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História Harry Harold - Opheus


Escrita por: AnnaWrou

Capítulo 4 - Opheus


Fanfic / Fanfiction Harry Harold - Opheus

 

 

Cheguei em casa, à noite, após longas horas. Demorei tanto assim porque decidi ir até onde minha nave tinha caído. No entanto, não havia mais nada que pudesse fazer, a não ser que escolhesse invadir toda aquela estrutura a força. Mas para isso teria que, possivelmente, matar aqueles humanos. Por isso fazer o que tinha que fazer não era uma opção. Não para mim.

E já era noite quando resolvi, por não conseguir achar escolha melhor, ir embora. A essa altura Dane já teria encontrado Titi e estariam em casa, como eu tinha pedido para o menino fazer. Não estava preocupado com isso, mesmo sem conseguir explicar porquê, eu sabia que Dane não faria nada de mal; pelo contrário, era quase como se conseguisse ler o coração daquele garoto e a impressão que tive era que ele era um garoto bom, só era meio maluco.

- Onde você estava?! – Titi correu até mim e me abraçou, preocupada. – Você se machucou?! Teve o maior problema na cidade, disseram que um louco apareceu por lá fazendo a maior confusão com a polícia, e quando eu saí você não estava lá, pensei logo o pior – Ela falava toda nervosa, se afastando um pouco para poder observar no meu corpo se havia algum ferimento.

Enquanto isso, Dane estava lá perto da geladeira, quase todo dentro da mesma procurando algo para comer.

Claro que ele estava evitando me olhar, ele não podia me observar, saber quem eu era sem a sacola na cabeça. Titi podia me ver, já que ela nem imaginava que o tal “louco” era o rapaz que ela salvou naquele dia, então não tinha problemas em olhar a minha face. Mas Dane não, ele não podia ver meu rosto, e sabia disso.

- Eu estou bem… – Respondi sorrindo. Era bom se sentir querido em meio a toda aquela confusão.

- Com certeza ele ia ser a última pessoa a se machucar, tia – O abestado do Dane acabou soltando.

Cala a boca! falei dentro de sua cabeça. Nem sabia que conseguiria, mas só tive a certeza que deu certo quando ele saltou de dentro da geladeira batendo a cabeça na parte de cima, depois caindo no chão.

- Menino! Você está bem?! – Titi foi até ele.

- Estou, estou! – Ele respondeu ficando em pé com uma mão na cabeça e outra nos olhos.

- Mas o porquê está tampando os olhos? Machucou eles? – Ela não estava entendendo nada, além de preocupada.

- Não quero virar pó, tia – Ele era realmente um atrapalhado com as palavras, além de doido.
Nesse momento eu quis rir mais do que brigar com o garoto. Sabia que Dane não estava fazendo por mal, ele só estava bastante nervoso e empolgado com tudo aquilo. E além do mais, o que mais lhe fascinava podia matá-lo ali, bem na sua frente com uma simples olhada: eu.

Parado na sala, encontrava-me bastante confuso quanto tudo isso. Enquanto olhava Titi checando a cabeça de Dane, lembrava-me que aquele não era um planeta nada interessante dentro do sistema Solar. A Terra não era um planeta tão desenvolvido, portanto não se ouvia falar quase nada dele. Além do mais, não era tão perto das trajetórias que eu costumava fazer em minhas missões em caçadas a piratas estelares. E por ironia do destino, aquela tinha sido a minha primeira – e aparentemente a última missão. Mas em contrapartida, olhando aquela velha senhora cuidando de um terráqueo louco, me senti compadecido desses seres. Vi que era um planeta que haviam pessoas boa e más, que havia toda aquela corrupção, conspiração, mas apesar disso, não era um planeta tão chato assim. E quando pensara em mais motivos nos quais não iam deixar os meus dias na Terra tão ruins assim, meu último pensamento fora interrompido por um anúncio na TV.

