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História Haunted - Prólogo


Escrita por: haikyuo

Notas do Autor


Espero que gostem e boa leitura! <3

Capítulo 1 - Prólogo


A menina sempre acabava cochilando durante as aulas de Literatura, perdendo metade da matéria para as provas. Não que ela fosse uma péssima aluna, muito pelo contrário, Ária Hajime era uma das mais inteligentes daquela escola, alcançando médias suficientes para ser considerada uma dos melhores e receber elogios de sobra de professores e outros estudantes. Para falar a verdade, essa era a única coisa que dava certo em sua vida. Era como se, antes de ser mandada à Terra, lhe tivessem feito a seguinte pergunta: "Você deseja ter inteligência ou sorte?". Bom, qualquer um que conhecesse Ária saberia exatamente qual das duas opções a menina escolheu.

— Hajime!

Acordou no mesmo momento após ouvir o estalo na madeira. O professor estava com uma régua em mãos apontada diretamente para ela. A loira arregalou os olhos em pavor, o que fez seus colegas caírem na gargalhada.

— Como sempre, dormindo na minha aula.

— Perdão, senhor Takahashi. — disse em voz trêmula.

— Me encontre depois da aula. — Takahashi retornou para a frente da sala. — Tenho um trabalho para você.

Ária assentiu, mesmo com a relutante vontade de negar. Por que ela foi cair no sono justo na aula do professor mais chato da escola? Puro azar, qualquer um diria, e era exatamente isso. Ária sempre fora famosa em toda a escola por conta de sua anormal má sorte. Tropeços em buracos, quedas em escadas, tudo já fazia parte de sua rotina. Curativos já eram acessório para ela e no momento estava com um colado no nariz por ter batido com o mesmo no corrimão da escada durante o intervalo entre as aulas. Ninguém conseguia entender como uma menina conseguia ser tão azarada e por isso mantinham certa distância com receio de a má sorte ser contagiosa.

Assim que percebeu o professor desviar a atenção, silenciosamente, arrancou uma folha do caderno de Biologia e começou a desenhar criaturas de diversas formas e tamanhos diferentes. Pokémons eram comuns sobre a Terra, praticamente todos os estudantes, ao terminar a escola, partiam em sua própria jornada para capturar e conviver com os monstros. Ária nunca se importou sobre o assunto, nem sequer pensava em sair se aventurando pelo mundo sozinha em plenos dezoito anos de idade, correndo o risco de ser acertada por uma descarga elétrica de um Pikachu qualquer. Desde que seu pai falecera se metendo em batalhas como essas, nada daquilo a interessava. Não ignorava a realidade do mundo apenas por seu próprio desejo, mas também por conta de sua mãe que a queria longe de situações assim. Após a morte de diversos treinadores e não apenas de seu pai, pokémons passaram a ser considerados extremamente perigosos. No início, até mesmo um jovem de doze anos de idade poderia ter seu primeiro pokémon, mas as coisas acabaram mudando. A idade legal para se ter pokémons passou a ser dezoito e os treinadores precisavam frequentar treinamentos intensivos com duração de dois anos antes de conseguirem começar uma jornada de verdade.

Diferente de seus colegas de turma, Ária queria se afastar disso. Terminando esse último ano da escola, faria jornalismo como prometera à sua mãe. Ficaria longe de confusões e tentaria manter uma vida pacata em um mundo não tão normal onde pessoas sentiam prazer em colocar criaturas para brigar. Praticamente todas as profissões presentes no mercado de trabalho englobavam pokémons, mas a menina procuraria ficar longe de qualquer batalha e criatura.

— Hajime! — gritou Takahashi já esperando-a na porta da sala.

O sinal tocou, metade dos alunos já havia se retirado e Ária mal percebera.

— Hajime! — berrou o professor novamente. — Agora!

Sem demorar mais, se levantou e começou a arrumar o material em sua mochila. Pegou o papel onde havia desenhado, o amassou com toda vontade e arremessou a bolinha no lixo antes de se encontrar com Takahashi.

 

 

Fazia muito tempo que não ia até a biblioteca da escola, geralmente apenas passava para pegar algum livro sobre alguma matéria específica para estudar. Não havia mais nenhum aluno presente além da assistente da bibliotecária, Aiko. Também era uma das alunas mais inteligentes da série e dizia ser apaixonada por pokémons do tipo planta, isso era tudo o que Ária sabia sobre a colega.

— Você vai organizar todos esses livros nas prateleiras e só sairá quando acabar, entendido? — explicou Takahashi

Ária observou os diversos livros na mesa no centro da biblioteca. Ela não levaria horas, mas sim anos para terminar de organizar todos eles em seus devidos lugares.

