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História Harry Potter e as crianças que sobreviveram - Capitulo 6


Escrita por: Charlotte1421 e Malina1817

Capítulo 6 - Capitulo 6


Harry jamais acreditara que fosse encontrar um garoto que ele odiara mais do que os parentes de Sirius, mas isto foi antes de conhecer Ronald. Os alunos do primeiro ano da Sonserina, porém, só tinham uma aula com os da Grifinoria, a de Poções, por isso não precisavam aturar Ronald muito tempo. Ou pelo menos, não precisavam até ver um aviso pregado no salão comunal da Sonserina que fez todos gemerem. As aulas de vôo começariam na quinta-feira e os alunos das duas casas aprenderiam juntos.

— Típico — disse Harry animado. — É o que eu sempre quis, ver Ronald fazer papel de palhaço montado numa vassoura na minha frente.

Ele estivera ansioso para poder  voar de novo, mais do que qualquer outra coisa.

— Eu não sei  fazer papel de palhaço — disse Rony sensato após esse comentário de Harry ser citado em outra aula de poções

Draco sem dúvida falava muito de vôos. Queixava-se que os alunos do primeiro ano nunca entravam para o time de Quadribol. Mas ele não era o único pelo que Simas Finnigan (um aluno simpático da Lufa-Lufa) contava, ele passara a maior parte da infância voando pelo campo montado numa vassoura. Todos os garotos de famílias de bruxos falavam o tempo todo de Quadribol. Mas não eram os únicos, algumas meninas também falavam muito, como Hermione, que estava louca para tentar a vaga de artilheira, assim como Draco. Claro que Harry estava animado também, apesar de já ter voado algumas poucas vezes, não estava tão confiante que conseguiria entrar em qualquer coisa. Sirius era o único que já havia realmente o visto voar com vontade. E nessa única vez, Sirius ficou o chamando de James uma semana toda, não que Harry achasse ruim ser comparado com o pai. Ele adorava. Mas não se pode confiar sempre no quesito talento de qualquer um que fosse pai/mãe/irmão próximo/ vó/vô/padrinho, e nesse caso, Sirius era, pai, irmão melhor amigo e padrinho. E depois disso Harry nunca voou muito (ele tinha medo das pessoas falarem que ele não era bom o bastante para algo. Menos para História da Magia, isso ele realmente não ligava que falassem dele).

Neville( que após o incidente do sapo, se mostrou até simpático ) nunca andara de vassoura na vida, porque a avó nunca o deixara chegar perto de uma. No fundo, Harry achava que ela estava certíssima, porque Neville conseguira sofrer um número impressionante de acidentes mesmo com os dois pés no chão.

Harry não recebera nenhuma carta desde a carta de Sirius, respondendo sobre a aula de poções, na qual ele achou engraçadíssimo, uma coisa que Ronald não demorara nada a notar, é claro. A coruja de Ronald estava sempre lhe trazendo de casa pacotes de doces, que ele abria fazendo farol na mesa da Grifinoria.

Uma coruja de curral trouxe para Neville um pacotinho da avó.

Ele o abriu excitado e mostrou a todos uma bolinha de vidro do tamanho de uma bola de gude grande, que parecia cheia de fumaça branca.

— É um Lembrol! — explicou ele. — Vovó sabe que sou esquecido. Isto serve para avisar que a gente esqueceu de fazer alguma coisa. Olhe, aperte assim e ele fica vermelho, ah... — E ficou sem graça, porque o Lembrol de repente emitiu uma luz escarlate.

— ... Você esqueceu alguma coisa...

Neville estava tentando se lembrar do que esquecera quando Ronald, que ia passando pela mesa, arrancou o Lembrol de sua mão

Harry e Draco se retesaram imediatamente. Andavam querendo um motivo para brigar com Rony, mas a Professora Minerva, que era capaz de  identificar uma confusão mais depressa do que qualquer outro professor da escola num segundo estava lá.

— Que é que está acontecendo?

— Ronald tirou o meu Lembrol, professora.

