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História Hasu - Sakura x Hasu


Escrita por: Gaby_Uchiha_

Notas do Autor


VOLTEEEEEEEIIIIII!!!! *---*

Desculpem a demora, mas aqui está um capítulo novinho saído do forno *---*
Obrigada a todos que favoritaram, comentaram ou começaram a acompanhar Hasu! Obrigada a todos! Vocês são muito lindos e sempre estão me estimulando bastante!
Por isso, cumprindo minha promessa do face, aqui está mais um capítulo saindo bem cedo *---*

Divirtam-se pessoal!

Capítulo 5 - Sakura x Hasu


As pernas tremiam. Os dedos batucavam. Os dentes prendiam o lábio inferior. Os verdes analisavam o ambiente.

Sakura estava inquieta.

Sentia-se presa. Ser ar. Como uma detenta na solitária ou uma náufraga afundando nas águas frias do Pacífico, sem chances de sobrevivência, sem liberdade.

Tentou inspirar o ar novamente, de maneira exagerada e inadequada, antes de voltar sua atenção para o ser que a deixava tão exasperada para fugir daquele ambiente.

Era Sasuke, o seu editor de texto.

Era o homem imóvel que permanecia com os olhos grudados nas suas redações para as duas colunas.

Tudo havia ido bem durante a análise da coluna cultural. Ela o havia visto corrigir alguns erros tolos e dizer poucas palavras de aprovação do trabalho, mas assim que ele começou a ler o que ela havia preparado para a coluna de relacionamentos, toda a leveza de seus traços, desapareceu, e só a inexpressividade ficara.

Sakura já havia tido tempo o suficiente para gravar cada traço da figura de Sasuke.

Já havia ponderado sobre como o nó da gravata, levemente torta, dava um charme a mais nele; como os óculos, um pouco escorridos ao longo do nariz afilado, deixava-o com um ar mais maduro e intimidador; mas, principalmente, como era única aquela covinha travessa entre suas sobrancelhas franzidas...

Porém, suas divagações foram rompidas no momento que o homem focou o seu olhar desinteressado, mas com um Q de curiosidade, nela.

– Tem certeza que é isso o que você quer publicar? – A voz saiu baixa e profissional, o que fez Sakura se sentir mais intimidada, desejando estar mais uma vez bêbada e corajosa, único momento em que ela conseguia permanecer no mesmo ambiente que ele, sem colapsar.

Seus dentes apertaram com mais força o lábio inferior. Suas unhas cravaram em suas pernas nuas. Tudo porque sua mente disparou:

Não, é claro que não! Isso está horrível! Descarte por favor!

Porém, sua boca balbuciou um indeciso:

– Sim...

– Isso foi uma pergunta ou uma afirmação? – Questionou com sinceridade, inclinando-se ainda mais sobre a mesa.

Ele sabia que ela estava prestes a colapsar.

A palidez do rosto feminino era preocupante, mesmo assim, tentou obter aquela pequena certeza dela.

Pensava que ela não viria trabalhar, mas foi com surpresa que viu a mulher alcançar de maneira apressada o elevador.

Mesmo ofegante, ela deu um sorriso torto e um bom dia impessoal para todos aqueles estranhos e também para si.

Ele apenas assentiu brevemente, antes de notar que estava olhando demais para as pernas descobertas dela. Pernas tão torneadas, que viviam cobertas, mas hoje elas apareceram para atormentá-lo e lembrá-lo de como ele havia gostado de tocá-las semanas atrás.

Com esse pensamento, ele se martirizou por algo inadequado em relação à uma colega de trabalho.

Ele não deveria pensar nisso, deveria respeitá-la e focar na blusa social branca ou no casaco de tricô verde musgo que ia até abaixo do seu quadril.

Ali era o limite que ele havia imposto a si, porém a imagem da saia de cintura alta e rodada, de cor clara, já estava gravada em seus pensamentos.

– Uma afirmação – a voz feminina rompeu sua linha de raciocínio e ele levou alguns segundos para se lembrar do que estavam falando, mas assim que viu mais uma vez a redação para a coluna de relacionamentos, recordou-se como aquela pessoa que escrevera aquilo, era diferente da mulher encolhida em sua frente.

Tinha certeza que ela havia escrito aquilo enquanto ainda estava sob o efeito do álcool e sua coragem ainda permitia que a outra Sakura desse as caras.

– Tudo bem então – finalizou organizando os papeis, mas voltou a olhar para ela quando notou que não havia se levantado do lugar, pelo contrário, Sakura permanecia petrificada, encarando-o com estranheza.

– Tudo bem? – Ela balbuciou ainda sem acreditar.

– Sim. Tudo bem, você já pode se retirar para os seus outros afazeres, Sakura.

– A coluna de relacionamentos foi aprovada? – Perguntou para ter certeza.

– Como você bem sabe, ainda precisa da aprovação do Yamato-sama.

Ela assentiu de maneira demorada, ainda não acreditando que Sasuke havia aprovado aquela sua loucura.

Havia desabafado durante um momento de raiva e ido dormir, mas quando acordou, quase não acreditou no que ela mesma havia feito, entretanto, não havia mais tempo, era aquilo ou chegar de mãos vazias.

Só havia uma possibilidade em seus pensamentos:

Iriam rejeitar sua redação, ela não teria um dinheiro extra, mas pelo menos se livraria daquela tarefa de ser colunista sobre relacionamentos.

Agora, porém, havia acontecido o inverso, Sasuke havia aceitado sua coluna e agora seu chefe iria ler aquele texto.

Sim, quando achamos que não pode piorar, as coisas sempre pioram, sua mente disparou.

– Tem certeza?

– Tenho. Por que? Você não tem?

– Tenho, tenho, tenho – balbuciou desconcertada. – Desculpe-me, já vou indo – se ergueu em um sobressalto, ainda atordoada com a situação, que nem ao menos percebeu quando o moreno torceu a boca e desviou o olhar para não ter que admirar a saia travessa em suas pernas.

