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História Harry Potter: One shots - Dive


Escrita por: Sakura_Rin

Notas do Autor


A one shot é baseada na música do Ed Sheeran, Dive. Uma história sobre um coração partido de um dos personagens mais frios que conhecemos, um certo sonserino de cabelos pálidos.
Draco Malfoy jamais imaginaria que teria seu coração partido. Quem dirá que a dor seria insuportável. Haveria uma luz no fim do túnel para o frio e arrogante sonserino?

Capítulo 2 - Dive


O restaurante estava cheio, mas eu me sentia solitário como se fosse o único a estar ali. Olhei as pessoas a minha volta, sentando em suas mesas enquanto comiam, bebiam e conversavam... Sorrisos, olhares cheios de significado, gestos românticos... Parecia uma praga que multiplicara todos os casais nos lugares que eu frequentava!

- Maldito P... – mordi a língua para abafar o resmungo e pressionei meus lábios um contra o outro com força.

Tentei me distrair dos pensamentos que logo vieram à tona. Olhei desesperado em volta, outra vez procurando um ponto aleatório onde focar, mas que não me causasse ainda mais raiva e dor. Não havia tal lugar.

Então, no pequeno palco, uma mulher mexeu no microfone e fez barulho para chamar atenção de todo mundo. Ela não sorriu, tinha cabelos negros longos e cacheados, olhos anormalmente verdes e o rosto redondo muito bonito. O tipo de mulher que me atraía... Quando eu não estava me odiando por ter permitido que um otário descobrisse que eu tinha um coração.

Ela começou a cantar e sua voz reverberou pelo espaço lotado, silenciando quem ainda conversava com seu poder.

Oh, maybe I came on too strong

Maybe I waited too long

Maybe I played my cards wrong

Oh, just a little bit wrong

Baby I apologize for it

 

Rapidamente, eu me senti envolvido pelas suas palavras e pelas minhas próprias lembranças, porque ele também tinha malditos olhos verdes e eu sempre começava a divagar em momentos que os tive voltados para mim...

- Eu nunca estive com alguém assim... Ou com um homem. – ele disse enquanto estávamos deitados na cama estreita e fajuta de um hotel barato.

- E você acha que eu já estive com um homem, Potter? – indaguei com um tom  pesado e agressivo. Saiu antes que eu pudesse me conter e ele se remexeu inquieto ao meu lado, seu olhar ficando magoado.

Suspirei, irritado comigo mesmo, e toquei seus cabelos ainda mais bagunçados do que o normal. Seu rosto abrandou um pouco, os lábios vermelhos por causa dos meus beijos se franziram um pouco antes de ele aceitar que eu o beijasse mais uma vez.

- Eu não quis ofender você. – falei baixo e com dificuldade. – Eu também nunca estive assim com alguém. – acrescentei num sussurro, com o coração acelerado temendo que tudo desaparecesse.

- Eu sei, Draco. – ele murmurou.

I could fall or I could fly

Here in your aeroplane

And I could live, I could die

Hanging on the words you say

And I've been known to give my all

And jumping in harder than

Ten thousand rocks on the lake

 

Eu não sabia que era capaz de me abrir para alguém daquele jeito. Nunca estivera com uma pessoa que me conhecesse, que soubesse meus hábitos, meus gostos, até o jeito como eu movia a boca antes de resmungar sobre algo que não gostei. Ele fora o primeiro e talvez fosse o último.

O que Harry Potter queria comigo após Hogwarts eu não sabia exatamente. Mas eu sabia o que se desenvolveu entre nós quando o tempo que passávamos sozinhos juntos foi aumentando e nossos olhares se encontravam mais vezes e por mais tempo... Ele fazia minha respiração ficar presa na garganta e meu corpo desejar seu toque, eu desejava abraçá-lo e que ele tocasse meu rosto, mas não acontecia.

Eu sabia que ele me desejava de volta. Seu rosto não escondia sentimentos e havia o fato de que ele estava ficando mais perto de mim, tocando o ombro com o meu, fechando minha passagem “sem querer”. Ele queria meu toque também e eu não hesitei em dá-lo. Sempre gostei de jogos.