Mal-humorado, Rony mais do que depressa largou o Lembrol na mão de Neville.

— Só estava olhando — falou, e saiu de fininho com Crabbe e Goyle na

esteira.

Após isso, Edwiges pousou na frente do prato de Harry, carregando no bico seu berrador. Era da senhora Black. Harry olhou com medo para Draco. Sirius deveria ter queimado as cartas. Mas, conhecendo o padrinho, ele deveria ter deixado-as soltas no quarto, ou a Senhora Black havia visto a carta que ele mesmo escreveu a Sirius. Harry estava morto. Aquele berrador era sua sentença. Sofreria uma morte lenta e dolorosa, mas não havia ouro jeito. Então pegou a carta e abriu.

“HARRY JAMES POTTER!! EU NÃO CONSIGO ACREDITAR SEU DEMONIOZINHO! SUA PRIMEIRA SEMANA EM HOGWARTS E VOCÊ ME VEM COM 3 DETENÇÕES? E AINDA VAI TIRAR VANTAGEM DISSO COM O MALDITO DO MEU FILHO? AONDE VOCÊ ACHA QUE VAI PARAR COM ISSO? NESSE MOMENTO A MINHA VONTADE É DE TE ESGUELAR!!!

POTTER SAIA MAIS UM DEDO DA LINHA QUE EU JURO POR  MELIM QUE EU APAREÇO EM HOGWARTS SÓ PARA TE MATAR ENTENDEU?? VOCÊ NÃO VAI SUJAR O NOME DOS BLACK COMO SIRIUS FEZ ENTENDEU?

FAÇA MAIS UMA PALHAÇADA DESSA QUE EU TE TIRO DE HOGWARTS E TE ENFORCO EM UMA PRAÇA PÚBLICA! OUVIU POTTER??

E NÃO CONTE COM O FATO DE SIRIUS ESTRAVIAR AS PROXIMAS CARTAS!”

 

 

As três e meia, aquela tarde, Harry, Draco e os outros garotos da Sonserina desceram correndo as escadas que levavam para fora do castelo para a primeira aula de vôo. Era um dia claro, com uma brisa fresca e a grama ondeava pelas encostas sob seus pés ao caminharem em direção a um gramado plano que havia do lado oposto à floresta proibida, cujas árvores balançavam sinistramente a distância.

Os garotos da Grifinoria já estavam lá, bem como as vinte vassouras arrumadas em fileiras no chão. Harry ouvira Fred e Jorge Weasley se queixarem das vassouras da escola, dizendo que havia umas que começavam a vibrar quando voavam muito alto, ou sempre repuxavam ligeiramente para a esquerda.

A professora, Madame Hooch, chegou. Tinhas cabelos curtos e grisalhos e olhos amarelos como os de um falcão.

— Vamos, o que é que estão esperando? — perguntou com rispidez. —Cada um ao lado de uma vassoura. Vamos, andem logo.

Harry olhou para a vassoura. Era velha e tinha algumas palhas espetadas para fora em ângulos estranhos.

— Estiquem a mão direita sobre a vassoura — mandou Madame Hooch diante deles — e digam "Em pé!”.

— EM PÉ! —— gritaram todos.

A vassoura de Harry pulou imediatamente para sua mão, mas foi uma das poucas que fez isso. A de Simas simplesmente se virou no chão e a de Neville nem se mexeu.

Talvez as vassouras como os cavalos, percebessem quando a pessoa estava com medo, pensou Harry, havia um tremor na voz de Neville, que dizia com demasiada clareza que ele queria manter os pés no chão.

Madame Hooch, em seguida, mostrou-lhes como montar as vassouras sem escorregar pela outra extremidade, e passou pelas fileiras de alunos corrigindo a maneira de segurá-la. Harry e Draco ficaram contentes quando ela disse a Rony que ele segurava a vassoura errado havia anos.

— Agora, quando eu apitar, dêem um impulso forte com os pés — disse a professora. — Mantenham as vassouras firmes, saiam alguns centímetros do chão e voltem a descer curvando o corpo um pouco para frente. Quando eu apitar... Três... Dois..