O salto das suas botas de cano longo batucaram contra o piso de madeira, mas pararam quando sua mão alcançou a maçaneta, voltando-se repentinamente para o editor.

– Obrigada por ontem à noite.

Sasuke foi pego de surpresa por aquela sentença sincera, mas logo se recompôs e sorriu minimamente para a mulher.

– Não precisa agradecer.

– Tudo bem então – ficou desconcertada. – Vou indo – disse enquanto fugia e fechava a porta com firmeza.

Só então pode respirar fundo, sentindo-se livre de toda aquela opressão.

– Nossa, parece que foi horrível – reconheceu a voz de Tenten e logo seguiu seu sentido, encontrando, para a sua confusão, todo o grupinho de amigos sentado na sua mesa.

– Ah, oi – falou incerta, caminhando-se até a sua mesa, sob o olhar de todos.

– Ele reprovou o seu texto? – Perguntou Tamaki em um disparo.

– Ah... não.

– Então por que você está tão pálida? – Indagou um preocupado Naruto, que logo se prontificou a se erguer e caminhar até ela, observando cada traço da mulher centímetros mais baixos que ele.

Sakura pigarreou por aquela aproximação repentina, desviando o olhar para os outros.

– Ele é intimidador – explicou-se.

Todos riram, concordando com a cabeça.

– Oh, ele é sim – murmurou Hinata, que massageava as têmporas devido a leve ressaca, resultado da noite anterior.

– Vocês estão exagerando. Sasuke é gente boa, só está fazendo o trabalho com competência.

– Naruto, você não é parâmetro para avaliar alguém. Você age como alguém íntimo até com um ser inanimado – disparou Neji, se aproximando do grupo.

– Verdade. Aposto que Naruto tagarelou pelos dois enquanto o nosso editor de texto lia a coluna dele – falou Tenten, tirando risos de todos, até mesmo de Sakura.

– I-Isso não é verdade – tentou se defender um vermelho Naruto. – Eu não falo tanto assim.

– Só você já conversou com o moreno delícia – lamentou-se Tamaki.

– Não é verdade. A Sakura-chan estava conversando com ele ontem. Não é Sakura-chan?

A mulher sentiu-se oprimida pelos olhares com expectativas sobre si, mas não havia saída se não ceder.

– Bom... nós bebemos enquanto vocês dançavam na pista, só isso.

– Sortuda – murmurou Tamaki.

– Culpa sua não ter ido ontem nos encontrar no bar, Tamaki – ralhou Tenten, pondo as mãos na cintura. – Ao invés disso foi brincar de papai e mamãe com aquele ridículo do Kiba.

– Shiiiuuu – pediu desesperada a morena. – Ficou louca? Quer que o jornal inteiro saiba?

– Como se o jornal já não soubesse que você lambe o chão que o Kiba pisa – murmurou Tenten.

Tamaki se ergueu com raiva, antes de se dirigir a passos rápidos para a sua mesa, do outro lado da redação caótica.

Sakura ficou confusa com o ocorrido e logo seus olhos vagaram para o grupinho liderado pelo ser que ela menos suportava naquela redação.

Kiba, ainda com algumas eventuais marcas roxas em seu rosto, devido ao seu ataque, estava afastado dos demais, digitando com ferocidade o teclado do seu computador.

– Não liga para isso não, Sakura-chan. Tamaki é nossa amiga, mas sempre que o Kiba estala os dedos, ela corre para o lado dele – explicou Naruto, pondo uma mão no ombro da Sakura.

Seus olhos vagaram por todos que assentiam em afirmação, até que Tenten informou:

– É sempre assim. Falamos que não é bom para ela, mas ela sempre abre os braços para ele e ele se aproveita, é claro.

– Eu não sabia – balbuciou.

– Parece que Sasuke mandou Kiba refazer a matéria dele, por isso ele está tão furioso hoje. Tamaki tentou se aproximar dele, com a falsa ideia de que ela significasse alguma coisa para ele depois de mais uma noite juntos, mas ele acabou descontando a fúria nela – massageou as têmporas, revirando os olhos castanhos.

Sakura assentiu, desviando o olhar furtivamente para a porta do editor de texto, indagando-se se Sasuke imaginava que estava provocando a fúria de alguns jornalistas não acostumados com a palavra "não".

– Ele só quer que demos o nosso melhor. Temos que admitir que a Odake Journal anda para trás e relaxada em relação às concorrentes – defendeu Naruto, recebendo o apoio dos demais.

– Bom... por bem ou por mal, Kiba encontrou alguém com quem ele não pode elevar a voz – comentou Neji, recebendo a risada dos outros.

***

Sasuke massageou as têmporas depois de corrigir todas as matérias e analisar as novas matérias que substituiriam as que ele tinha reprovado. Sentia-se cansado e já havia percebido que os jornalistas não estavam acostumados a ser reprovados, mas, independentemente do que eles achassem dele, Sasuke estava tentando forçá-los ao máximo pelo bem do emprego deles e continuidade do jornal.

Ele se apoiou com um suspiro, na impressora, enquanto a mesma fazia o seu trabalho de imprimir todas as colunas corrigidas.

Assim que impressas, não perdeu tempo de sair da sua sala e adentrar a sala do editor chefe.

O moreno sentiu o olhar e a apreensão de todos na redação que se calara momentaneamente, mesmo assim, não desviou o olhar do seu caminho até que estava diante do homem de cabelos castanhos e olhos escuros.

– Aqui – estendeu as folhas enquanto se sentava.

Yamato sorriu folheando rapidamente as folhas e Sasuke sabia o que ele tanto procurava.

– Ela escreveu a coluna? – Indagou o mais velho.

– Sim – se limitou a dizer, observando as diferentes reações que Yamato fazia assim que encontrou a folha da coluna de relacionamentos e começou a deslizar o olhar.

Entusiasmo.

Estranheza.

Confusão.

Raiva.

Desapontamento.

