macho galã para a pequena, e ela já deveria sentir falta da minha companhia. Mesmo não sabendo que era eu.

   Ao aproximar-me da encosta alta, vi sua silhueta de ave aninhada num grande galho de árvore. Seus olhos estavam abertos contemplando o manto negro marinho que se estendia na nossa frente. Me aproximei um pouco e pousei na mesma árvore a uns galhos acima. Minha sombra no chão a fez inclinar o pescoço e ver-me.

   Oi.

   Oi, desaparecido.

   É, eu andei por outros lados durante essas semanas. Mas pelos vistos você me esperou.

   Esperei coisa nenhuma. Eu é que não saio daqui mesmo. -- suspirou. -- Mas as minhas noites já ficavam aborrecidas sem a galinha falante se convencendo ao meu lado.

   Eu sei. Por isso voltei. Eu sabia que você poderia acabar por ficar enlouquecida com a minha ausência...

   Beija-flor convencido.

   Sorri com isso e pulei para o galho em que a fêmea estava. Devido ao meu peso, o galho oscilou um pouco, fazendo a ave abrir ligeiramente as asas para se equilibrar. - Qualquer dia desses vou te mostrar lugares bem mais formosos para poder se ver.

   Luna virou seu pescoço para o mar. - Qualquer noite dessas, você quer dizer.

   Que seja. Ficar aqui durante todos os dias deve ser aborrecido. E pelos vistos você não conhece outro lado a não ser essa parte do litoral.

   Sim, você tem razão. - ela me encarou com os grandes olhos pretos. - Podemos ir quando você quiser. Menos agora, - a harpia virou seu pescoço, encaixando o bico entre as asas. - Agora tenho sono e frio.

   Muito singelamente, me aproximei de onde ela estava, me aninhando muito próximo enquanto abria uma asa e passava pelo pequeno corpo da romana, como se a estivesse abraçando de lado.

   Não seja abusado. - seu pensamento crítico chegou à minha mente, roubando um sorriso. Ao contrário do que pensei, a ave não me impediu e sim se ajuntou mais às minhas penas.

   Que fria que está. Deixei escapar em pensamentos, porém me arrependi logo ao lembrar-me que não estava em minha forma humana. A harpia abriu apenas um olho e quase que pôde esboçar uma careta, contudo voltou a ficar confortável até adormecer.

Minha criança... Tão perto e ao mesmo tempo tão longe.

   Acabei por adormecer também; era raro eu me permitir descansar com tanta à vontade perante uma pessoa que não fosse o meu mestre ou nos interiores da minha casa romana, no entanto, mesmo estando transformado, o cansaço dos últimos acontecimentos e o barulhinho do coração agitado da fêmea foram o impulso para que eu me submetesse ao sono noturno. Sono que durou até os raios solares tingirem o céu num tom rosado do início da manhã.

   Ela ainda dormia. Aliás, dormiu a noite toda debaixo de minha asa sem nem sequer se preocupar com alguma coisa. Mas também... O que Luna teria para se preocupar estando comigo? Eu teria sido bem claro quanto à me pertencer e não estava brincando quando o disse.

   Uma luz esverdeada começou a envolver-me.

   Ah? Eu não estou a transformar-me! - pensei. Então reparei que não vinha de mim e sim dela. Demorei um segundo para pensar o que ia fazer quando comecei a ver sua cabeça a tomar subtilmente a forma humana. - Nem assim vai acordar?! ­­- olhei para baixo vendo a altura de uns longos dez metros, foi aí que tive uma ideia. - Desculpa mas tem que ser.

   Empurrei a harpia para o chão, acordando-a assustada. Desiquilibrada e ainda sem entender nada, Luna tentou se amparar aos galhos da árvore mas só conseguia arranhões com esse feito. Enquanto isso, eu já estava no chão transformado em um lobo preto e peludo, dessa vez.

   - Ai! - ela gritou ao sentir o impacto, contudo, no segundo a seguir se lamentou. - Oh, pelos deuses! Desculpa... L-Lobinho...

