História Harry Potter e a Ascensão do Príncipe - Capítulo Bônus

Harry Potter e a Ascensão do Príncipe

Bônus Cap.12

Draco já estava andando ao redor do quarto pelo que pareciam horas, mas em algum lugar em sua mente ele sabia que não poderiam ser mais de dez minutos desde que ele desistiu de tentar se distrair com seus livros, a cada barulho no corredor o loiro o olhava ansioso, mas a porta nunca se abria. Faltava menos de quarenta minutos para o início da reunião e ele sabia que Theo nunca a perderia, ele não podia perder, porque ele era o único que dizia a ele, mesmo que fosse tão vago que geralmente era mais irritante do que esclarecedor, o que estava acontecendo.

Desde o fim do ano letivo Theo tinha se tornado uma presença constante em sua casa, ele não sabia como o moreno tinha convencido seus pais a deixarem isso acontecer, mas conhecendo Theo, ele sabia que nada poderia detê-lo, permissão dos pais ou não. Os únicos momentos em que Nott lhe deixava respirar era quando acontecia uma reunião, ou quando ele precisava buscar alguma informação na biblioteca privada de sua casa. Draco não sabia quando a presença constante de Theo tinha deixado de ser irritante e se tornou reconfortante, quando a mania de Theo de se meter em tudo tinha se tornado em pouco adorável ao invés de sufocante, isso apenas aconteceu e ele não tinha forças para lutar contra isso. Claro, isso não significava que ele diria qualquer disso ao rapaz, Theo já era presunçoso o suficiente sem saber disso.

Agora, Draco se encontrava vagando pelo quarto esperando que The Theo voltasse. Ele tinha saído para visitar a casa de Greengrass em busca de um registro familiar antigo e isso deveria ter sido rápido, mas já faziam horas e isso não seria um problema se não fosse a casa de Greengrass, Draco sabia da paixão eterna de Greengrass por Theo e tinha certeza que a garota estava de alguma forma relacionada com seu atraso, o que ele não sabia era porque isso o estava incomodando.

Quando Theo finalmente voltou faltavam vinte minutos para o início da reunião e Theo entrou no quarto com o sorriso mais irritantemente presunçoso que ele poderia dar e não pela primeira vez Draco quis enfeitiça-lo com a pior magia com que conseguia se lembrar.

- Você está atrasado. – Foi a primeira coisa que Draco e o sorriso de Theo cresceu impossivelmente.

- Não estou, eu ainda tenho vinte minutos pelo menos.

- Por que você demorou? Achei que você só precisasse buscar um livro. – Continuou o loiro sem se importar com o que o outro tinha dito.

- Está mais para um conjunto de livros. – Respondeu Theo erguendo cindo livros e uma serie de pergaminhos que estava carregando e então depositando sobre a escrivaninha de Draco como se fosse a dele – Eu teria sido mais rápido, mas Greengrass resolveu me ajudar – O rapaz deu um sorriso ainda mais cafajeste – Digamos que ela foi mais distrativa do que útil.

- E você acha sensato perder tempo se enroscando com Greengrass no dia de uma reunião?! – Draco estava vermelho de irritação e algo mais que ele não conseguia bem identificar o que, mas só alimentava sua raiva – O que você acha que o Lorde das Trevas faria com você se tivesse se atrasado?!

- Do jeito que você fala até parece preocupado com meu bem-estar. – Zombou Theo, antes de acrescentar tão baixo que era quase inaudível – Ou com ciúmes.

- Não estou preocupado Nott. – Esbanjou Draco, optando por ignorar a outra parte da frase – Você é minha única fonte de informações, se você fosse banido das reuniões eu ficaria no escuro. E isso é algo que eu definitivamente não quero.

- Percebo que você não negou que estava com ciúmes. – Disse o outro tentativamente.

- A ideia de eu sentir ciúmes de você é tão ridícula que nem vale uma resposta minha. – Objetou o loiro, mas seu rosto estava quase tão vermelho quanto os cabelos de um Weasley.