– Por Kami Sasuke, me diga por quanto os outros jornais te compraram para você destruir de vez a Odake Journal! Que coluna de relacionamentos é essa? – Perguntou exasperado.

– É a coluna que a Haruno-san escreveu – falou com a voz sempre controlada.

– E você acha mesmo que eu vou permitir que algo desse tipo seja publicado no meu jornal? – Elevou a voz, despejando com raiva, todas as folhas com as redações.

– Você vai publicar – foi incisivo.

– Como é?

– É exatamente isso que você entendeu Yamato-san. Você vai publicar essa coluna que ela escreveu, porque você precisa publicar.

– Estou tentando salvar esse jornal, Sasuke. Isso não tem nada a ver com uma coluna de relacionamentos normal!

– E é exatamente disso que precisamos. Do diferente – foi direto, erguendo-se da cadeira com elegância, dirigindo-se para a grande parede de vidro. Dali, Sasuke poderia visualizar os prédios cinzentos, também comerciais. – É o diferencial que faz os jornais passarem na frente dos outros. A Odake Journal precisa inovar.

– Isso é suicídio, não inovação – ponderou o mais velho, mas Sasuke não desistiu da sua opinião.

– Pensei que você quisesse que eu salvasse esse jornal quando me contratou – se voltou para o editor chefe.

Yamato engoliu em seco com a frieza do jovem prodígio.

– Tudo bem Sasuke. Explique-me como esse texto pode começar a ser o salvamento da Odake Journal – cedeu.

Sasuke sabia que tinha respeito advindo de Yamato e Tsunade, sabia que ele acabaria cedendo às suas ideias, muito diferente se fosse outro subordinado dando-lhe aquela ideia maluca.

– O que sempre vemos nas colunas de relacionamentos? – Indagou, não esperando uma resposta antes de continuar. – Nada de novo. Apenas pessoas dizendo que você está errado e dizendo o que você tem que fazer. É uma receita boa, barata e pronta. Sempre vende, mas e se fizéssemos diferente e se nós inovássemos? Serei bem sincero, acreditava que a Haruno-san não iria entregar essa coluna, mas o que eu vi e li, acho promissor.

– Você acredita mesmo que devemos publicar isso?

– Acredito.

Yamato ponderou por alguns instantes, deslizou seu olhar mais uma vez sobre as papeladas, enquanto Sasuke permanecia imóvel, à espera do veredito final.

– Você não está pedindo para publicar isso só porque se encantou por um par de pernas, está?

– O quê? – Perguntou incrédulo.

– Sasuke, eu compreendo que a Haruno-san é uma jovem bonita, mas por favor, não quero que isso interfira no profissionalismo...

– Não estou dizendo para aceitar essa coluna por querer bajular alguém. Sempre fui profissional em minhas decisões e você sabe muito bem disso. Se a jovem é bonita ou não, isso não interfere em nada no meu julgamento sobre a coluna.

Yamato assentiu, rendido por aquelas palavras.

– Como eu já te disse. Não aprovamos relacionamentos entre jornalistas e alguém de uma ordem superior, como editor de texto ou editor chefe. Os acionistas acreditam que isso possa interferir no julgamento do que é o melhor para o jornal.

– Eu não estou me envolvendo com ninguém – foi incisivo.

– Eu sei. Só estou lhe dando um aviso – ergueu as mãos na defensiva antes de suspirar derrotado. – Isso é loucura, Sasuke – voltou-se à redação da coluna de relacionamentos.

– Eu tenho certeza que temos que fazer isso. Estranharão no início, mas isso pode repercutir como algo positivo para o balanço da empresa. Pessoas não querem mais ouvir que são erradas e uma receita pronta, talvez algumas ainda queiram, mas se pudermos oferecer a verdade para elas, vinda de alguém que sofreu uma grande desilusão amorosa, aí sim podemos dizer que estamos inovando. Sakura-san está falando com as pessoas de igual para igual, não como alguém superior que quer dar lição de moral.

Yamato ponderou antes de apontar para o Sasuke e dar seu veredito final:

– Só dessa vez, Sasuke. Só dessa vez.

Sasuke assentiu de acordo, sabendo que sua ideia tinha que dar certo, se não, perderia parte da confiança do seu chefe.

– Notei que está sem o pseudônimo. É para colocar "H.S" como ela nomeia a coluna cultural? – Perguntou confuso o editor chefe, mudando de assunto.

– Não – se apressou o mais novo. – Ela ofertou um outro pseudônimo – disse a meia verdade, desviando seu olhar novamente para a janela.

– Qual?

Sasuke pensou em dizer a verdade. Dizer que Sakura havia escrito "cereja ardente", mas ele achou que com facilidade descobririam que a tal nova colunista de relacionamentos era ela e tudo o que eles não queriam era que se espalhasse para o departamento essa verdade.

Por isso, o moreno deletou o pseudônimo na versão final para o editor chefe, porém, não soube o que colocar no lugar.

Agora, porém, ele tinha que inventar um nome para a nova colunista, mas não um nome qualquer, mas um que se adequasse à situação.

Nomes e mais nomes perpassaram em sua mente, mas nenhum o satisfazia.

Ele pensou em Sakura, lembrou de todos os momentos em que passaram juntos, desde o momento em que ele viu aquela noiva com o vestido destruído, entrando naquele bar, completamente perdida e com medo dos olhares direcionados a si.

Lembrou de cada palavra, de cada toque, de cada olhar.

Se lembrou de como ela era diferente. De como ela medrosa, mas no fundo, poderia ser muito corajosa e uma grande tagarela sem freio.

Se lembrou de como ela poderia ser irritante...

E nesse momento a palavra veio.

Fácil.

Como uma luz iluminando a sua escuridão.

Mas da mesma forma que veio, ele desejou que não fosse aquela palavra, porém, era aquilo ou nada.

Yamato aguardava a resposta com impaciência, por isso, Sasuke, após um longo suspiro, anunciou:

– Hasu. Foi esse o pseudônimo que ela escolheu.

