1. Spirit Fanfics >
  2. HeadAche >
  3. So I walked through to the haze

História HeadAche - So I walked through to the haze


Escrita por: LastOfMe

Notas do Autor


Olá!! Primeira história e primeiro capítulo que posto nessa conta! Eu espero que gostem!

Este capítulo é mais uma introdução para os personagens, a história será melhor desenvolvida no próximo.

Capítulo 1 - So I walked through to the haze


Fanfic / Fanfiction HeadAche - So I walked through to the haze

A chuva que caia do lado de fora da sala de aula era pesada, banhando as plantas do jardim da universidade. 

Em sua carteira, sentada em posição desleixada no canto da sala, Eve olhava de um lado para o outro enquanto esperava algo acontecer. O professor estava meio perdido com o mal tempo não previsto, por conta dos tremeliques na energia, e a falta de mais da metade dos alunos, que provavelmente chegariam atrasados por conta do mal tempo. A garota ali não tinha nenhum colega para conversar, o professor falava com alguns alunos que estavam sentados nas carteiras da frente, sem muita emoção. 

Todos pareciam cansados, e Eve não era a exceção, ela estava com o rosto um pouco inchado, os olhos baixos - mesmo que curiosos – que olhavam ao redor forçando-a a se manter acordada, os cabelos castanhos bagunçados por conta da umidade, e um casaco cobrindo sua camisa branca, acompanhado de uma calça jeans clara e chinelas havaianas. 

O cheiro de chuva e grama molhada entrava pela janela, deixando um tom calmante entrar na sala, fazendo com que Eve lutasse ainda mais contra o sono. Todos os dias ela tinha que acordar mais cedo do que os outros, para poder chegar na faculdade a tempo. 

Seu curso era Psicologia, um curso que exigia leitura e auto disciplina, sendo que a primeira parte não era problema algum para a garota. O professor se colocou sobre a mesa e começou a explicar sobre uma psicanalista famosa, Melanie Klein, mas antes que ele pudesse falar sua segunda frase um garoto deslizou para dentro da sala de aula aflito e gritando. 

- Presente! Presente! Eu estou aqui! – O loiro agitava os braços pelo ar enquanto se colocava de pé. 

Estava ofegante, com os cabelos loiros um pouco mais escuros e pingando pequenas gotas de água da chuva, sua camisa, branca com linhas azuis, estava quase transparente e colada em seu corpo, sua calça estava mal colocada - com o zíper aberto por sinal – quase caindo, e sua mochila pendia pelo seu ombro direito. Não estava calçado, seus tênis estavam na sua mão esquerda, com as meias enfiadas em cada um, os pés sujos e a bainha da calça estava ensopada.

 - Senhor... Rafael... - O professor o encarou, tentando ao máximo manter sua face neutra e não julgar aquela entrada, antes de moves sua mão para frente mandando o garoto entrar. – A chamada será feita apenas no fim da aula, e mesmo que tivesse sido no início eu acredito que você poderia agir como uma pessoa civilizada e esperar até o fim para falar comigo. 

Algumas pessoas davam risada da situação daquele garoto, e o mesmo corou e andou tímido até o canto da sala, sentando-se devagar ao lado de Eve. 

A garota continuou encarando o professor, que enquanto o mesmo gesticulava cansado e continuava sua matéria. Eve logo pegou uma pequena folha de papel, escreveu algumas palavras e deslizou a mesma sobre a mesa ao lado. 

Rafael olhou confuso para a folhinha de papel e olhou para a colega ao seu lado, em dois semestres ele nunca havia falado com ela e ela nunca havia demonstrado qualquer interesse em qualquer um daquela sala. A garota sempre fazia seus trabalhos sozinha, com o queixo empinado, os olhos verdes penetrantes olhando para cada um como pesos mortos ou rivais. Pensando bem ele nunca havia visto ela com alguém antes, sempre que os olhos encontravam aquela figura ela parecia querer se esconder do mundo quando não era forçada a interagir com o mesmo.

Foi então que o loiro pegou o papel curioso e em segundos seu rosto ficou inteiramente vermelho, ele moveu suas mãos para sua calça e fechou o zíper devagar, torcendo para que mais ninguém tivesse visto. 