Mas Neville, nervoso, assustado, e com medo que a vassoura o largasse no chão, deu um impulso forte antes mesmo de o apito tocar os lábios de Madame Hooch.

— Volte, menino! — gritou ela, mas Neville subiu como uma rolha que sai sob pressão da garrafa, quatro metros, seis metros.

Harry viu a cara de Neville branca de medo espiando para o chão enquanto ganhava altura, viu-o exclamar, escorregar de lado para fora da vassoura e...

— BUM! — um baque surdo, um ruído de fratura e Neville caindo de borco na grama, estatelado. Sua vassoura continuou a subir cada vez mais alto e começou a flutuar sem pressa em direção à floresta proibida e desapareceu de vista.

Madame Hooch se debruçou sobre Neville, o rosto tão branco quanto o dele.

— Pulso quebrado — Harry ouviu-a murmurar — Vamos, menino, levante-se.

Virou-se para o restante da classe.

— Nenhum de vocês vai se mexer enquanto levo este menino ao hospital! Deixem as vassouras onde estão ou vão ser expulsos de Hogwarts antes de poderem dizer "Quadribol". Vamos, querido.

Neville, o rosto manchado de lagrimas, segurando o pulso, saiu mancando em companhia de Madame Hooch, que o abraçava pelos ombros.

Assim que se distanciaram e ficaram fora do campo de audição da classe, Rony caiu na gargalhada.

— Vocês viram a cara dele, o panaca?

Os outros alunos da Grifinoria fizeram coro.

— Cala a boca, Rony — retrucou Parvati Patil.

— Uuuu, defendendo o Neville? — disse Pansy Parkinson, uma aluna da Grifinoria de feições dura — Nunca pensei que você gostasse de manteiguinhas derretidas, Parvati.

— Olhe! — disse Rony, atirando-se para frente e recolhendo alguma coisa na grama. — É aquela porcaria que a avó do Neville mandou.

O Lembrol cintilou ao sol quando o garoto o ergueu.

— Me dá isso aqui, Ronald— falou Harry em voz baixa. Todos pararam de conversar para espiar, Rony soltou uma risadinha malvada.

— Acho que vou deixá-la em algum lugar para Neville apanhar, que tal em cima de uma árvore?

— Me dá isso aqui — berrou Harry, mas Ronald montara na vassoura e saíra voando. Ele não mentira, sabia voar bem, e planando ao nível dos ramos mais altos de um carvalho desafiou:

— Venha buscar, Potter!

Harry agarrou a vassoura.

— Vish! — comentou  Hermione— Madame Hooch disse para a gente não se mexer Vocês vão nos meter numa enrascada. Vai logo!

Harry lhe deu seu típico sorriso maroto. O sangue palpitava em suas orelhas. Ele montou a vassoura, deu um impulso com força e subiu, subiu alto, o ar passou veloz pelo seu cabelo e suas vestes se agitaram com força para trás e numa onda de feroz alegria ele percebeu que encontrara alguma coisa que era capaz de fazer sem ninguém lhe ensinar. Isto era fácil, era maravilhoso. Puxou a vassoura para o alto para subir ainda mais e ouviu gritos e exclamações das garotas lá no chão e um viva de admiração de Draco. Chegou a conclusão de que Sirius não havia mentido, ele sabia voar. Virou a vassoura com um gesto brusco ficando de frente para Ronald, que planava no ar. O garoto estava abobalhado.

— Me dá isso aqui — mandou Harry — ou vou derrubar você dessa vassoura!

— Ah é? — retrucou Rony, tentando caçoar, mas parecendo preocupado.

Harry de alguma maneira sabia o que fazer. Curvou-se para frente, segurou a vassoura com firmeza com as duas mãos e ela disparou na direção de Rony como uma lança. Rony só conseguiu escapar por um triz. Harry fez uma curva fechada e manteve a vassoura firme. Algumas pessoas no chão aplaudiam.