***

Sakura agradeceu mentalmente por se livrar dos saltos assim que chegou em casa, como fazia todos os dias. Hoje, porém, ela fez diferente, acabou jogando todo o seu corpo sobre as lajotas geladas do seu apartamento.

Se alguém a visse daquela forma, estranharia, mas não havia ninguém que iria visitá-la naquele horário, ninguém que se importasse o bastante para se deslocar até ali.

Por isso, ela se deitou e deixou que todo aquele frio entrasse em contato com seu corpo tenso, relaxando-a.

Um sorriso pequeno desenhou em seu rosto, até que ela sentiu uma pequena pressão sobre a sua barriga.

O sorriso aumentou mais um pouco assim que os pequenos passos andaram em direção ao seu rosto.

Assim que ela ouviu o primeiro miado, os olhos de Sakura se abriram para o seu Mau Egípcio.

– Oi Fuji – murmurou para o seu gato que se aninhava em seu colo e miava mais vez. – Parece que eu não estou tão sozinha quanto eu pensei – riu de si mesma, olhando para o teto, enquanto alisava a pelagem macia do seu gato. – Eu ainda tenho você.

Outro miado.

– E parece que está com fome igual a dona – sorriu docemente, erguendo-se com o gato no colo – bora preparar o nosso jantar – o telefone tocou – e ignorar certos cobradores de casamentos – acrescentou com certa dor no coração, lembrando-se da sua dívida.

***

O dia chegou mais rápido do que esperava.

Não conseguiu dormir. Permaneceu com os olhos abertos, observando o sono tranquilo do seu gato aninhado a si.

Pensou em tudo e ao mesmo tempo, em nada.

No fim, martirizou-se refletindo sobre a coluna que havia escrito. Ainda não acreditava que Sasuke havia aceitado a sua loucura.

Ficou repassando a mesma cena infinitas vezes em sua mente, tentando achar um tom de zombaria consigo, mas a seriedade de Sasuke dava-lhe a certeza que aquilo não era uma brincadeira, que ele dizia a verdade.

Sua coluna foi aceita e que àquela altura Yamato havia lido aquele texto.

Ela grunhiu diversas vezes e se prendeu à ideia de que Yamato seria sensato e aquilo não seria publicado, mas todas suas esperanças sumiram, assim que chegou na redação naquele dia e viu pequenos agrupamentos lendo o jornal da semana.

Aquilo não era tão incomum, mas assim que Tenten acenou veementemente para si, ela teve um mal pressentimento:

– Sakura! Você viu a nova coluna de relacionamentos?

A mulher sentiu uma facada no peito enquanto negava.

– Olha só isso! – Esbanjou a coluna mais discreta que as demais, porém, com uma passada rápida pelas palavras, ela quis desmaiar.

Era a sua coluna ali estampada e em ímpeto animal, caminhou para a sua mesa, onde um exemplar do jornal havia sido depositado.

Ela folheou o jornal e engoliu em seco ao encontrar novamente a sua coluna ali.

Por um mísero segundo, imaginou que somente o jornal de Tenten estava errado.

– Quem será essa Hasu, hein? Está todo mundo se perguntando sobre ela! – Perguntou com uma ansiedade estranha no olhar, a mulher de eternos coques.

– Ha-Hasu? – Gaguejou Sakura sem compreender.

– Ué, a nova colunista – apontou para o pseudônimo sob o texto da coluna que ela havia escrito.

Seu queixo caiu. Desacreditada por ver que não era o pseudônimo que ela havia escolhido, mas sim um outro qualquer.

Deram os créditos da minha escrita para outra pessoa? Perguntou-se desacreditada.

Tenten estranhou o silêncio demorado de Sakura, mas deu de ombros quando Tamaki apareceu correndo com uma tímida Hinata em seu encalço.

– Ouvi dizer que é uma nova correspondente eletrônica – começou a tagarelar a novidade, tentando jogar os cabelos longos para as suas costas. – Não é uma contratada como nós. Ficará em anonimato.

– Correspondente eletrônica? – Elevou a voz, a Mitsashi. – Desde quando Yamato saiu das cavernas para a modernidade?

– Foi o que se espalhou pela redação – comentou com a voz baixa, a garota de olhos claros.

Sakura ainda estava petrificada com toda aquela história e acabou percebendo que os outros grupos também discutiam sobre a sua coluna de relacionamentos.

– Sinto que Sasuke deu um empurrãozinho para essa modernidade. Eu disse que o cara é gente boa – intrometeu-se Naruto, encostando-se na mesa da garota de cabelos tingidos.

– Falando nele, olha quem vem aí – murmurou Tamaki, fazendo todos se voltarem para a entrada, por onde Sasuke desfilava calmamente, ignorando o olhar de todos da redação que já iniciavam suas apostas de quem seria essa tal Hasu.

– Será que a Hasu é alguma conhecida dele? – Questionou Hinata, observando o andar despreocupado e seguro do moreno.

– Será que é a namorada dele? – Supôs temerosa, Tamaki.

– Será que ao menos ele sabe quem é essa pessoa? – Finalizou Tenten, antes de todos se calarem, pois, o editor de texto, desviou momentaneamente o olhar para o seu grupo.

– E aí Sasuke!? Bom dia! – Esbanjou um Naruto divertido.

Sasuke se limitou a assenti e dizer uma simples saudação antes de se fechar novamente em sua sala.

Sakura havia parado de respirar quando os olhos negros deslizaram por si, antes dela perceber um pequeno sorriso quando ele viu a matéria aberta sobre o seu colo.

Ela sabia que ninguém notaria, havia sido rápido demais e eles não sabiam dos pormenores sobre aquela história. Mesmo assim, Sakura não pôde ficar totalmente calma.

Sua mente estava à mil, pensando em mil coisas ao mesmo tempo, não conseguindo se concentrar em nada em específico.