Sendo mais baixo do que eu, Harry só tornou mais fácil segurá-lo pela nuca e beijar sua boca macia, entortando seus óculos. As mãos dele pousaram em meu peito e depois ele me puxou pela gola para me inclinar ainda mais sobre seu corpo. Até a lembrança era um borrão agora, o momento em que senti a boca macia dele encaixando na minha e sua língua me provando, e meus sentimentos que eram apenas uma onda se transformaram num tsunami... Um frenesi me tomou e tudo era Harry Potter e o quanto eu o queria.

You're a mystery

I have travelled the world

There's no other boy* like you

No one, what's your history?

Do you have a tendency to lead some people on?

'Cause I heard you do, mmh

 

Quem imaginaria que o famoso Harry Potter, o filho de um herói, o menino de ouro, seria capaz de partir o coração de alguém? Eu não havia amado antes de saber o que estava sentindo por ele, mas isso não o impediu de amar outra pessoa, não o impediu de me abandonar por ela... Ela, uma Weasley, uma garota.

So don't call me baby

Unless you mean it

Don't tell me you need me

If you don't believe it

So let me know the truth

Before I dive right into you

 

- Draco... Eu... Eu não posso mais continuar com você. Não é justo. – Harry falou com uma expressão de cão maltratado, a voz dele estava quase embargada. - Eu tenho sentimentos por outra pessoa e não quero estar com você pensando...

- Você nunca me amou. – eu o acusei sem ouvir o resto. Era demais pra mim.

Em pé, no meio da sala do meu apartamento, usando apenas uma camisa e com uma mesa de jantar elaborada nos esperando... Eu me sentia perdendo o controle. Eu sabia que ele estava diferente, que me evitava e se esquivava!

- Mas não importa. – continuei falando com a voz gélida. – Eu também não amo você. Ao menos eu tive a decência de não fazer declarações, Potter. Você não devia falar coisas que são mentiras.

- Draco, você não está sendo justo. – ele murmurou, recuando diante do que eu disse.

Meus olhos ardiam e eu trinquei o maxilar de raiva. Olhava para ele e via apenas o que eu mais temia acontecendo... Tudo ruiu. Não havia mais nós dois acordando juntos e nos olhando sonolentos. Não havia mais sussurros dizendo “eu te amo” antes que eu dormisse. Não havia mais seus olhos verdes intensos amolecendo derretendo meu coração.

- Você foi quem acabou de confessar que não está sendo justo comigo, Potter. – escarneci com um sorriso maldoso. – Acho que está se contradizendo.

- Você não me chama assim há meses. – ele comentou parecendo desapontado.

- Não sei o motivo de ter parado. – retruquei friamente.

Eu não conseguia me mover, nem para longe dele, nem para perto. Eu me sentia frio por dentro, mas também havia calor a minha volta. Nem meu corpo sabia o que estava acontecendo.

- Você estava me amando, esse foi o motivo! – Harry explodiu, claramente magoado. – Eu nunca pedi que você dissesse! Eu sabia que era difícil para você, dizer que também me amava. Mas agora você está agindo como um idiota...

- EU SOU O IDIOTA! – finalmente despertei e dei dois passos para cima dele. – VOCÊ FOI O ÚNICO DECLARANDO SEU AMOR POR MESES! MAS NÃO SOU EU QUE ESTOU CORRENDO PARA OS BRAÇOS DE OUTRA PESSOA, SOU?

- Draco... – Harry viu além da minha armadura pela última vez.

- Vá embora, Potter. – falei sem forças para gritar.

Eu esperava que ele ficasse e me abraçasse enquanto eu desabava. Que me pedisse desculpas e admitisse que a garota era um erro, que ele fora um otário e me amava de verdade... Mas ele não ficou, nem me abraçou ou pediu desculpas e disse que me amava. Ele foi embora e não fez mais do que olhar uma vez por cima do ombro antes de fechar a porta.

I could fall or I could fly

Here in your aeroplane

And I could live, I could die

Hanging on the words you say

And I've been known to give my all

Sitting back, looking at

Every mess that I made

 

Meus olhos ficaram arregalados de choque até a porta se fechar com um ruído seco e baixo. Não me lembro de quanto tempo fiquei ali, em pé sozinho, mas despertei com meus joelhos batendo no chão e minhas mãos aparando minha queda. Lágrimas caíam torrencialmente pelo meu rosto e havia aquela sensação desconhecida e horrível dentro de mim... A sensação de que meu corpo estava se rasgando de dentro pra fora.

