História Harry Potter e a Ascensão do Príncipe - Capítulo Bônus

Harry Potter e a Ascensão do Príncipe

Bônus Cap.17

                O loiro estava deitado sobre o peito do moreno, acariciando distraidamente sua pele tatuada, ambos aproveitando o calor e o conforto relaxante após todo o exercício que acabaram de ter. Sirius estava sorrindo para o teto, tentando se permitir acreditar que aquela era sua realidade agora, o corpo quente do homem que o amava caído molemente sobre o seu, como se aquele tivesse sido seu lugar o tempo todo, Talvez tivesse, talvez tenha sido eu quem demorou demais para ver, pensou o moreno ao beijar o topo da cabeça de Barty e tentar se levantar da cama.

                - Onde você pensa que está indo?! – Perguntou Barty falsamente irritado, emaranhando suas pernas entre as de Sirius para impedi-lo de sair – Eu ainda não terminei com você.

                - Acho que você se aproveitou de mim o suficiente por uma tarde. Já não sou tão jovem quanto fui. – Reclamou Sirius.

                Barty se moveu sobre ele e Sirius pensou que ele iria se levantar, mas ao invés disso o loiro sentou-se sobre sua pélvis e espalmou seu peito sensível com mãos ásperas.

                - Você me pareceu bastante jovial a alguns momentos atrás, velhinho. – Respondeu Barty ajeitando-se melhor sobre o corpo maior e assistindo à reação de Sirius aos movimentos.

                Sirius observou Barty antes de dizer qualquer coisa, a cicatriz da ferida que quase causou sua morte, a assinatura do dia em que Alice salvou sua vida, ela não era mais sensível que qualquer parte do peito do loiro, mas Sirius gostava de acaricia-la, de sentir a aspereza com a ponta de sua língua, tocar a mortalidade de Barty e sentir que ele estava ali, que ambos estavam ali apesar de tudo que passaram, provavelmente por tudo que passaram. Ele não podia olhar para Barty, seus cabelos cor de areia e eternamente desalinhados, seu abdômen magro e marcado, suas pernas finas e firmes, sem pensar no quanto suas imperfeições o faziam tão perfeito.

                - Eu adoraria deixar você descobrir o qual jovial eu posso ser... – Disse Sirius e Barty abriu um de seus sorrisos maníacos – Mas, eu preciso checar Alice, ela tem exigido demais da própria magia ultimamente, e além de atrasar seu processo de cura, pode acabar se machucando.

                - Alice é uma adulta Sirius, ela sabe que limites pode atravessar. Além disso, Frank está com ela, ele não vai deixa-la ir muito longe, você sabe o qual irritantemente superprotetores os Grifinórios podem ser. – Implicou Barty, parando de falar para beijar Sirius o mais apaixonadamente que podia a cada duas palavras e se o moreno fosse sincero consigo mesmo ele admitiria que mal registrou qualquer coisa do que Barty estava dizendo depois do primeiro beijo, o que era provavelmente o ponto do loiro o tempo inteiro.

                Sirius agarrou a nuca de Barty e o puxou para baixo para beija-lo profundamente. Seus peitos foram pressionados um contra o outro e Sirius sentia o retumbar frenético de um coração, ele só não tinha certeza se era o dele ou o de Barty, não que isso importasse muito, vagar as mãos sobre ambas as coxas do loiro era muito mais importante.

                Ambos estavam perdidos em caricias novamente, explorando os corpos que já conheciam tão bem aquele ponto, por vários incontáveis minutos quando um pulso de magia errática inundou a casa, desesperada e crua, Sirius conhecia aquela magia perfeitamente, ele empurrou Barty e dessa vez o loiro não protestou, ambos se vestiram apressadamente e correram pelo corredor, passando pelo quarto que pertenceu a Régulos e agora era ocupado pelos Longbottom, a porta estava escancarada como se o ocupante tivesse saído ás pressas, eles continuaram até o maior quarto da casa, a suíte que costumava ser de seus pais e agora abrigava as crianças adormecidas, a porta deste cômodo estava aberta também, o quarto estava escuro, como se o pulso de magia tivesse apagado todas as velas. No canto da sala, perto de uma das camas estavam os Longbottom, Frank segurava o corpo pálido de Alice, seus olhos estavam fechados, mas sua expressão estava contorcida em desconforto, seus lábios sem cor estavam entreabertos sorvendo grandes quantidades de ar de cada vez, mas era obvio que ela não estava consciente.

