História Haunted: Uma escolha pode mudar tudo - Condemned Choices

Começo de Julho de 1998

“Era uma grande casa com um cercado branco, uma macieira na frente, a menina de cabelos encaracolados brincava no balanço de pneu, ela olhava para trás e lá estava seu pai a empurrando e sua mão ao lado, sorrindo, ela olha para frente, o dia está lindo, não há uma nuvem no céu... Então o sonho muda de repente, o céu está negro feito breu, ela olha para trás procurando seus pais, eles estão caídos no quintal, o sangue jorrando na grama, deixando-a vermelha, o balanço não para, a mão que o empurra é branca e fina, então ela olha naqueles olhos vermelhos e o clarão verde a atinge devagar... e ela vai caindo... caindo. E agora está no chão da mansão Malfoy, sente a fria faca de preta pressionada sobre sua garganta... E olha para o lado... Lá está ele, de cabelos loiros desgrenhados, parecendo assustado, e ela sussurra’’:

“Draco...”.

 Hermione acorda com um barulho na sua janela, era um coruja-das-torres. Sonolenta e confusa, tremendo pelo que acabara de sonhar;

“Esse pesadelo... Não consigo me lembrar... Só sinto a mesma sensação ruim... Tinha alguma coisa a ver com a noite na mansão Malfoy”?

Ela levanta, tomando cuidado para não acordar Gina que dormia profundamente na cama ao lado, ela vai até a janela e a abre, percebendo que na carta que a coruja trazia, havia o selo de Hogwarts.

“A carta chegou cedo esse ano” Pensou Hermione, franzindo a testa.

Lá fora o sol havia começado a nascer, os morros de Ottery St. Catchpole ainda estavam cobertos pela neblina da madrugada e o ar estava gélido, uma leve brisa da manhã entrou pela janela aberta, fazendo a garota estremecer. Sentando-se na cama de armar, Hermione abriu o envelope. Dentro havia a costumeira carta de Hogwarts, com os materiais escolares, agora do sétimo ano. Mas havia algo mais, no fundo do envelope Hermione encontrou o distintivo de Monitora-Chefe, preso a outra carta endereçada a ela, da nova diretora, Minerva Mcgonagall.

“Eu sou monitora! Monitora- chefe”. Ficou emocionada, lembrando-se de quando era mais nova, e esse era um dos seus sonhos.

“Sempre sonhei com isso, quando criança, nessa época minhas preocupações eram tão bobas”.

 Feliz, Hermione pensou que as únicas preocupações agora seriam as “bobas”.

“Assim eu espero” Pensou, lembrando-se de Rony.

Então ela abriu a outra carta, a qual o distintivo de monitora estava preso, seus olhos brilhavam de curiosidade, seria uma carta-padrão parabenizando ela por ser escolhida monitora? Ou algum tipo de manual? Hermione, já com as mãos tremendo de felicidade ou nervosismo começou a ler o conteúdo.

Cara Srta. Hermione Granger

É um prazer informá-la que a senhorita foi escolhida  para continuar sendo Monitora da Grifinória, além de ser Monitora-Chefe feminina de toda escola de Magia & Bruxaria de Hogwarts.

Está em anexo atrás dessa carta as regras, direitos & deveres de todos os (as) monitores (as) e monitores (as) -chefes da escola, espero que a Srta. Leia com atenção, pois além de exercer as tarefas normais de monitora, a Srta. Deve supervisionar os outros monitores, então é importante que tenha responsabilidade e sabedoria para exercer tal função.

Ocorreu uma mudança na escola, durante esse novo ano em Hogwarts.

Eu, Minerva Mcgonagall, diretora, criei um “Clube Estudantil” que irá realizar palestras e campanhas, juntamente com a nova professora de Estudo dos Trouxas, Srta. M. Slatery, em prol de diminuir as diferenças e os preconceitos entre os bruxos.

Eu gostaria de informa-la que devido a sua atuação na Grande Guerra e por seu histórico de causas sociais, a Srta. Foi escolhida para presidir esse Clube Estudantil, gostaria que a Srta. Respondesse-me imediatamente se é de seu agrado ou não.

Se a senhorita escolher por presidir peço que pense em um nome para este Clube, uma bandeira e algumas atividades que o mesmo poderá realizar.

O seu retorno em Hogwarts é muito esperado.

Afetuosamente

Minerva Mcgonagall, diretora da Escola de Magia & Bruxaria de Hogwarts.

Hermione olhou atônita para a carta da diretora, durante alguns minutos. Depois começou a procurar, freneticamente, um pergaminho para que pudesse respondê-la imediatamente,  abriu e revirou gavetas, até achar pena, tinteiro e um pequeno pergaminho em sua bolsinha de contas. Com toda sua agitação, acabou acordando Gina, que reclamava:

– Hermione você tem ideia de que horas são? – Resmungou a garota, virando para o lado e puxando as cobertas sobre a cabeça.

Hermione riu “Às vezes a Gina se parece tanto com Ronald que chega a ser engraçada”, ela sentou-se na cama e usou a mezinha de cabeceira de apoio, e começou a escrever uma resposta curta porem respeitosa a Diretora Mcgonagall.

