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História Harry Potter e a Caverna de Sepsyrene - De volta À Toca


Escrita por: RosalieFleur

Notas do Autor


Lumos.
Oi, Arnaldosss!!! Finalmenteee hahahaha, me perdoem pela demoraaa, é que a semana foi complicada. Mas estoy aquiiiiii, e sem mais delongas, quero agradecer a ~BRENDAFABIAN, que favoritou <3, obrigadaaaaa!
Agora vamos lá!

Capítulo 19 - De volta À Toca


A cada dia parecia que Rony e Hermione se falavam menos, às vezes ficavam dias sem olharem um na cara do outro. Harry não suportava mais aquela situação, estava no meio da briga dos dois e se falasse com um deles, o outro acusava-o de não o apoiar. Pode-se dizer que dia vinte de dezembro demorara muito mais do que novembro para chegar, Harry tinha a sensação de que voltara a março e as férias de Natal não chegavam nunca.

As provas foram razoáveis. Harry deve ter tirado um aceitável na maioria. Menos na de Snape. A prova de Defesa Contra as Artes das Trevas foi zerada, todos receberam nota máxima. Mas Harry não podia fingir não ter percebido Hogwarts adquirir um ar mais pesado. Claro, Dumbledore tentava esconder ao máximo suas preocupações. Mas isso tinha se tornado uma prisão para o diretor, Harry tentava falar com ele e este sempre estava ocupado. Todos os professores ficaram mais tensos. Tudo ficou mais controlado. Nenhum aluno podia andar sozinho depois das 22 horas ou antes das 6 horas da manhã. 

E o que já era de se esperar aconteceu: quase nenhum aluno ficou em Hogwarts no natal. Se não fosse a festa da avó de Rony, Harry teria que ficar na escola, e provavelmente sozinho.

O malão de Harry estava pronto; Edwiges, presa na gaiola em cima do malão. Harry, Rony e Hermione aguardavam no saguão de entrada lotado, com os demais alunos do quinto ano, esperando as carruagens que deviam levá-los à estação de Hogsmeade.

Fazia mais um belo dia, agora de inverno. Harry supôs que a Rua dos Alfeneiros estaria fria e as flores seriam poucas quando ele chegasse lá, à noite. O pensamento não lhe trouxe prazer algum, mas logo se aliviou ao lembrar que nessas férias não estaria indo para a Rua dos Alfeneiros, e sim para A Toca, o que o fez sentir um peso enorme sendo retirado de seu estômago.

O tempo não poderia estar mais diferente na viagem de volta a King’s Cross do que estivera na vinda para Hogwarts, em setembro. Não havia uma única nuvem no céu. Harry, Rony e Hermione tinham conseguido uma cabine só para eles, o que não adiantou nada, os três pareciam estátuas. Hermione lia um livro grosso que tinha o título de Feitiços Auto Defensivos, Rony dormia e Harry olhava para a paisagem enquanto o trem os levava para o sul, uma viagem com seus amigos nunca foi tão entediante.

Pichitinho mais uma vez viajava escondida sob as vestes a rigor de Rony para não ficar piando continuamente. Edwiges cochilava, a cabeça debaixo de uma asa, e Bichento se enroscara em um lugar vazio como uma grande almofada peluda cor de gengibre.

— E aí? Ansiosos? – Harry tentou quebrar o silêncio, sua voz saiu rouca, talvez devido a tantos dias sem conversar.

— Nem tanto, todo ano é igual – disse Rony com a voz meio estrangulada.

Hermione simplesmente deu a Harry um olhar bravo, ele entendera o recado: ela não queria conversa.

— Quantas pessoas vem? – Harry perguntou, com um certo medo por estar desafiando a amiga.

— Muitas, você sabe que minha família é grande – Rony quase sussurrou, indiferente.

Quando chegaram a King’s Cross, se encontram com uma feliz e excitada Sra. Weasley, parecia que ela ficaria com eles por dez anos, não só até o final do mês. Ao chegarem À Toca, cada um foi para seu respectivo quarto sem dizer nada, Hermione ficaria com Gina, e Harry com Rony.

A primeira coisa que Harry fez ao chegar foi tomar um banho, não que estivesse sujo, mas para ficar um tempo sozinho e se refrescar. Ao girar a torneira para a direita, uma água fervente surpreendeu-o, e quase queimou seus pés, então, rapidamente, ele fechou a torneia e girou a outra para a direita, e uma água congelante causou um choque térmico em Harry, que fechou o registro novamente.

— Rony! – ele gritava. – Rony! RONYYY!

