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História Harpia - XVI - Confissões de intimidade


Escrita por: monecasssa

Notas do Autor


Espero que gostem!

Capítulo 16 - XVI - Confissões de intimidade


Narrador

   Já se tinham passado mais de dez dias desde a última vez que Luna o vira. Todas as noites ia até o penhasco, buscando a desejada noite como humana, porém voltava para casa de mãos vazias e, até bem pouco tempo, com a harpia tomando conta de sua forma.

   Teria sido burra em acreditar ou ao menos permitir sentir todas as alterações indomáveis que o pequeno corpo sentia por aquele infeliz feiticeiro? Talvez, mas mesmo assim ela não negava que ele era de uma intensidade jamais vista em sua vida.

   Maldito. Passara a ser o adjetivo que melhor o caracterizava em seus pensamentos agitados.

   A garota suspirou e continuou a caminhada até o penhasco. O sol ainda não tinha se posto mas aproximava-se do fim do dia e ela cruzava os dedos para que, sem a ajuda dele, permanecesse humana por mais uma vez tal como aconteceu na noite anterior e na anterior a essa.

2 dias atrás

   Filippo não aparecera outra vez. A jovem voltava para sua nova casa, desolada e até mesmo raivosa pela palavra do mago ter sido apenas uma doce ilusão regada de um beijo quente e proibido.

   Os pensamentos da harpia estavam tão rápidos como o bater das grandes asas; no entanto, ao apoiar-se na varanda de seu quarto, sentiu algo estranho percorrendo cada veia interna: parecia que seu sangue estava tomando ondas de choque, arrepiando estranhamente a ave.

   Filha... Pequena filha...

   Uma voz sem foco e longínqua soou, porém apenas ela podia escutar o chamado.

   Assustada, a menina deu um pulinho para dentro do quarto e se escondeu debaixo do leito, contudo a voz não cessava e uma força sobrenatural a atraía para a lua. Deixando-se levar, Luna perfez o caminho até a porta da varanda, elevando seus olhos escuros de harpia para a grande lua cheia daquela noite. E foi aí que aconteceu o inexplicável.

   Uma luz clara, semelhante a uma fumaça branca, contornou toda a extensão do corpo.

   Mas o quê?! Não era verde?

   A nova tonalidade de cor envolveu completamente o animal e, tal como acontecia com a famosa nuvem mágica esverdeada, o par de asas, de patas, o tronco e a cabeça tomaram a forma de um ser humano. Ao fim de uns segundos, a morena estava novamente transformada, alisando seus cabelos compridos e sua pele sem penas.

   - O que aconteceu aqui? - quis saber baixinho.

   A sua força está na lua, filha...

   - Qual força? - respondeu, se debruçando na grade da varanda e colando seus olhos no astro circular. - Quem é você? O que fez comigo?

   A sua força está na lua...

   A voz distante repetiu e então se calou. Atordoada com os novos e intrigantes acontecimentos, Luna se deitou na cama, forçando pensamentos e lembranças agradáveis até adormecer em paz.

   No dia seguinte, já a noite tinha caído e a romana estranhou não ter se transformado. Então, com cuidado e atenta às famosas luzes mágicas, abandonou o quarto, descendo as escadas da enorme casa e encontrando Milena. A jovem mulher ao vê-la, esboçou um singelo sorriso.

   - Senhora, é a primeira vez que a vejo descer de seu quarto depois do pôr do sol.

   - Tem razão, Milena. Diga-me, Fahran está?

   - O senhor avisou que irá chegar tarde hoje.

   - Ah, sim. Eu tinha me esquecido disso. - a morena ia dar de costas mas se voltou a virar. - Milena, eu quero pedir um favor, quero que arrume uma pequena cama no meu quarto e durma lá hoje.

   - Como desejar, senhora.

   - Estarei no meu quarto esperando.

   E mais uma noite completa, a recém-casada tinha estado como humana.

Retoma da quebra de tempo

   - Você também não vai aparecer hoje... Tenho tantas coisas para te contar. - suspirou vencida, ao sentar-se na ponta da encosta.

   O sol começava a desaparecer, escondendo-se no mar Tirreno. Temendo voltar para casa na escuridão, a menina se levantou, fazendo o caminho de volta à luxuosa domus.

   - Luna?

   - Oi, marido. - sorriu, ao fechar a porta atrás de si. O grego caminhou até sua falsa esposa, beijando sua testa amigavelmente.

   - Eu nunca te vi por essas horas...

   - Também está sendo uma surpresa para mim. É a terceira noite seguida que... Aquilo não acontece.

   - Que bom! Vamos comemorar isso então.

   - Não tem necessidade, Fahran. Não precisa se disponibilizar para coisas supérfluas assim.

   O loiro fez uma careta em desaprovação ao que a mais jovem dissera. Luna não lhe era supérflua! Muito pelo contrário, ela permitira que ele fosse feliz junto com o amor de sua vida.