– Preciso de uma água – comentou, deixando para trás todos aqueles seres que insistiam em enturmá-la.

Sakura tinha os passos robóticos e agradeceu internamente por não haver ninguém na copa.

Sentou em um dos bancos do balcão com um copo entre as mãos pequenas.

Ela suspirou para o seu reflexo trêmulo, antes de tomar um gole. Porém, seu momento de paz foi interrompido por um braço deslizando pelos seus ombros.

– Você já leu a nova coluna de relacionamentos, Sakura? – Uma voz com um forte tom de desdenho sussurrou ao pé do seu ouvido.

Com um sobressalto, ela afastou um Kiba risonho de si.

Ela entortou os lábios para ele, mostrando claramente a sua repugnância por ele, mas sua careta não o afetou.

Kiba permaneceu com um sorriso esnobe, encostando-se no balcão.

– Que foi? Toda aquela sua coragem e petulância foi momentânea? – Apontou para os resquícios de marcas em seu rosto, deixando claro à que ele se referia.

– Me deixa em paz, Kiba – grunhiu passando por ele, com a clara intenção de fugir dali depois que ela depositasse o copo na pia, mas o homem de aparência animalesca, não tinha a intenção de deixá-la partir.

– Sabe, você deveria escutar essa Hasu. Falou justamente com o seu tipo de pessoa – insinuou, bloqueando a passagem.

– Meu tipo de pessoa? – Sakura estreitou o olhar, sentindo a raiva inflar dentro de si.

– Sim. Pessoas que foram trocadas por outras melhores, pessoas traídas – falou com menosprezo, balançando a mão com descaso. – Hasu disse que tem que espairecer um pouco – sorriu maldosamente, inclinando o seu corpo sobre a mulher, antes de segurar rudemente o queixo dela, deixando claro suas intenções em seu olhar. – Talvez eu deva fazer esse favor a você – sua voz foi morrendo à medida que seu rosto foi se aproximando do dela.

A surpresa foi logo mudada para a raiva, fazendo Sakura afastar o toque com um tapa, empurrando-o para longe de si.

– Acredite Kiba, você seria o último homem na face da Terra com quem eu espaireceria – cuspiu as palavras. – Fica longe de mim! – Vociferou antes de apressar seus passos para longe daquele lugar, com medo de que ele tentasse mais uma vez beijá-la.

Porém, assim que alcançou a saída, bateu com força contra um corpo grande, derrubando-a ao chão.

– Ei, desculpa. Você está bem? – Uma voz masculina preocupada a despertou.

Assim que levantou o olhar, reconheceu o homem redondo que cuidava da coluna alimentícia.

Como é o nome dele mesmo? Perguntou-se internamente.

– Ei, estou falando com você! – O homem, aparentemente gentil, foi mais incisivo.

– Ah, sim. Estou bem – falou com um sorriso torto, enquanto se erguia.

– Não deveria andar como um furacão sem olhar para a frente.

– Desculpa, estava apressada – murmurou, vendo por cima do ombro que Kiba fingia olhar algo na geladeira. – Vou indo – acenou, contornando-o. – Até logo... é...

– Chouji – completou um pouco ofendido o homem, voltando sua atenção para o salgadinho que carregava.

– É! Até logo Chouji – acenou, antes de se apressar pelo corredor, agradecendo mentalmente por voltar à redação cheia.

Céus! Quando foi que minha vida no trabalho virou um inferno?

Questionou-se, lembrando da época em que ela vivia sorrindo, fazendo seu trabalho com eficiência para sair mais cedo com intuito de encontrar o noivo e a melhor amiga e planejar mais coisas para a festa de casamento.

Ela grunhiu com esse pensamento, enquanto se jogava na sua cadeira e seus olhos recaíam para a matéria aberta sobre a sua mesa.

Lentamente, ela puxou o jornal para si, suspirando cansada; aceitando que aquela era a sua vida agora, o passado não iria voltar. Sua vida perfeita foi virada do avesso e pareciam que as pessoas estavam loucas, mas o que ela não imaginava, é que só agora seu antolho havia sido retirado, aquilo que fazia a olhar apenas para a frente, não existia mais. Agora ela era capaz de olhar o mundo ao seu redor.

Não havia mais Ino ou Sai. Agora só havia ela.

Sakura suspirou com pesar. Não estava com ânimo para fazer pesquisas sobre a próxima coluna cultural ou qualquer outra tarefa que estava incumbida. Sua cabeça não funcionava, por isso, depois de ler todo o jornal, passou o tempo respondendo às mensagens dos leitores da coluna cultural, esperando que a oportunidade de questionar Sasuke sobre Hasu chegasse.

Por mais que ela não se importasse com aquela coluna, ainda se sentia incomodada por estarem dando créditos à outra pessoa.

Afinal, quem é essa Hasu? Sua mente gritou esse questionamento, mas o primeiro desligar de luzes, acordou-a para a realidade.

– Já é tão tarde assim? – Uma sobrancelha se ergueu vendo os poucos jornalistas restantes se despedirem dos colegas.

– Boa noite, Haruno-san – desejou o seu editor chefe, dando leves tapinhas nas costas da jornalista petrificada com aquelas palavras.

– Boa noite – gaguejou de maneira robótica, ainda envergonhada por ele ter lido o seu desabafo, mas de maneira estranha, Yamato parecia despreocupado; assoviando enquanto acenava para os demais jornalistas.

Ela grunhiu puxando alguns fios, enquanto desligava seu computador e arrumava suas coisas.

Ainda precisava esperar por Sasuke, mas dessa vez garantiria que ele não visse ela fazendo nada de embaraçoso.

Ela esperou, esperou e esperou.

Todos foram embora e só ela ficou ali.

– Não é possível. O que ele tanto faz lá dentro? – Resmungou virando a cadeira giratória para a porta da sala de Sasuke.

Sakura encarou o andar monótono do relógio por mais alguns longos minutos, antes da porta ser aberta em meio à um bocejo audível da parte dela.

