História Haunted House • J-Hope (BTS) - • 02 •

Taehyung esperou até que os soluços de Hoseok finalmente desapareceram lentamente em meio aos roncos. Fazia horas que todos haviam saído, e ele levou Hoseok para o seu quarto.

Claro que era natural para ele estar com medo, ninguém mais sabia, mas Taehyung estava à beira da exaustão total. Ele tinha certeza de que uma ou duas vezes enquanto tentava consolar Hoseok, entraria em colapso. Pelo menos agora ele estava livre para dormir no quarto de hóspede.

Ele suspirou por dentro quando tirou a camiseta e deslizou os lençóis sobre a cama espaçosa.

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O resto da noite se passou em paz e, eventualmente, Taehyung sentiu o beijo dos raios do sol em seu rosto.

Ele rapidamente se levantou da cama, dando um passo para pegar a camiseta do chão, antes de sair do quarto ele ajeitou ligeiramente os seus cabelos despenteados. Escovou os dedos pelo mesmo para domá-los momentaneamente. Logo ele correu pelo corredor até o quarto de Hoseok.

A porta estava fechada, assim como ele havia deixado na noite passada.

— Vamos, acorda! É hora de se levantar. — Ele falou, batendo de leve na porta. Nenhuma resposta veio, e assim Taehyung esperou.

Ficando impaciente, ele bateu na porta, um pouco mais forte.

— Hoseok! Levanta! Eu vou fazer o café da manhã.

Por ele não ter respondido nada, Taehyung ficou preocupado. Se havia qualquer menção de comida, com certeza, ele iria ouvi-lo na hora. Algo não estava certo.

Ele não aguentava mais ser educado, torceu a maçaneta da porta para abri-la. Por um instante ele hesitou, uma visão horrível de Hoseok passou pela sua mente. A visão dele ter se assustado o suficiente para morrer de alguma forma, talvez até de um ataque cardíaco durante o sono. No entanto, quando ele espiou pela fresta da porta, encontrou Hoseok esparramado sobre os lençóis, dormindo.

— Ei! Acorda! — Taehyung gritou, a irritação escorreu como veneno em sua voz.

Hoseok se agitou e soltou um gemido. Seus olhos lentamente se abriram, depois ele agarrou seus óculos, empurrando-os no nariz.

— Ei, Tae! Realmente funcionou! — Ele sorriu após encontrar Taehyung em pé diante dele.

— Do que você está falando? — Taehyung franziu a sobrancelha.

— Sobre conversar com os fantasmas! Eu não ouvi qualquer ranger assustador, ou batidas durante a noite toda. Eu dormi como um bebê pela primeira vez em muito tempo!

Mesmo que Hoseok parecesse um idiota, ele fez parecer estranho que a entidade em questão deixaria a casa depois do que tinha acontecido na noite anterior. Taehyung teve que admitir, ele estava gostando do pensamento de que alguém realmente acreditou que ele fosse capaz de afastar um espírito.

— Eu estou contente por ouvir isso. Gostaria de me fazer algum café da manhã como celebração?

— Claro! Eu acordei com muita fome. — O sorriso de Hoseok cresceu e se tornou o mais amplo possível. Ele cantarolou e passou correndo por Taehyung, indo direto para fora do quarto.

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O resto do dia passou sem qualquer preocupação, e Taehyung decidiu que já era hora de se retirar. Hoseok continuou agradecendo-lhe várias vezes, até que ele tinha desaparecido de sua visão.

Uma vez que ele estava sozinho novamente, Hoseok olhou para o local que tinha sido queimado. Na noite anterior, Taehyung tinha tentado esfregar água e sabão sobre a madeira, mas não teve sucesso, parecia que não queria desaparecer.

No mesmo dia, Hoseok tinha repetido o procedimento, mas não teve sorte. Ele deu de ombros ligeiramente, desconsiderando por enquanto. O que importava pra ele era manter a casa em ordem.

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Nada fora do comum pareceu ocorrer durante as semanas que se passaram. Hoseok tinha voltado ao seu trabalho como professor de escola. E, após as aulas ele se reuniu com seu amigo Seokjin para o almoço, como sempre. Ele tinha decidido fazer uma confissão dizendo a seu amigo que ele tinha permitido Taehyung de levar um tabuleiro Ouija para sua casa. Sem dúvida, Seokjin reclamaria e diria que foi algo realmente imprudente.

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Era uma noite agradável, porém, Hoseok descobriria que sua paz seria de curta duração. Quando ele chegou em casa, pendurou o casaco em uma das cadeiras à espera em sua sala de estar, lançando sua pasta de lado.

Hoseok decidiu que era hora de finalmente assistir o filme que havia guardado, ele deixou-se cair no sofá, segurando um saco de batatas fritas para desfrutar enquanto assistia.

