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História Harpia - XIX - Ensinando


Escrita por: monecasssa

Notas do Autor


Notas finais!!

Capítulo 19 - XIX - Ensinando


Narrador

   Saar andava de um lado para o outro em frente à enorme porta de acesso ao santuário dos Dragões Guardiães. Sua mente bombeava ódio puro e frio direcionado à menina que, em horas atrás, lhe desafiou. Claro que ela faria o que fosse preciso para que Luna fosse punida e seria melhor ainda se os Dragões deixassem que a maga do fogo fizesse justiça com as próprias mãos.

   - Ela iria sofrer tanto...! - Saar deixou escapar, juntamente com uma enorme gargalhada maldosa.

   No entanto, quando a porta foi aberta, a mulher adotou uma pose de vítima e entrou. Forçou pequenas lágrimas em seus olhos e se curvou ao ver o trono dos Seis Dragões.

   - Guardiões Supremos da dimensão mágica, obrigada por me receberem. - ela começou.

   - Diga o que é de tão importante, maga vermelha do fogo, Saar. - pediu o Dragão Negro, em sua voz harmoniosa mas ainda assim majestosa.

   - Eu fui atacada na dimensão terrena por uma humana. Não pude me defender porque ela possuía magia branca e me deixou sem ar! Eu tentei trazê-la para a dimensão mágica para que pudesse ser observada por vocês, deuses. Mas ela agiu de violência comigo e eu pensei que fosse finalmente morrer...

   - Você disse magia branca, maga? - o Dragão Marrom tomou a palavra, surpreso.

   - Sim, meu senhor.

   - Isso seria impossível. A magia branca está confinada na Lua. Nenhuma simples humana poderia receber magia sem ter tido o chamamento.

   - Isso é possível, irmãos. - interviu o Dragão Verde. - O meu filho está encarregue de vigiar essa humana e descobrir como recebeu a magia branca.

   Todos os pequenos olhos se voltaram para o deus do reino vegetal e animal, pelo que ele continou. - Kaïn não me deu conhecimento dessa situação, o que significa que estará nesse exato momento cuidando da humana e a mantendo em controle. Eu pude saber um pouco dela e tenho o meu próprio julgamento de que a moça não é uma ameaça, só precisa aprender a controlar seus poderes.

   - Como você pode dizer uma barbaridade dessas?! Essa humana deve ser aniquilada! - exaltou o mais nervoso dos dragões: o Marrom.

   - Não creio que deveremos proceder com violência. - sugeriu o Dragão Dourado, deus do ar. - Ordenaremos que o mago Kaïn a traga para essa dimensão, onde possamos ver com os nossos olhos o que essa criança seria capaz de fazer com sua magia.

   - Quantos dragões estão dispostos a executar a humana? - quis saber o Verde. Como resposta, os dragões Marrom e Vermelho se manifestaram. - Então quer dizer que 2 concordam na morte da humana e 4 descordam. Então está resolvido: a humana não morrerá.

   - A minha filha foi atacada e eu não permitirei que fiquemos de braços cruzados! - exigiu a Dragonesa Vermelha. - Se o conselho de Dragões não irá fazer nada sobre isso, então eu irei averiguar a segurança da minha maga.

   - Você está proibida de tocar na humana!

   - Eu não irei tocar, mas irei dificultar a vossa sagrada proteção.

   - Dragonesa, - chamou o Azul. - Você estará iniciando um atrito que poderá se desenvolver.

   - Eu não tenho medo de uma guerra, irmão. Aliás, desde que o Branco foi expulso, não temos um líder e talvez chegou a hora de lutar por esse cargo.

   E dizendo isso, a dragonesa e sua filha desapareceram do salão do conselho. Os dragões trocaram cautelosos olhares antes de desaparecerem também.

   O caos estava lançado. A guerra estava próxima e a cabeça de Luna era o principal prêmio: quer fosse arrancada do corpo ou não.

*

   Escondida em uma bolha mágica e sobre uma cama, a jovem comia frutas e bebia leite. Suas lágrimas já secas e seu espírito revigorado a permitiram se alimentar enquanto esperava por Filippo.

   A menina deixou um sorriso escapar ao se lembrar do beijo que lhe dera. Ela só tinha beijado dois homens em toda sua vida: Pietro e Filippo, mas sem dúvida nenhuma que o bruxo sabia muito mais sobre as artes da sedução. E como sabia...! Ele era ótimo e conseguia deixar a pequena mulher arrepiada até em lugares que julgava não ser possível!

