História Haters - Fã

Tudo parecia desabar naquele momento da minha vida, todas as minhas ações foram resultado de traumas, aprendi finalmente a viver conforme a vida corre, faço o que der vontade depois sem arrependimentos, a vida me ensinou assim, e acima de tudo a ser forte.

- 1 ano atrás.

Já faziam 3 anos que meu pai estava naquela cama hospitalar, dependia da gente pra tudo, comer, beber, sua higiene e inclusive necessidades, eram eu uma irmã e minha mãe lutando para dar uma boa vida ao meu pai que estava em estado vegetativo apenas ouvindo e compreendendo tudo sem ao menos se expressar. Pensei que ficaria o resto de minha vida em casa ajudando minha mãe a tomar conta de tudo, meus sonhos haviam ido por agua baixo, até a faculdade de direito tive de abandonar para conseguir pagar as contas fim do mês, tudo era tão complicado que eu me perguntava se merecia mesmo passar por tanta dificuldade e dor. Mas nada se compara ao dia em que o perdi... Meu pai, meu melhor amigo, confidente e meu companheiro de música. O seu violão não era mais ouvido muito menos a sua voz, mas eu estava lá ao seu lado tocando em meu ultimo presente deixado por ele, meu violão companheiro, nele e carregava o sonho de ser uma grande cantora e compositora, por mais que eu não conseguisse colocar minha própria musica em um papel. Meu pai sempre me incentivou a seguir meu sonho, mas eu sempre achei impossível, sempre fui medrosa, quase todas as vezes que ele me pedia para cantar em publico eu me negava e sempre inventava desculpas, foram poucas as vezes que ele conseguiu me colocar em um palco, depois de um tempo aprendi a andar com minhas próprias pernas e arriscar. Mal sabia que anos depois substituiria ele cantando seu cantor favorito, faria as musicas da missa em seu lugar, e cantaria junto com minha mãe as musicas que tanto me inspiravam quando ele pegava se violão e sentava ao lado dela e eles cantavam como dois pássaros... Ah, saudades... Ele me deixou naquele dia chuvoso, na cama, no hospital, ferido, chorando, sentindo as ultimas dores de sua vida, eu rezei pedindo a Deus que o levasse, aquele sofrimento não era merecido, aquele que ajudou as pessoas durante a sua vida toda, honestamente, alegremente, não merecia aquele fim.

Deus o levou e sinto até agora a dor de ver aquele caixão ser fechado, de ver seu rosto pálido a ultima vez.

-FLASHBACK OFF

Depois daquele dia não havia mais nada que me impedisse de seguir meu caminho, eu amava musica, amava coreanos, amava BTS, eu lidaria com meus problemas sozinhos e futuramente viajaria com minha amiga para coreia, por mais que achassem impossíveis. Sabe quantas vezes ouvi que sonhava grande demais? Por que eu não poderia ir para lá? Não que eu achasse que veria meus ídolos, mas eu queria conhecer aquelas pessoas, aquela cultura bonita onde o beijo só é dado por alguns quando o amor já existe, aquele respeito pelos mais velhos e pela cultura tradicional, rapazes e moças bonitos, com roupas diferentes, casais com roupas iguais e muitas flores de primavera.

BTS sempre foi minha banda preferida apesar de conhecer primeiro EXO e em seguida grandes mestres como BIGBANG, tudo era perfeito e maravilhoso, mesmo que tudo fosse distante do Brasil, eu apenas queria ser como uma fã de la ir em um show e viver todas as emoções perto de pessoas que eu gosto. Eu não queria perder mais ninguém e nenhum segundo em minha vida.

Eu poderia continuar minha faculdade de direito e continuar gravando covers para o Youtube como uma desconhecida, um canal anônimo onde só ouviam minha voz. Mas de repente eu vi algo que mudou completamente meu rumo.

Rap Monster era meu bias, por mais que cada semana eu tivesse um diferente, eu realmente era apaixonada pela fofura e pose de mal que o líder tinha... Eu me inspirava com suas letras e sua agilidade para fazer seu rap, pra mim RM era o mestre, era um rapper de verdade, e dos melhores. Eu via nele algo especial, ele desviou seu foco e decidiu criar o BTS, se eles existiam era por que ele estava lá desde a primeira formação e era incrível acompanhar ele com os garotos que viviam como uma verdadeira família, um sempre organizado e dono de casa Jin, O maknee e curioso Jungkook que fazia o que queria sem preocupações, mas mesmo assim muito talentoso em tudo, o Hope que era a alegria em pessoa, aah hoseok seu sorriso me deixava feliz, traz pura esperança, Suga sempre incompreendido, e com seu grande coração conquistava a qualquer um, suas letras eram forte e seu rap era marcante, Jimin ah garoto bonito com voz de anjo, sabia ser cuidadoso com os Hyungs, V é de outro mundo, lindo como um boneco, único, e engraçado as vezes.

LEIA OS SLIDES EM VOZ ALTA- Disse a pessoa que filmava

Rap Monster pegou o tablete e leu o que dizia os “fãs” sobre ele...

Ele tem o rosto feio, não pode ser face do BTS.

Namjoon é feio.

Namjoon não é rapper.

Rap Monster não deveria ser parte do BTS, não tem talento.

Chama aquilo de rapper! Jamais!

­- Fechei o notebook com força e com lagrima nos olhos, como alguém poderia dizer aquilo pro meu Rap Mon, pro nosso querido Namjoon? Eu como Army jamais deixaria aquilo prosseguir, eu vi a dor nos olhos dele, eu senti aqui no coração junto com ele o peso daquelas ofensas, suas palavras “vou provar” não me confortam, então eu tomei a atitude mais maluca da minha vida, ao invés de ir ao twitter reclamar como havia sido feito esses anos todos, eu comprei minha passagem e estava decidida em encontrar uma forma de dizer para aquele cara o quanto ele era incrível. Eu estava sendo corajosa pela primeira vez em minha vida, eu estava decidida a ir mesmo que sozinha, sem nenhuma especialização, sem saber coreano e sem saber como acha-lo, mas desistir era uma palavra que não existe no vocabulário de um kpopper, quem é sabe e eu Lia sabia muito bem.