História He will be mine - I told you... Just mine!

“Bem, talvez essa não seja uma grande ideia.”

Blueberry, silenciosamente, soltou a maçaneta da porta e deu alguns passos para trás, desmaterializando o osso que antes segurava. O que o seu irmão iria pensar se entrasse daquela forma, sem mais nem menos? Preferia que Papyrus pensasse que era aquele esqueleto bonzinho, animado e gentil, o que de fato era, mas somente perto do irmão e sem ninguém entre eles para atrapalhar.

Red ainda pagaria, mas isso poderia esperar… Bem, não poderia na verdade. Quanto mais tempo Blue enrolasse, demorasse para planejar algo, mais tempo o maldito teria para iludir Papyrus. Mas era uma necessidade esperar, era necessário fazer um plano que pudesse acabar com Red de uma vez por todas e fazer, seja o que for, naquele momento, não seria nada discreto. O mataria, mas, infelizmente, não poderia fazê-lo agora.

Deu mais uma olhada para a porta, bufando brevemente de irritação, antes de dar meia volta e descer as escadas para chegar na cozinha. Já estava quase na hora do almoço e seria suspeito se não estivesse com os tacos preparados até lá. Apenas precisava passar a impressão que estava tudo bem por mais alguns dias, Blueberry poderia suportar olhar no rosto da sua outra versão e controlar a vontade de enfiar um osso no crânio dele por mais alguns dias…

Sim, Blue poderia fazer isso.

Logo ele chegou na cozinha, já preparado para começar a cozinhar e fingir que estava tudo perfeito.

[...]

Red continua a olhar para Papyrus por mais alguns minutos, em silêncio, e se senta na cama.

– Será que Blue já chegou? – Pergunta encostando sua cabeça no joelho.

– Tá quase na hora do almoço, não tá? Acho que sim. – Carrot também se senta e se aproxima do outro, para passar um braço pelos ombros dele.

– Ah, mas eu definitivamente não quero sair daqui. – Ele sorri.

– Ok, então não vamos sair. – Responde. – Mas o Blue vai ficar mal humorado se a gente não for almoçar.

– Então não temos escolha… – Solta uma leve risada e se joga em cima do alaranjado.

– Não mesmo. – Também acaba rindo e abraça o outro esqueleto de modo acolhedor, antes de beijar o topo da sua cabeça.

– Vamos logo… – Red diz, mas nem sequer se preocupa em mover um único músculo.

– To esperando você sair de cima de mim. – Brinca.

– Ah..Não consigo...é mais forte que eu! – Ri.

– Uhn, então que tal eu te carregar? – Papyrus fala, fingindo estar mesmo sério sobre o proposto.

– Eu aceito. – Diz fechando levemente os olhos.

– Tudo bem, mas acho melhor colocar uma roupa primeiro…

– Ah... – Red coça a parte de trás do seu crânio. – Ahn...N-não quer ir lá pegar?

– Merda. – Murmura ao lembrar de onde estavam as roupas. Se Blue estivesse em casa, seria um problema. – Eu vou la…

Papyrus solta Red e levanta da cama, rapidamente vai até o armário em seu quarto e coloca uma roupa, idêntica as que sempre usava, e após isso sai do quarto. Desce as escadas com pressa, mas antes de chegar a cozinha vê as suas roupas e as de Red dobradas em cima do braço do sofá e decide pegá-las e para voltar para o quarto antes de falar com o seu irmão. Faz o caminho de volta, entra no quarto e coloca as roupas sobre a cama.

– Obrigado. – Sorri e pega suas roupas as vestindo. Ao terminar de vestir, vai até a porta e a abre saindo e esperando o maior do lado de fora.

Logo Carrot também estava do lado de fora, ele fecha a porta do quarto e se vira para o outro e fala:

– Bem, vamos. Pelo cheiro o Blue já deve estar terminando.

–Ok. – Ele desce as escadas chegando na cozinha. – Hey Blue. – Sorri acenando para o esqueleto de roupas azuis.