- Por que é tão ridícula?! – Perguntou Theo calmamente, ajeitando os livros e pergaminhos sobre a mesa sem olhar nos olhos do loiro – Você é uma das pessoas mais ciumentas que já conheci.

- Por que sentiria ciúmes de você?! – Objetou Draco, cruzando os braços e sentindo-se extremamente defensivo.

- Porque somos amigos. – Respondeu Theo com leveza – Não é nada incomum que amigos sintam ciúmes uns dos outros. Se você me disser que sente ciúmes de Greengrass eu pararia de vê-la.

- Não seja estupido. – Bufou Draco – Você sabe que vai precisar acessar sua biblioteca outras vezes. Não pode parar de ve-las.

- Eu daria um jeito. – Disse Theo dando de ombros despreocupadamente – Se você pedir, eu não vou mais vê-la até que voltemos a Hogwarts. Te dou minha palavra. Só o que você precisa fazer é pedir.

Theo estava sorrindo satisfeito enquanto encarava o loiro. Draco conhecia aquele sorriso, ele sabia o que significava, queria dizer que Theo sabia de algo que ninguém mais sabia e que essa informação era particularmente boa para ele. O loiro não sabia o que fazer com isso, por um lado, ele adoraria que Theo ficasse longe das garras de Greengrass, nem que fosse apenas pelo prazer de irritar a garota, por outro lado, dizer a Theo para se afastar dela sentia-se com se ele estivesse deixando o outro rapaz vencer algum jogo que Draco nem sabia que eles estavam jogando. Se encararam por um tempo, Theo ainda sorrindo.

- Não ligo para o que você e a Greengrass fazem. Eu só não quero que você se atrase e seja expulso das reuniões. – Disse Draco, finalmente e o sorriso de Theo vacilou um pouco, parecendo mais cansado que sua idade.

- Não estou atrasado. – Insistiu Theo, mas toda a vivacidade de sua voz tinha se perdido – Vou te dizer o que aconteceu depois da reunião, não se preocupe.

Theo parecia cansado e hostil e Draco não gostou nenhum pouco.

- Por que você está irritado agora?! Não fui eu que deixei você sozinho a tarde toda. – Defendeu-se o loiro, mesmo que não soubesse ao certo do que estava se defendendo, ele percebeu que passava a maior parte de seu tempo com Theo sem saber o que estava acontecendo.

- Eu não sei se você é extremamente ingênuo ou só é cruel mesmo. – Disse Theo, mas parecia estar falando consigo mesmo – Não importa, de qualquer forma acho que a culpa é minha por deixar você ser assim.

- Do que você está falando? – Perguntou o loiro, não gostando nenhum pouco de sentir-se tão perdido.

- Sabe o que eu fiz durante a tarde inteira Draco?! – Perguntou Theo, irritação e magia estalando em sua voz – Eu fiz uma pesquisa que geralmente levaria dez horas em quatro. Eu gritei com a Greengrass, que é tecnicamente a dona da biblioteca em que eu estava pesquisando, para me deixar um paz e parar de me distrair. Estou morrendo de dor de cabeça porque tomei duas poções ampliadoras de foco nas ultimas duas horas, mesmo sabendo que haveria esse efeito colateral, tudo isso para que eu pudesse voltar a tempo para uma reunião da qual eu já tinha sido liberado de qualquer maneira. E você sabe porque eu fiz tudo isso?

Draco não tinha certeza se ele queria saber, ele tinha medo de perguntar, mas os olhos de Theo suplicavam a ele que perguntasse e naquele momento ele não tinha forças para recusar o pedido.

- Por que?