— Aqui não tem Crabbe nem Goyle para salvarem sua pele, Ronald— berrou Harry.

O mesmo pensamento parecia ter ocorrido a Draco.

— Apanhe se puder, então! — gritou, e atirou a bolinha de cristal no ar e voltou para o chão.

Harry viu, como se fosse em câmara lenta, a bolinha subir no ar e começar a cair. Ele se curvou para frente e apontou o cabo da vassoura para baixo, no instante seguinte estava ganhando velocidade num mergulho quase vertical, apostando corrida com a bolinha. O vento assobiava em suas orelhas, misturado aos gritos das pessoas que olhavam, ele esticou a mão a uns trinta centímetros do solo agarrou-a, bem em tempo de levar a vassoura à posição vertical, e caiu suavemente na grama com o Lembrol salvo e seguro na mão.

— HARRY POTTER!

Ele perdeu a animação mais depressa do que quando mergulhara. O Professor Snape vinha correndo em direção à turma. Ele se levantou tremendo. Snape gostava dele, mas não tanto, não o suficiente para não expulsa-lo. Ou pior, não contar sua pequena aventura a Senhora Black.

— Nunca... Em todo o tempo que estou em Hogwarts... — O Professor Snape quase perdeu a fala de espanto e seus olhos cintilavam sem parar. —... Como é que você se atreve... Podia ter partido o pescoço...

— Não foi culpa dele, professora...

— Calada, Srta. Granger.

— Mas Ronald...

— Chega, Sr. Malfoy, Potter me acompanhe, agora.

Harry viu as caras vitoriosas de Rony, Crabbe e Goyle ao sair acompanhando, espantado, o Professor Snape, que seguiu para o castelo. Ia ser expulso, sabia. Queria dizer alguma coisa para se defender, mas parecia ter acontecido alguma coisa com a sua voz.

O Professor Snape  caminhava decidido, sem nem olhar para trás ele tinha que correr para acompanhar seu passo. Agora se enrascara.

Não tinha durado nem duas semanas. Estaria fazendo as malas dali a dez minutos. Que iriam dizer os Black quando ele aparecesse à porta da casa? Sirius ficaria desapontado com Harry, e Harry odiava desapontar Sirius, mas não havia problema não teria muito tempo para se sentir mal, a Senhora Black o mataria assim que aparecesse lá.

Subiram os degraus da entrada, subiram a escadaria de mármore, e o Professor Snape continuava a não dizer nada.

Escancarava portas e marchava pelos corredores com Harry trotando infeliz atrás dele. Talvez ele o levasse a Dumbledore.

Pensou em Hagrid, aluno expulso a quem tinham permitido continuar na escola como guarda-caça. Talvez virasse assistente de Hagrid. Seu estômago revirava só de pensar, observando Draco e os outros se tornarem bruxos enquanto ele andava pela propriedade carregando a bolsa de Hagrid.

O Professor Snape  parou à porta de uma sala de aula. Abriu a porta e meteu a cabeça para dentro.

— Com licença, Professora Flitwick, posso pedir o Wood emprestado por um instante?

“Wood?” pensou Harry, intrigado, Wood seria alguma coisa que ela ia usar para castigá-lo?

Mas Wood afinal era uma pessoa, um menino forte do quinto ano, que saiu da sala de Flitwick parecendo confuso.

— Vocês dois me sigam — disse o Professor  Snape, e continuaram todos pelo corredor, Wood examinando Harry com curiosidade.

— Entrem.

O Professor Snape  indicou uma sala de aula que estava vazia exceto por Pirraça, que se ocupava em escrever palavrões no quadro-negro.

— Fora, Pirraça! — ordenou ele. Pirraça atirou o giz em uma cesta, produzindo um eco metálico e alto e saiu xingando. O Professor Snape  bateu a porta atrás dele e virou-se para encarar os dois garotos.

— Harry Potter, este é Olívio Wood. Olívio... Encontrei um apanhador para você.

A expressão de Olívio mudou de confusão para prazer.

— Está falando sério, professor?