— Isso é impossível! — reclamou.

— Se você achar que é, com certeza será impossível. — foi tudo o que Takahashi disse antes de se retirar.    

Três horas se passaram desde que Ária começara a organizar os livros. Já estava escuro lá fora, as luzes presentes na biblioteca eram um tanto fracas, por isso algumas seções se encontravam menos iluminadas do que outras. Deveriam ser nove da noite e a menina não estava nem perto de acabar. A escola fechava às dez da noite por conta das aulas no período noturno, o tempo de Ária já estava acabando. Para o seu azar, quanto mais livros organizava, mais livros pareciam surgir magicamente naquela mesa.

— Falta muito? — Aiko se aproximou.

— Sim. — respondeu a loira.

— Já tá tarde, precisamos sair da escola antes que fechem tudo. — explicou a morena. — Não pode terminar amanhã?

— Me dá mais meia hora! — pediu Ária já prevendo a bronca que levaria do professor Takahashi. — Prometo que consigo terminar.

Aiko suspirou frustrada e ajeitou seus enormes e redondos óculos.

— Tá bom. — decidiu. — Estarei na lanchonete se precisar de algo.

— Obrigada! — Ária curvou o corpo em agradecimento.

— Meia hora, sem mais nem menos! — e se retirou da biblioteca.

No mesmo segundo, a loira apertou o passo e voltou a organizar os livros rapidamente nas estantes. Ao pegar um livro roxo na pilha da mesa de título "Química e suas finalidades", achou um tanto estranho, pois tinha certeza de que já havia guardado este há uma hora atrás. Correu por diversas seções que já havia percorrido antes, arrumando os exemplares que jurava já ter guardado no começo da noite.

Ao voltar para a mesa, seus olhos se arregalaram: a quantidade de livros estava maior do que antes. Jogado em frente à pilha, lá estava ele, "Química e suas finalidades". Assim que a menina se aproximou da mesa para confirmar que não estava alucinando, o mesmo livro deu um salto para cima fazendo com que Ária recuasse e caísse de bunda no chão por conta do susto. Segundos depois o objeto começou a levitar de um lado para o outro no ar, sem qualquer explicação.

— Mas o que-

De repente, todas as luzes da biblioteca se apagaram. Ária se encolheu, assoprou e pôde observar uma leve fumaça saindo de sua boca, o ambiente ficara mais frio que o normal. Estreitou os olhos para tentar enxergar algo, mas estava muito escuro.

— Tem alguém ai? — perguntou para o nada.

Após essas palavras, o livro se chocou contra o chão e a menina se levantou rapidamente, assustada. De um segundo para o outro no meio da escuridão, cinco pontos azuis que emitiam luz iluminaram grande parte da biblioteca. Ária ficou encantada, pois não eram apenas pontos, as bolinhas azuis pareciam estar pegando fogo. A chama aumentou e de azul o fogo passou levemente para o roxo. A loira deu um passo para frente, queria analisar mais de perto. Já próxima o suficiente, estendeu uma das mãos até o ponto maior que se encontrava no centro dos outros menores.

"Será que queima?" se perguntou.

Antes que pudesse alcançá-lo, a ponta do seu dedo indicador acabou tocando em algo sólido e frio. Na mesma hora, uma esfera se formou em volta da chama e dois enormes olhos amarelos se abriram para encarar Ária. A menina tentou recuar, mas seu corpo se recusou a se mexer. Seus braços e pernas começaram a tremer, a temperatura caiu ainda mais e sua cabeça parecia pesar toneladas. Tentou gritar, mas nenhum som saiu de sua boca.

"Chandelure é um pokémon que se assemelha a um lustre senciente. Tem a cabeça redonda e listrada, olhos amarelos e pupilas redondas. No topo de sua cabeça, há um anel de espinhos preto por onde a chama principal é liberada. De um ponto preto abaixo de sua cabeça, braços negros se curvam para cima, dando apoio a mais quatro chamas, duas em cada braço. Chandelure não queima fisicamente, ao invés disso hipnotiza seu adversário com suas chamas e absorve o espírito de sua vítima."

Ao se lembrar das palavras de sua professora de Biologia, o medo a tomou por completo. Ária seria morta bem ali, no meio daquela biblioteca, sem mais nem menos. Afinal, o que um pokémon estava fazendo ali? A entrada desses monstros era totalmente proibida na escola e alguém acabou quebrando uma das regras mais importantes.

"Por quê?" perguntou em seus pensamentos.

Para a surpresa de Ária, Chandelure soltou um grunhido em resposta e, por algum motivo, a menina conseguiu entendê-lo.

"Durma."



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