História Heart - JiKook ABO - REFLECTION

Park Jimin/ sala de aula, 10:45.

Francamente, ele estava começando a me deixar puto de verdade.
Quem, em pleno segundo ano, fica responsável pela turma? Eu não sei! Mais para Jeon Jungkook esse alguém sou eu.
Minha mente já estava uma pilha de nervos desde a entrada. Hoseok faltou e não deu nenhum sinal de vida, já enviei quinze mensagens e seis ligações e nada. A preocupação me deixava ansioso e estressado. 
Jeon me provocou a aula inteira, foi um tremendo babaca. Como todos os Alfas são. Acham sempre que podem usar sua voz de Alfa quando bem entender e fazer todos agirem como eles querem. Primeiramente isso é um tremendo de um preconceito! Sabia que Ômegas não podem ser professores porque eles dizem que nós não temos o instinto necessário nem o "pulso firme para lidar com adolescentes em transição.", transição é minha ova. Eu em! Isso só me deixa ainda mais puto com os Alfas. Sempre se achando os melhores.

Jeon Jungkook não está de fora.

Olho em volta tentando não entrar em pânico. A sala estava agitada, o grupinho de trás ficavam atacando papel uns nos outros e rindo adoidados. Outros estavam em pé gritando " papel esperança! Doe uma folha de seu caderno!", para aumentar a Guerrinha deles. Meu corpo estava rígido de mais, eu suava e tinha total certeza de que meu rosto estava em chamas.

Eu não conseguia falar, muito menos respirar direito. Era uma sensação estranha. Meu corpo estava estranho, tudo em mim estava entrando em combustão. Olho em volta e vejo algumas meninas cantando e dançando. Eu queria pedir para que elas parassem e ficassem quietas, mais nenhum som saia de meus lábios.

Começo a mexer a perna em uma velocidade rápida para amenizar meu nervosismo, tudo parecia feito para me tirar do sério.

O apontador que caía no chão, as risadas, o olhar de alguns sobre mim, a droga do cheiro de café que estava entrando pela porta empreguinado na roupa de alguém...

E esse alguém toca em meu braço. Olho para cima e vejo Jeon Jungkook.

-Jimin, -sua voz estava firme e levemente preocupada. -Você está bem? Quer ir ao banheiro ou beber um pouco de água?

Sem entender o que ele dizia sinto algo estranho na parte de baixo do meu corpo.
_Ah não... Não não não não não! Comigo não!_

Sem pensar duas vezes eu empurrou Jeon para o lado com uma força que eu mesmo não conhecia e corro para longe da sala.
Minha respiração estava começando a falhar e um calor nada natural estava tomando meu corpo.

Começo a recusar isso, dizendo mentalmente com todas as forças que isso não iria acontecer comigo. Não agora.

Entro no banheiro e paro em frente ao espelho grande. Me olho e vejo o porque de todos me olharem estranho.
Eu suava, estava vermelho e meus olhos estavam escuros, completamente tomados pela pupila dilatada.

Sinto meu membro começar a endurecer.

-Não... -respiro fundo e ligo a torneira jogando água e mais água em meu rosto. -NÃO!

Todo o meu corpo começa a se recusar junto comigo. Mas isso não dura muito e um desejo absurdo começa a tomar conta de mim.

Olho para baixo e vejo o volume mais que imenso no minha calça.

-droga... - então uma ideia surge a mente.

Olho para a pia que estava um tanto entupida. Penso milhões de vezes antes de fazer isso, então, decido que é isso ou é isso.

Retiro a blusa ofegante e procuro a sacola que estava em meu bolso. Tiro a jujuba que comprei e deixo que caia no chão. Vou colocando a sacola no buraco da pia para que ela fique cheia até a boca. Quando isso acontece, retiro todo o ar de meu pulmão e mergulho a cabeça na água.

Uma vez eu li em algum lugar que quando estamos nos afogando, as primeiras partes do corpo a serem desligadas são as pernas e os braços, para que assim o oxigênio se concentre no cérebro para manter a pessoa acordada.

E assim o fiz. Deixei minha cabeça na água até perder todo o ar e não conseguir respirar. Eu queria tirar a cabeça mais era tanta raiva, tanto ódio de ser o que eu sou, que eu simplesmente fiquei ali. A água invadindo o meu pulmão e desligando meu corpo.

Quando senti minhas pernas vacilarem e o calor sumir, me deixei cair no chão. Eu não conseguia respirar. Não conseguia tossir, eu estava me afogando de verdade. E eu não tinha medo. Só era um grande incômodo.
Então, sinto braços me sacudirem. Uma única voz falando comigo e pedindo para que eu acordasse.

Então, algo pesado estavam apertando meu peito, fazendo tamanha pressão.
Sinto como se fosse um aspirador puxando a água para fora de mim.
Eu estava agradecido, porém, eu queria dormir, estava cansado.
Minha mente queria descansar.

Sinto minha visão voltar ao normal, no entanto eu via apenas um borrão na minha frente.
Ele gritava pedindo ajuda, era um homem, tinha cabelos negros e parecia desesperado.

Tento e acabo conseguindo focar em seus olhos. Olhos do qual eu preferia morrer do que voltar a vida para vê-los.

Jeon Jungkook.

~*♡*~

Acordei sentindo meu corpo pesado como chumbo, meus pulmões também não estavam 100%... Eles realmente ardiam. Tossi alto sentindo até mesmo minha garganta arranhar, abri meus olhos pesados como meu corpo e demorei um pouco até recobrar completamente meus sentidos.