– O que você ainda está fazendo aqui, Sakura? – Ouviu o questionamento do homem, que percorria os olhos pela redação já vazia, sobrando apenas a recepcionista de cabelos azuis, que os olhava com feição de tédio.

– Finalmente – praticamente gritou se erguendo.

– Você estava me esperando? – Ergueu uma sobrancelha em dúvida.

– Precisava falar com você.

– E por que você não entrou na minha sala antes? – Perguntou o óbvio, apontando para a sua sala. – Só estava adiantando algumas papeladas.

Sakura sentiu o rosto queimar por aquele questionamento direto.

– Pensei que ia perturbá-lo – murmurou com o olhar baixo, antes de morder o lábio inferior.

As sobrancelhas de Sasuke franziram para aquela atitude tão submissa vinda dela.

– Tudo bem – deu de ombros. – Estamos aqui. O que você queria falar comigo?

Sakura inspirou profundamente, antes de certificar que a garota de cabelos tingidos da recepção ainda encarava eles, mas pela grande distância e parede de vidro, ela não os escutaria.

– Quem é Hasu? – Foi direta, apontando para aquele nome no jornal. – Sei que eu não quero essa coluna, mesmo assim, acho falta de respeito darem os créditos para outra pessoa.

Sasuke acabou sorrindo minimamente para aquela pose petulante que ela fazia.

– Sakura – chamou a atenção para si, mantendo a voz baixa e calma. – Você é Hasu.

As sobrancelhas de Sakura se ergueram com toda aquela segurança que ele denotava, antes dela sentir o rubor se espalhar pelo seu rosto, devido à forma que ele havia pronunciado Hasu.

O sotaque de Sasuke ficava evidente quando ele pronunciava aquela palavra, tão forte no início, mas arrastada no final, na língua nipônica.

– O... o quê? – Balbuciou ainda em transe.

– É isso mesmo que você ouviu. Você é a Hasu! Esse é o seu pseudônimo na coluna de relacionamentos.

– Ma-mas isso não faz sentido. Não foi esse pseudônimo que eu escolhi – tentou ser incisiva.

– Eu sei. Fui eu quem escolheu.

Sakura se calou, encarando aquele homem de braços cruzados, encostado na mesa à sua frente.

Ela se lembrou da flor de lótus e não entendia porque ele havia lhe dado aquele nome.

– Por que Hasu? Isso não tem nada a ver comigo.

Sasuke manteve seu sorriso de canto, porém, abaixou o olhar para os seus pés. Ele não diria porque havia escolhido exatamente aquele nome. Era pessoal demais, por isso, apenas se limitou a dizer:

– Não acha que ficaria muito evidente usar "cereja ardente". Você não quer que as pessoas saibam que você escreve a coluna de relacionamentos, se esse pseudônimo aparecesse, logo saberiam que é você.

A mulher ponderou e teve que admitir que o raciocínio dele tinha sentido.

– Por isso achei melhor escolher outro nome – deu de ombros, antes de dizer a meia-verdade. – Não dá para relacionar flor de lótus com flor de cerejeira.

Ela assentiu.

– Bom. Se era só isso... – começou, mas foi interrompido:

– Espera – ela segurou seu braço para que ele não fugisse, mas assim que viu a sobrancelha erguida de Sasuke, sua coragem esvaiu e ela logo o soltou. – Desculpe – pediu. – Só queria entender porque publicar algo como aquilo no jornal.

– Você não queria que publicasse?

– Sinceramente. Se eu fosse editora de texto, teria reprovado a coluna – falou com sinceridade, fazendo o sorriso típico de Sasuke brotar.

– Ainda bem que você não é então.

O queixo de Sakura caiu com aquela petulância, fazendo sua língua não ter mais controle.

– Onde já se viu publicar uma coluna como aquela em um jornal sério? Ficou louco? Quer afundar a Odake Journal? Ninguém levaria a sério essa coluna. Não sei nem como o Yamato-san permitiu uma loucura dessas!

– Yamato-san permitiu que publicasse a coluna porque eu disse para publicar – o homem disse sério, calando-a.

Os negros vagaram pela redação silenciosa e escura, antes de suspirar:

– Eu permiti porque suas palavras fazem sentido. Não é algo fútil. É simplesmente a verdade.

Sakura sentiu a sinceridade em cada uma das suas palavras, entendendo o que ele queria dizer.

– Você se identificou com o que eu disse naquela coluna?

Sasuke apenas sorriu, confirmando sua pergunta.

– Sua namorada... – Sakura disse em um sussurro, abaixando seus olhos para o chão, sentindo-se mal por tocar naquele assunto.

– Sua coluna é verdadeira porque você falou sobre algo que você viveu, não o que você acha que seria caso acontecesse com você – prosseguiu o moreno, fugindo daquele "sua namorada" que ficou pairando no ar por alguns segundos.

Ele não queria pensar sobre aquilo. Não ali. Não naquela hora.

– Você gostou mesmo? – Seus pensamentos voltaram para a mulher, que ainda com o olhar tímido, esboçava um princípio de sorriso, em meio ao rosto rosado pela vergonha.

– Você fez um bom trabalho, Sakura. Ficarei no aguardo da próxima coluna. Espero ser surpreendido mais uma vez – sorriu antes de ajeitar sua postura para partir.

– Você acha que as pessoas vão gostar desse novo tipo de coluna? – Indagou preocupada, antes que ele fugisse.

Imaginou que talvez estivesse sendo um incômodo, mas o homem apenas a respondia com respeito, nunca denotando impaciência.

– Por que você mesma não descobre isso? – Estendeu um pequeno pedaço de papel que estava no seu bolso.

Sakura viu os dados de e-mail escrito por uma caligrafia masculina, ríspida, mas firme e legível.

– Aí estão os dados do e-mail que eu criei para a Hasu. Todos os e-mails que chegarem para o jornal, serão transferidos para esse e-mail e não o seu pessoal – deu de ombros. – Assim o pessoal da administração não saberá com tanta facilidade que é você.