   - Não vamos discutir. - afastando-se dela, o homem a tomou pela mão, conduzindo-a para a cozinha. - Nair, Hortência e Léia, quero que façam um jantar simples mas digno de uma comemoração dedicada a Luna. Façam comida para sete pessoas: nós dois e os servos.

   - Sim, senhor. - a mais velha respondeu, mexendo no caldeirão que fumegava.

   - Fahran... - a harpia insistiu.

   - Não seja teimosa, Luna. Agora vou tomar um banho.

   Ela concordou e se sentou no sofá confortável enquanto descansava por uns momentos. Logo sentiu-se ser observada e abriu os olhos, vendo Jaih a olhando discretamente. No mesmo instante, o homem mudou a direção do seu olhar.

   - Sente-se aqui comigo, Jaih.

   - Obrigado, senhora. Mas irei recusar.

   - Não seja orgulhoso e sente-se. - relutante, o homem se sentou.

   Jaih era um formoso varão. Sua pele banhada em uma tonalidade escura, pequenas cicatrizes nos braços musculosos e o rosto rico em masculinidade. Era servo de Fahran mas também era o homem que seu marido amava.

   - Você e Fahran se conhecem a muito tempo?

   - Cinco anos, senhora. Dona Helena me comprou quando eu tinha 18 anos das mãos de um vendedor de escravos. Ela me pôs como criado do senhor Anthes por termos idades parecidas.

   - E foi aí que se apaixonaram?

   - Não. - quem respondeu não foi o que estava na sala. Luna virou parcialmente o corpo e viu o dono da casa surgindo com seus cabelos molhados. - Eu tratei muito mal o Jaih. Minha mãe ensinou-me ser um homem mal, só que uma vez eu vi o quanto estava errado. - o grego caminhou até ficar ao lado do servo. - Jaih tomou as culpas por algo que eu fiz e foi severamente castigado. Não consegui ver seus fortes braços sendo marcados com ferros em brasa e impedi o castigo. Acho que foi aí que comecei a perceber que sentia alguma coisa.

   - Hum... - respondeu a menina. - Bom, eu vou dar privacidade a vocês dois. Irei tomar um banho e logo descerei para o jantar.

   Chamou sua serva particular e demorou um bom tempo relaxando na banheira polida de mármore.

*

   Já eram mais de onze horas da noite quando a senhora e a criada subiram para o quarto feminino. Até o momento, nem um sinal das luzes em redor da amaldiçoada e a mesma agradecia por isso.

   Ambas estavam em seus leitos, dormindo em paz enquanto os homens do quarto da frente se divertiam em deleites. Estavam tão animados que pensavam estar fazendo pouco barulho, porém isso não era verdade porque tanto Luna como Milena tinham acabado de despertar.

   A harpia se remexeu ao ouvir os sons prazerosos do marido e a pequena serva também.

   - Está ouvindo? - sussurrou.

   - Sim, senhora.

   Um arrepio percorreu o corpo da romana. Porquê ouvi-los lhe dava sensações estranhas e desejosas? Sentia seu corpo formigando e uma vontade crescente de ser tocada da mesma maneira como imaginava os dois se tocando.

   - Milena.

   - Sim?

   - Você já foi tocada?

   A jovem se avermelhou um pouco mas tratou de responder.

   - Já, senhora.

   - E você gostou?

   Tomando um suspiro, Milena confessou. - Apenas uma vez porque quase todas elas eu fui obrigada, senhora. Não foi por minha vontade que me despiram e agiram conforme queriam. Meu antigo dono não poupava nos maus tratamentos às crianças e às moças que comprava. - surpreendida, Luna se sentou na cama, olhando para a sua companheira, que continuou. - Eu adoeci e o senhor Fahran, por misericórdia, me comprou mesmo estando doente e me trouxe para essa casa para servir a senhora.

   - Eu lamento.

   - Eu também. - falou triste, mudando imediatamente de assunto. - A única vez que gostei foi com o homem que amei.

   - E o que você sentiu?

   - Uma sensação única e aprazível. Meu corpo todo reagiu aos toques suaves que senti, e depois disso, a cada vez que me sinto necessitada eu própria me acaricio.

   Suspirando, Luna voltou a se deitar. - Ouvindo esses homens, meu corpo está todo arrepiado. - foi então que uma ideia surgiu na mente dela, pelo que se sentou novamente. - Venha aqui, Milena. - depois de obedecer, a mulher de Fahran continuou. - Você tem quantos anos?

   - Vinte e um, senhora.

   - Então, como é mais velha que eu e tem experiência, acaricie-se para que eu possa aprender.

   - T-Tem certeza? - gaguejou.

   - Claro. Faça-o.

   Contando até três, a serva criou coragem e começou. As mãos femininas mas calejadas de trabalhos passados se encostaram na própria anatomia feminina, fazendo carinhos que começaram lentos, adquirindo mais velocidade e força conforme os segundos se contavam. Luna observava as pequenas caretas que sua criada fazia e, sem perceber muito bem, imitou, acariciando muito levemente o busto. A medida que os segundos passavam, a mais velha imergia naquele misto de sensações que sentia, levando sua senhora a querer ver mais.