Ele ligou a TV e colocou o DVD pra rodar. Hoseok assistia com admiração assim que o filme começou. Isso ia ser bom.

No entanto, a sua televisão começou a piscar, desvanecendo-se para uma cor cinza fosco.

— Ah, não! Vamos lá! — Ele gritou, batendo no controle remoto, como se isso fosse fazer o filme continuar magicamente. Quando nada aconteceu, Hoseok ficou de pé, passando a mão por cima de seu pequeno leitor de DVD. — Ah, não! — Ele murmurou, extraindo o DVD do dispositivo.

Assim que ele sentou-se no sofá, mudou o canal para um documentário policial. Se ele não poderia ter o seu filme de terror, ele podia assistir a um mistério de assassinato em seu lugar.

Ele esperou que a tela refletisse a imagem do programa, mas permaneceu o mesmo cinza em branco.

— Aish! Vamos! — Ele rapidamente agarrou o controle remoto, folheando de canal em canal. Algo estava errado.

Quando nada parecia funcionar, Hoseok revirou os olhos, um pouco perturbado após pressionar o polegar no botão de desligar do controle remoto. Porém, mais uma vez, nada aconteceu. Estava preso à mesma tela.

— O que está acontecendo com a minha televisão? — Ele se perguntou em voz alta, começando a ficar de pé.

Depois que ele começou a passar a mão por cima da estrutura maciça, a tela começou a piscar novamente. Mas desta vez, ele podia ouvir um som de alguém cantando baixinho.

Congelado e, ao mesmo tempo curioso, ele apurou bem os ouvidos para pegar as palavras que saíam.

Ele logo percebeu que não podia. Definitivamente não era a linguagem dele. E embora não conseguisse entender o que estava sendo dito, havia uma qualidade sinistra no som.

Ao retirar o celular do bolso, ele ligou imediamente para Taehyung. Ele obviamente teve alguma experiência com coisas estranhas acontecendo. E, claro, Hoseok ainda considerava Taehyung como um irmão para ele. Ele precisava dele no momento, mais do que nunca.

— Alô? — Ele ouviu a voz na outra linha.

— Taehyung! Você tem que vir! A minha televisão está fazendo ruídos estranhos! Está me assustando!

Houve uma pausa, Taehyung parecia digerir o que Hoseok acabara de lhe dizer.

— Eu estou indo. — E com isso, ele terminou a chamada.

Hoseok franziu a testa. Aquilo foi definitivamente estranho, ainda mais pela urgência em sua voz. Alguma coisa estava acontecendo, e Taehyung tinha uma boa ideia do que poderia ser.

Levou apenas vinte minutos para Taehyung chegar. E quando Hoseok abriu a porta para deixá-lo entrar, Taehyung invadiu o local.

— Ei! Eu estou ouvindo esses ruídos por quase meia hora.

— Que ruídos? Eu não ouvi nada. — Taehyung franziu a testa, aproximando-se da televisão.

— Vamos lá! — Hoseok estreitou os olhos para o seu amigo. — É um pouco baixo, mas você pode ouvir algum canto estranho.

Taehyung foi obrigado a colocar o ouvido mais próximo para tentar pegar qualquer ruído. Ainda sem ouvir nada, ele virou-se para Hoseok mais uma vez.

— Muito engraçado. Por que é que você realmente me chamou aqui? — A expressão de Taehyung rapidamente se transformou em um rosto de aborrecimento e descrença. — Você me chamou aqui para assistir filme de terror com você? Porque eu não vou fazer isso!

Os olhos de Hoseok se arregalaram, ele não compreendia como Taehyung não conseguia ouvir as vozes que vinham de sua TV.

— O que você está falando? A voz é perceptível. Como você pode não ouvir? — Ele murmurou, quase para si mesmo.

A partir de sua visão periférica, ele viu um flash de luz que vinha da tela ao lado dele. Ele lentamente voltou o seu olhar para encontrar a tela, tinha virado um tom escuro de vermelho, descendo a um ritmo lento.

— O que é isso? — Veio a voz trêmula, apontando ligeiramente para a televisão.

Taehyung franziu a testa, claramente sem entender o porque Hoseok estava tão agitado.

— O que quer dizer? Eu acredito que a sua televisão esteja quebrada, apenas isso. Não tem nada de anormal. Mas... — Ele rapidamente parou, observando a cor visivelmente drenada no rosto de Hoseok. Gotas de suor tinham começado a se formar na sua face. — Qual é o problema? — Ele perguntou, sua voz adotava um senso de urgência.

Hoseok apenas balançou a cabeça, sua boca caía lentamente enquanto assistia o que parecia ser sangue que fluía a partir do display gigante.