Senhorita McFiltte, conte-nos como viu o alienígena que acaba de atacar a nossa cidade? – Perguntou um repórter do cabelo com tanto gel, que mesmo o vento gélido e noturno de Lourence City, não o movia.

Ele não tentou atacar nossa cidade! – A garota esbravejou, franzindo o cenho, desaprovando a forma como o repórter colocou palavras na sua boca.

Mas não era o motivo no qual estavam conversando que chamou a minha atenção; o que chamara mesmo fora o simples fato de ser ela. Sim, era ela, não havia dúvidas. Eu sabia que aquela ela era a mesma garota que me achou e que salvou a minha vida. A mesma garota simpática que me comprou o jornal naquela manhã. E mesmo sendo mostrada em uma televisão de qualidade bem inferior as que estava acostumado em ver em meu planeta, a sua beleza parecia transcender a tela...

Então, diga-nos como ele quase a matou há alguns dias – Novamente, o repórter voltou a colocar palavras em sua boca.

Não foi isso que eu disse! O senhor está equivocado! Ele apenas caiu em nosso planeta, parece assustado, perdido e desorientado. A essa altura o governo já devem ter o capturado ele e estão fazendo experimentos enquanto nós estamos aqui conversando sobre… – Ela claramente ia falar mais coisas de todo o seu arsenal de teorias conspiratórias do governo, mas foi impedida, pelo próprio repórter.

- Nossa, estão dizendo que o chafurdo de hoje em Lourence foi por causa de um Extraterrestre?! – Titi pareceu surpresa, apesar que, bem no fundo, ela aparentava acreditar no que estava sendo dito.

- Pode ter certeza que sim. – Dane deixou escapar de novo, mas dessa vez eu não precisei falar em sua cabeça para repreendê-lo, ele mesmo se sentiu mal sobre.

- E extraterrestres existem? – Soltei a pergunta para ver a reação de Titi.

- Claro que não. Isso é uma invenção da mídia para ganhar dinheiro com filmes e séries, apenas isso – Mesmo Titi esforçando-se em suas expressões faciais, eu sabia que não era de todo certo a crença dela.

Eu já disse que não foi um meteoro, foi uma nave.  – Ela roubou o microfone do repórter, que tomou de volta com alguns seguranças a pegando. – É a nave do Extraterrestre! E o governo a ONPE está encobrindo tudo! Nós precisam…

- É isso aí, é o que eu sempre digo. A ONPE tá sempre por detrás de tudo! - Dane concordou com a moça, mesmo estando apenas ouvindo, ainda com os olhos tampados.

- O que é essa tal ONPE? – Perguntei.

- Organização Nacional de Pesquisa Espaciais. Para muitos é apenas uma empresa governamental que faz pesquisa com satélites e meteoritos e resíduos que cruzam a nossa atmosfera – Dane fez um sinal com as mãos colocando aspas, mas não ousou abrir os olhos. Rapidamente, voltou a tampá-los com as mãos, para ter mais certeza que não me veria.

- E o que mais sabe sobre isso? – Me mostrei curioso.

- Querido, não se impressione com isso. Não é nada. É apenas uma empresa que ajuda a termos satélites melhores para vermos programas como esses em uma televisão ruim – Disse Titi cansada daquele assunto sem pé nem cabeça – Eu vou preparar algo para comermos – E então foi lentamente em direção a cozinha. Ainda estava claramente abatida por causa da perda de Ângela e isso reverberava em seu estado físico.

- O que mais sabe sobre isso? – Sussurrei, me aproximando de Dane.

- Eu não sei muita coisa da ONPE, me atenho mais sobre os conhecimentos dos extraterrestres em si, suas espécies e costumes. Mas conheço pessoas que sabem… – Ele disse, querendo mesmo ajudar.

