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História Harpia - XV - Casamento com o Grego


Escrita por: monecasssa

Notas do Autor


Gente, acabei esse capítulo mais cedo do que esperava então não vou enrolar para postá-lo.

Capa: Vestido de casamento de Luna.

Boa leitura!

Capítulo 15 - XV - Casamento com o Grego


Fanfic / Fanfiction Harpia - XV - Casamento com o Grego

Narrador

   Helena tinha observado o momento que Luna chegou ao quartel. Ela viu quando a mais nova apenas olhou para os soldados e esperou, como se já tivesse algo combinado com o bonito homem que de lá apareceu e conversou com a noiva do seu filho.

   Eles falavam com intimidade, pois o homem não se conteve em tocá-la e tampouco Luna se encolheu com o feito.

   A mãe de Fahran mal esperou a oportunidade para condenar as atitudes de sua futura nora; já a mais nova, chateada por ter se tomado como uma mulher da vida, não poupou nas palavras.

   - Eu não admito que me chame de algo que não sou.

   - Como não, se eu própria a vi com um homem?

   - Eu não posso conversar com ninguém do sexo masculino porque já me teriam como infiel ao meu noivo? A senhora viu bem que me dirigi ao capitanum desta província, e como viu bem, também viu que apenas conversamos sobre um assunto que diz respeito aos meus pais e a mim. Portanto creio que me deve um pedido de desculpas.

   Helena ficou perplexa ao ouvir a atitude nas palavras da jovem. Nunca a grega imaginaria que Luna fosse tão desprovida de submissão feminina como era imposto pelas leis, ainda mais respondendo uma mulher mais velha dessa maneira. No entanto isso não foi o suficiente para fazê-la calar.

   - Sua insolente! Meu filho comete um grande erro em levar uma morta de fome, uma pobre falida e uma imoral criatura humana como você para a família.

   - Não, não cometo.

   O jovem mais alto que ambas falou, se aproximando das mulheres que não o viram por perto. Fahran sorriu meigo para Luna e acenou para sua mãe, condenando as palavras acusatórias dirigidas à romana.

   - Filho...

   - Mãe, eu estou disposto a me casar com a menina Frozzo e agradeço que respeite minha noiva. Eu aceitei suas exigências, ou melhor, fui obrigado a aceitá-las, então agora será você quem irá ter exigências também. - Helena arregalou um pouco os olhos, pois não estava acreditando que seu filho iria defender uma pebleia qualquer no lugar da própria mãe. - No hotel conversaremos melhor sobre esse assunto. Agora quero dar um passeio com a minha noiva.

   - Fahran, eu não permito que me trate assim.

   - Com sua licença, minha mãe.

   O grego não esperou a resposta, tomando a mão de Luna e se afastando. Não falaram nada enquanto não saíram do movimento da cidade, e, assim que já estavam nos trilhos para os campos, o loiro respirou profunda e sonoramente.

   - Fahran, eu não queria causar discórdia entre você e sua mãe... - desculpou-se a harpia.

   - Eu ouvi do que ela te chamou. - se baixou, pegando uma pedra pequena para depois atirá-la numa distância que surpreendeu sua noiva. - Também vi você e o capitanum Verdatti conversando e pude perceber que vocês têm alguma intimidade.

   - Apenas já conversamos algumas vezes. Eu não me entreguei a ele, Fahran. Por favor, não me condene também, pois estou me guardando para o casamento.

   O homem lhe lançou um olhar pelo canto do olho e sorriu sem graça.

   - Luna...

   - Eu sei. - ela continuou. - Eu entendo o que você quer me lembrar mas quero me guardar de qualquer forma.

   Os dois tomaram o caminho para o interior da floresta, sendo guiados pela harpia que tantas vezes passou por ali, sabendo cada detalhe da extensa e cerrada mata.

   - Me perdoe pela minha mãe e pelas alterações que fez sobre o banquete ser no final do dia.

   Ela suspirou. - Graças aos céus eu consegui dar um jeito apenas para amanhã.

   - Por isso que foi falar com o capitanum?  Para que ele não deixasse qualquer acusação contra sua família ir adiante?

   - Mais ou menos. Eu fui falar com ele porque ao anoitecer eu...

   - Não! - o jovem adulto levantou sua voz firme, assustando a moça. - Desculpe, mas se não fosse assim você iria me contar seu segredo e eu quero que permaneça sendo apenas segredo.