— O que foi, desgraça? – alguém disse, encostado no lado de fora na porta.

— Rony?

— Não, é o Percy. Será que pode parar de berrar? Todo mundo acha que você está morrendo aqui! E eu tenho que me concentrar no trabalho que estou fazendo. – Percy disse, impaciente.

— Ah... desculpa – disse Harry, sem graça. – É que eu não consigo abrir a torneira, só vem água fria ou quente demais.

— Ah... você está no banheiro estragado... Tudo bem, está com a sua varinha com você?

— Ah... estou – ele afirmou ao achar a varinha debaixo de suas roupas, fazendo uma possa de água gigante no chão.

— Ótimo, bom... Mas por que você está com a varinha aí? – a voz de Percy falhou a um tom mais agudo.

— Estava no meu bolso da calça, e... eu não vou ter que usar a varinha de qualquer jeito? Então, o que você está perguntando? – Harry falou, também impaciente.

— O.k., o.k., diga Fermentum Poculum em direção às torneiras e automaticamente a água morna vai cair do chuveiro.

— O.K... mas...

— O que foi? – Percy perguntou, deixando bem claro um tom impaciente na voz.

— Não posso usar magia – Harry disse, Percy resmungou em resposta. Então Harry se vestiu e saiu do banheiro.

— Fermentum Poculum... – Percy ordenou.

— Obrigado – Harry disse.

— O.K. – Percy respondeu, apático.

Harry entrou no banheiro, despiu-se e entrou no boxe. A água desceu em forma de jato na sua cabeça, o que doeu de primeira vez. Depois de uns dois ou três minutos no banho, mergulhado em seus pensamentos, sem ter que se preocupar com nada, Harry levou o maior susto.

TOC TOC TOC.

Alguém bateu na porta parecendo querer arranca-la, o que fez Harry escorregar no boxe do chuveiro e bater com a nuca na parede.

— Ai – ele murmurou de olhos fechados, fazendo uma massagem na cabeça.

— Harry? Está aí, querido? – era a Senhora Weasley.

— Ah... s-sim, sim, Sra. Weas-sley, estou aqui – ele gaguejou tentando alcançar a toalha para se cobrir. – Eu es-stou no b-banho – informou.

— Ah, eu sei querido, não vou entrar, só vim avisar que o jantar será servido em dez minutos, é melhor se apressar... aqui a comida desaparece. – ela tentou ser engraçada.

— Ah... c-claro – Harry disse, forjando uma risada falsa –, já estou descendo.

— O.K. – ela disse animada, e Harry só ouviu seus passos diminuírem enquanto ela descia as escadas.

Agora a dor do jato de água passara, mas fora substituída pela dor na nuca devido a batida que deu na parede. Porém, esse não era exatamente o problema, agora... como ele iria desligar o chuveiro? Tentou fechar as torneias, tentativa em vão. Então optou por tentar dar leves tapinhas na torneira, o que pareceu dar certo aos poucos, então ele reuniu forças e deu um forte baque no chuveiro e a água parou de cair de uma vez. Rapidamente ele se secou e colocou a roupa, desceu as escadas correndo e quase desabou delas.

Quando chegou na cozinha e conseguiu focalizar a visão, se encontrou parado no meio da sala, com todos sentados a espera dele na mesa, Harry nem conseguiu calcular direito o número de olhos espantados o mirando, já achava a família de Rony grande, mas isso era porque não conhecia os outros parentes, primos... tios... todos estavam lá. 

— É... bom... cheguei. – falou ele, envergonhado.

— Ótimo! Agora a família está completa! – Molly disse, mirando um de cada vez com seus olhos deslumbrados de felicidade. – Sente-se ali, Harry. Entre Gina e Jorge.

Num silêncio constrangedor, Harry foi até sua cadeira e sentou-se rapidamente. “Podem se servir” disse Molly. Depois de aproximadamente duas horas, o céu começou a escurecer, todos já haviam terminado suas refeições e conversavam alegremente. Gina conseguira aumentar o astral de Hermione e as duas conversavam entre risadas com Fred e Jorge sobre as Gemialidades Weasley.

Sr. Weasley falava com todos os adultos sobre as novidades em seu trabalho, e como uma promoção tinha sido oferecida à ele. Logo que acabou sua refeição, Percy levantou-se com pressa para ir ao seu quarto, sua desculpa era que ele precisava terminar uns relatórios que ele andava fazendo para conseguir um emprego no Ministério. Harry conseguiu iniciar um papo com Rony, os dois conversavam sobre os infinitos times de Quadribol e seus jogadores.