- Não… quanto menos pessoas souberem, melhor… – E seria mesmo. Eu não queria carregar o fardo de levar mais vidas em minhas costas, porém, eu sabia que, de alguma forma, já estava fazendo isso. Levando a vida de muitas que me viram.

Havia toda uma conspiração por detrás de tudo, havia seres perigosos que praticamente hipnotizavam e escravizavam aqueles terráqueos. Muitos sabiam e não podiam fazer nada, e quando diziam eram tomados como loucos, como era o caso daquela moça e de Dane.

Já outros… outros preferiam fingir que nada estava acontecendo. Porém, eu pensei que para eles talvez fosse melhor assim. O que poderiam fazer contra…?

Pensei em dizer o que poderíamos fazer contra eles? Mas logo refleti e a frase certa dita por mim fora o que poderiam fazer contra nós? E então olhei para minhas mãos com todos aqueles dons maravilhosos.

Olhei de volta para a televisão, e vi que a garota estava usando um crachá, e no crachá havia o próprio nome com as siglas que ela mesma acabara de mencionar: ONPE.

- Cuide de Titi, eu preciso fazer uma coisa! – Disse sem ao menos esperar a resposta de Dane.

- Certo, mas eu posso saber o que é? Preciso ficar por dentro das nossas missões! – Disse ele empolgado, mas naquela altura eu não estava mais lá. Ele não sabia, é tanto que ficou alguns minutos, parado ali esperando que eu respondesse.

Longe dali, especificamente já próximo a cidade, eu estava a voar, pairando sobre a cidade. Estava preocupado, não estava com uma sacola em minha cabeça ou com a roupa especial de super-herói que até cogitei usar. Ninguém podia me ver. Eu não conhecia os tipos de tecnologia que aquela cidade tinha, quem sabe já estivesse rastreando-me, e se estivessem eu teria que ter outro encontro nada bom com as autoridades. Para isso, eu me esforçava em todos os meus instintos avançados para detectar qualquer aproximação que pudesse haver antes de ser surpreendido. Não havia nada, até aviões normais não estavam passando.

Aquela parecia uma noite agitada e fria. Mas lá de cima tudo parecia o contrário. Se não fosse minha superaudição ouvindo várias e várias conversas paralelas dos terráqueos lá embaixo, só ouviria o zumbido do vento forte e gélido em meus ouvidos. Eu podia sentir que estava frio, mas o frio não me maltratava. Na verdade, eu sentia que nada podia me maltratar. Era uma sensação incrível de potência.

Foi então que consegui rastrear o que estava procurando.

Então aí está você… pensei e então saí voando rapidamente em sua direção.

Ela estava na cobertura de seu prédio, fumando um cigarro. Ou, pelo menos, tentando fumar um.

Mas aquela noite não seria agitava apenas por seus problemas. Começou uma ventania mais forte do que a que estava em sua cabeça naquele momento. Eu aposto.

Uma ventania causada por mim, e que não embaralhava apenas seus cabelos, mas todo o seu corpo a jogando para o lado para o outro no topo daquela varanda. Ainda bem que ela não estava na beira da cobertura.

Todo aquele vento que a balançou foi o meu movimento a chegar. Obviamente porque eu vinha de longe e em grande velocidade.

- Mas o que será isso?! – Ela levantou-se assustada, buscando um avião baixo ou até mesmo um pássaro. Nessas horas tendemos a procurar respostas lógicas, mesmo que não sejam tão lógicas assim.

- Você é a moça da entrevista? – Perguntei, me escondendo detrás de uma torre de rádio, onde as luzes da cidade não chegavam até mim.

- Quem é vo… – A moça já ia gritar assustada, mas logo se tocou de quem eu seria.

Os batimentos do seu coração pararam por alguns segundos, eu pude sentir, e o cigarro ainda aceso em sua mão, que não largara mesmo quase caindo do prédio com aquela ventania, agora tocou o piso sem ela nem se tocar.