– Olá, Red. – Blueberry força um sorriso convincente, ele estava arrumando a mesa. – Vocês vieram na hora certa.

– Ah… Tô vendo. – Se senta à mesa.

Em poucos segundos, Carrot também entra na cozinha e vendo o seu irmão, abre um sorriso meio sem graça para o mesmo.

– O cheiro está ótimo, bro. – Ele fala e também toma um lugar na mesa.

– Que bom que você gostou, Papy. – O azulado dá outro sorriso, mais verdadeiro que o anterior.

 Red se sente um pouco envergonhado e abaixa a cabeça, corando um pouco.

Blueberry termina de montar os tacos, seis no total, e coloca o prato com eles no centro da mesa, para após isso também se sentar, do lado do irmão e na frente de Red, que pega um taco e põe em seu prato, comendo logo em seguida.

Blue realmente cozinhava muito bem. Mas, mesmo depois de 2 meses em sua casa, Red se sentia um pouco envergonhado de estar lá. Era como se, de algum jeito, ele estivesse os incomodando.

Papyrus algumas vezes sentia o clima tenso entre o seu irmão e Red, mesmo que bem discreto, ele era observador o suficiente para notar tal detalhe. Mas, naquele dia, parecia que a tensão estava maior que o normal, quase conseguia sentir o ar mais pesado. No final, decide apenas ficar em silêncio e comer um dos tacos.

Blueberry estava apenas odiando aquilo, odiando muito, mas precisava continuar fingindo. Logo faria Red pagar e não via a hora daquilo acontecer. Com isso em mente, dá um sorriso e morde um pedaço do taco. “Logo o Papy vai ser só meu~”

“Eu amo pensar que Strech me ama mas...de qualquer jeito parece que tem algo de estranho… Nah! Talvez seja só mais uma de minhas inseguranças” Red logo solta um suspiro afastando o pensamento.

O silêncio desconfortável continuou reinando por mais vários minutos, todos almoçavam em quietos sem coragem de falar nada, cada um por seus respectivos e diferentes motivos. O primeiro que abre a boca para falar é Blueberry, com um sorriso estranho no rosto:

– Ah, Papy, eu tinha esquecido de te avisar que a Undyne quer falar com você, acho que sobre mais uma daquelas suas coisas nerd’s.

– Obrigado por avisar, bro. - Ele retribui o sorriso.

– Oh..Não demore muito, Papy. – Red diz sorrindo para o alaranjado de uma maneira doce.

– Não vou. – Da um sorriso diferente para o outro esqueleto e aperta a mão dele por baixo da mesa, de maneira carinhosa. – Bem, eu já terminei aqui, acho melhor ir logo.

Carrot levanta da mesa, dá um aceno de tchau, sai da cozinha e também da casa, lá fora ele se teletransporta para Waterfalls, onde era o laboratório de Undyne.

Assim, Red e Blue ficam sozinhos na casa pela primeira vez em um tempo considerável.

– Hmm, “Papy”... – Blueberry murmura. - Você chama ele assim a quanto tempo?

– Ah...desde que comecei a gostar dele. – Red diz por impulso, ainda sorrindo.

– Gostar… – O azulado murmura novamente, com uma expressão neutra no rosto, ele levanta da cadeira, pega os pratos sujos na mesa e os deposita dentro da pia. – Red, aconteceu algo hoje que eu não saiba?

– O-o quê? - Ele gagueja. Provavelmente se tivesse pele estaria mais branco que papel. –  Tipo..o quê?

– Sabe, algo, eu achei algumas roupas espalhadas aqui e ali. – Diz com um tom acusatório, enquanto lavava os pratos.

– O-oh… –  Ele cora e abaixa a cabeça. - B-bem...Acho que está na cara,não é…? - Ele pergunta baixinho.

– Bem, está muito na cara. – Do meio da louça limpa, Blueberry tira um facão de cozinha. – Você não sabe mesmo ser discreto.

– O-o que você está fazendo? – Red se levanta.