   - Por favor, mais, Milena.

   A mulher então continuou partilhando suas confissões, descendo as mãos pela barriga e mais além, calmamente. Então permitiu que seus dedos tocassem sua intimidade já tão machucada.

   Luna apenas olhava, tirando notas mentais do prazer que poderia sentir sozinha.

   - A senhora ficará úmida ao se entregar ao desejo. - Milena falou, entre suspiros.

   - Úmida?

   - Sim, senhora. É normal. É o seu desejo de mulher.

   Quando finalmente a negra acabou sua curta demonstração, a romana ordenou que sua criada voltasse a dormir. Milena concordou, de cabeça baixa e servil como deveria ser, tomou o seu leito e, cansada pelo dia de trabalho, não demorou a adormecer.

   No quarto da frente as coisas estavam bem calmas; após os minutos de amor, os homens caíram num sono profundo, contudo a mente da transformada estava um caos.

   - Preciso tomar ar fresco. - sussurrou e saiu do quarto. Desceu cuidadosamente as escadas e abriu a porta dos fundos da casa, tendo acesso direto para a floresta.

   Em minutos a menina estava no penhasco. A lua ainda cheia iluminava a ponta da escarpa, o ruído do mar e dos animais noturnos traziam a vontade de sentir a sensação ilícita que Milena acabara de compartilhar.

   Sem conseguir se conter, suas mãos se posicionaram sobre os pequenos seios arredondados, fazendo carinhos tão prazerosos em si mesma. Sua mente gritava por mais e a mesma obedecia, sem ter nada a que temer.

   Logo uma de suas mãos se deslocou para a junção das pernas. Luna se encostou num caule frio de uma árvore, a fim de obter algum apoio, ao mesmo tempo que deixava escapar barulhinhos indecentes de sua boca.

   Ao encontrar um ponto de maior satisfação em si, ela não pôde reter o longo mas baixo gemido. A garota sentia cada célula do seu corpo acesa. Sua respiração tinha-se alterado e alguns minuciosos suspiros imperceptíveis escapavam por seus lábios. A mente feminina estava cheia de visões dela com o homem que lhe causava raiva, indignação, frustração mas que ao mesmo tempo a atraía com todo o mistério envolvente nele.

   - Filippo...

   Sim, ela desejava que fosse ele a tocar-lhe desse jeito. De uma forma bem estranha descobriu que o cobiçava e ansiava.

   Luna sentiu sua alma se edificando, porém o tamanho prazer não permitiu que a moça parasse antes que o feiticeiro observasse, por entre as árvores, o modo como ela clamava por si, acalmando o próprio corpo. Um sorriso quase vitorioso emoldurou os lábios finos masculinos quando um arrepio o atravessou perante a mais um inevitável gemido dela.

   De repente a garota parou. Tirou a mão de sua pele arrepiada e olhou para os lados.

   Com convencimento, o mago surgiu de entre duas árvores. Os olhos dela se arregalaram. Oh deuses, o que foi que eu fiz? Ele... Ele de certeza me viu!

   Envergonhada até a ponta dos cabelos, a jovem o encarou por segundos para a seguir tomar o caminho até sua casa. No entanto, ao passar pelo homem, este segurou firmemente seu braço, parando-a.

   - Me solte.

   - Não sem antes me explicar algumas coisinhas.

   Ela corou, desviando o olhar. - Não tenho nada para explicar.

   Insatisfeito com a resposta, Filippo a arrastou duramente até o tronco mais próximo de ambos, encurralando sua criança.

   - Sério mesmo? Então vamos começar com o ponto mais simples da questão: porque raios você está humana?

   - Eu também não sei.

   - Ah, não? Mas garanto que vai me explicar o que aconteceu, não é?

   - Não! Não vou explicar nada! - ela estalou. - Você me deixou por dias te esperando. E eu esperei como uma burra iludida! Agora não tenho nada para te dizer sobre esse assunto! - se contorceu. - Me solte!

   Ante os empurrões dela, sendo todos em vão, o mago misterioso apenas esboçava seu curto sorriso.

   - Já que não tem nada para me dizer sobre esse assunto, então prefere falar sobre o assunto que envolve a maneira como me deseja em seus pensamentos mais ocultos?

   A harpia nada respondeu, baixando seu olhar. Mil vezes droga.

   Constatando que não iria vencer a batalha que os dois travavam, a jovem apenas suspirou vencida.

   - Tudo bem, eu falo.

   - Viu como é tão mais simples obedecer às minhas palavras?

   Os olhos escuros encararam intensamente as esferas azuis enigmáticas. - Te odeio.

   - Não, Luna. Você me deseja e sabe muito bem disso.


Notas Finais


Beijinhos doces.


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