   A mão que não segurava o cachinho de uvas se posicionou inconscientemente no pescoço, onde o mágico lhe marcara. Luna fechou os olhos, sorrindo sonhadora com a lembrança e suspirou. Ela estava o amando, mas um amor totalmente diferente dos que aprendera: era um amor selvagem, conturbado e raivoso. Um amor que não poderia ser consumado. Um amor proibido e tudo isso era culpa dele.

   - Capitanum idiota e convencido. - murmurou baixinho, colocando uma uva na boca.

   - Agora não tenho dúvidas que pensa em mim constantemente.

   Surpresa, a morena se virou na cama, o vendo a passar pela porta do quarto.

   - Porque às vezes eu não sinto minha alma se completar quando você aparece?

   - Eu faço a mesma pergunta. Mas tenho a certeza que é de você. A minha magia não tem grande efeito em você agora. - ele concluiu, sentando-se na cadeira de vime. - Você tem se fortificado com a magia branca, nem sequer minha maldição te atormenta!

   - Será possível que eu me torne uma maga como você?

   O homem apertou os lábios em uma linha fina. Ele sabia que ela não estava apenas tornando uma maga, estava se tornando a mais forte dos magos. Afinal, ela seria filha do Dragão Branco e esse era o dragão mais poderoso.

   - Talvez. Porém, agora você precisará de maior proteção ainda.

   - Porquê? Aconteceu alguma coisa?

   Filippo abanou a cabeça afirmativamente. - Está havendo uma rebelião na dimensão mágica. Saar fez queixa de você ao conselho e os deuses se dividiram: dois querem a sua cabeça e quatro não te querem morta. No entanto, apenas dois desses quatro deuses estão dispostos a lutar por sua vida. E eu não duvido que o time de Saar tentará de tudo para te matar.

   A garota se arrepiou tão fortemente que sua companhia percebeu os pelos finos da menina se eriçarem nos braços, pernas e nuca.

   - Isso irá acabar numa guerra.

   - Uma guerra que não é culpa sua. - ele completou. - É culpa minha e eu irei tomar minhas responsabilidades. Eu não sei até que ponto a minha maldição te ligou às forças mágicas, mas eu tenho certeza que vou descobrir o porquê de você ter ficado cada vez mais forte.

   Luna se levantou da cama, limpando as mãos no próprio vestido ao mesmo que caminhava até o moreno. A garota parou junto da cadeira e ajoelhou aos pés dele, segurando as mãos do homem que ficara redondamente sem entender o que estava acontecendo.

   - Me ensine a controlar essa magia. Por favor. Eu quase matei aquela mulher e tenho medo de descontrolar e ferir alguém, principalmente se for alguém que eu ame.

   Filippo nada disse. Sua mente pensava sobre o que a criança pedira, e talvez ela poderia estar certa. No final das contas ela precisava saber domar a força que crescia e se fortalecia mais dentro de si.

   Decidido, o feiticeiro se levantou. E depois de se afastar alguns passos da menina, a voz perigosa soou.

   - Levante-se. - ela o obedeceu. Após isso, Filippo apenas fechou os olhos e movimentou suas mãos em um estranho código fazendo com que todo aquele quarto fosse desfigurado, surgindo agora um campo aberto com grama baixinha e verde. Luna observava maravilhada e boquiaberta, contemplando o que seu amaldiçoador poderia executar com um simples mover de mãos. - Venha. - a garota se aproximou, esperando ouvi-lo dar instruções. - Estique seus braços e observe a ponta de seus dedos. Foque neles até sentir seu corpo aquecer.

   A harpia o obedeceu mais uma vez, porém estava tão animada que, quando não sentiu nada ao fim de dois minutos, baixou os braços e bufou.

   - Não está acontecendo nada. Isso é desnecessário.

   - Sente no gramado e faça-o novamente.

   - Mas...

   - Você quer ou não, aprender?

   - Sim, mas...

   - Então obedeça. - o mais velho a interrompeu novamente, ordenando. Ela respirou fundo e fez conforme ele queria, sentando-se e erguendo os braços.

   Passaram-se horas desde que Luna mantinha a posição que lhe foi pedida. Suas mãos estavam trêmulas, doloridas e cansadas. Nada do que ela esperava tinha acontecido: nada de luzes, nada de magias, nada de nada; apenas uma imensa dor no braço.

   Contudo, apesar da situação nada favorável, a criança de Filippo não cedeu. A aparência já cansada e os pequenos músculos estremecendo não se comparavam ao rosto deprimido e sem esperança que alguma coisa pudesse aquecer em seu corpo. O homem ficou ligeiramente surpreso com a persistência da pequena e então decidiu acelerar o processo.

   Em passos silenciosos, o soldado se baixou atrás da jovem; contornou seus braços por debaixo dos dela como num abraço, e aproximou os lábios do ouvido feminino, sorrindo ao perceber o arrepio que lhe causara.