— Seríssimo — resumiu o Professor  Snape. — O menino tem um talento natural. Nunca vi nada parecido. Nem James voava daquele jeito. – comentou ele com uma leve expressão de saudade do pai de Harry. As vezes Sirius fazia a mesma cara - Foi a primeira vez que montou numa vassoura, Harry?

Harry confirmou com a cabeça. Não tinha a menor idéia do que estava acontecendo, mas parecia que não estava sendo expulso, e começou a recuperar um pouco da sensibilidade nas pernas.

— Ele apanhou aquela coisa com a mão depois de um mergulho de mais de 15 metros — o Professor Snape contou a Wood.

— Não sofreu um único arranhão. Nem James Potter seria capaz de fazer igual.

Olívio parecia agora alguém cujos sonhos tinham virado realidade, todos ao mesmo tempo.

— Você já assistiu a um jogo de Quadribol, Potter? — perguntou excitado.

— Wood é o capitão do time da Sonserina — explicou o Professor Snape.

— E tem o físico perfeito para um apanhador — acrescentou Olívio agora andando a volta de Harry, examinando-o. — Leve, veloz, vamos ter de arranjar uma vassoura decente para ele, professora, uma Nimbus 2000 ou uma Cleansweep-7, na minha opinião.

— Vou conversar com o professor Dumbledore e ver se podemos contornar o regulamento para o primeiro ano. Deus sabe que precisamos de um time melhor do que o do ano passado. Esmagado naquele último jogo contra os grifinorios. Mal consegui encarar Minerva Mcgonagall no rosto durante semanas...

O Professor Snape espiou Harry com severidade.

— Quero ouvir falar que você está treinando com vontade, Potter, ou posso mudar de idéia quanto ao castigo que merece. Como enviar uma carta a Senhora Black.- Harry tremeu com o pensamento.

Então, inesperadamente, ela sorriu.

— Seu pai teria ficado orgulhoso. Era um excelente jogador de Quadribol.

 

 

— Você está brincando.

Era hora do jantar. Harry acabara de contar a Draco e Hermione  o que acontecera quando deixara os jardins da propriedade com o Professor  Snape. Draco  tinha um pedaço de bife e pastelão de rins a meio caminho da boca, mas esqueceu o que estava fazendo.

— Apanhador? — exclamou. — Mas os alunos do primeiro ano nunca, você vai ser o jogador da casa mais novo do último...

— Século — completou Harry, enfiando o pastelão na boca.

Sentia-se particularmente faminto depois da agitação da tarde.

— Olívio me disse.

Draco estava tão admirado, tão impressionado, que ficou ali sentado de boca aberta para Harry.

— Vou começar a treinar na próxima semana — anunciou Harry.

— Só não conte a ninguém, Olívio quer fazer segredo.

Fred e Jorge Weasley entraram nesse momento no salão, viram Harry e foram depressa falar com ele.

— Grande lance — falou Jorge em voz baixa. — Olívio nos contou. — Estamos no time também... Batedores.

— Sabe de uma coisa, tenho certeza de que vamos ganhar a taça de Quadribol deste ano — disse Fred. — Não ganhamos desde que Carlinhos terminou a escola, mas o time deste ano vai ser brilhante. Você deve ser bom, Harry, Olívio estava quase dando pulinhos quando nos contou.

— Em todo o caso, temos de ir, Lino Jordan acha que encontrou uma nova passagem secreta para sair da escola.

Fred e Jorge mal tinham desaparecido quando alguém menos bem-vindo apareceu: Ronald, ladeado por Crabbe e Goyle.

— Comendo a última refeição, Harry? Quando vai pegar o trem de volta para a terra dos trouxas?

— Você está bem mais corajoso agora que voltou ao chão e está acompanhado por seus amiguinhos — disse Harry tranqüilo. Não havia nada "inho" em Crabbe nem em Goyle, mas como a mesa principal estava repleta de professores, os garotos só podiam estalar as juntas e fazer cara feia.