   - Mas Fahran...!

   - Como minha noiva e futura esposa, eu não lhe permito.

   Ela concordou, afagando o cavalo ao seu lado. Ele não queria que algo tão sério fosse falado, nem tampouco para si mesmo.

   - Tudo bem. Eu irei ficar calada. - os dois chegaram no penhasco. A garota amarrou a sela do cavalo numa árvore próxima e se sentou no chão, observando o mar azul brilhando. Fahran Anthes a observou por segundos e depois se sentou. Com certeza se ele não fosse atraído por outro homem,  se apaixonaria certamente por ela.

   - Já comprei a nossa casa. Fica do outro lado da floresta. - anunciou, roubando um enorme sorriso feminino. - É longe mas basta atravessar a floresta para chegar à casa de seus pais.

   Sem pensar duas vezes, a transformada se esticou para dar um abraço imensamente cheio de gratidão ao noivo, porém os dois acabaram por se desiquilibrar e caíram na terra seca. O loiro segurava a fina cintura enquanto ela apoiava suas mãos no peito dele; os rostos muito próximos, respirações tocando a face de cada um e os olhos colados um no outro, no entanto não havia nenhuma atração física suficientemente forte para os puxarem um ao outro.

   Embora os dois estarem se divertindo, não era isso que um par de olhos observava escondido nas árvores.

   - Me desculpe. - a morena pediu, acanhada ao mesmo tempo que se levantava.

   - Você tem que ser um pouco mais contida, Luna. - o filho de Helena a corrigiu, se divertindo com toda a situação. Afinal, nada daquilo significava alguma coisa para os dois. - Se alguém de fora vê isso, eu não sei como conseguirei te proteger das acusações.

   - É, eu sei que eu seria vista como perversa e não você. Que droga ter que respeitar a essas imposições ridículas!

  Ela se levantou. Seu estado de espírito raivoso e inconformado, contudo logo sentiu sua alma completando-se por momentos.

   - Ele está aqui? - sussurrou, olhando para a floresta densa atrás de si.

   - Ele quem? Tem alguém aqui? - Fahran se levantou também, apreensivo com o que Luna falara baixinho.

   E tão rápido como surgiu, tão rápido ela deixou de sentir a outra metade de sua essência.

   - Luna? - o homem insistiu.

   - Não, não é nada. - seus olhos escuros perscrutaram uma outra vez, a seguir se sentou no lugar onde estava antes. - Vamos falar então do nosso casamento de amanhã.

   O grego torceu o nariz perante a situação que tinha acabado de acontecer, contudo, se sentou para falar sobre o banquete do dia seguinte. A dada altura, a moça quis saber.

   - E sobre a nossa primeira noite como casal? O que iremos fazer?

   - O que você quiser.

   - Então eu queria passar a noite na floresta. A casa ficará com você e sua família, só peço que me oculte...

   - Claro. Mas acho que você não entendeu uma coisa. - ela o observou atentamente. - Só vamos viver os dois naquela casa, e os criados, claro. Minha mãe não ousa em pôr os pés lá, pois eu sei que irá te atormentar.

   - Tem certeza disso?

   - Total certeza.

   A garota não pôde esconder o sorriso. - Isso quer dizer que eu poderei me ocultar a cada pôr do sol e você poderá viver com seu amor sem ninguém que te oprima.

   O loiro corou levemente e concordou sorrindo e imaginando que, pelo menos durante os dois anos que iria durar seu casamento de mentira, ele e o seu Jaih seriam felizes sem encontros noturnos ilícitos.

 

No dia seguinte

   A mesa do banquete estava abarrotada de comida, doces, bebidas, caldos e doçuras da época. Mais de cinquenta pessoas estavam presentes no espaço enorme por detrás da casa de Martino e Gianni.

   Gregos e romanos conversavam alegremente, trocando suas ideias, contando suas histórias e dizendo uma ou outra piada sobre assuntos divertidos. A única língua oficial do Imperium Romanum permitia que todos se entendessem.

   Para além da família dos noivos, amigos e alguns vizinhos também faziam parte da comemoração. Pietro e Loretta estavam devidamente acompanhados com a esposa e o marido, respetivamente. As tias da noiva também se encontravam presentes e os pais da menina não podiam estar mais felizes com o passo principal da vida da pequena harpia que cuidaram com tanto amor e deram uma linda vida ao invés da morte que a aguardava.