                - O que vocês estavam tentando fazer? – Perguntou Sirius, sua voz uma mistura de raiva e preocupação, enquanto Barty corria para perto do corpo de Alice quase em desespero, Barty tinha um grande respeito e carinho por Alice desde que a mulher salvou sua vida tantos anos antes.

                - Ela disse que estaria na biblioteca, eu não sabia que planejava algo! – Respondeu Frank, mas ele não estava olhando para Sirius, apenas encarava o semblante inquieto da esposa.

                - Acho que ela tentou romper o selo. – Disse Barty, levantando-se com relutância para checar a criança, era um menino de cabelo e pele castanhos, parecia ter não mais do que treze anos, o rosto ainda mantinha feições infantis, ele não parecia diferente de qualquer outro dia em que Sirius olhou para ele, Barty levantou suas pálpebras para ver se havia alguma diferença na resposta de seus olhos, ele ergueu a varinha e iluminou seu rosto, mas suas pupilas não se contraíram, como nunca se contraiam, Barty colocou a mão sobre o peito do rapaz e sentiu a batida lenta e constante de seu coração, sua respiração fraca como de costume, a criança estava viva e isso já era mais do que ele esperava.

                Barty volto para junto de Alice e segurou uma de suas mãos, estava fria e não respondia ao toque, ele tentou manter a calma, Frank já parecia nervoso o suficiente por todos eles.

                - Precisamos chamar Lupin. – Disse o loiro, suas palavras cortando o ar pesado e silencioso.

                - Ele não é um medimago. – Protestou Sirius, confuso e sem saber se havia algo que Remus pudesse fazer.

                - Mas ele certamente terá alguma ideia de como devemos agir, ele cuida dessas crianças desde antes de nós e se mais nada, vivendo com Snape ele conhece poções curativas o suficiente para nos ajudar de alguma forma. – Argumentou Barty e Sirius não discutiu, ele poderia ver no rosto de Barty que ele não estava feliz com a situação de forma alguma, o loiro não gostava da presença do Lobo e Sirius entendia, havia muita história entre ele e Remus, muitos assuntos inacabados e mesmo que Sirius estivesse apaixonando-se por Barty mais a cada dia, o moreno sempre amaria Remus de uma forma ou de outra e Barty sabia disso.

                Sem dizer mais nada Sirius correu para fora do quarto em direção a sala de estar onde poderia usar a única lareira conectada clandestinamente a rede de Flu, ele se ajoelhou bruscamente diante das chamas sem se importar com a dor do impacto.

                - Remus Lupin. – Chamou Sirius assim que as chamas brilharam esverdeadas, alguns momentos se passaram sem resposta e ele chamou novamente, mais alto e ansioso do que da última vez – Remus Lupin.

                Remus entrou na sala com a face amassada como se tivesse acabado de acordar de uma soneca da tarde, sua roupa estava desalinhada e o cabelo apontando para todos os lados, havia círculos escuros sob seus olhos e o moreno podia ver hematomas se tornando amarelados em seu pescoço e na parte do peito que a camisa desabotoada mostrava, Sirius ficou surpreso consigo mesmo por não perceber que a lua cheia tinha acabado de passar, durante tantos anos ele esteve atento as fases da lua que ele acreditava que tinha se tornado quase um pensamento automático saber sobre elas agora, era a primeira vez desde o começo da adolescência que ele não pensava na lua e em sua influência sobre Remus por tanto tempo. O moreno não sabia dizer se perceber isso o deixava aliviado ou incomodado, mas ele não tinha tempo para pensar sobre o assunto naquele momento.

                - Sirius, o que houve?! Você sabe que não é seguro entrar em contato comigo. – Disse Remus, sua expressão uma mistura de cansaço e preocupação.

                - Alice fez algo muito estupido e nós não sabemos como ajuda-la. Precisamos de você. – Disse Sirius apressadamente, não vendo nenhuma razão para alongar a discussão, o rosto de Remus mudou imediatamente, o cansaço desapareceu de suas feições sendo substituído por uma calma seria e distante, a mesma expressão que ele sempre fazia quando enfrentava um problema muito complicado.

                - O que ela fez?

                - Não temos certeza, mas achamos que ela tentou romper o selo de uma das crianças. Nada aconteceu com o menino, mas Alice está desmaiada, sua magia errática e parece mais fraca a cada segundo. – Resumiu Sirius assistindo o lobo respirar fundo de olhos fechados, como se estivesse contemplando as opções.

                - Não sei se há muito que eu possa fazer, mas podemos tentar estabilizar sua magia com o mesmo feitiço que usamos para estabilizar as crianças. Vou levar também algumas poções de reposição energética. Chegarei aí em poucos minutos. – E sem esperar por qualquer resposta Remus encerrou a conexão.