Sakura dobrou o papel com cuidado, ainda sorrindo para aquela atitude tão cuidadosa com ele para si. Não sabia o que dizer, por isso apenas disse:

– Obrigada Sasuke. Sinto que estou te devendo mais uma – disse com sinceridade, esfregando o braço nu.

O homem apenas assentiu, não cobrando nada.

– Bom, acho melhor ir indo, não vou atrapalhar mais a sua noite – disse constrangida, pegando a bolsa que estava sobre a sua mesa.

Ele apenas deu de ombros, acompanhando-a até a saída, onde a recepcionista estava jogada sobre o balcão.

– Ah! Finalmente! Pensei que ia ter que passar a noite toda esperando vocês saírem! – Esbravejou inconformada e Sakura encolheu os ombros.

– Tudo bem, Ayme. Você já pode ir, fecharei tudo – a voz dele saiu inalterada, apesar do ataque de raiva anterior da recepcionista.

A rosada se perguntava de onde ele tirava tanta paciência e elegância para lidar com os outros, fazendo com que até a recepcionista jovem e rebelde se envergonhasse pela atitude anterior devido a toda educação que ele havia lhe direcionado.

Sakura ainda permaneceu um tempo encarando a garota com as bochechas rosadas, caminhando para o elevador recém-chegado, antes de lançar um aceno breve ao homem que pegava um molho de chaves no balcão da recepção. Ele a correspondeu com um aceno, mas sua visão foi rompida no momento que ela se apressou para o elevador.

Foi no último segundo que conseguiu entrar ali, mas sua atenção foi tomada pelo suspiro sonhador da recepcionista:

– Que sonho – Ayme havia suspirado e Sakura sentiu seu rosto aquecer ao entender que até mesmo a recepcionista rebelde estava ficando encantada pelo novo editor de texto.

Ela balançou a cabeça para espantar tais pensamentos, achou que era invasão de privacidade, mas seus pensamentos a traíram e trouxeram de volta a frase:

"Você fez um bom trabalho, Sakura"

A voz de Sasuke era nítida em sua memória e isso fez sua mente nublar, entrar em transe, enquanto ela saia do prédio e dirigia de volta para a sua casa.

Estava tão letárgica que nem ao menos percebeu quando algum vizinho lhe deu "boa noite" durante sua subida nas tantas escadarias, apenas percebeu que estava com os pés descalços, já no meio do apartamento escuro e o seu gato aninhava-se em sua perna, miando, pedido pela ração.

– Você fez um bom trabalho, Sakura – repetiu debilmente, antes de sentir aquela sensação boa de dever cumprido. – Você fez um bom trabalho, Sakura – disse com mais força, imitando uma voz masculina, antes de rir de si mesma e sentir uma vontade louca de gritar.

Por isso, não se importando com a vida alheia, começou a pular na ponta dos pés, rindo de si mesma, sentindo uma pontinha de felicidade, algo que não sentia há dias e nenhuma gota de álcool havia sido posto em sua boca, só parou quando se lembrou do e-mail e correu para o sofá com o intuito de abrir o novo e-mail da Hasu.

Fuji, o seu gato, pulou para o seu lado no sofá. Sakura pegou o seu gato no colo, abraçando-o com força, ansiosa com o e-mail que abria lento demais de acordo com a sua ansiedade.

Assim que a tela se abriu, ela viu que já havia chegado algumas poucas mensagens, mas era para a Hasu.

Eram das leitoras da Hasu.

E Sakura quase não acreditou quando leu o primeiro elogio, lembrando-se perfeitamente do que havia escrito naquela coluna:

 

Loiro, olhos azuis, alto, forte, de palavras doces e intensas; capaz de fazer qualquer mulher rir ou gemer por causa das suas palavras e dos momentos à dois.

É assim, simplesmente perfeito, a forma que almejamos encontrar o parceiro ideal. No entanto, há algo que sempre esquecemos...

ELE NÃO EXISTE!

Procurar, almejar, sonhar, só nos leva à decepção, pois não existem. Ninguém é perfeito, nós não somos perfeitos, e a crença fixa no parceiro ou parceira ideal, só nos leva a ideia de que fizemos algo errado quando o relacionamento não dar certo, principalmente quando o encontramos com outra. Principalmente quando somos traídos.

Seja homem, seja mulher. Não importa o gênero, a idade ou a sexualidade. Estamos sujeitos a nos decepcionar.

Acredite, você não está sozinho. Você não é o único. Pois até eu sou como vocês.

Eu me decepciono, eu tenho minhas dificuldades diárias.

Sou humana. Sou só uma pessoa. E até eu já me perguntei: "Por que aconteceu isso comigo? Por que fizeram isso comigo? Não sou suficiente? Não agi da maneira certa? Minha roupa deveria ser diferente? Deveria ter sido mais incisiva? Mais recatada? Ele não gostou do nosso último jantar junto? Devo ser diferente nas próximas vezes?".

Porém, não há resposta, a única coisa que podemos fazer é: olhar no espelho e gritar um belo "EU NÃO TENHO CULPA".

Pare de se culpar, pare de se penalizar, pare de internalizar que a culpa é sua. Pare de tentar ser outra pessoa, pare de tentar agradar sempre, pensando que assim estará agindo certo e aquilo não se repetirá mais.

Pare. Pare. Pare.

Porque eu também tenho que parar.

Não é nossa culpa se fomos traídos. A culpa é deles por serem uns idiotas e cretinos que não tiveram nem coragem de chegar na gente e dizer: "Desculpa, mas não dá mais!".

Que pessoas são essas que não tem coragem de ser verdadeiras? São essas pessoas que vocês querem deixar no alto de um pódio e se martirizarem por achar que vocês foram os errados da história.

Não! Não é assim! A verdade não é essa.

Por isso, erga essa cabeça e seja você mesmo!

