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História Heart - Heart


Escrita por: Trafalgarr

Notas do Autor


AE DONA @ScorpioAna FELIZ ANIVERSÁRIO VLW É NOIS PARABENS TUDO DE BOM PROCÊ QUE TODOS SEUS SONHOS SE REALIZEM E MAIS TODAS AS VIADAGE QUE NOIS FALA EM ANIVERSÁRIO MAS QUE EU NÃO SEI OQ DIZER POR QUE TENHO SERIOS PROBLEMAS EM ME EXPRESSAR EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE *estoura balão cheio de confete* DSUAHUSAHASUHASUHSA Felicidades minha criamsa <3
PENSOU QUE A DATA IA PASSAR EM BRANCO NÉ? [eu realmente esqueci sou péssima com datas] mAS OLHA SÓ EU APARECI AQUI TENTANDO DISFARÇAR ISSO COM UMA FIC FOFINHAAAA!11!!!!! DUHAHSUDHFHALFJJ eu ia fazer um lemon hard mas achei que não seria apropriado à data ne UHDAHUDHUSHADHUADS ENFIM TUDO DE BOM ESPERO QUE TU GOSTE DA FIC <33333 //fim do capslock//

aos demais, boa leitura! <33

Capítulo 1 - Heart


Fanfic / Fanfiction Heart - Heart

 

 

Eu não gosto de muita coisa na vida. Não gosto de pessoas, não gosto de chocolate, não gosto de novelas e não gosto de pão. Talvez eu não goste nem da minha vida afinal. Mas tem uma coisa que eu gosto: tatuagens. Dezessete anos e eu já sou mais riscado que parede de escola pública, como diz meu pai.

Não gosto da escola também, tem pessoas. Pessoas mesquinhas e idiotas em sua maioria. Aliás eu odeio pessoas normalmente, mas pessoas idiotas têm um lugar especial na minha lista de ódio do fundo do coração. E parece que todo mundo que entra na escola adquire o incrível dom de ser a pessoa mais idiota da face da terra. Também ganha a incrível habilidade de julgar sem conhecer e falar mal da aparência alheia; Ridículo.

Mas foi graças a escola que eu conheci uma das poucas pessoas que eu gosto: Luffy, um menino da minha sala que, aos meus olhos, é uma das pessoas mais legais e incríveis que eu já conheci. Ele não é babaca e nem tem as habilidades que os estudantes têm; Pelo contrário, ele é paciente, intuitivo e confiante. É agradável estar perto dele.

A vida toda não gostando de pessoas me fez desenvolver um tipo de fobia de gente; odeio multidões, qualquer lugar fechado com muita gente comigo é o apocalipse, fim do mundo, hora do pesadelo. Eu tenho reações físicas bem sérias, como falta de ar, mãos trêmulas e, dependendo da situação, até desmaios. E normalmente as pessoas não entendem isso como algo sério, “é frescura”, “isso é coisa da sua cabeça”, “quer chamar atenção” são as respostas que mais ouço quando falo disso pra alguém. E Luffy não me deu nenhuma dessas respostas quando eu falei da minha condição pra ele, o que fez ele subir muitos pontos no meu conceito, transformando-o em “único ser que eu aturo na escola”.

Até aí eu nem gostava dele, aliás nem sabia que eu ia me apaixonar por um menino. Pff, a vida toda reclamando que não conseguiria uma namoradinha e eu me apaixono por um cara. Voltando, ele fazia parte do clube de desenho da escola, e no dia das matrículas para os clubes, eu acabei me interessando por esse. Não era como se eu tivesse muitas opções, eu tinha que entrar em um clube para completar minhas horas complementares, já que eu quase repeti de série no ano passado, e o clube de desenho me pareceu ser o “menos ruim”.

Não poderia me considerar o Picasso, o talentoso, a reincarnação de DaVinci, mas eu sabia fazer uns desenhos “ok”. Nunca tinha mostrado meus desenhos pra ninguém antes de entrar nesse clube e quando o fiz, ele adorou e quis montar uma pasta só com as minhas artes no site do clube. Luffy também me ajudou a melhorar meus traços, dando dicas e me ensinando truques e tudo mais. Ele era extremamente gentil comigo, de uma forma que ninguém na escola tinha sido antes.

Junte toda essa gentileza com atenção, carinho e excesso de tempo juntos. O clube funcionava todos os dias, e como Luffy era o presidente, tinha que ir todos os dias; Eu como não tinha nada pra fazer e estava começando a ser trouxa, ficava todos os dias fazendo companhia a ele. Ele aceitava minha companhia de bom grado, sempre conversando comigo durante os períodos que passamos juntos.

O fatídico dia que entendi meus sentimentos por ele foi quando uma menina se declarou pra ele no meio do pátio da escola. Entenda, Luffy era popular, bonito e legal, tinham hordas de meninas atrás dele. Branquelo, 1,72m e com um sorriso que tirava o fôlego de qualquer um. Enfim, a menina chegou gritando quando estávamos indo embora da escola e todos os alunos olharam pra nós; Eu acabei entrando na cena por estar do lado dele, óbvio.

Quando ela falou o que sentia meu coração parou por umas duas batidas, pude sentir a raiva correndo pelas minhas veias e uma sensação ruim no meu peito. Pela primeira vez na vida eu senti ciúmes e medo de perdê-lo; eu me senti um garotinho perdido no supermercado naquele dia. Por sorte (minha, claro), Luffy recusou a menina.

