História Harry Potter e a Ascensão do Príncipe - Capítulo Bônus

Harry Potter e a Ascensão do Príncipe

Bônus Cap.9

Blaise tentou não demonstrar sua surpresa quando Harry subiu as escadas animadamente. Sozinho na sala com comensais igualmente confusos ele caminhou até o sofá e se sentou esperando o retorno Harry, os homens olharam para ele alarmados, seus olhares demonstrando quantidades diferentes de surpresa, desprezo e ciúmes, desde o aparecimento de Mordred os comensais ansiavam por aprender mais sobre ele, saber como agrada-lo e por consequência ao Lorde das Trevas, ver um adolescente sentar-se confortavelmente na mansão quando eles próprios se sentiam inquietos era uma mensagem, Blaise quase sorriu, mas achou melhor ficar quieto.

Apenas alguns minutos depois de Harry e do Lorde das Trevas desaparecerem no andar de cima uma onda de poder aterrador inundou a mansão, fazendo todo seu corpo se arrepiar de medo, ele conhecia aquela energia raivosa, ele já tinha sido vítima dela, mas nunca com tanta potência, seu coração saltou uma batida ao pensar nisso, Harry estava machucando alguém, ele não podia ouvir os gritos, mas era como se pudesse ouvir o espaço vazio no ar onde eles deveriam estar, era assustador. Os comensais olharam um para o outro, sentindo a mesma pressão, mas não sabendo do que se tratava, dessa vez Blaise não tentou conter seu sorriso.

- Acho que nenhum de vocês teve a oportunidade de vê-lo em ação ainda, não é? – Perguntou ele, os três homens olharam para ele sem dizer nada, esperando que continuasse – Mordred, eu quero dizer.

- E você já? – Perguntou um deles depois de alguns minutos de deliberação silenciosa, os outros dois se afastaram, como se temessem alguma reação negativa do Lorde, caso ele soubesse que estavam falando sobre seu protegido.

- Sim, algumas vezes. – Admitiu Blaise, como se fosse nada.

- Como se Mordred fosse dar qualquer atenção a alguém que mal saiu de suas fraudas. – Zombou um dos outros, tentando soar mais certo do se sentia e falhando miseravelmente.

- Minha idade incomoda você? – Perguntou o mais jovem, um sorriso aberto e convidativo, muito parecido com o que sua mãe sempre usava.

- Talvez Mordred tenha alguma diversão com garotinhos. – Disse o primeiro comensal – Não sabemos muito sobre ele, pode ser algo que lhe agrada. É claro, normalmente seria sua mãe, mas você talvez seja mais o tipo dele, não é Zabine?!

Fúria nublou os sentidos de Blaise por alguns segundos, alimentada pelo pulsar constante da magia de Harry que estava inundando todo o ar da mansão, ele respirou fundo sabendo melhor do que reagir a esse tipo de insinuação, não era a primeira vez que ouviu algo assim e provavelmente não seria a última. Pensou em Hermione, em tudo que ela passou com as difamações de Skeeter e em como ela encarou aquilo com graça e paciência, ele podia fazer o mesmo, Harry não o julgaria por começar um duelo na sala de estar, mas Voldemort provavelmente não seria tão conivente.

- Você tem sorte que ele não está aqui para ouvir você. – Respondeu Blaise com toda a calma que conseguiu reunir, e se orgulhou de si mesmo quando sua voz não demonstrou nada além de suave diversão – Não acho que ele tomaria essas acusações de animo leve.

- Por favor, quase não são acusações. Todos sabemos qual é a função da família Zabine nas linhas. – Continuou o primeiro comensal, Blaise olhou para ele com atenção, tentando gravar suas características, ele não conseguia se lembrar seu nome, mas queria ter certeza que poderia descobrir mais tarde.

- Eu me sentiria ofendido, se me importasse minimamente com sua opinião. – Blaise se pegou ansiando pelo retorno de Harry, ele queria acabar com aquilo de uma vez, sua mãe lhe treinou desde muito jovem para ser um diplomata, dizia que era necessário, uma vez que teria que lidar com diferentes tipos de pessoas quando assumisse os negócios da família, mas ser treinado para ouvir coisas como essa e continuar a mostrar uma face calma não o impedia de se irritar – De qualquer forma acho que entendo um pouco do seu rancor, deve ser irritante saber que alguém que como você disse ‘saiu das fraudas’ tem acesso a Mordred quando ele provavelmente nem reconhece a sua existência.