- Acho que a minha chegada tão impetuosa já te respondeu – Falei.

- Como você me encontrou…? – Ela estava incrivelmente surpresa. Na verdade, sentia até um pouco de medo. Afinal era compreensível, eu não era deste mundo.

- Eu ouvi você amaldiçoando sua empresa.

- Você estava ali perto...? – Ela começou a dar voltas, tentando imaginar onde eu estaria. Mas logo parou.

- Não, eu estava lá em cima, mas consigo escutar bem – respondi, envergonhado-me. Não queria chegar de repente, aquilo era invasão de privacidade, mas precisava encontrá-la.

- Que incrível… – Disse ela, surpresa.

Eu podia sentir que o seu medo foi dando espaço para uma curiosidade, um fascínio, um interesse.

Fiquei surpreso. Pensei que ela começaria reclamar por ter sido surpreendida ou que ficaria mais assustada ainda com as minhas manifestações sobre-humanas, mas, pelo contrário, ela começou a se aproximar de mim, mesmo que não conseguisse, por eu estava longe. E eu via claramente uma curiosidade nos olhos dela. E que olhos azuis…

- Sinto que você deva continuar aí onde está – A preveni.

- Já sei, não posso saber a identidade secreta.

- Ainda não tenho uma.

- Foi meio que uma brincadeira. Não tem motivos eu não poder lhe ver. Afinal, você é um extraterrestre, todos querem lhe ver. E, pra falar a verdade, eu meio que já ti vi, então não tem prob… – Ela, enquanto tentava argumentar, tentava, também, se aproximar de mim novamente.

- Por favor, pare aí mesmo! – A minha voz mudou para uma voz mais assustada e firme. Essa tirou toda a calma dela, fazendo com que ela se arrepiasse.

- E-então o que você quer de mim… – Ela ficou nervosa.

- Primeiramente quero lhe agradecer. Você salvou a minha vida naquele dia – Isso a fez ficar um pouco mais calma de novo. Alguém que veio agradecer-lhe não podia querer lhe causar mal.

- Tudo bem… – Ela só conseguiu dizer isso.

- Em segundo, queria saber mais sobre essa tal ONPE que você mencionou na entrevista. – Eu tive que ser direto, mas não por querer.

Estava me sentindo estranho. Muito estranho.

Eu nunca tinha sentido isso em toda a minha vida em Thamura. Era algo intenso em meu peito, que parecia com uma mão que entrara garganta adentro e tirara a força todo o meu ar que estava em meus pulmões. Pensei que era algum efeito negativo por estar na Terra ou até por ter me esforçado. Mas não, era diferente, e não era de todo ruim. Meu coração também batia acelerado e não conseguia parar de olhar para aquela moça. Cada expressão do rosto dela, cada meio sorriso e até as mudanças do seu olhar entre um brilho de fascinação e a ofuscação de medo fazia com que eu ficasse extasiado. Todo aquele potencial e sensibilidade fazia com que pudesse notá-la mais a fundo a beleza daquela garota. Era incrível como ela parecia estar mexendo comigo. Pensara que quanto mais a lente se aproxima de uma pintura, mais fácil é de se achar os erros. Mas com ela não, quanto mais eu a olhava, mais eu via beleza. Era como se aquela garota não fosse apenas bela, mas emanasse toda a beleza do mundo.

- Ah, que irônico… – Ela voltou a sua vida real ao lembrar-se de algo. – Eu perdi o emprego. – Ela então buscou o cigarro, mas o mesmo estava no chão, depois despertou sobre o que ia fazer. Atrapalhada, ela buscou no maço um novo, mas ao colocar na boca, não conseguiu acendê-lo, não estava mais afim. Quis rir por um momento, mas segurei.

- Por que disse que é irônico? – Eu queria entender mais.