   A jovem se levantou, olhando para aquilo que teria amortecido a queda: um lobo preto achatado no chão, que por sua vez era também um lobo preto com a pata dianteira partida. Que ideia ridícula de me fazer de almofada!

   - Eu espero que não fique com vontade de me comer depois desse ocorrido. - ela falou, se afastando de mim. Antes que Luna fugisse, eu me pus sobre minhas patas, porém uma das patas da frente não foi capaz de sustentar o meu peso. Um pequeno ruído escapou de mim e isso chamou a atenção da romana. - A culpa é minha... - lamentou enquanto deu dois passos na minha direção, tremendo e temendo que eu a pudesse atacar; para não assustá-la mais, apenas baixei a cabeça, esperando que a morena visse que eu não era uma ameaça. - Eu sou culpada pela sua pata quebrada mas não posso te levar para casa, então... - rasgou a ponta de seu vestido e, delicadamente, tocou no meu machucado, envolvendo a fita de algodão com alguma força no local onde sofri a fratura. - Agora vá caçar alguma coisa, lobinho. - a garota se levantou, fez um afago na minha cabeça e saiu correndo.

   Ao vê-la fora já longe, me transformei numa ave pequena novamente e sobrevoei até o quartel. Depois do que Alberico fizera, eu deveria estar mais atento às necessidades da lei romana.

   Maldita criança que me distrai.

 

Luna

   - Mama, cheguei! - avisei ao entrar no casebre. Rapidamente Gianni veio até mim, me dando um sorriso nada envolvente. Estranhei. - O que aconteceu para ficar com essa cara?

   A morena mais velha me puxou para a cozinha, fazendo-me sentar junto à pequena mesa.

   - Querida, acho que o seu casamento será mais breve do que estava marcado.

   - Mais breve porquê? - meu humor que estava alto decaiu em menos de segundos. - Alguma infelicidade aconteceu para isso?

   - Não, apenas Helena quer que seu filho e você se casem logo. Ela diz que não podemos esperar por uma noiva caprichosa. - suspirei. Claro que tinha que ser Helena.

   - Tudo bem. Para quando ela quer?

   - Amanhã.

   - O quê?! - me levantei num ápice, notavelmente nervosa. Como assim amanhã? O que aquela mulher ganha com tanta pressa?

   - Sim. O casamento será na hora do banquete do jantar.

   - Não, Fahran me prometeu que seria durante a tarde. - mas Gianni continuou.

   - Helena desconfia da sua castidade, acha que por ser uma jovem adulta que ama a natureza, você não se interessa pelas lidas domésticas e utiliza a floresta para encontros ilícitos com amantes.

   - Isso é mentira!

   - Eu sei, meu amor. Por isso seu pai e eu decidimos que é melhor você fugir por uns tempos. Nós podemos inventar qualquer história que te encubra, assim não terá que se mostrar a eles e evitaria uma catástrofe em nossa família, pois certamente nos denunciariam de praticar magia como te denunciaram a umas semanas.

   Suspirei e coloquei as mãos na cabeça. Pensa, Luna, pensa... Não havia muito o que fazer. Eu não tinha poder sobre mim, eu não controlava a magia mas... Ele sabe!

   - Eu acho que consigo reverter essa situação, mama. - arrumei a minha túnica; a esposa de Martino me olhava com curiosidade. - Eu vou pedir ao homem que me amaldiçoou que me tire a maldição por uma noite. - Gianni congelou no lugar ao ouvir. Suas mãos estremeceram minimamente, porém não o suficiente para passarem despercebidas por mim. Elevei uma sombracelha. - Há algum problema com isso?

   - Você conhece esse homem, Luna?

   - Sim.

   Ela se irritou.

   - Há quanto tempo?

   - Meses. - murmurei, estranhando completamente a reação dela. - Eu o conheço antes mesmo de conhecer Fahran Anthes e tenho a certeza que me fará esse favor. Eu sei que ele foi sincero quando disse que não ia me deixar porque se sentia completo com os resquícios da alma que sobraram em mim. - falei baixo a última parte. Minhas memórias vagaram até a noite em que estive na domus do capitanum.