– Ora, nada demais Red, só estou lavando a os pratos. – Fala e se vira para o outro presente, secando a faca com um pano de prato. – Mas também quero te dar um aviso…

Red apenas o encarava com suas orbitas arregaladas.

– Eu te peço, gentilmente, para que você se afaste do meu Papy. – Blue se aproxima do outro, apontando a faca para o mesmo com uma mão na cintura. – Você não vai gostar mesmo do que vai acontecer se continuar com ele~

 Red continua o olhando, dessa vez mais assustado, como se sua alma fosse pular de seu corpo por um instante. Estava surpreso e com medo desse “Novo” Blueberry.

 Como não havia percebido antes? Tsc...tantos olhares de repreensão que o mesmo jogava para ele quando o via abraçado com seu irmão…

– Do fundo da minha alma e para o seu próprio bem, eu espero que você faça o que eu disse. – Sorriu de um jeito assustador, gesticulando com a mão que segurava a faca. – Pois te garanto que assim teremos uma convivência bem melhor, o que acha?

 Ele concorda com a cabeça. Não conseguia dizer uma única palavra.

– Ah, quase que eu esquecia, não comente nada da nossa conversinha para o Papy, estamos entendidos? – O azulado piscou mantendo aquele sorriso. – O ideal seria que você apenas sumisse das nossas vidas, mas uma coisa de cada vez~

– Como assim? - Pergunta Red, ainda nervoso.

– Ora Red, eu tenho certeza que deixei isso bem claro… – Disse e desmanchou o sorriso para uma expressão mais grosseira. – Me diga, será que aquela velharia no porão ainda tem concerto?

– O-oh… –  Ele abaixa a cabeça - Não sei muito bem...As peças eram muito antigas e únicas do laboratório de meu pai…

– Você deveria ir olhar isso, aposto que o seu irmão deve estar sentindo muito a sua falta. – O sorriso voltou tão rápido quanto se foi. – Já não está na hora de você voltar?

– Eu irei tentar - Suspira. – Se...é t-tão importante para você…

– Não é que seja importante. – Dá os ombros. – Só é algo que você deveria ter feito a muito tempo. Deixar a mim e ao Papy em paz, sabe?

– ELE ESTÁ EM PAZ! – Eleva sua voz. –  DESDE QUE EU CHEGUEI...A ÚNICA PESSOA QUE SE INCOMODA É VOCÊ!

Blueberry se aproxima de Red, com as órbitas escuras e uma expressão completamente neutra no rosto, e segura o braço dele com força. A mão que segurava a faca tremia, o esqueleto fazia muito esforço para não acabar com tudo agora.

– Eu estou tentando muito te dar uma chance de sair daqui sem se machucar muito, porque, honestamente, o que eu mais quero agora é quebrar todos os ossos do seu corpo. – Ele sorri, mas com os olhos do mesmo jeito. – Então aproveite essa chance, é a sua única.

– O-ok…– Volta a abaixar sua cabeça.–  Quando quer que eu vá…?

– Como não dá para ser agora, o mais breve possível. – Solta o braço do outro, agora com os olhos normais.

– Tudo bem… –  Da mais um leve suspiro.

– Obrigado, que bom que você entendeu, Red.

Blueberry finalmente guarda o facão na gaveta, dá um último sorriso para o outro e sai da cozinha.

 Red continua ali, parado, por um bom tempo. Até que se senta e deita sua cabeça na mesa colocando suas mãos em seu crânio quebrado.

 O que mais poderia fazer?

Dessa vez estava sozinho nessa… e ninguém podia ajudá-lo. Não que já soubesse como era estar sozinho, pois seu irmão nunca havia o ajudado em nada além de torturá-lo…

“Eu sabia que estava tudo perfeito demais…” Suas orbes enchem de lágrimas. “Mas...eu não posso simplesmente o deixar… e também não posso contar a ele...DROGA! O que devo fazer?!” Red aperta suas orbes, evitando de chorar e solta um longo suspiro. “Talvez...eu só devo me afastar enquanto estou aqui...Assim ninguém se machucará. Fisicamente…”