— Pessoal, pessoal! – Sra. Weasley gritou. – Quando o papo é bom o tempo voa, mas já são nove horas, está na hora de dormir.

— Manhê... – Rony reclamou. – Estamos de férias, pra que dormir cedo?

— Cedo? Estou sendo boazinha, à essa hora já deveriam estar na cama há muito tempo! Vamos lá, vamos! – ela disse com um sorriso impaciente no rosto. Hermione e Gina se levantaram e foram direto para o quarto. – Veem? Sigam o exemplo das garotas e vão dormir. As férias são justamente para dormir bem e descansar para a volta às aulas... Vá logo, Ronald – ela rosnou, dando um beliscão no braço de Rony.

— Ai, mãe! Já entendi, entendi! – ele reclamou, emburrado. – Imagine se ela visse à que horas nós vamos dormir em Hogwarts – Rony cochichou para Harry.

— Boa-noite – ela disse sorridente.

— Boa-noite... – Harry murmurou dando um aceno para todos.

Harry deitou-se e nem falou com Rony antes disso. Ficou olhando para o teto por um tempo e depois sentiu sua boca ficar instantaneamente seca. Era como se nunca tivesse produzido saliva em toda a sua vida. Então saiu da cama e foi até a cozinha. Há um tempo teria vergonha e provavelmente morreria com a boca seca até a aurora do próximo dia. Mas agora Harry já sentia um Weasley, então não hesitou em descer as escadas.

Mas para sua surpresa, Harry encontrou Gina com uma caneca na mão, olhando pela janela. A garota estava sentada num banco velho de madeira e com as pernas cruzadas. Seu cabelo ruivo, preso em um coque-malfeito e alguns fios caíam sobre seu rosto branco e jovial. Seus dedos da mão esquerda tamborilavam na pia de pedra enquanto os da mão direita se aqueciam na caneca de cerâmica.

A mente de Harry foi invadida por pensamentos infantis. Ele queria assustá-la ou pegá-la de surpresa, tapar seus olhos e perguntar “quem é?”. Tudo muito bobo, mas ele queria divertir-se um pouco. Devagar, o garoto ia se aproximando da ruiva. Em dois passos grandes e apressados, chegou por trás da garota e colocou as mãos nos olhos dela.

— Quem é?

Gina levou um sustinho. Mas então percebeu que era uma brincadeira, e o melhor: entrou nesta.

— Ahm... – ela murmurou, pensativa. – Simas?

— Menos bobo — Harry riu.

— Hum... Neville?

— Mais bonito — Harry hesitou em falar, mas não se achava tão feio, então disse um tanto seguro de que a menina entendesse.

— Dino? — ela riu, e a barriga de Harry, sem ele saber porque, começou a roncar.

— N-não — ele gaguejou. Odiava quando gaguejava.

— O.k, então vamos ver... Mãos fortes... é mais alto que eu... cabelo moreno...

— Ha – Harry riu. – deduziu meu cabelo de olhos fechados?

— Cala a boca – ela disse rápido. – Tem olhos muito bonitos... quase hipnotizantes...

Dessa vez a barriga de Harry se pronunciou de uma vez, e dentro dela um monstro pulava como se não houvesse amanhã.

— Já me salvou da morte certa... Melhor amigo do meu irmão... Pode-se dizer que é inteligente... Diria que é Harry Potter.

Gina tirou as mãos de Harry de seus olhos e mirou o garoto, risonha.

— E se não fosse eu?

— Na casa dos Weasleys, à essa hora... Só você para estar acordado... Estou contando os roncos daqui, e...

Esperando dois segundos, um ronco bem escandaloso soou das escadas. Harry e Gina riram, então ela completou:

— Papai está cansado hoje...

— Voltando ao assunto – disse Harry, um pouco mais sério. – Por que não mencionou Voldemort em sua descrição? Achei que você me chamaria de Harry Potter, o menino que sobreviveu ou...

— Ah – Gina fez um barulho estranho. – Você pode ser o menino que não morreu...

— Sobreviveu – corrigiu-a Harry.

— Meu amigo, minhas regras... – ela apontou o dedo para ele.

— Meu nome, minhas regras... – ele disse vitorioso e risonho. Recebendo um tapinha de Gina.

— Você pode ser o menino que sobreviveu para todas as pessoas, mas bem agora e bem aqui, você é só o Harry Potter. Meu amigo de infância... Que sempre deixa a última torrada com geleia para mim, mesmo sabendo que ama torrada com geleia...

— Como sabe? – ele riu. Agora surpreso.