   Já Helena não tinha tanta felicidade estampada no rosto. Ela ainda achava que seu filho fosse se casar com alguém importante e não a plebeia insolente.

   Roubando a atenção dos presentes, as harpas e os adufes começaram a tocar uma melodia alegre e tranquila, logo Fahran se posicionou atrás da pequena mesa que seria o altar, juntamente com Martino Frozzo.

   Segundos depois, Luna surgiu em seu vestido nupcial. O tecido branco da túnica romana estava perfeitamente bordado para que se mantivessem os traços tão culturamente romanos. As pulseiras gorssas que Fahran dera no banquete de noivado também adornavam os pulsos da harpia; seu longo cabelo preso em um doce mas natural penteado a fazia ser uma noiva singular para todos os presentes.

   A amaldiçoada deu um passo em frente indo em direção onde estavam seu marido e seu pai. Mas, embora não vê-lo, seu coração acelerou ao sentir a presença do feiticeiro. Subtilmente, enquanto caminhava sorrindo, procurava o ilustre par de íris azuis, porém não o encontrou.

   Eu não o vejo, mas sinto-o. Pensou, inconformada por não tê-lo encontrado. Na verdade Filippo estava lá, mas em forma de ave, no alto de uma das árvores do quintal da casa e a menina desconhecia o poder dele de adotar a forma de qualquer ser vivo animal.

   - Na presença de todos, - começou Martino. - Eu confirmo a entrega de minha filha ao grego e aristocrata Fahran Anthes. Luna Frozzo passará a ser da propriedade e dos bens do senhor Anthes e como prova adotará o nome Anthes.

   O homem pegou na pena e molhou-a no pequeno frasco com tinta, a seguir assinou seu nome no documento oficial do casamento. Fahran fez o mesmo, porém Luna não pôde assinar. As mulheres não tinham permissão para isso, apenas se submetiam ao que o pai ou o marido ordenavam.

   Depois de assinado, o grego contornou a mesa, tomando a mão de sua, agora, esposa para dançar a música do enlace matrimonial.

   As harpas começaram a tocar e apenas os dois se movimentavam abraçados e aparentemente apaixonados, ao ritmo lento e amoroso da melodia.

   O céu estava escuro, porém as tochas, archotes, candeias e candelabros davam a iluminação perfeita ao local. As flores coloridas e o lindo jardim acrescentavam ainda mais graciosidade na decoração.

   Quando a música acabou, Luna viu os olhos marejados de Gianni e Loretta. Ela sorriu e piscou um dos olhos para as duas, só que Fahran tomou sua atenção, ajoelhando-se perante a romana.

   - O que ele pensa que está fazendo?! - murmurou Helena.

   - Luna, - o grego disse em voz alta para que todos escutassem. - Em minha humildade, eu troco a nossa aliança de ferro que simbolizou o nosso noivado por essa aliança de ouro, diamante e esmeralda que simboliza a eterna gratidão que terei por você.

   A garota ficou sem palavras, pois não era suposto isso acontecer!

   Os convidados murmuravam, mas nem isso impediu o homem de retirar o anel de ferro e colocar a aliança caríssima no anelar esquerdo dela.

   - Com isso eu provo o quanto você se tornou importante para mim, Luna Anthes. E juro pela alma dos deuses que irei ao fim do mundo para te proteger.

   - Fahran... - ela deixou uma lágrima escapar.

   - Não, ainda não acabei. - piscou um olho e elevou novamente a sua voz. - Eu sei que não é habitual mas eu preciso agradecer ao Martino e Gianni Frozzo por terem criado uma mulher tão pura e alegre como minha esposa e por isso deixo um presente para os meus sogros. - o grego se levantou, beijando a testa da mais jovem para a seguir pegar um saco de couro e entregar a Martino. - Obrigado por terem dado uma vida para Luna.

   Martino aceitou o saco, sorrindo emocionado. - Faça-a feliz, rapaz.

   - Com certeza farei.

   No outro lado, Helena observava a cena calada apesar da raiva que sentia. Seu filho fora capaz de mudar tanto por causa daquela atrevida! Contudo, ela sabia bem que não permitiria que Fahran a trocasse por uma mulherzinha qualquer e faria de tudo para que Luna se pussesse em seu lugar.