   - Pelos deuses! - a romana praguejou. - Martino tinha razão.

   - Você está me assustando. Seria possível que me contasse o que está havendo? - a morena me puxou para um abraço, enterrando seu rosto no meu cabelo, como se estivesse se desculpando. Mas desculpando do quê?! Suspirei. Não era hora de questionar sobre esse assunto, naquele momento, falar com Filippo era a minha prioridade. - Tudo bem, você não quer dizer e eu não vou insistir. - me afastei do abraço. - Tenho que falar com ele ainda hoje porque de certo que amanhã estarei envolvida de pessoas estranhas.

   - Sim, vá. - concordei. - Tome cuidado, filha. Apenas tome cuidado com esse homem. Ele é perigoso.

   - Eu tenho uma pequena noção do que ele pode fazer, mama. - comentei, me lembrando de como o soldado que tentou me agarrar no lado fora levado pelo crocodilo e nunca mais voltara. Um crocodilo assombroso, enorme que provavelmente foi enfeitiçado por Filippo Verdatti. - Até logo.

   Me despedi e montei no meu cavalo. Galopando pelos trilhos apressadamente, logo cheguei aos portões do quartel, onde soldados conversavam animadamente do lado de fora. Outras pessoas também caminhavam por ali com seus sacos de couro e tecido cheios de compras das tendas da cidade.

   Consertei a túnica em minha cabeça e puxei a rédea do cavalo. O feiticeiro não demoraria dar-se pela minha presença; afinal, eu sentia os fragmentos da minha essência se fortificando, o que queria dizer que o mesmo estaria perto.

   - Me procurando? - sua voz soou rápida e muito próxima a mim. Meu corpo quase sacodiu em um susto, só que o fino grito não conseguiu ficar retido em minha garganta.

   - Por Vênus! - pus a mão no peito, respirando fundo.

   Elevei minha cabeça para encarar seus olhos, porém fui interrompida com sua mão em meu ombro.

   - Não se esqueça que está na rua. - alertou em voz baixa. - Você não pode dirigir seu olhar ao rosto de um homem superior. E não tente. Está na frente de um quartel e poderá ser morta por outros soldados.

   - Maldita submissão das mulheres. - praguejei baixinho. - Mas eu não vim aqui para falar disso, vim te pedir um favor.

   - Diga.

   - O meu casamento com o grego Fahran Anthes foi antecipado para amanhã. A cerimônia será ao entardecer e eu preciso que você me dê uma noite como humana, como da outra vez. Por favor, eu peço não apenas por mim mas pela minha família, pois aposto que os gregos nos denunciarão e infelizmente não creio que o general Alberico fosse me libertar novamente.

   O mago nada disse durante um momento. Provavelmente estaria cogitando sobre o que seria mais proveitoso para si: a minha morte ou a minha vida. Então, ouvi sua voz novamente.

   - Está certo. Encontre-se comigo ao nascer do sol de amanhã no penhasco.

   - O-Obrigada! - agradeci, me contendo para não olhar em suas íris hipnotizantes. Entretanto, algo me chamou a atenção em sua mão esquerda. - Você se machucou?

   Filippo não disse nada. Virou-se de costas e saiu, me deixando para trás sem resposta. Mas aquela fita no braço dele... Oh, deixa para lá.

   Puxei o meu animal pelas rédeas e ponderei em dar uma pequena volta na cidade. O tempo frio mas bonito era convidativo a andar calmamente nas ruas e até fazer algumas compras nas pequenas e numerosas tendas e lojinhas. Embora tudo fosse apreciativo, resolvi voltar para casa porém um par de olhos emoldurados por cabelos dourados me encararam friamente, quando me virei para trás.

   - H-Helena?

   - Afinal eu tinha razão, forariae* (prostituta).


Notas Finais


Forariae - um tipo de prostituta. Elas ficavam em estradas fora das cidades e prestavam seus serviços sobretudo a donos de estabelecimentos rurais;
Fonte: http://www.netcina.com.br/2012/10/prostituta-profissao-mais-antiga-do.html

Até o próximo! Favoritem e comentem.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...