‘Seja autoconfiante, mas não arrogante.’ Ele quase podia ouvir a voz de sua mãe em seu ouvido, ele nunca tinha realmente conseguido dominar a linha entre ambas as coisas, e se o olhar no rosto dos comensais era qualquer indicação, ele tinha falhado mais uma vez.

O comensal estava vermelho de raiva e prestes a responder quando mais uma onda de magia lavou sobre eles fazendo toda a cor desaparecer de sua face, que agora exibia uma palidez doentia.

- Eu não gostaria de estar na pele de quem está lidando com ele agora. – Murmurou Blaise calmamente, ele conhecia Harry o suficiente para saber que ele não distribuía sua raiva abertamente, mas os outros não conheciam, e ele podia ver em seus rostos o temor, como se esperassem que Mordred descesse as escadas a qualquer momento e decidisse que eles eram um alvo melhor.

- Ele... – Começou o terceiro comensal, aquele que não tinha falado em momento nenhum desde que chegaram, ele era jovem, provavelmente dois ou três anos mais velho que Blaise e seu sotaque deixava claro sua descendência, o negro forçou a memória, tentando se lembrar se o tinha visto nos corredores de Hogwarts vestindo as peles abafadas de Durmstrang – Ele é sempre assim?

- Na maior parte do tempo ele é bem calmo na verdade. Acho que quase não o vi perder a compostura desde que o conheci. – Respondeu Blaise, mantendo a frase o mais vaga possível – Imagino que seu diretor o tenha irritado pessoalmente.

O rapaz se tornou pálido como papel, quase esverdeado quando se ajeitou junto a lareira, a postura rígida e defensiva.

- Ele não é meu diretor. Ele traiu a todos nós quando abandonou a escola assim que desembarcamos.

- Não lembro de ter visto nada sobre isso nos jornais. – Disse Blaise, contente por ter mudado de assunto e desgostando muito menos daquele garoto do que dos outros comensais na sala.

- Não houve qualquer informação. Madame Kalina cuidou de tudo quando chegamos, ela é professora de encantos, decidiu que não seria bom para escola alardear o desaparecimento de Karkaroff. Muitos dos alunos acreditaram que ele tinha saído para se juntar ao Lorde das Trevas, alguns de nós sabíamos que não era o caso.

- O que Krum pensou? – Perguntou Blaise, ele ainda não gostava do apanhador e ele sabia que o sentimento era diretamente ligado ao tempo que Hermione o namorou, mas saber disso não o impedia.

O jovem comensal deu de ombros antes de responder.

- Ele não é exatamente uma pessoa muito aberta, mas eu sei que estava irritado com Karkaroff durante meses. Algo haver com a nascida trouxa que ele namorou em Hogwarts, Karkaroff não aprovava, dizia que ela iria denegrir sua imagem. – Blaise apertou os punhos irritado, mas era obvio no Tom do comensal que ele achava aquilo uma besteira.

- Quanto mais escuto sobre ele, mas improvável me parece que alguém tão estupido poderia ser diretor de uma escola como Durmstrang. – Murmura Blaise e o jovem comensal Bulgaro ri.

- A maioria do nosso corpo docente concordaria com você.

- Ele ganhou a posição vendo informações sobre o Lorde das Trevas. – Grasnou o comensal mais velho, seu olhar estava repleto de desprezo e raiva – Ele entregou todos aqueles que conhecia ao ministério, aquele idiota, ele deveria saber que o Lorde não perdoaria isso quando voltasse.

- Ele mal saia de Hogwarts desde que chegamos lá. – Disse o Búlgaro – E mesmo lá nunca estava sozinho, todos notávamos que ele estava em pânico, mas a maioria não sabia porque.

A casa estremeceu novamente, dessa vez foi mais intenso do que todas as outras vezes, apavorante, aterrador, até mesmo Blaise que sabia que Harry nunca o atacaria daquela forma se encolheu. E então tudo parou, não havia mais dor no ar, embora houvesse algo que ele não podia identificar, algo animado e crescente e Blaise respirou aliviado, tinha acabado, de alguma forma ele sabia, então ele se fez mais confortável no sofá e esperou, ele só desejou que Harry pudesse explicar as coisas para ele depois.