— Enfrento você a qualquer hora sozinho — disse Ronald. — Hoje à noite, se você quiser. Duelo de bruxos. Só varinhas, sem contato. Que foi? Nunca ouviu falar de duelo de bruxos, suponho?

— Claro que já — respondeu Hermione virando-se. Vou ser a madrinha dele, quem vai ser o seu padrinho?

Ronald mirou Crabbe e Goyle medindo-os.

— Crabbe, meia-noite está bem? Nos encontramos na sala de troféus, está sempre destrancada.

Quando Rony foi embora, Hermione e Harry se entreolharam.

- Isso não vai dar certo.- comentou simplesmente Draco comendo uma torrada- mas se fosse dar, obviamente nós não estaríamos envolvidos.

-É assim que se fala Draco- respondeu Hermione fazendo toquinho com ele.

Em todo o caso, não era o que se poderia chamar de um final perfeito para o dia, pensou Harry, muito mais tarde, deitado na cama sem dormir, percebendo que seus colegas de quarto adormeceram.

 Draco passou a noite toda lhe dando conselhos do tipo "Se ele tentar lançar um feitiço, é melhor você tirar o corpo fora, porque não consigo me lembrar como se fecha o corpo". Havia uma boa chance de serem pegos por Rabicho ou por Madame Nor-r-ra, e Harry sentiu que estava abusando da sorte, desrespeitando mais um regulamento da escola no mesmo dia. Por outro lado, a cara de deboche de Rony não parava de lhe aparecer no escuro. Essa era sua grande oportunidade de  vencer Ronald cara a cara. Não podia perde-la.

  — Onze e trinta — Hermione cochichou entrando no dormitório dos meninos- é melhor irmos.

Eles (Draco não se aguentou e resolveu que iria também ) vestiram os robes, apanharam as varinhas e atravessaram sorrateiros o quarto da masmorras, subiram a escada em levemente rodada e entraram na sala comunal da Sonserina. Algumas brasas ainda rutilavam na lareira, transformando todas as poltronas em sombras corcundas. Tinham quase chegado à abertura nos tijolos quando uma voz falou da poltrona mais próxima.

— Não posso acreditar que você vai fazer isso, Harry.- falou Draco, parecia receoso com relação a tudo aquilo. Mas  não desistiria de acompanhar o irmão.

— Ouvi uma coisa- disse Harry após saírem das masmorras, agora estavam na parte de cima do castelo

Era como se alguém estivesse farejando.

— Madame Nor-r-ra? — murmurou Draco, apertando os olhos para enxergar no escuro.

Não era Madame Nor-r-ra. Era Neville. Estava enroscado no chão, dormindo a sono solto, mas acordou repentinamente assustado quando eles se aproximaram.

— Graças a Deus que vocês me encontraram! Estou aqui há horas, não consegui me lembrar da nova senha para entrar no quarto.

— Fale baixo, Neville. E oque você esta fazendo aqui? Você é da Lufa-Lufa! Sua sala comunal fica do outro lado do castelo.- respondeu Hermione bruscamente.

— Serio? Eu podia jurar que ela ficava por aqui...— falou Neville tinha uma cara de perdido.

— Que bom, olhe, Neville, temos que estar em um lugar, vemos você depois.

— Não me deixem aqui! — pediu Neville pondo-se de pé. — Não quero ficar sozinho, o barão Sangrento já passou por aqui duas vezes.

Hermione consultou o relógio e em seguida fez uma cara furiosa para Neville.

— Se formos pegos por causa de você, não vou sossegar até aprender aquela Poção do Morto-Vivo que Quirrell falou e vou usá-la contra você.

Passaram quase voando pelos corredores listrados pelo luar que entrava pelas grades das janelas altas. A cada curva Harry esperava topar com Rabicho ou com Madame Nor-r-ra, mas tiveram sorte.

Subiram correndo uma escada até o terceiro andar e, nas pontas dos pés, dirigiu-se à sala dos troféus.