Eve apenas continuou a assistir a aula como se nada tivesse acontecido, a mesma presa dentro de si de forma misteriosa para muitos, seus olhos cravados no professor, sem demonstrar qualquer coisa na verdade.

 - Obrigado. – Rafael sussurrou, sem ter a certeza de que ela tinha ouvido. 

Ajeitou suas roupas mais um pouco e então passou a prestar atenção na aula, que para ele estava bastante entediante. 

No meio da aula Eve mudou sua atenção para a mesa, pois seu lápis havia movido levemente para o lado. Sem demonstrar qualquer movimento brusco ela forçou um pouco a vista, vendo pequenas patas tentando escalar sua mesa. Movendo-se devagar, ela empurrou seu joelho para cima e lá estava, a mais pequena criatura que ela já tinha visto. Um pequeno trall, que logo pegou sua faquinha – do tamanho de um mosquito para uma pessoa normal – e começou a tirar raspas da ponta de um lápis e coletar como se fosse algo bastante precioso para o mesmo. 

Eve observou aquilo com curiosidade, não era como se mais alguém além dela fosse capaz de ver aquilo, afinal aquele era um dom que ela havia herdado exclusivamente de sua mãe e ninguém mais o tinha, até onde Eve poderia lembrar. A pequena criatura se virou para Eve ao se levantar e se curvou levemente, eles sabem que ela pode vê-los, mas como nunca representou um mal eles a tratam com respeito, embora a garota não quisesse aquele dom. Ela curvou sua cabeça levemente para o trall, que sorriu e foi embora. Quem quer que olhasse para ela iria apenas concluir que a mesma estava só perdida em pensamentos e alongando o pescoço, mas houve uma época onde Eve não sabia como agir, e os poucos da universidade que a conheciam a muito tempo a taxavam de louca, espalhando boatos maldosos e evitando seu olhar. 

Não que Eve se importasse com o que os outros achassem da mesma, mas era um pouco difícil de ter paz de verdade naquele lugar. Os olhares curiosos a irritavam, e agora por conta de um simples bilhete, um par de olhos não parava de se virar para ela. 

☆☆☆ 

Assim que a aula acabou Eve pegou seu caderno e rapidamente pôs-se de pé, quando Rafael abriu a boca para agradecer novamente a garota e tentar iniciar qualquer contato com a mesma ela simplesmente lhe mostrou as costas, em uma clara mensagem de “não fale comigo”. 

Andou rápido, desviando das pessoas e indo direto para o banheiro feminino, onde lá ela se sentiria um pouco mais segura da faixada normal. O banheiro estava vazio e limpo, ela logo jogou sua mochila na pia e se encarou no espelho. Mas o reflexo que ela estava vendo não era o de uma garota de cabelos castanhos e olhos verdes, o que ela via era uma garota muito parecida com ela, e mesmo assim totalmente diferente. 

No reflexo estava uma garota de pele branca como a lua, os cabelos no mesmo corte curto do de Eve, mas os fios eram azuis. A íris de Eve era verde como os de sua mãe, mas aqueles que a encaravam de volta eram negros como a noite. 

Ela já estava acostumada com aquela imagem, ela sempre se via dessa forma em reflexos, talvez por conta de sua habilidade. Por conta disso era muito difícil para a mesma de se ver, quase sempre aparecia desarrumada nas aulas por que não conseguia se olhar no espelho e ter uma noção de como se arrumar. 

Não se importava mais, quando era pequena vivia tentando fazer movimentos e testar seu reflexo, para ver o quanto ele conseguia imita-la, mas não conseguiu encontrar nada de diferente além da aparência. 

Passou os dedos sobre seu cabelo macio e respirou fundo, era difícil para ela interagir com os outros e aquele bilhete foi um salto muito grande para a mesma, só que o que faria? Deixaria ele passar vergonha na frente dos outros? Para qualquer outra pessoa a resposta seria sim, mas aquele garoto era tão mal falado quanto ela naquele lugar, por motivos totalmente diferentes. 