                Com um suspiro ele se levantou do chão e bateu a poeira para fora da roupa antes de subir para encontrar os outros. Eles tinham levada Alice para o próprio quarto e a deitado em sua cama, com as velas acesas ela parecia ainda mais pálida e doentia e era obvio no rosto dos outros que eles estavam pensando o mesmo que Sirius.

                - Moony tem uma ideia que talvez possa ajudar. – Disse Sirius enquanto se movia para ficar ao lado de Barty e apertar seu ombro tentando lhe oferecer algum conforto – Ele disse que reuniria algumas poções e viria o mais rápido possível.

                Barty acenou distraidamente, ainda segurando uma das mãos de Alice, Frank sequer pareceu notar que Sirius tinha reentrado no quarto. Poucos minutos depois eles ouviram o som da lareira anunciar a chegada do lobisomem que chegou até o quarto mais rápido do que qualquer humano poderia, ninguém perdeu tempo com cumprimentos, eles apenas se afastaram da cama e deixaram a recém-chegado trabalhar. Remus acenou com a varinha sobre o corpo inconsciente de Alice com movimentos que Sirius reconhecia vagamente de seu treinamento medico básico durante sua formação Auror, aquilo parecia uma vida inteira atrás, quase como se tivesse acontecido a outra pessoa, o lobo franziu a testa para as linhas que apareciam no pergaminho em suas mãos, seu próximo feitiço pareceu muito mais elaborado e complicado do que o anterior e nenhum dos homens sequer poderia começar a acompanhar o que estava sendo feito, mas logo Alice começou a brilhar em um verde suave que parecia mudar de tom a cada momento, esse efeito era conhecido por todos eles, era exatamente como o brilho que circundava as crianças todo o tempo. Quando Remus terminou ele parecia exausto outra vez, mas Alice já não parecia mais angustiada, e assim que o lobo administrou as poções que trouxe consigo a cor voltou a sua pele e todos suspiraram de alivio.

                - Tudo que podemos fazer agora é deixar que ela descanse. – Disse Remus, ajeitando sua postura e seguindo para fora do quarto, Sirius e Barty o seguiram rapidamente, mas Frank hesitou por alguns segundos, sem ter certeza se era mais importante estar ao lado de sua esposa ou ouvir as conclusões de Lupin, mas pelo olhar no rosto do lobo ele decidiu que deveria ouvi-lo, mas assim que eles estavam fora dos limites do quarto o homem parou deixando claro para todos que não iria mais longe que aquilo, os outros entenderam.

                - Quando ela vai acordar? – Perguntou Frank preocupado com qual poderia ser a resposta, Remus sorriu para ele tentando confortá-lo.

                - Provavelmente amanhã de manhã. – Disse o lobo, mas então sua expressão se tornou severa novamente – Mas não é essa a maior preocupação. Ela esteve a um passo da exaustão magica, o esforço que fez quase consumiu sua própria força vital, se ela tivesse tentando isso em uma criança minimamente mais poderosa poderia ter morrido e não haveria nada que ninguém pudesse fazer. Como foi, ela pode ter comprometido permanentemente seu núcleo magico.

                - Isso quer dizer o que eu acho que quer dizer? – Perguntou Barty, porque aparentemente nenhum dos outros teria coragem de perguntar, tanto para serem Grifinórios, Remus olhou nos olhos do loiro e a tristeza que residia nos olhos dourados era resposta suficiente – Quando poderemos ter certeza?

                - Eu não sou um medimago, não sou a melhor escolha para fazer esse diagnóstico.

                - Você é a única escolha que temos. – Argumentou Frank, sua voz era morta e distante, deixando obvio que sua mente estava em outro lugar.

                - Há Narcisa. – Argumentou Remus esperando o protesto imediato de Frank, mas esse protesto nunca veio, o homem parecia chocado demais com o estado da esposa para poder se concentrar em qualquer outra coisa.

                - Ela não sabe sobre os Longbottom. – Disse o loiro.

                - Bom, ela é a melhor opção.

                - Não podemos simplesmente chama-la até aqui. Nós temos que falar com o Lorde das Trevas sobre isso. – Enquanto dizia, Barty sabia que não importava como essa informação chegasse ao lorde, a situação não seria agradável, isso era um sério contratempo nos planos de Voldemort.