   - Você tem que ser um pouco menos agressiva em puxar sua magia. - ele começou, instruindo em voz baixa - Sua magia é algo que faz parte de você agora. Ela irá sentir seus medos, suas aflições e preocupações e irá te ajudar a ultrapassá-los. Você apenas tem que ser paciente porque ela ainda é um tipo de... Bebê teimoso para você.

   Luna ouvia com atenção, mas sua mente se preocupava mais com a pele do mago roçando na sua. Ela já não conseguia esconder o quanto o desejava mas mesmo assim empurrava seu desejo proibido para o fundo de seus pensamentos. Agora o mais importante seria...

   - Você está longe do foco, criança... - a voz masculina interrompeu a linha de pensamentos da recém-casada. - E está me fazendo perder o foco também, por isso se concentre.

   - Eu não... Isso não está fazendo nada, eu não vou conseguir.

   Ela ia baixar os braços, contudo foi impedida.

   - Está quase. Eu sinto sua magia interligando com a minha... Sê um pouco mais paciente. - Filippo sussurrou e no segundo a seguir, Luna pôde sentir o mesmo que sentiu quando atacou Saar. Seu corpo aqueceu e da ponta dos dedos a luz esbranquiçada surgiu, enrolando pela garota e pelo homem. A luz mágica esverdeada do capitão também surgiu e ambas se estrelaçaram no meio dos dois pares de braços.

   - O que está acontecendo?

   - Eles estão se reconhecendo. Você não consegue ouvir?

   A menina fez silêncio e então conseguiu ouvir os sons meigos e pacíficos da magia branca em sua mente. Ela sentia a felicidade daquilo que julgara não ter vida e sentia ainda mais quando a magia branca e a verde se fundiam numa só.

   O mago assistia o episódio em silêncio profundo. Nunca em toda a sua longa vida havia visto seu poder se fortalecer tanto na presença de outro. Nunca pôde sentir seu interior desejar realmente alguém para si. Nunca pôde sequer conter a vontade de obedecer a sua essência e tomar aquela garota juntamente com tudo o que ela lhe podia oferecer. Se ela sentia todo aquele estranho mas prazeroso momento, então ele sentia em centuplicado.

   A magia do celta implorava pela da romana em uma prece silenciosa.

   - O que eles estão fazendo agora? - quis saber, quando viu as luzes saírem não só das mãos mas de todo o corpo.

   - Estão se fortalecendo um no outro. - a explicação foi clara e sucinta. A magia verde estava insuportavelmente ansiando pela branca e Filippo não conseguiu mais tomar as rédeas da situação, deixando que seu poder interior pudesse assumir os comandos da sua mente. - Foda-se a porra do controle.

   Preguejou e rapidamente o homem virou Luna, a fazendo sentar em seu colo. A face feminina tinha traços de confusão, mas isso não foi capaz de impedi-lo de enroscar a mão na nuca dela e puxá-la para um beijo.

   Sem entender nada, a moça ficou momentaneamente sem reação porém sentiu algo no seu interior a empurrando para quem lhe beijava. Era como se... Sua magia quisesse beijá-lo?

   Confusa, mas ainda assim enfeitiçada pelo momento, ela o correspondeu. Fechando seus olhos e se entregando de uma maneira que nem a própria pensara que seria possível.

   Quente. Frio. Rápido. Lento. Mágico. Carnal. Doce. Amargo. Tudo estava contido naquele contato tão fervoroso quanto os que normalmente eles tinham. O filho do Guardião Verde absorvia cada sensação boa que poderia ser extraída dali, entrando em êxtase por ter permitido finalmente que aquilo que lhe deu vida durante os dois últimos séculos se revigorasse numa pessoa. Filippo estava faminto, ansiando tê-la por completo. Já a jovem não entendia o porquê de repente desse desejo ardente de deixar que ele a possuísse. Seria mais um feitiço?

   Quando se afastaram do contato, ambas as respirações se mantinham alteradas e frenéticas. Os dois pares de olhos brilhavam e seus corações bombeavam loucamente.

   Ao redor, não mais o jardim se dispunha e sim o quarto que estavam horas atrás. Quando foi que eles retornaram?

   - Filippo... - ela chamou-o. - Porque você...?

   - Não diga nada. Apenas...

   O capitanum sequer terminou a frase, renunciando os doces lábios dela novamente.


Notas Finais


Nossaaa, será que agora vai? ;)

Então,
Deêm uma olhada nessa fic YoonSeok (: o link é https://spiritfanfics.com/historia/in-your-colours-9584128


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