Um grito ecoou pela sala, um som cheio de dor como o de um animal morrendo. Demorei a perceber que era meu grito e minha dor ecoando como se eu fosse morrer. Fiquei sem fôlego com a torrente de sentimentos, mas dessa vez eles não incluíam euforia e sorrisos bobos. Agora eu batia nas coisas, quebrava taças, apagava velas estúpidas e puxava a toalha da mesa com pratos esperando pelo jantar especial...

Eu não queria amar outra vez... Eu não sabia se algum dia seria capaz de amar outra vez.

So don't call me baby

Unless you mean it

Don't tell me you need me

If you don't believe it

So let me know the truth

Before I dive right into you

Before I dive right into you

Before I dive right into you

 

A música havia acabado há muito tempo e eu não notara de tão perdido em lembranças que fiquei. Passei a mão pelo rosto, temendo que lágrimas inconvenientes houvessem escapado, mas estava tão seco quanto eu me sentia por dentro.

Como se conjurado direto da minha mente, Potter estava numa das mesas que antes um casal de idosos ocupava. A ruiva Weasley sorria para ele, bebericando timidamente, e sem modos, o vinho. Algo reluziu em seu dedo na mão direita... Um anel simples e delicado, aqueles que as pessoas usam para noivar.

Harry Potter estava feliz. É óbvio! Mais de um ano havia se passado, ele seguira em frente após me deixar sozinho e miserável em meu apartamento. Eu mudei de casa, mudei todas as minhas roupas, móveis e até meu corte de cabelo. Parecer diferente parecia uma maneira de me olhar no espelho e não lembrar algum comentário dele ou momento com ele. Mas não funcionava.

Levantei da cadeira discretamente e paguei muito mais do que havia consumido apenas para sair daquele lugar mais rápido. Eu me sentia sufocado. Dei passadas largas para fora do restaurante e fui atingido por uma rajada de vento frio que só senti após andar meio quarteirão e esbarrar em alguém. Era uma mulher de cabelos cheios e olhos cor de chocolate.

- Granger! – exclamei surpreso.

- Malfoy. – ela murmurou também surpresa, mas havia algo mais em seu tom e em sua expressão.

- Você sabe. – comentei em tom frio.

- Descobri sozinha. – ela deu de ombros. – Ele é meu amigo, eu sei das coisas.

Assenti sem dizer coisa alguma, pois eu não queria explodir como se aquilo ainda me afetasse fortemente. Ninguém precisava saber como eu era fraco e idiota. Comecei a me afastar, mas Hermione segurou meu pulso e me forçou a encarar seus corajosos olhos castanhos. Ela era assim, sempre pronta para desafiar e vencer.

Sua expressão abrandou e ela disse, com convicção:

- Vai passar. Essa dor, ela vai embora.

- Não sei do que está falando, Granger. – retruquei e tentei me soltar.

- Eu terminei com Ron, não estávamos na mesma página. – ela prosseguiu, apertando meu pulso ainda mais. – Ele se recuperou rápido demais, volto para Lilá. Eu fiquei arrasada... Mas passou.

Ali estava ela contando algo que não me interessava sobre sua vida apenas para me ajudar. Conviver com Potter me mostrara essas bondades com frequencia. Eu não entendia como eles conseguiam ser assim.

- Eu gostaria de ver o mundo como você, Granger. – comentei e sorri para sua expressão de alívio quando não fui rude. Foi um sorriso involuntário, mas ela retribuiu.

- É difícil ver o mundo como eu, mas eu posso ensinar. – ela disse com suavidade e me soltou.

Eu me senti menos pesado, menos triste com aquele gesto que deveria ser insignificante. Pela primeira vez em meses a dor diminuiu.

- Quem sabe eu mando uma carta solicitando suas aulas. – retruquei meio rabugento meio levemente feliz.

- É uma decisão sábia. – ela elogiou. – Até mais... Draco.

- Até... Hermione. – me despedi com um aceno hesitante de cabeça e aparatei.

Finalmente pude dormir durante toda a noite. 


Notas Finais


* Na letra original é girl, mas eu substitui para encaixar na história.
Espero que tenham gostado, eu ando sumida do site, mas hoje eu tive essa inspiração e consegui escrever. Comentem, por favor. Bjs.


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