— Vivo férias e aulas com você, acho que você é que não reparou muito em mim, mas eu te conheço muito bem... Harry Potter, o menino que passa as férias na minha casa. – Ela sorriu calma para ele. A luz da lua iluminava seu rosto e o deixava com um brilho diferente, lindo e mágico.

— É assim que eu queria que as pessoas me vissem, mas eu não consigo... Todos sempre me verão como um menino problemático que é o motivo da volta...

— Destruição – interrompeu-o Gina, séria. – Não pense que é culpa sua ele ter voltado. Pense que é graças a você que ele permaneceu morto por catorze anos.

Harry respirou fundo. Os dois ficaram se olhando por quase um minuto e então Gina disse:

— Eu tô com fome... – ele riu. – Será que mamãe comprou cerejas?

Algo em seu peito se mexeu. Harry olhou pelo decote de sua blusa e viu o medalhão de Sirius brilhando. Gina parou por um momento e mirou o brilho na blusa de Harry.

— Fui eu que fiz isso? – ela murmurou, um tanto assustada. Harry afirmou com a cabeça, tirou o medalhão de dentro da blusa e mostrou Lílian Potter para Gina. A menina sorriu impressionada. – É a sua...

Harry simplesmente afirmou com a cabeça novamente.

— Uau, ela é linda...

— Tem o cabelo igual ao seu... – Harry murmurou, com medo se devia ou não ter dito o que disse.

— Ha – Gina riu. – Ela é muito mais bonita.

No medalhão apareceu Harry bebê, Gina sorriu e exclamou um “que fofo”, mesmo que Gina estivesse mais fofa na situação.

— Vê? – ela murmurou. – Esse é você. Harry Potter. Só Harry Potter. Se quiser lembrar de quem você é, basta olhar para esse medalhão.

Harry nunca pensara naquilo. Seu coração bateu mais forte e ele teve vontade de abraçar Gina muito forte. Mas simplesmente concordou com a cabeça e deu um leve sorriso.

— Já vou dormindo... – ela descansou sua caneca na mesa. 

— Ah, eu também... — Harry até esquecera de beber água, simplesmente seguiu Gina pelas escadas.

Os dois chegaram no corredor. O andar do quarto de Gina era um acima, mas mesmo assim a garota acompanhou-o até a porta do quarto do irmão. Harry não sabia ao certo o que fazer. Ficou de frente para a garota por alguns segundos e então, graças a Merlin, ela se pronunciou dizendo:

— Boa-noite. – E, pela primeira vez, deu um beijo na bochecha de Harry.

— Boa-noite – no mesmo instante em que ele se aproximou para beijar o rosto da garota, esta virou-se. Por um pouco mais um milésimo, Harry tocou os lábios de Gina.

Os dois se miraram por alguns segundos, Harry não contou e não tinha a mínima estimativa, mas ambos estavam nervosos ou impressionados. Gina, ainda com o rosto muito próximo do dele, deixou bem claro que estava encarando os profundos olhos do garoto. Harry sentiu sua mão subir o pescoço dele. Todos, os maiores e os menores, os mais curtos e os mais longos, todos os pelos dos braços e pernas de Harry se arrepiaram. Por uma fração de segundo, Harry pôde perceber Gina olhando seus lábios. Ela se aproximou e ele não a impediu. Involuntariamente, sua mão segurou a cintura da menina. Sua boca voltou a ficar seca. Sua cabeça trabalhava como doida ao mesmo tempo que seu cérebro parecia ter morrido. Harry estava quase imóvel, e ver que Gina estava perfeitamente calma e normal o deixava mais assustado ainda. Sem pensar ou esperar mais nada, no mesmo segundo, do mesmo jeito, ambos avançaram.

Harry beijou Gina como nunca tinha beijado alguém. Mesmo que esse alguém tenha sido somente Cho, o beijo com Gina era diferente. Não era vazio. Mas era, se tivesse um estado ou forma, quente. Calmo e, de alguma maneira, feliz. As mãos de Harry seguraram, com delicadeza, o rosto da garota. Enquanto ela passava a mão direita no cheio e bagunçado cabelo do menino, já a mão esquerda segurava o pescoço dele.

Foram os melhores segundos da vida de Harry. Ele sentia o cheiro do shampoo que ela usava. Sentia seu perfume. E sentiu o doce gosto de chocolate que ainda prevalecia na língua da garota. As mãos de Harry passearam nas costas de Gina enquanto ela dava leves arranhões com as unhas no pescoço dele. Ninguém mais existia. Nem Cho. Nem Dino. Nem Hermione. Nem Rony, nem... Rony. Ele é seu amigo, pensou Harry, vai te odiar, não vai te perdoar. Harry abriu os olhos.