Rafael era um homossexual em uma cidade que ainda não aceitou o homossexualismo. Ele tinha amigos, claro, o jovem era bastante sociável e o preconceito têm diminuído muito esses dias, mas era comum ouvir pessoas de outros cursos o ridicularizando por ser apenas quem ele é. 

“Pelo menos ele tem a coragem de mostrar isso para todos enquanto eu me escondo como um rato no esgoto” Eve pensou, antes de jogar água em sua cara e sair com a mochila em suas costas. 

☆☆☆ 

O fusca vermelho estava estacionado em uma pequena lojinha na área de um posto, Kyle estava dentro, ouvindo folk enquanto batucava as mãos sobre o volante. 

Seu estômago roncava e ele olhava pelo para-brisa perdido em pensamentos. O que o acordou foi a porta do carro se abrindo e um homem mais velho do que ele entrando rápido e jogando uma sacola em seu colo. 

O cheiro de comida encheu o carro e o homem de 22 anos pegou a sacola as pressas, abrindo o pacote do sanduíche e dando uma deliciosa mordida no mesmo. O outro homem, Eric Saltz, o encarava curioso, mas com uma leve pitada de fúria. O homem ao seu lado era magro, claramente passava fome, não tinha educação nenhuma ao comer e estava tão concentrado no alimento que não dava a mínima atenção para o irmão. 

Ambos tinham o cabelo escuro, sendo que o que estava no banco de carona era claramente o mais velho, pelas rugas se formando em seu rosto. 

Eric era forte, usava um terno novo, totalmente em contraste com o interior mal conservado daquele carro, ele olhou para o relógio dourado em seu pulso e grunhiu, enquanto Kyle olhou para ele com a boca cheia de uma mordida bem dada no sanduíche. Kyle era muito magro, a pele bem pálida, um pouco machucada pelo frio, usava várias roupas, mas as mesmas pareciam gastas e tinham um cheiro repugnante. Ele tinha marcas fundas sobre os olhos e os cabelos bagunçados e mal cortados. 

Enrolou a metade do sanduíche e o colocou de volta no carro guardando para mais tarde. 

 Ambos os homens eram irmãos, mas tinham uma história complicada. Eric cresceu, se formou, conseguiu um bom emprego como advogado e se casou com uma maravilhosa mulher. Kyle nasceu por uma gravidez acidental, teve uma infância normal, até que aos 16 anos foi flagrado pelo pai beijando um colega de classe e expulso de casa. Conseguiu abrigo por um tempo, mas não conseguiu estudar para entrar na faculdade, viveu mudando de emprego e quando a crise chegou apenas se atrapalhou mais e juntou as poucas coisas que tinha, voltando para sua cidade e tentando pelo menos se encontrar com algo. 

Seu irmão o viu por acaso e ao ver o estado que o garoto estava vivendo o comprou um carro econômico e barato, antigo, conseguiu arranjar um pouco de tempo para encontrá-lo pelo menos uma vez por semana e o ajuda com dinheiro e comida quando pode. 

Kyle no entanto não sabia como agradecer ao irmão, a situação entre eles era tão delicada que seus encontros não passavam disso, Eric o entregava comida, deixava dinheiro no porta luvas e ia embora. Hoje não foi diferente, Eric saiu sem ao menos se despedir, deixando Kyle a própria sorte. 

O mais novo encostou sua cabeça na janela e começou a encarar a chuva que caía, com os pensamentos perdidos nas poucas memórias de sua infância. 

Seu pensamento foi interrompido por um som forte e o vidro da janela traseira quebrando, como se tivesse sido por uma pedra. 

Kyle pulou de susto e saiu do carro devagar, mas não conseguiu ver nada de mais do lado de fora, não havia pedra, nem bala. O vidro estava levemente rachado e ele passou a mão por cima confuso. 

Se ele tivesse o dom, ele teria visto uma pequena criatura apressada pulando em seu carro para se esconder. Mas ele era apenas um humano comum perdido em seus próprios problemas. 

☆☆☆ 


Notas Finais


Então... O que acharam? Por favor me mandem suas opiniões e dicas para que eu possa melhorar a história!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...