- A ONPE é meio que conhecia por suas conspirações com captura e negociações de extraterrestres. O certo era ela vir até aqui para me perguntar sobre você, mas foi você que veio até aqui perguntar por eles. Eles me demitiram, espero que você me contrate – Ela riu. tentando achar aquilo cômico, mas não estava.

- Por que você foi expor eles daquela forma, então?

Apesar de ter perguntado, foi uma atitude bem simples de se entender. Pareceu uma atitude de quem, em tese, não gostava da empresa, mas o que aparentava mesmo, era que ela estava bem triste por ser demitida.

- Eu sempre sonhei em ser uma cientista reconhecida. A ONPE é a maior empresa de tecnologia e lógico que têm os melhores cientistas do mundo. Toda a minha vida eu quis entrar para a empresa e consegui. Comecei a desenvolver projetos e a crescer dentro da empresa. Eu era boa… eu sou boa – Ela quis chorar, mas tentou se segurar.

Ela virou de costas para mim, agora olhando o céu limpo de estrelas, quase todo nublado. – Eu passei a procurar coisas estranhas dentro da empresa. Não que eu tenha dado total ouvidos as besteiras que aqueles alienados falam da empresa, mas, porque eu estava inquieta, algo parecia não se encaixar direito, às vezes. Então eu passei a ir no deserto buscar algumas pistas de dejetos de meteoros que caíram ali há alguns anos.

- Foi lá que você me encontrou… – Eu disse, agradecendo em pensamento por ela estar lá.

- Sim, foi lá que o encontrei. Porém, eu já estava indo lá há algum tempo. Foi então que encontrei uma pedra estranha, uma pedra que não temos aqui na Terra. Era uma pedra que estava em uma área onde um meteorito caiu há alguns anos. Eu levei a pedra para a ONPE em Washington. Eles mesmos tinham feito a pesquisa e limpeza quando esse meteorito aconteceu. Mas não sei, devem ter esquecido dessa pedra – Ela deu uma pausa para respirar e pensar sobre o que disse.

- Você é boa em achar coisas – Brinquei. Mas ela nem deu humor a isso, e continuou:

- Eles tomaram a pedra de mim e disseram que era apenas uma pedra. Me obrigaram a pegar um avião de volta para Lourence e disseram que se eu continuasse com essa pesquisa, eu seria demitida. Quando cheguei aqui, meu chefe me deu uma promoção e me passou uma linha de pesquisa com produtos contra radioatividade. Nada me tira da cabeça que eles se comunicaram e que ele fez isso só para me tirar do que eu estava buscando – Escutava atentamente, apesar de ficar ludibriado com o encanto que ela se mostrara ser – Porém, só me deu mais vontade de pesquisar. Então, resolvi buscar novas amostras escondida. Logo, encontrei você. A minha maior descoberta e minha maior tragédia. Pois eles descobriram que eu o encontrei e, obviamente, que eu estava lá pesquisando e cumpriram com a promessa me demitindo – Ela jogou os cigarros lá de cima, com raiva.

- Você é muito inteligente… – Eu ouvi tudo que ela disse, e concordava com essas questões conspiratórias. Porém, sentia meu senso influenciado por ela, o que não era sensato, mas não estava conseguindo evitar. Era quase como um feitiço daquela garota sobre mim.

- Obrigada, mas você, com certeza, é mais – Ela falou sem nem virar-se para mim.

- Como é seu nome? – Perguntei. Queria associar seu rosto a seu nome.

- Clarisse. Pode me dizer o seu...? – Ali sim ela se virou, apoiando-se os cotovelos no parapeito da cobertura.

- Harry… Harry Harold! – Disse enchendo o peito.

- Mas Harold não é sobrenome… – Disse com um meio sorriso.

- O que é sobrenome? – Me tornei confuso.

- É o que segue seu nome de batismo... é o nome da sua família.

- Oh, sim… – Refleti sobre.

O ‘‘nome’’ da minha família é muito grande e com muitos número. Iriam entender logo que não sou daqui.