**

   - Fahran, onde você estava com a cabeça? Aquilo não era suposto acontecer!

   A festa já tinha acabado e ambos estavam na domus que o loiro comprara. A casa era grande: tinha dois andares, cômodos perfeitamente bem arrumados e decorados com  um luxo enorme. Isso sem falar nos cinco criados, incluindo a serva particular da harpia e o amante de Anthes.

   - Eu gosto de improvisar.

   - Sua mãe deve estar tão chateada...

   - Ela que fique. - ele concluiu, tirando a capa de sobre si. - Você quer comer alguma coisa? Essa casa também é sua, não quero que fique envergonhada com nada. - o homem se virou para a porta da cozinha, elevando sua voz. - Milena, por favor venha aqui!

   No mesmo instante a criada negra entrou, baixando sua cabeça em respeito ao dono.

   - Milena, fique atenta ao que Luna deseja e satisfaça suas vontades.

   - Com certeza, senhor. - ela se dirigiu para a morena. - Senhora, estou pronta às suas ordens.

   - Olhe para mim, Milena. - a pequena levantou seu olhar. - Quero que seja minha amiga e não minha criada ou serva.

   - Como desejar, senhora.

   - Bom, eu vou para o meu quarto. Não se importa que eu vá?

   - Claro que não, Fahran. - ela se aproximou, abraçando o marido com carinho. - Obrigada por ser tão bom comigo.

   Ele sorriu e beijou a testa da moça, a seguir se dirigiu ao quarto, sendo seguido por Jaih.

   - Eu também vou me deitar. Vá descansar, Milena. Amanhã conversamos um pouco.

   A jovem criada desapareceu pela porta da cozinha e a harpia seguiu para o primeiro andar da casa, indo em direção ao seu quarto.

   - Que dia agitado... - deixou escapar ao despir do vestido e dos adornos. Soltou o cabelo e pegou numa túnica para enroscá-la ao corpo porém sentiu um vulto a movimentar-se por detrás de si. Ao virar-se, viu a silhueta do corpo masculino do mago. - Está doido!? - o repreendeu, cobrindo seu corpo com a túnica. Filippo, por sua vez, apenas sorriu, entrando ainda mais no quarto e se instalando na cama dela. - O que está fazendo? Saia!

   - Eu vim falar algumas coisinhas com você.

   - Não podia esperar eu me ter vestido? - Luna deu pequenos passos de costas, até se esconder na divisão do banheiro. Vestiu rapidamente a túnica bege e saiu de lá. - Não acredito que me viu despida!

   - Não vi nada do que já não tinha visto antes. - murmurou para que ela não ouvisse; então se sentou ereto no leito. - Vim devolver sua maldição.

   - Eu pensei que fosse durante toda... - contudo, a romana foi impedida de continuar a falar pois Filippo se materializou junto a ela, colando seus lábios num beijo perigosamente possessivo. A mais nova ficou momentaneamente sem reação mas o mago não lhe deu tempo para pensar, porque enroscou os braços na cintura delgada e a puxou mais para si.

   Entorpecida, embora arrebatada, a harpia respondeu ao toque. As mãos femininas se alojaram com timidez nos cabelos da nuca dele numa tentativa quase desesperadora de o manter em seus braços. Mas apesar da vontade indomável de a possuir, o de olhos claros se afastou do contato. Luna ia começar a falar alguma coisa, só que foi interrompida pelo círculo de luz verde que a contornou, mudando sua forma humana para a de uma ave.

   Filippo curvou-se até a altura da sua criança e fez um carinho na zona do peito dela, a tranformada deu um saltinho para trás, assustada, mas o soldado apenas sorriu.

   - A minha magia precisa se fortalecer. Daqui a duas noites eu estarei no penhasco. Voe até lá e eu te darei o resto de sua noite como humana. - ele se levantou, caminhando para a porta da varanda, porém parou. - Ah, posso dizer que seu marido está tendo uma noite muito prazerosa. É uma pena que você tenha que se contentar apenas com um beijo.

   O homem sorriu e pulou da varanda, desaparecendo da visão dela.

   Imbecil, idiota! Maldito sujeito que me atormenta e enlouquece.


Notas Finais


Beijinhos.


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