Se separou de Gina. Ambos ofegantes e surpresos. Ela olhava-o assustada, ou nervosa.

— Não... – murmurou Harry.

— Ah – ela exclamou. – Desculpa, se não foi bom ou se você não queria, desc...

— Não – Harry interrompeu seus próprios pensamentos ao ouvir o que ela disse. – Foi ótimo. E eu queria, realmente queria...

Ela se acalmou mas, ainda assim, não estava totalmente aliviada.

— Queria muito... – completou, dando um leve sorriso para a menina. Mas então continuou: – Mas o Rony... ele... Não posso, Gina. Ele é meu amigo... ele é o meu irmão...

Os dois ficaram em silêncio por um tempo e então ela disse, com um pequeno sorriso:

— Também acho... – e jogou os cabelos, agora bagunçados, para trás. Dando a Harry mais calafrios. – Boa-noite... – e então ela lhe deu um demorado beijo no canto da boca.

Harry quase caiu. Suas pernas pareciam não suportar um floco de neve. O garoto deu-lhe um beijo, e então as mãos dos dois (que ainda estava juntas) se separaram. Gina passou por ele e então Harry, com os dedos, tocou na área em que Gina tinha beijado. E para sua felicidade, quando olhou para escada, viu a ruiva com a mão em sua rosada bochecha, ela mirando Harry enquanto subia para seu quarto.

Quando os olhos verdes se encontraram com os azuis, ambos desviaram o olhar. Harry esperou Gina bater a porta, e então, com o corpo quase caindo mole no chão, adentrou, silenciosamente, o quarto de Rony. Olho para o amigo dormindo e roncando um pouco. Fechou os olhos e teve imagens dos últimos dois minutos. Olhou para Rony novamente. E então deitou-se, com o coração em algum lugar nos pés.

 

 

Harry acordou com Sra. Weasley chacoalhando suas pernas, ‘acordem, vamos, em meia hora o café está na mesa’ murmurava para Harry. ‘Ronald Weasley, quero você em pé em dez minutos’ ela disse enquanto dava um tapa na barriga de Rony com uma almofada, pelo jeito ela havia recebido a carta que Gina escrevera à algum tempo, reportando a briga de Rony e Hermione. Rony estava escancarado na cama, com a boca aberta e roncando.

Harry percebeu que Molly deixara uma caixa branca na ponta de sua cama, ao abri-la, ele tirou da caixa seu traje a rigor, bufou, já estava realmente farto de trajes a rigor desde o último baile que houvera em Hogwarts. 

Harry foi até o banheiro, se olhou no espelho e levou um susto; parecia ter levado um choque, seu cabelo estava mais bagunçado do que o normal, tentou domar a cabeleira de diversas maneiras, depois de uns dez minutos seu cabelo pareceu desistir e abaixar um pouquinho. Harry lavou o rosto, escovou os dentes, e ainda de pijama, desceu até a cozinha.

​— Bom-dia – Arthur disse, sorridente. – Harry, quero te apresentar a minha mãe. Mãe, esse é Harry. – Harry estava olhando para uma velha senhora, digna de noventa e cinco anos. 

Ela tinha a pele enrugada e olheiras logo abaixo dos olhos, que eram azuis. Seu cabelo já era branquíssimo como a neve, provavelmente deve ter sido ruivo no passo. Com ajuda o Sr. Weasley, ela se levantou, apoiando-se no ombro do filho, e, com uma certa tremedeira, conseguiu se erguer para ver Harry melhor.

​— Harry..? Harry... Potter? – ela perguntou com os olhos arregalados em admiração, passando um rápido olhar pela testa de Harry.

​— Sim, eu mesmo – Harry disse com um quê tímido na voz.

​— Ah... meu bom garoto – ela deu um sorriso reconfortante. – Te admiro muito. Jovem, porém extremamente forte. Sabe de uma coisa, Arthur? – ela perguntou ao filho. – Acho que nunca te contei isso. Uma vez, na minha antiga loja de bolos em Hogsmeade, que hoje virou uma loja de brinquedos, eu estava limpando o balcão quando o sino tocou, avisando que alguém entrara na loja. Era um casal, uma mulher ruivíssima, de olhos realmente encantadores, acompanhada de um homem de cabelos castanhos, emaranhados, assim como os seus” ela pontou para o cabelo de Harry.