 Se ela aceitaria presidir o Clube? Mas é claro, Hermione sempre quis que atitudes como essa fossem colocadas em prática em Hogwarts, agora mais do que nunca, para que as crianças que entrassem na escola tivessem bons exemplos. Isso evitaria que outros “Voldemorts” ou “Lestrange’s” se formassem. Estava tão animada, não se sentia assim durante algum tempo.

Cara Diretora Mcgonagall

 Agradeço por ter me tornado Monitora-Chefe e prometo que lerei todo o manual, e que exercerei esse cargo com dedicação e responsabilidade. Quanto ao “Clube Estudantil”, ficarei feliz em presidi-lo, espero que ele ensine bons exemplos aos antigos e aos novos alunos de Hogwarts! Pensarei no nome e na bandeira agora mesmo.

Afetuosamente

Hermione Granger

– Gina você não vai acreditar... – Começou a dizer Hermione, enquanto observava a coruja partir com sua carta para Hogwarts. O Sol havia nascido, e alguns pássaros já voavam pelo céu, pousando nas árvores do jardim da Toca.

– Eu não vou acreditar na hora que você me acordou, Mione – Respondeu a amiga, abraçando o travesseiro – Você sabe que eu só acordo direito depois das dez.

Hermione riu e sentou na beira da cama da amiga.

– Mas o seu mau humor acorda cedo. – Riu-se a garota.

Gina espiou por entre as cobertas e começou a rir também, então Hermione lhe contou sobre a carta e o clube estudantil, e deu as cartas para que Gina pudesse ler.

 Mal podia conter-se de ansiedade para voltar a Hogwarts. Estava com tanta saudade, Hogwarts sempre fora pra ela como uma segunda casa, ela sentia falta de tomar chá com Hagrid, das aulas e das visitas a Hogsmeade, ela se lembrava de quando seus únicos problemas e preocupações eram as notas. Sentia falta disso. A guerra modificou a todos, ela principalmente. Flashs de seu pesadelo recente passaram por sua cabeça, ela queria tanto que tudo pudesse ser como era antes de Voldemort voltar, queria tanto que os amigos queridos que perdera ainda estivesse com ela. E acima de tudo, sentia falta dos seus pais. Era a sua última semana n’a Toca, logo ela iria para a Austrália e reverteria o feitiço.

  Mas será que seus pais não ficariam melhores sem ela? Sem nunca saberem que tiveram uma filha, um filha a qual não se lembram de mais nada, e se lembrassem, será que a reconheceriam? Ela havia mudado tanto... Sentia-se assombrada por tudo aquilo que passou. Mas logo esse sentimento passaria, Hogwarts seria o marco de um recomeço para ela e seus amigos.

– Uau Hermione, parabéns – Disse Gina, abraçando-a – Mais uma monitora na família. Ela disse e piscou para amiga, enquanto levanta da cama.

– O que quer dizer com isso? Perguntou Hermione, olhando-a confusa.

–Bem, você é minha cunhada agora, não é? Perguntou Gina, levantando as sobrancelhas de maneira sugestiva.

 Hermione corou, e foi até seu malão procurar uma roupa para se trocar.

– Não acho que eu seja. – Suspirou Hermione, olhando distraidamente para seus suéteres.

  Tudo com Rony parecia o mesmo de sempre, eles estavam mais próximos, isso era óbvio. Mas a garota queria que ele fosse mais sincero com ela, que se abrisse e dissesse o que ele realmente sentia.

“O Rony realmente tem o emocional de uma colher de chá”  Pensou a garota

– Eu sei, eu percebi a tensão entre vocês, mas eu tenho esperança que os dois ainda vão se acertar, você quer que eu fale com ele? Perguntou Gina, que já ia saindo do quarto.

 A última coisa que Hermione queria era mandar a “amiga” falar com o garoto, não,  ou eles se resolveriam ou ela tentaria resolver tudo, era só questão de tempo. Os dois ainda não tinha experiência com relacionamentos, Rony havia tido aquele breve e desastroso namoro com Lilá Brown no sexto ano, e o único garoto que se interessou por ela fora Vitor Krum, mas desde então já se passaram anos.

– Não, tudo bem Gina, obrigada... Começou Hermione enquanto se sentava em sua cama, mas a amiga a cortou:

– Que pena que eles não vão voltar pra Hogwarts, vocês passariam mais tempo juntos – Disse Gina, já com a porta aberta.

Hermione precisou de alguns segundos pra processar.

–AH, Hermione, eu não deveria ter falado isso! – Continuou Gina, olhando para ela, exasperada.

– O quê? Por quê eles não vão voltar? – Perguntou Hermione, se levantando.