— O que está acontecendo com você? — Taehyung perguntou, tentando mais uma vez descobrir o que tinha acontecido ao seu amigo.

Hoseok permaneceu em silêncio, assistindo, impotente, o sangue que começou a se formar rapidamente no chão. Ele imediatamente se afastou quando a maré vermelha configurou-se para o que parecia ser uma pequena moldura humana.

Ele soltou um suspiro, dando um passo para trás, e batendo de volta no sofá, assustado demais para se mexer.

A "pessoa" que estava em sua frente consistia de sangue. As gotas caíam no chão enquanto se movia. Surpreendentemente, ele abriu a boca, deixando escapar um grito agudo.

— Que coisa é essa? Faça parar! Faça-o parar! — Hoseok implorou, cobrindo os olhos com as mãos.

Ele sentiu as mãos apertarem seus antebraços, e em completo terror, ele soltou um grito estridente.

— Por favor, não se aproxime de mim! Por favor, não me mate! — Ele soluçou.

— Ei! Qual é o problema com você? — Ouvindo a voz de Taehyung, Hoseok abriu os olhos um pouco, apenas o suficiente para encontrar o rosto gravado com preocupação diante dele. — Por que você está chorando? — Ele prosseguiu, enxugando uma lágrima de seu rosto.

Hoseok sacudiu a cabeça vigorosamente, tentando desesperadamente recuperar sua capacidade de falar após sufocar outro soluço.

— Tae! Você tem que se esconder! Há uma espécie de monstro atrás de você... — Ele rapidamente virou a cabeça para o lado, tentando ver mais alguém além deles.

Mas, não havia nada. Nenhum vestígio de sangue, ou a mancha que tinha se formado. Até mesmo a televisão estava silenciosa. Não era um indício do horror que ele tinha testemunhado, se desdobrando bem diante de seus olhos.

Seus olhos se estreitaram em confusão enquanto Taehyung afrouxou o controle sobre seus braços.

— Como eu fiz isso... Ir?

— Ir para onde? — Taehyung perguntou, ainda perplexo além da razão.

— Havia um monstro esquisito todo coberto de sangue, e estava de pé bem atrás de você! Só um segundo atrás, eu juro!

— Hoseok... — Taehyung revirou os olhos, cruzando os braços sobre o peito enquanto ele se endireitava. — Que maldita imaginação você tem. Não havia nada lá, apenas eu e você o tempo todo.

— Ok. Se alguém tem uma imaginação maldita, é você. Você não está sempre conversando com os seus amigos sobre duendes e fadas mágicas que nem sequer existem? — Hoseok confrontou, e posicionou-se na defensiva. — E além disso, eu sei o que vi. Você é apenas cego!

Taehyung estava parado no seu lugar em uma perda para palavras. Hoseok tinha sido a única pessoa em seu círculo de amigos que nunca tinha ridicularizado ele por seus companheiros mágicos. E então, estava ele, criticando-o por sua capacidade de ver o que os outros não podiam.

Antes que ele pudesse iniciar a sua réplica, Hoseok continuou.

— E isso é tudo culpa sua! Tudo o que você fez na minha casa... A maldita tábua que você trouxe.

Taehyung tinha encontrado sua voz. Ele queria levar as coisas um pouco longe. E, sem dúvida, colocá-lo de volta em seu lugar.

— Você mesmo me disse na manhã seguinte que todos os sons estranhos em sua casa tinham magicamente cessado por causa do que eu tinha feito!

Hoseok ficou em silêncio, preparando-se para um retorno inteligente. Em vez disso, ele concordou que Taehyung estava certo. Ele tinha agradecido diversas vezes por ele ter livrado a sua casa dos fantasmas que o havia atormentado. E as intenções de Taehyung tinham sido naturalmente boas. Ele só estava tentando ajudar.

Hoseok soltou a respiração que estava segurando, deixando ir a tensão que sentia.

— Você está certo. Eu sinto muito. Talvez eu esteja tão cansado, eu estou tendo alucinações, ou algo assim... — Ele falou passando a mão pelo cabelo.

Taehyung se sentou ao lado dele.

— Está tudo bem. — Ele fez uma pausa, seus olhos pousavam em Hoseok. — Talvez você devesse tentar dormir um pouco. — Quando ele percebeu que sua boca começou a abrir em protesto, Taehyung falou mais uma vez. — Eu posso ficar com você esta noite. Se é isso que você quer.

Hoseok fechou a boca e balançou a cabeça em concordância.

Pelo menos no dia seguinte seria sábado, significando que ele podia dormir até a hora que quisesse. Ele sabia que demoraria um longo tempo para que pudesse esquecer o que tinha acabado de testemunhar.