Estava tudo branco. O teto pálido, as paredes com um ou dois quadris e algumas cortinas enfeitadas que haviam ali, o cobertor que me cobria era da mesma cor. Direcionei meu olhar à única coisa que se mostrava com vida naquele local: Era a cabeleira negra de Jeon Jungkook. Sua bochecha estava pousada com delicadeza em minha coxa enquanto sua respiração era tranquila e leve. Com seus olhos fechados daquela forma e a expressão serena como um bebê fizeram-me, mesmo que por frações de segundos, sentir compaixão pelo homem que estava deitado em meu colo. Levei minha mão até seu cabelo o afagando de leve com medo de acordá-lo, por mais que eu o odiasse... Aquele seu olhar desesperado partira meu coração - na verdade apenas o rachara de leve, não sinto tanto por ele assim -. Eu o assustei de verdade, eu o fiz assistir algo que ninguém gostaria de ver.

E mesmo não sendo exatamente proposital, eu quase me matei.

Os cabelos dele eram realmente macios, eram sedosos tambem além de possuírem um ótimo aroma. Ah, Jungkook possuía um curioso cheiro de café, percebi que além de ser por ele sempre estar tomando a bebida é por conta de ele também exalar esse cheiro. É um pouco engraçado, uma vez disseram-me que cheiro à tortas de morango, é meio peculiar mas nada tão anormal na minha vida.

Travei minha mão quando percebi o que eu estava a fazer.

E dois nomes vieram a minha mente.

Min Yoongi e Jung Hoseok.

Senti minha boca ser invadida por um gosto amargo de ódio e afastei minha mão dos cabelos do mesmo, me sentindo idiota e sujo por tocar tão livremente nesse pedaço de lixo. Foi então que percebi que minha outra mão estava quente...

Ele a segurava.

A puxei indignado e a acariciei com a outra mão. O que diabos ele pensa que está fazendo?! Com meu movimento bruto Jeon pareceu despertar, levantou a cabeça devagar e concertou a postura se espreguiçando em seguida, coçou os olhos e pareceu só então notar minha existência no local. Arregalou seus olhos negros e pois-se a me encarar nervoso.

- Você está bem?! O que está sentindo?! - Segurou em meus ombros direcionando aquele olhar piedoso em minha direção, fechei a cara abaixando minha face.

- Eu disse para não falar comigo e nem me tocar sem consentimento... - Sussurrei rouco sentindo minha garganta arranhar. - Então que porra... Você fez?

Os olhos de Jungkook perderam o brilhos e suas mãos grandes se retiraram lentamente de meus ombros conforme sua face se tornava indignada.

- Eu salvei a sua vida... Caralho, eu salvei a sua vida Park! É  assim que me agradece? - Riu sarcástico como quem não acreditava na situação. - Eu admito que sou uma péssima pessoa, mas olha Park Jimin, acredite... Você me superou, parabéns. - Começou a bater palmas sorrindo de forma cínica, tornou se levantar e ajeitou a blusa social amarrotada. - E me faça um pequeno favor? Não me force a me arrepender de ter salvo sua vida...

Foi a minha vez de receber um olhar de nojo.

Eu estava estático. Como ele tinha coragem de dizer aquilo? E logo para mim?! Antes de atravessar a porta da enfermaria ele para, encostando a mão na batente da porta.

- Sabe, eu costumava achar que você era realmente uma boa pessoa, mas vendo agora que você simplesmente odeia as pessoas sem que elas tenham feito algo para você e ainda por cima fica irritado quando salvam sua vida... - Jeon ri irônico mais uma vez. - Acho que posso bater no peito e dizer que não sou tão ruim, afinal de contas.

Senti meu sangue ferver e o ódio subir à cabeça. Ah não, isso não vai ficar assim!

- Que merda você sabe?! Heim?? - Esbravejei me encolhendo em seguida pelo dor em meu pulmão e garganta. Ignorei, estava disposto a discutir.

- Qual o seu problema? Você que me odeia sem motivos! - Ele exclama apertando a madeira da batente com força, sua expressão torcida de raiva era insana.

- Você dormiu com meu melhor amigo e com o garoto que eu gostava e ainda pergunta?! - Apertei as cobertas com mais ódio ainda sentindo meus dedos doerem e minhas unhas curtas quase furarem o tecido.

- MAS QUE PORRA EU FIZ A VOCÊ, JIMIN? O QUE ISSO TEM HAVER COM VOCÊ? - Usou sua voz de Alfa e eu me encolhi tapando os ouvidos, céus, aquilo foi tão alto.

Arregalei os olhos pensando em suas palavras que ainda ecoavam por minha mente.

- V-Voce...

- Por acaso eu fodi com você? Eu dormi com você ou fiz algo a você? Pare de supervisionar a vida dos outros e tome conta da sua! Me odeia por causa disso? Hah... Jimin... Por favor, cresça. Eu me senti realmente mal por ser odiado tão intesamente por uma pessoa como você, mas agora que sei de qual se tratava o motivo... Sinto que nossos papéis se inverteram.

Eu não conseguia falar nada, estava boquiaberto e surpreso o encarando. Eu estava confuso... E me sentia culpado.

- E-Eu nã-

- Por favor, não fale comigo fora da minha aula... Oh, ou melhor... - Coçou o queixo finjindo pensar.- Não fale ou toque em mim sem meu consentimento. - Deixou audível sua risada irônica e saiu, me deixando completamente estático, encarando a porta como um grande idiota. Aquela frase me fez gelar da cabeça aos pés.

Meus olhos arderam e me senti um idiota por querer chorar. O que eu tinha haver na vida de Hobi? Ou até mesmo Yoongi?

O pior de tudo era... Jungkook tinha total e completa razão.

Me encolhi em meio às cobertas e me permiti chorar um pouco, senti meu corpo ganhar mais uma tonelada para terminar de foder a minha vida.

Era nada mais e nada menos que a culpa e o arrependimento.