​— Naquele momento, pude ver um casal que realmente se amava, amor verdadeiro, sabe? Os dois viraram os clientes mais frequentes na minha loja, e pude conhecê-los melhor. Você já sabe de quem estou falando, não sabe, Harry?

Ele concordou com a cabeça.

​— Seus pais eram pessoas realmente incríveis, e na época em que nos conhecemos, Lilian estava grávida de você, não parava de falar e falar como sua vida seria perfeita. Todos os dias ela me fazia visitas mostrando as compras do seu quartinho de bebê, suas roupinhas, sapatinhos, quadros que ela colocaria no seu quarto... ah... bons tempos... – a avó suspirou. – Mas bem... quando Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado tomou o “poder”, não pude mais vê-la, e bom, nunca mais os vi. Seus pais eram fantásticos, Harry... teriam sido...

​— Vovó – Gina a interrompeu. – Mamãe está chamando, vamos comer?

​— Claro... vamos sim, querida. – ela deu mais um olhar sorridente para Harry e se dirigiu até sua cadeira.

Esse último minutos foi um balde de água fria para Harry, que agradeceu profundamente por Gina ter a interrompido, não que ele não quisesse ouvi-la, mas a questão era: ouvi-la falar daquilo doía muito nele.

Uma das melhores coisas foi ver Gina naquela manhã. Ela estava radiante. Seus pijamas largos e velhos a deixavam mais bonita ainda. Não, Harry. Tonto. Ela é irmã de Rony. Tonto. Cala a boca.

            — Harry, querido — a voz de Molly interrompeu seus vagos pensamentos. — Como se machucou? Que arranhões são esses? — ela disse enquanto analisava o pescoço do garoto.

            Harry congelou. Seus olhos encontraram os de Gina, que estava do outro lado da cozinha. Os descansados pés do menino falharam. Ele gaguejou algumas vezes e então disse, afastando-se de Molly.

            — Um mosquito... me picou essa noite. Estava muito gos.. ardido — pensa no que vai falar, tonto, sua cabeça disse. — Tive que coçar para parar de... bom... coçar.

            A Sra. Weasley fez um breve comentário sobre mosquitos no inverno, mas deu de ombros e voltou a vigiar os ovos que fritavam no fogão.

Depois do café da manhã, Sra. Weasley convocou Gina e Hermione para o seu quarto, disse que ela estava tramando uma surpresa para os rapazes, que nem Gina, e muito menos Hermione, sabiam. Passados vinte minutos, as três desceram as escadas de volta à cozinha. Harry e Rony passaram o dia nadando no lago, pela primeira vez, o Sol estava insuportável de quente, então a Sra. Weasley os autorizou a brincar lá fora.

​— Vem, Hermione! – dizia Gina, risonha. – E tira esse roupão.

​— Gina... – Hermione resmungou. – Está frio...

​— Frio? Como assim? Em pleno inverno de Londres... e hoje está um calor digno dos países mais quentes do mundo!

​— Exatamente... Alguma coisa errada aconteceu, não faz esse calor aqui nem no verão, não gosto Gina, não gosto.

​— Ah... deixa de ser careta, Hermione! – Gina fechou a cara.

​— O que está acontecendo aqui? – a Sra. Weasley pareceu brotar do chão, bem no meio da discussão das duas.

​— A Hermione não quer ir nadar!

​— Ora, mas por que, querida? Aproveite o dia, que esse calor nós só conseguimos uma vez na vida, e esses biquínis eu comprei há séculos... nunca achei que seriam necessários... olha, Gina... – Molly parou para analisar a filha. – você ficou uma graça de verde, e Hermione... está linda de vermelho, vão e aproveitem o dia, que a noite terá festa!

Gina foi saltitante até o lago em frente à casa, lá encontram Harry e Rony nadando com Fred e Jorge, espirrando água para todos os lugares.

​— Oi! – ela disse para os meninos, que estavam totalmente entretidos jogando Quadribol no lago, sem vassouras, só nadando mesmo, e a ignoraram.

Hermione sentou-se em uma cadeira próxima ao lago e abriu um enorme livro, escondido de Gina, claro.

​— O quê? Não... não... não... joga esse livro fora, Hermione, pelo amor... pode pelo menos UM dia aproveitar o ar livre, sem pensar em livros? – Gina resmungou, um pouco brava.

​— Grrrrr... tá bom, SÓ hoje, pelo resto da minha vida eu vou passar lendo três livros de uma vez, por dia.

​— Ou seja, vai continuar normal, sei... entendi – Gina debochou. – Continuará a Hermione de sempre, que nunca aceita desafios, só provas...