Ronald e Crabbe ainda não tinham chegado. As vitrines de cristal onde estavam guardados os troféus refulgiam quando tocadas pelo luar. Taças, escudos, pratos e estátuas piscavam no escuro com lampejos prateados e dourados. Eles caminharam rente às paredes, mantendo os olhos nas portas de cada lado da sala.

Harry tirou a varinha da caixa para o caso de Ronald aparecer de repente e começar a duelar. Os minutos passaram vagarosos.

— Ele está atrasado, quem sabe se acovardou — Draco sussurrou. Então uma batida na sala ao lado os sobressaltou, acabara de erguer a varinha quando ouviram alguém falar e não era Ronald.

— Vá farejando, minha querida, eles podem estar escondidos em algum canto.

Era Rabicho falando com Madame Nor-r-ra. Horrorizado, Harry fez sinais frenéticos para os outros três o seguirem o mais depressa possível, e fugiram silenciosos em direção à porta mais distante da voz de Rabicho. As vestes de Neville mal tinham acabado de passar a curva quando ouviram Rabicho entrar na sala dos troféus.

— Eles estão por aqui — ouviram-no resmungar —, provavelmente escondidos.

— Por aqui! — disse Harry, apenas mexendo a boca, para os outros e, petrificados, eles começaram a descer uma longa galeria cheia de armaduras. Podiam ouvir Filch se aproximando. Neville de repente, soltou um guincho assustado e saiu correndo.

Tropeçou, agarrou Draco pela cintura e os dois desabaram em cima de uma armadura. A queda e o estrépito foram suficientes para acordar o castelo inteiro.

— CORRAM! — gritou Harry e os quatro desembestaram pela galeria, sem virar a cabeça para ver se Rabicho os seguia. Fizeram a curva firmando-se no alisar da porta e saíram galopando por um corredor atrás do outro, Harry na liderança, sem a menor idéia de onde estavam nem que direção tomava.

Atravessaram uma tapeçaria, rasgando-a e encontraram uma passagem secreta, precipitaram-se por ela e foram sair perto da sala de aula de Feitiços, que

sabiam estar a quilômetros da sala dos troféus.

— Acho que o despistamos — ofegou Harry, apoiando-se na parede fria e enxugando a testa. Neville estava dobrado em dois, chiava e falava desconexamente.

— Eu... Disse... A vocês — Draco falou sem fôlego, agarrando a blusa. — Eu... Disse... A vocês.

— Temos de voltar às masmorras — lembrou Hermione —, o mais rápido

possível.

— Ronald  enganou você — disse Draco a Harry. — Já percebeu isso, não? Não ia enfrentar você. Rabicho sabia que alguém ia estar na sala dos troféus. Ronald deve ter contado a ele.

Harry achou que ele provavelmente tinha razão, mas não ia dar o braço a torcer.

— Vamos.

Não ia ser tão simples. Não tinham caminhado nem dez passos quando ouviram o barulho de uma maçaneta e alguma coisa disparou da sala de aula à frente deles.

Era Pirraça. Avistou os garotos e soltou um guincho de prazer.

— Cale a boca, Pirraça, por favor, você vai fazer a gente ser expulso.

Pirraça soltou uma gargalhada.

— Passeando por aí à meia-noite, aluninhos? Tsk, tsk. Que feinhos, vão ser apanhadinhos.

— Não, se você não nos denunciar, Pirraça, por favor.

— Devia contar ao Rabicho, devia — disse Pirraça bem comportado, mas seus olhos cintilaram de maldade. — É para o seu próprio bem, sabem?

— Saia da frente — disse Draco com rispidez, baixando o braço em Pirraça. Foi um grande erro.

— ALUNOS FORA DÁ CAMA! — berrou Pirraça. — ALUNOS FORA DA CAMA NO CORREDOR DO FEITIÇO!

Passando por baixo de Pirraça eles saíram desembalados até o final do corredor onde depararam com uma porta... Fechada.

— Acabou-se! — gemeu Neville, empurrando inutilmente a porta —  Estamos ferrados! É o fim!

Ouviram passos, Rabicho correndo a toda em direção aos gritos de Pirraça.