- Por você. Tudo que eu tenho feito nos últimos meses é por você. Eu praticamente me tornei um Comensal da Morte por você. Eu não precisava, você sabe, me juntar a nenhuma das reuniões, o Lorde das Trevas não costuma permitir bruxos menores de idade em suas fileiras. Eu precisei implorar ao meu pai que convencesse o Lorde de que eu era o melhor pesquisador da familia, o que eu sou, e que me ter nas reuniões era melhor do que receber informações de segunda mão. Eu não precisava fazer isso, meu mestre é o Harry não o Lorde das Trevas, mas eu sabia que se não fizesse eu não poderia ter as informações necessárias para te acalmar, então eu fiz. – Theo respirou fundo, tentando se acalmar um pouco – Eu achei que se eu desse tempo a você, você me perceberia, que enxergaria tudo que eu tenho feito por você, mas isso foi estupido da minha parte. Você é mimado e egoísta demais para perceber esse tipo de sutileza e eu estou cansado de esperar.

- O que?! – Perguntou o loiro, sentindo-se atordoado com a explosão de Theo, mas ao invés de uma resposta verbal o que ele recebeu foram os lábios de Theo pressionando insistentemente contra o dele.

Theo o beijava como fazia todo o resto, com intensidade e certeza, mas ainda com uma graça inerente. Seus lábios sugavam os de Draco sem qualquer cuidado tentando persuadir uma reação que o choque não permitia que o outro tivesse, pelo menos não até que uma das mãos de Theo segurasse em sua cintura, puxando-o para mais perto enquanto a outra mão estava em sua nuca, firme, direcionando seu rosto para que o beijo pudesse se tornar mais profundo. O loiro não sabia o que fazer com as próprias mãos, então deixou-as caídas ao lado do corpo, Theo não parecia se importar com sua falta de reação aparente quando sua língua acariciou a costura de seus lábios, instigando-o a abri-la e deixa-lo entrar, o que Draco fez sem sequer um segundo de hesitação. A boca de Theo era quente e acolhedora, e por baixo do sabor do próprio Theo, Draco podia provar a poção sobre a qual o outro falou. O beijo de Theo passava segurança, conforto e não uma quantidade pequena de necessidade, Draco estava ficando sem ar antes que a chama do beijo se apagasse.

- Bem, aí está algo que não se vê todos os dias. – Veio uma voz na direção de onde ele se lembrava vagamente ficava a porta, era difícil pensar, sua cabeça parecia cheia de algodão ou alguma outra coisa que tornava difícil se concentrar em qualquer coisa além das mãos de Theo.

O loiro tentou empurrar-se para longe de Theo, mas as mãos em suas costas e pescoço o impediam, o que foi bom porque do contrário ele teria caído.

Bellatrix estava encostada a ombreira da porta, um sorriso malicioso enfeitava seu rosto, combinando com seus olhos cheios de uma animação enlouquecida.

- Eu, nós... – Começou Draco, mas sua voz estava grossa e embolada, quase incompreensível, então ele se calou, o sorriso de sua tia cresceu.

- Não posso dizer que estou realmente chocada. Só acho que vocês deveriam trancar a porta antes de se entregarem a esse tipo de atividade. – Disse a mulher, acenando as mãos despreocupadamente.

- A porta estava trancada. – Objetou Theo, e Draco o odiou por um segundo, porque ele parecia completamente não afetado.

- Ora, em uma casa cheia de bruxos, é simplesmente estupido confiar em coisas como chaves, não é?! Usar uma tranca comum é quase o mesmo que convidar algum a entrar. – Os olhos de Bellatrix se iluminaram com ainda mais diversão.

- A senhora tem uma razão para ter vinda até aqui? – Perguntou Theo calmamente, ainda sem se afastar de Draco.

- Um menino tão educado. – Implicou a mulher antes de sorrir e continuar – A reunião está para começar. Se você não está muito ocupado, deveria descer agora.

- Estarei lá embaixo em um minuto. – Disse Theo e aquilo era uma clara demissão, Bellatrix acenou e se retirou, mas os rapazes ainda ouviram-na murmurar “... tão maduro.”, enquanto caminhava pelo corredor, Theo se virou para Draco, finalmente se afastando para olhar em seus olhos – Bom, acho que você entende agora o que eu quero. Tenho que descer para a reunião. Pense nisso por enquanto.

E então, sem dizer mais nada, Theo lhe deu um beijo rápido e macio, desaparecendo pela porta em direção a reunião, deixando Draco com muito o que pensar.