- Pois é. Sou Harry Harold. Sendo sobrenome ou não.

- Que nome engraçado… – Ela pareceu ter um surto de riso. Não sabia se era de nervoso ou se realmente achou o nome estranho.

-  É um bom nome… – Fiquei sem graça.

- Sim, é um bom nome… – Ela falou.

- Você tem o sorriso mais lindo que eu já vi… – aquilo surpreendeu-a;
Ela parou de respirar, parou até de se mover, só conseguia olhar para a sombra parada escondida a alguns metros dela, tentando me ver.

- Obrigada… – Não saberia explicar como, mas ela ficou com muita vergonha e eu pude sentir isso.

- E isso é grande coisa, pois assim não é apenas o sorriso mais bonito desse mundo, mas de todos os mundos que eu já fui – Não sabia direito o que estava fazendo, mas as palavras saltavam de minha boca como mercúrio quando se tenta
pegar.

- Você é um ET bastante galanteador – Ela brincou, ajeitando os cabelos e desviando o olhar da minha sombra.

Ela estava descabelada, e só agora tinha prestado atenção em si. De imediato, passou a importar como eu a estava vendo, sua aparência e começou a ficar com mais vergonha ainda.

- Me desculpe, só que nunca tinha visto nada tão belo antes – Continuei, mesmo tendo me desculpado.

- Não tem problema…

- Vou deixá-la sozinha. Obrigado por suas informações e tenha uma boa noite – Ela não deu as informações que eu queria, não todas que precisava, mas também estava com vergonha o suficiente para que não conseguisse mais ficar de frente com ela sem que gaguejasse ou continuasse a falar coisas sem controle.

- Você também é educado para um ET – Ela brincou, com a voz sorridente.

- Aprendo rápido… – Disse.

- Só aprenda as coisas boas desse lugar; as ruins não. Por favor. – Ela pediu.

- Pode deixar… – Eu prometo. Prometi, mas guardei a promessa só comigo.

- Que bom.

- Sim, é bom.

E então um silêncio se fez, apenas as buzinas distantes dos carros lá embaixo e o barulho do vento forte passando por nós. Notei que aquela era a minha deixa, e então saí voando dali para que ela não me visse. Não voei rápido demais, estava com medo de que a força dos ventos a fizesse cair dali de cima, então preferi ir de costas, mesmo que minha vontade fosse sair de frente e olhando-a bem para lembrar-me por toda aquela noite. Queria vê-la ao máximo que pudesse antes que ela sumisse entre aqueles prédios.

Eu estava voando extasiado de emoção ao tê-la visto. Enquanto meu coração bombeava alegria e excitação além de sangue, minha cabeça enchia-se de pensamentos que variavam entre as informações que tinha obtido e como vê-la de novo. Foi quando algo me surpreendeu.

Fui atingido por algo com tanta força e velocidade que me jogou para algum lugar. Sequer tinha notado quem estava se aproximando de mim ou quem teria tanta força. Quando dei por mim, estava no deserto escuro. Não tinha sido ferido, o que me foi estranho. Afinal, parecia ter sido atacado.

- Você é mais jovem do que eu imaginava – Uma voz me falou. Podia ver quem estava na minha frente, mas era apenas uma sombra. Mesmo esforçando-me não conseguia distinguir quem era.

- Quem é você? – Perguntei me preparando. Seria mais um louco que tentara matar para não “estragar seus planos”.

- Pode me chamar aqui de Opheus – A sombra não parecia estar usando nenhum tipo de armamento ou armadura, era apenas um contorno de um corpo normal.

O “aqui” chamara a minha atenção. Sabia que se tratava de um extraterrestre, o que não era nada bom. Eu sabia que era um dos piratas estelares, que tentaria me matar para não atrapalhar seus planos. Então fechei meus punhos esperando o movimento dele. Mesmo se não me atacasse, não o deixaria continuar com suas atividades ilegais. Agora eu tinha tomado as dores e os problemas da Terra para mim.