— Ah, sai da frente — Hermione resmungou aborrecida.

Agarrando a varinha de Harry, bateu na fechadura e murmurou:

— Alorromora!

A fechadura deu um estalo e a porta se abriu, eles se atropelaram por ela, fecharam-na e apuraram os ouvidos, à escuta.

— Para que lado eles foram, Pirraça? — era Rabicho perguntando. — Depressa, me diga.

— Peça "por favor".

— Não me enrole, Pirraça, vamos, para que lado eles foram?

— Não digo nada se você não pedir "por favor" — disse Pirraça na cantilena irritante com que falava.

— Está bem, “por favor”.

— NADA! Nada haaa! Eu disse a você que não dizia nada se você não pedisse por favor! Ha ha! Haaaaaa! — E ouviram Pirraça voar rápido para longe e Rabicho xingar com raiva

— Ele acha que a porta está trancada! — Harry falou. — Acho que escapamos. Sai para lá, Neville! — Neville puxava a manga do robe de Harry fazia um minuto. — Que foi?

Harry se virou e viu, muito claramente, o que foi. Por um instante teve a certeza de que entrara num pesadelo, era demais depois de tudo o que já acontecera.

Não estavam numa sala, conforme ele supusera. Achavam-se num corredor. O corredor proibido do terceiro andar E agora sabiam por que era proibido.

Estavam encarando os olhos de um cachorro monstruoso, um cachorro que ocupava todo o espaço entre o teto e o piso. Tinha três cabeças. Três pares de olhos que giravam enlouquecidos. Três narizes, que franziam e estremeciam farejando-os. Três bocas babosas, a saliva escorrendo em cordões viscosos das presas amarelas.

Estava muito firme, os olhos a observá-los, e Harry sabia que a única razão por que ainda estavam vivos era que o seu repentino aparecimento apanhara o cachorro de surpresa, mas ele já estava se recuperando e depressa, não havia dúvida quanto ao significado daqueles rosnados de ensurdecer.

Harry tateou a procura da maçaneta. Entre Rabicho e a morte, ficava com o Rabicho.

Retrocederam. Harry bateu a porta e eles correram, quase voaram pelo corredor, Rabicho devia ter tido pressa para procurá-los em outro lugar porque não o viram em parte alguma, mas nem se importaram. A única coisa que queriam era abrir a maior distância possível entre eles e o monstro. Não pararam de correr até chegarem a parede de tijolos no subsolo.

-Focinho de porco, focinho de porco — ofegou Harry, e a parede se abriu. Eles entraram de qualquer jeito na sala comunal e desmontaram, trêmulos, nas poltronas(Neville havia corrido para sua própria sala comunal).

Levou algum tempo até um deles falar alguma coisa.

— Que é que vocês acham que eles estão querendo, com uma coisa daquelas trancada numa escola? — perguntou Draco finalmente. — Se existe um cachorro que precisa de exercícios é aquele.

Hermione tinha recuperado tanto o fôlego quanto o mau humor.

— Vocês não usam os olhos, vocês todos, usam? — perguntou com rispidez. — Vocês não viram em cima do que ele estava?

— No chão? — arriscou Harry. — Eu não fiquei olhando para as patas, estava ocupado demais com as cabeças.

— Não, não estou falando do chão. Ele estava em cima de um alçapão. É claro que está guardando alguma coisa.

Ela se levantou olhando feio para ele.

— Espero que estejam satisfeitos com o que fizemos. Podíamos ter sido mortos, ou pior, expulsos. Agora, se vocês não se importam, eu vou me deitar.

Draco ficou olhando para ela, de boca aberta.

— Por que você ‘tá brava? Você mesmo estava incentivando tudo!

-Francamente Draco, incentivei nossas pequenas brincadeiras, não minha expulsão!- e com isso se virou e foi embora.

-Ela é louca.

Mas Hermione tinha dado a Harry algo em que pensar quando voltou para a cama. O cachorro estava guardando alguma coisa...

 

 



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