– Droga, o Harry me contou... Mas o Rony ainda não tinha certeza, então pediu pra eu não te falar nada... Desculpa Mione, eu sou muito desastrada... – Respondeu a amiga, mas Hermione já saia do quarto, de pijama e cabelo desgrenhado em direção ao quarto que Rony dividia com Harry. Hogwarts deveria ser um recomeço, para os três, depois de tudo que haviam passado, o lugar seria um refugio para eles, Hermione queria passar o último ano nesse lugar que tanto amava com os amigos, e quem sabe, com o namorado.

O que seria dela e de Rony se ele não voltasse? Ficariam separados?

“Rony, por favor, demorou tanto, tanto pra nós conseguirmos admitir que gostávamos um do outro...Não me faça ficar com raiva de você agora...Por favor”

  Ela não sabia se estava irritada com o fato de ficar sozinha, sendo que Gina iria com ela, Luna e Neville iriam refazer o sétimo ano, ou com o fato de Rony a deixar tão confusa, alimentar a esperança de um relacionamento para depois agir como se nada tivesse acontecido.

“Droga porque tudo tem que ser tão complicado?”

  Ela mal se dera conta que já estava na porta do quarto dos garotos, eles ainda dormiam, metade da casa dormia, então ela lançou o feitiço abaffiato no corredor, queria brigar com aquele ruivo irritante, mas não iria acordar metade da casa.

Bateu com força na porta.

- O que?... – Ela ouviu a voz de Harry, sonolenta, então ele abriu a porta. Estava com os cabelos como sempre, bagunçados e desleixados, e usava um pijama azul-listrado.

– Eu preciso ter uma conversinha com vocês dois – Disse, batendo a porta. A irritação a lembrou da noite na barraca, quando Rony salvara Harry de se afogar e eles haviam destruído o medalhão, quando viu o garoto Hermione teve uma súbita vontade de abraça-lo e (se tivesse coragem) beijá-lo, mas então tudo que ela havia chorado por ele, se preocupado por ele, voltou à tona e ela só o achava muito egoísta por ter partido. Mas agora ela entendia o porquê de ele ter ido embora, e de ter voltado. Ele estava sofrendo muito na época, mas era um grande amigo.

Tudo isso passou pela sua cabeça naquele segundo, enquanto sacudia o garoto para que acordasse.

-Hermione...? – Disse Rony, a voz sonolenta e o rosto inchado – O que acontec...

– Eu vou te dizer o que aconteceu – Ela disse, sentando-se na cama ao lado dele, sem a menor cerimônia, Harry só observava a cena de fora, meio confuso – Que história é essa de vocês não voltarem a Hogwarts? Ela disse, olhando para os dois amigos.

– Droga, Gina! – Exclamou Rony, colocando o travesseiro no rosto – Nós íamos contar pra você... Só não sabia como falar...

Hermione suspirou.

– Você nunca sabe o que falar Ronald. – Retrucou Ela.

Harry sentou-se na cama ao lado, de frente para a amiga, e olhou-a nos olhos.

– Escute Hermione, eu sei que significa muito pra você e sei que você vai voltar... Mas eu não sei se aguentaria mais um ano com cochichos ás minhas costas, seria um inferno. – Disse ele, com sinceridade.

 – Eu sinto o mesmo – Acrescentou Rony – E vai ser com você também, Hermione, e nós fomos convidados a trabalhar no ministério! Nós três! Depois de tudo que passamos não me vejo mais fazendo trabalho sobre transfiguração...

Hermione fitava suas mãos, estava mais calma, ela entendia perfeitamente o que eles estavam dizendo, pensara nisso também. Mas o seu desejo de voltar era maior do que tudo isso, eles já haviam passado por isso antes. Porque desistir agora? Seria o ano mais calmo em Hogwarts.

– Mas para mim Hogwarts não existe sem vocês – Disse ela, chorosa.

Rony pegou na mão da amiga, era a primeira vez que fazia isso desde a batalha.

– Você pode ir para o ministério com nós dois, Hermione, haverá muito trabalho, há comensais da morte...

Então a lembrança de seu pesadelo a atingiu em cheio no peito, largando a mão do amigo a garota se levantou.

– Escutem, façam o que quiserem, eu não acho certo aceitar esse emprego antes de me formar... Eu não quero saber de comensais da morte por muito tempo, quero um ano calmo e tranquilo, tentar ficar viva pra variar – Dizendo isso foi saindo do quarto, e quase esbarrou em Gina que ia entrando.

– Hermione... – Disse Harry, com a voz cheia de pesar.

– Desculpe – Ela falou,  parada na porta, olhando para os três amigos – Eu recebi a carta mais cedo, quando acordei, eu sou monitora-chefe...

– Que legal! Parabéns mione – Disse Rony, mais para aliviar a tensão.

–... E eu realmente quero voltar, e acho que é melhor ir pegar minhas coisas. –Disse ela se virando.

Gina segurou seu braço com delicadeza.

– Para onde você vai? – Ela tinha um olhar de preocupação no rosto.

– Para Austrália – Respondeu Hermione, estava na hora de encarar suas assombrações, e a primeira de todas era essa: encontraria e traria seus pais de volta. E ao mesmo daria um tempo nessa história com Rony, para pensar melhor nas coisas. – Vou atrás dos meus pais.