- De que planeta você é?! – Eu perguntei. Toda informação era válida.

- Thamura, como você – Aquilo me fez ficar inquieto. Thamura quase nunca tinha um desvirtuado. Era um planeta bom e era de lá que saíam os melhores guardiões. E agora me deparava com um de lá, e nunca tinha ouvido história de algum Thamuríano que tivesse invadido a Terra.

- Impossível.

- Garoto, eu conheço você e seus pais. Sei que tem dois irmãos. Você é o do meio, vivia na sombra de seu irmão mais velho. Seu pai sempre se orgulhou mais dele do que de você. Por mais que se esforçasse, 220041 sempre estivera uma patente na sua frente na guarda e no coração de seu pai – Não queria, e não podia acreditar, mas era impossível aquele homem saber essas coisas. Eram todas verdades, o que me fez ficar perplexo.

- Você está dentro da minha cabeça… – Foi o que deduzi e preferi acreditar.

- Pode ser que sim, pode ser que não – Não respondeu, optou por me deixar com essa dúvida e angústias ao tocar naquele assunto tão delicado para mim.

- Não vou deixar você sair daqui impune. Você é um ilegal e está preso por seus atos! – Tentei colocar todo aquele turbilhão de sentimentos tragos com as palavras de Opheus ao ser novamente um guardão.

- Bom, vamos direto ao assunto. Você não pode me impedir, garoto. Estou aqui apenas por um pouco de respeito que tenho por seu pai. Quero que pare de se intrometer nos meus negócios. Se fizer isso, prometo que mexo os meus pauzinhos e logo lhe darei sua nave e as respostas que precisa para ir embora daqui e voltar para Thamura – Ele pareceu se distanciar, a passos curtos – Considere sua noite de sorte! Sorria, garoto. Vai voltar pra casa – Ele tinha uma risada que dava repulsa em mim.

A minha vontade não era de deixar aquele homem escapar. Afinal, ele era um violador de leis e estava agindo ilegal sobre aquele planeta. Eu sempre tive um instinto de justiça, ainda mais quando eram monstros como Opheus parecia ser. Mas, em contrapartida, aquele homem oferecera algo para mim: a volta para casa. Isso era tudo que parecia querer naquela manhã, mas não tinha mais tanta certeza agora. Claro que aquilo ainda me chamava a atenção, e muito. Mesmo que fosse fazer negócio com um bandido. No entanto, também era vender a minha honra e deixar para trás todo aquele jogo conspiratório e… Clarisse, Titi e até o atrapalhado do Dane. Essas questões me confundiam. Mas também não pude deixar de pensar no “meu” da frase dele. Opheus não era apenas um da corja, ele era algo grande.

- ESCOLHO OS DOIS! – Gritei ao ir na direção dele para prendê-lo, conseguir respostas e ter os dois.

- Garoto idiota! – Mal pude notar a sombra negra vindo em minha direção e me paralisando por completo.

- Mas o que é isso?! – A essa altura, não conseguia me mover.

- Vou levar em consideração que deve estar confuso com o que eu disse. Então não vou tomar essa como sua resposta definitiva. Vá para casa e pense com mais calma – Ele parecia ter um poder incrível. Ele era mais rápido, mais forte e até tinha dons que eu não conseguia compreender. Mesmo eu sendo incrivelmente forte, aquele homem parecia ser muito mais.

- Eu vou acabar com você agora… – Dizia esforçando-me, mas sem me mover em nada.

- Vai, claro que vai – E então Opheus estalou os dedos.

Senti o meu corpo formigar por completo e uma escuridão se fez. Quando dei por mim, o que pareceu ser em um segundo, eu estava na sala da casa de Titi…


Notas Finais


Me digam o que acharam e até o próximo capítulo ♥


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