​— Ei... – Hermione exclamou, indignada. – Eu aceito muitos desafios, sim! – disse imponente.

​— Ah é? Então quero ver você pular nesse lago, agora! – Gina disse em tom de desafio.

​— Ah... olha o que você me pede, Ginevra... essa água deve estar congelando...

​— E o Sol está queimando, tudo uma questão de equilíbrio térmico, Hermione... – disse Gina, imitando a voz de Hermione.

​— Engraçadinha... – disse, irônica. – Sou tão corajosa quanto você!

​— Ha... ha... – Gina riu. – Então olhe e aprenda. – ela disse em tom competitivo. 

Gina tirou os chinelos, o roupão, revelando seu corpo, e o colocou em um banquinho próximo ao lago. De alguma forma vez Harry errar a mira e levar uma bolada no rosto. Saiu correndo até uma árvore que fazia sombra sobre uma parte da superfície, procurou entre os galhos uma corda e a achou.

A corda era grossa, cor-de-carne e comprida, Gina se pendurou nesta e. com um impulso que deu ao sair do chão, a corda começou a balançar de um lado para o outro, ora pairava sobre o lago, ora sobre o solo. E, com um grito animado, Gina se jogou de qualquer jeito no lago, espirrando água para todos os lados.

​— Gina! – Hermione gritou, preocupada, achando que a amiga podia ter se machucado.

Depois de uns dez ou quinze segundos, como um jato branco e vermelho, Gina surgiu do fundo do lago. 

​— Mione... – ela murmurou ao recuperar o fôlego. – A água está incrivelmente refrescante, pelo amor de Merlin... entre aqui agora! – ela ordenou risonha.

​— Não sou louca! – Hermione replicou.

​— Ah... mas nós somos – Fred e Jorge falaram uníssonos, cada um pegando um braço de Hermione e a levantando.

​— Ah! Me larguem AGORA! – ela gritava com desespero. Mas seus gritos eram abafados pela torcida de Harry e Gina:

‘Joga ela! Joga ela! Joga ela!’ eles gritavam rindo e batendo palmas.

Sem ouvir mais nada, um grande splash espirrou água pelo lago, todos riam, menos Hermione, que ainda estava submersa.

​— Ah!!! – ela gritou, batendo as palmas da mão na água, tentando de alguma forma permanecer na superfície. Mas seus gritos não eram ouvidos, foram cobertos pelas risadas dos cinco. – G-ente... n-não, e-i... a-dar – ela dizia com um pouco mais de desespero, tentando não engolir água. – EU-NÃO-SEI-NADAR! – ela berrou de uma vez ao reunir forças para respirar.

​— Ah meu Merlin! – todos gritaram em tempos diferentes, indo até ela.

Uma vez que o lago era fundo, ninguém alcançava o chão. Hermione pareceu parar de lutar contra a água, uma calma tomou conta do lago, e os cinco ficaram observando as bolhas que vinham do fundo estourarem na superfície.

​— O que estão fazendo parados? – gritou Rony, enquanto nadava, com um certo desespero e pressa, em direção à onde Hermione afundara.

Gina, Harry, Fred e Jorge só viram a cabeça ruiva de Rony desaparecendo no lago, e depois seus pés batendo na superfície e indo para o fundo. Alguns segundos do silêncio mais absorto tomaram conta do lugar, todos apreensivos para saber o que estava acontecendo de baixo d’água.

De repente, dois vultos, um ruivo e outro moreno, surgiram em meio a água agitada, seguidos de tosses, provavelmente de Hermione, que estava sem respirar por um tempo e deve ter engasgado ao engolir água.

​— Cof cof cof – ela tossia de olhos fechados, aflita, pendurada ao pescoço de Rony, que com dificuldade tentava se manter na superfície.

​— Vocês estão bem? – Harry disse.

​— Acho que sim... – Rony murmurou com um olho aberto e outro fechado, com sua visão sendo ofuscada pelo fortes raios de Sol.

Enquanto Fred, Jorge, Gina e Harry – ainda um pouco estupefatos – iam até Rony e Hermione. Um choro pequenininho e até um pouco delicado chegou ao ouvidos de todos.

​— Hermi... Hermione? – Rony perguntou, franzindo as sobrancelhas (ainda com dificuldade para se manter fora d’água carregando a amiga). – Está chorando? – a garota estava encostada no peito do amigo, ainda de olhos fechados e, de uma certa maneira, sentindo-se a salvo por estar nos braços de alguém em que ela confiava.