                Eles se calaram por um tempo, contemplando as possibilidades em suas próprias mentes, em algum ponto Frank voltou pra dentro do quarto e fechou a porta sem dizer nada a nenhum dos outros, ninguém poderia culpa-lo por isso. Depois do que pareceu um longo tempo Sirius falou.

                - Eu vou até ele dizer o que aconteceu. – Disse o moreno, Barty olhou para ele suplicante.

                - Não, eu devo ir. Eu sou o único que realmente é um comensal aqui, se alguém deve lidar com ele deve ser...

                - Eu. – Interrompeu Sirius, pegando as mãos do loiro e segurando firmemente entre as suas – Era minha responsabilidade vigiar os Longbottom, garantir que eles não se excedessem. Eu falhei e eu devo encarar as consequências.

                - Mas foi minha culpa Sirius, se eu não tivesse insistido que você ficasse comigo naquela hora, se eu não tivesse distraído você...

                - Eu não deveria me deixar levar, não importa qual distrativo você possa ser. – Disse Sirius sorrindo, mas até mesmo para si mesmo a tentativa pareceu fraca e insincera.

                - Ele vai torturar você. – Disse Barty, porque nenhum deles duvidava disso, afinal, o Lorde não era conhecido por deixar erros como esse passarem impunes.

                - Antes eu do que você. – Disse Sirius e quando Barty abriu a boca para protestar o moreno o calou com um beijo, sem se importar que Remus estivesse ali, sem se importar com nada além de acalmar o loiro – Eu sou um Black e fui treinado como Auror. Eu posso lidar com um pouco de dor, o que eu não posso lidar é com você passando por isso.

                - O que te faz pensar que eu posso?! – Exclamou Barty.

                - Não adiante ficarmos discutindo isso. É assim que vai acontecer Barty. Quanto mais cedo eu falar com ele, mais cedo Narcisa pode olhar Alice. – Sirius beijou a testa do mais jovem – Mande uma mensagem para ele dizendo que estou indo até lá.

                - Se eu me recusar? – Perguntou Barty em desafio e dessa vez o sorriso de Sirius foi mais sincero.

                - Então terei que aparecer de surpresa e todos sabemos o qual desastroso isso pode ser. – Barty não respondeu, ele olhou para o moreno com irritação resignada e saiu em direção ao quarto enquanto puxava a manga para cima e tocava sua marca negra, o fato de o loiro ter deixado Remus e Sirius sozinhos era prova suficiente do qual irritado ele estava com o moreno, Sirius olhou pro lado e viu os olhos igualmente preocupados de Remus que estava prestes a dizer algo que Sirius podia bem imaginar o que era, então ele interrompeu – Não você também, Moony. Eu vou ficar bem.

                - Não, você não vai e você sabe que não vai. Ele tornará isso ainda pior porque é você, já que vive o desafiando... talvez você devesse deixar que Barty...

                - Você deixaria Snape ir no seu lugar? – Perguntou Sirius, surpreendendo a si mesmo que não machucou perguntar, talvez porque ele soubesse a resposta, talvez porque agora ele tinha outra pessoa além de Remus por quem ele faria qualquer coisa.

                - Não. – Disse Remus e para surpresa de Sirius ele estava sorrindo – É por isso que quando ele achou que Voldemort ia mata-lo ele saiu no meio da madrugada e me deixou apenas uma carta explicando.

                - Tenho certeza que você o colocou na casinha do cachorro por uma semana graças a isso.

                - Um mês. – Corrigiu Remus – Mas eu entendi, não podia realmente culpa-lo por isso, eu não tenho certeza se faria diferente.

                - Nós fazemos todo possível para manter aqueles que amamos seguros, mesmo que isso os faça nos odiar um pouco as vezes.

                Como se estivesse esperando uma deixa Barty colocou a cabeça para fora do quarto e disse.

                - Ele vai recebe-lo hoje a meia-noite. – Ele parecia preocupado e irritada e mal olhou no rosto de Sirius antes de voltar para o quarto.

                - Acho que é você que vai estar na casinha do cachorro essa semana. – Brincou Remus.

                - Se for para ele ficar bem e seguro. Está bem para mim.

                - Boa sorte hoje à noite. – Disse Remus, Sirius virou para ele com um sorriso cafajeste como era sua assinatura.

                - Sendo sincero, estou mais preocupado com o que o comensal na minha cama vai fazer comigo do que com o Lorde das Trevas no momento.

                Os dois marotos sorriram um para o outro e trocaram um aceno de despedida, Sirius suspirou e seguiu para o quarto, ele teria uma noite longa e terrível, ele só esperava que conseguisse fazer Barty perdoa-lo antes de sair.