Não deu certo? Está triste? Afogue suas mágoas numa ou duas doses de Sakê! Saia para um lugar onde você nunca foi e bata papo com alguém que você nunca imaginou conhecer! Quem sabe essa possa ser a melhor experiência da sua vida. Um belo recomeço.

Só recomendo moderação. Bebida demais às vezes deixa as coisas fora do controle, digo por experiência própria.

Olhe para os lados.

Você está livre. É um novo recomeço. É o seu recomeço e só nós podemos ditar as regras, as regras do nosso recomeço.

Por isso, eu te desafio! Te desafio a se erguer e caminhar até o primeiro espelho que você encontrar.

Olhe para si. Olhe no fundo dos seus olhos e dê o primeiro passo.

Diga: "Eu não tenho culpa".

Beijos,

Hasu.

 

O queixo de Sakura caiu com essa lembrança e por isso, em um ímpeto, ela se ergueu do sofá, deixando o computador e gato para trás.

Ela não acendeu nenhuma luz do apartamento, apenas andava no automático, em direção ao seu quarto.

Fuji miava impiedosamente, mas nem os lamentos do seu gato por comida, tiravam os olhos verdes do seu reflexo no espelho.

Ela estudou cada detalhe da sua roupa de trabalho – era simples e barata –, antes dela voltar a encarar os verdes com intensidade.

Sakura não era acostumada a ficar muito tempo observando o seu reflexo; como uma típica mulher, sempre acabava listando defeitos nele, por isso, para evitar constrangimentos, acabava olhando só o suficiente, porém, hoje era diferente, ela não estava ali para listar seus defeitos, mas apenas para dar o primeiro passo, apenas para dizer:

– Você não tem culpa, Sakura.

E naquele momento, toda aquela segurança na voz e no olhar, tão diferente ao que ela estava acostumada a ver desde jovem, a surpreenderam. Naquele momento, aquela pessoa, não era Sakura.

Ali ela descobriu quem era Hasu e ela teve certeza que Hasu era tudo o que ela não era.

Com esse pensamento, a mulher acabou rindo um pouco de si, deslizando suas falanges em meio aos fios curtos e rosados, pronta para dizer como Sakura:

– Eu não tenho culpa.

***

Ele depositou a lâmina de barbear sobre a pia de mármore.

Alguns pontos, com filetes de sangue, ardiam, apesar de não ser visível os cortes.

Ele enxaguou sua face mais uma vez antes de encarar seu reflexo no espelho molhado.

Sua aparência estava pálida e bolsas escuras desenhavam seus olhos.

Todo o descuido, noites mal dormidas e doses de álcool e nicotina, estavam estampados ali.

Aquilo não era exemplo para ninguém. Se visse outra pessoa naquele estado, criaria toda uma crítica interna, mas aquela pessoa ali refletida, não era um estranho, era ele mesmo.

– O que eu estou fazendo comigo mesmo? – Suspirou com pesar, pensando em como aquele Sasuke era diferente do Sasuke do passado.

Com certeza o outro entortaria os lábios para o seu eu do futuro.

Mas ali estava ele, enxugando o rosto com uma toalha branca, evitando olhar para si mesmo.

O silêncio do apartamento voltou a incomodá-lo, fazendo-o se lembrar da namorada e da sua traição.

Deu um passo involuntário para trás, com a clara ideia de voltar a beber, mas assim que viu o relance do seu reflexo mais uma vez, paralisou, se lembrando daquela sentença incômoda:

 

"Por isso, eu te desafio! Te desafio a se erguer e caminhar até o primeiro espelho que você encontrar.

Olhe para si. Olhe no fundo dos seus olhos e dê o primeiro passo.

Diga: "Eu não tenho culpa"."

 

Ele riu de canto, murmurando:

– Irritante.

Terminou de enxugar o rosto e o pescoço, antes de deixar a toalha de lado e se apoiar nos braços cruzados sobre a pia de mármore.

Os negros percorreram sobre o tórax nu, a toalha branca que envolvia da sua cintura para baixo.

O cheiro de recente banho impregnava o banheiro alvo.

Com um suspiro, ele fechou os olhos, tomando coragem por alguns instantes, antes de abri-los e dizer com convicção:

– Eu não tenho culpa.

Seu sorriso de canto se tornou mais evidente, se sentindo um pouco idiota por estar fazendo aquilo.

Jogou seu corpo para trás e escondeu seus olhos com a mão.

Os fios molhados do seu cabelo grudavam em sua mão fria, ao mesmo tempo que ele ria de si mesmo.

– Hasu – ponderou entre risos. – Me pergunto qual é a próxima que você vai aprontar – murmurou, antes de voltar a encarar o seu reflexo e ver aquele sorriso impregnado em si.

Deu de ombros, antes de voltar para o quarto e se recordar de todas aquelas lembranças impregnadas naqueles lençóis.

– É para dar o primeiro passo, não é? – Perguntou para o vazio, antes de pôr as mãos na cintura e completar: – Tudo bem, vamos começar pelo apartamento – falou convicto da sua decisão.

Continua...


Notas Finais


Hasu = significa flor de lótus em japonês

E aí pessoal, o que vocês acharam? hehehe
Finalmente descobrimos como é essa tal de coluna de relacionamentos da Hasu, o que vocês acham que ela vai aprontar agora hein? E esse Sasuke à lá fã número 1? hahaha Ai gente, eu ri muito nessa parte dele seguindo as instruções da Hasu!
Falando nela... vocês esperavam que fosse o Sasuke a pessoa que criaria a Hasu?

Sim, é isso mesmo que vocês leram! Foi a Sakura quem escreveu a coluna, mas quem criou a colunista Hasu, foi o Sasuke. Hasu signica algo para ele e bom, esse segredo deixo para vocês descobrirem ;D
Até a próxima pessoal!

[NOVA FIC POSTADA][ONE][SASUSAKU]: Improper
https://spiritfanfics.com/fanfics/historia/fanfiction-naruto-improper-5666401


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