​— Não... n-não p-poss-o, pai... – ela murmurava em meio aos soluços. – não cons-sigo...

​— Quê? – Gina perguntou, agora assustada.

​— Pai... pai... ele ia ficando distante, afundando... e eu não p-pod-dia fazer n-nada... – ela parecia chorar cada vez mais.

Rony, sem dizer mais nada, foi em direção à parte rasa do lago, saiu deste com Hermione no colo e a colocou sobre um banco de madeira que beirava as frias águas daquela lagoa.

​— Você está bem? – ele perguntou. Sem resposta. 

Hermione tremia de frio, os olhos ainda fechados e o rosto molhado pelas águas do lago e pelas suas lágrimas. Gina saiu d’A Toca com um cobertor listrado azul-escuro e verde-floresta nas mãos, e cobriu a amiga no quente tecido. 

​— Hermione, o que foi aquilo? Por que não me disse que não sabia nadar? – ela perguntou, seu rosto com alguns fios ruivos molhados e grudados nele. – Ah meu Merl... me desculpa Hermione... – ela abraçou a amiga. – Não devia ter insistido... o que foi todo aquele papo do seu pai? – Gina sentou-se ao lado da amiga.

​— Eu er-ra... bem pequ-enini-nha... com c-cinco an-nos... – Hermione começou, ainda soluçando. – V-viajamos até a América d-do Norte, em p-pleno verão, e lá fomos na piscina. Minha mãe folheav-va uma revista, sentada na cadeira, eu e meu p-pai estávamos nadando... de r-repente meu pai me soltou, e eu não cons-seguia nadar... a piscina era muito funda, consegui chegar até a borda, mas assis-ti meu p-pai afundar e relutar contra a água. Era uma câimbra boba... mas a sensação se ver meu pai afundar e não poder fazer nada... nunca mais saiu da minha cabeça...

​— Ah Mione... – Gina abraçou-a novamente. – Me perdoe...

​— Está tudo bem, Gina... não foi nada – Hermione deu um sorriso fraco, já não tremia mais, nem soluçava, se sentia acolhida com todos em sua volta.

​— É Hermione, nos desculpe também... – Jorge disse, envergonhado.

​— É que queríamos que você vivesse nas alturas pelo menos uma vez – Fred completou.

​— Tudo bem... – Hermione disse. – Mas nunca mais façam isso – ela deu um olhar repressivo para os dois.

​— E a Hermione normal voltou... – Jorge brincou.

​— Quer entrar e comer alguma coisa? – Gina sugeriu.

​— Não... vamos nadar, pode me ensinar, não? – Hermione disse, enxugando as lágrimas.

​— Claro! – Gina exclamou animadíssima e um pouco surpresa.

​— Ah... e obrigada, Rony – Hermione completou antes de voltar às águas.

Harry percebeu que seu amigo impressionou-se ao ver que, pela primeira vez em quase dois meses, Hermione falara com ele sorrindo, e o chamou de Rony, em vez de Ronald.

A tarde pareceu voar, Hermione conseguira pegar o jeito para nadar com Gina. Fred, Jorge, Rony e Harry prolongaram a brincadeira até mais tarde, e só quando a Sra. Weasley gritou “Todos pra dentro, vão se arrumar” é que eles se deram conta do tempo que já estavam no lago, Harry percebeu que suas mãos estavam extremamente enrugadas, assim como seus pés.

​— Já? Ainda faltam duas horas! – Rony reclamou.

​— Meninas demoram para se arrumar! – Molly respondeu, aos gritos.

​— Desculpe-me por te desapontar, querida mãe. Mas nós somos homens. – Fred gritou.

​— Bom, eu e Fred somos, o resto fica por conta própria! – Jorge debochou.

​— Saiam agora! – Sra. Weasley disse, ignorando o comentário dos filhos.

Sem a menor inclinação para parar de brincar, os seis saíram do lago e cada um se dirigiu até seu quarto. Mesmo que Harry não estivesse com a mínima vontade de voltar a colocar aqueles trajes a rigor, ele se sentiu feliz por estar nA Toca, com seus amigos, o que é mil vezes melhor do que estar na Rua dos Alfeneiros com os tios e o insuportável primo Duda. 


Notas Finais


E AÍ?? PESADOOO, NÉ? Hhahahahaha, foi longo, mas é porque não postei na semana passada e estou tentando me redimir hahahaha. Por favor comentem, os comentários sumiram e fiquei meio bad :(, mas amo vocês mesmo assim hahahahaha!
Um beijo com cheiro de unicórnios e até a próxima...
Nox.


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