Nos dias seguintes eu me senti bem estranho quando estava perto dele. Cara, eu sentia vontade de tocá-lo! Eu, o rei do “não me toque” querendo tocar em uma pessoa. Aliás tocar parecia bem superficial e casto perto das vontades que eu sentia; Perdi a conta de quantas vezes paudureci involuntariamente só de ver aquela carinha bonita na sala.

Mas agora uma coisa me preocupava: logo estaremos de férias e eu sinceramente não quero ficar longe dele. Será que notariam se eu sequestrasse ele e o mantivesse em cativeiro durante as férias?

– Trao? – Me assustei quando ele me chamou pelo apelido que ele mesmo criara, bem perto de mim.

– L-Luffy... Oe.

– Oe. – O moreno deu um de seus sorrisos cativantes. – Né, vamos entrar de férias essa semana... Vamos marcar de fazer algo juntos!

– Juntos?

Espera.

Pausa pra eu fazer uma descrição detalhada da minha reação quando ele fez esse pedido: eu surtei internamente. Meu cérebro entrou em pane, meu coração parou, meu estômago parecia que ia sair pela boca e minha mão tremia com vibrações de 9.0 na escala Richter. Senti o sangue sumir da minha cara e eu quase pude imaginar a cena da gente casando, tendo três filhinhos e um cachorro chamado Victor.

– É, todo o clube de desenho! O que acha? – Acho que você estragou meus planos de vida, mas é, ok.

– É uma boa... – Não consegui disfarçar meu tom de insatisfação. – Pode ser legal.

– Podemos ir em algum café e trocar desenhos, que tal?

– Boa ideia. – Dei de ombros, voltando a desenhar o que eu estava fazendo antes.

Seria a minha próxima tatuagem: alguns corações estilizados, estilo tribal; As faria nos ombros e no peito. E antes que digam “ah que viadinho, vai fazer coraçãozinho por que tá apaixonadinho pelo Luffyzinho”, eu sempre gostei de corações, tanto pelo significado tanto pelo formato. Me agrada, é bonito e vai ficar bacana tatuado em mim, fim.

– Ei, o que é isso que você tá desenhando? – Ele se apoiou nas minhas costas, olhando por cima dos meus ombros.

– Minha próxima tatuagem.

– Que foda! – Ele gritou, estendendo o braço e puxando meu desenho – Mas me parecem tão simples... Se importa se eu mexer?

– Aqui. – Dei outro papel, em branco, a ele. – Faça aqui.

– Certo. – E ele sentou-se do meu lado, pegando meu lápis e começando a rabiscar o papel.

Ele era muito melhor do que eu, ele me aparecia com verdadeiras obras de artes falando que eram apenas rabiscos e que não estavam prontas ainda. Chegava a ser frustrante ver como ele fazia desenhos com tanta facilidade e eu precisava ficar um tempo pensando no que fazer e exigir muito de mim para fazer algo aceitável.

– E aí? – Ele me entregou o papel depois de uns 30 minutos, me surpreendendo com o conteúdo.

Ele adicionou mais alguns detalhes aos corações. Os menores que ficariam nos ombros agora tinham um contorno, ficando um coração dentro do outro e o coração grande tinha alguns detalhes, pareciam chamas que iam até a base do pescoço. O que me chamou atenção era que esse coração grande fechava em um círculo que tinha um tipo de rosto sorridente nele.

– O que é esse rosto? – Perguntei, curioso.

– Eu acho seu sorriso bonito. É um lembrete de que você deveria sorrir mais. – Ele falou, dando de ombros.

Franzi o cenho para o que ele disse e voltei a olhar o desenho. Era realmente mais bonito que o meu, com mais detalhes e tudo mais, se comparasse com o meu seria uma obra do Romero Britto e a dele uma original do Raphael. Sério.

– Posso tatuar isso?

– Sério? – Sua expressão era de total surpresa e incredulidade.

– Sim.

– Pode, claro que pode! – Seus olhos brilhavam. – Você pode me levar junto? Eu queria ver você tatuando...

– Claro. Farei na semana que vem, eu te chamo.

– Certo!

E ele fez o que eu menos esperava: me abraçou. Na verdade ele se jogou em mim, todo o peso dele quase me fazendo cair pela surpresa. Meu coração quase saiu pela boca de tão nervoso que eu fiquei, os sonhos de garotinha apaixonada voltando a brincar na minha cabeça. Esse menino mexia mais com os meus sentimentos do que os filmes do Rei Leão.

As aulas acabaram e eu fiquei bem triste. Em todos esses anos nessa indústria vital, essa foi a primeira vez que eu fiquei chateado de ter que ficar em casa todos os dias. Nada me animava ou me distraía por muito tempo, nem livros, nem vídeogames, nem filmes. Parecia sempre que estava faltando alguma coisa e essa sensação era muito chata.

Quando o dia de ir fazer a tatuagem chegou eu estava muito empolgado, tanto por ir fazer a tatuagem, tanto pelo fato que eu veria Luffy. Coloquei minha melhor roupa e saí de casa um tempão antes, ansioso demais para ficar em casa até a hora marcada de buscá-lo em casa. Procurei seu endereço em meu celular, só pra confirmar mesmo, por que de tanto ler eu já sabia de cor; Não era longe, então cheguei bem rápido até.

Uma casa grande, branca e com estilo ocidental, rodeada por um grande jardim florido; Tinha um clima alegre, que combinava perfeitamente com Luffy. Parei na frente do portão e liguei pra ele, que atendeu logo.

– Já chegou? – A voz dele parecia animada.

– Sim, estou aqui embaixo.

Não demorou muito e ele desceu, uma camisa vermelha, uma calça jeans e um all star branco, que ficavam tão bem nele que eu pisquei algumas vezes, quase babando. Ele sorriu e acenou pra mim antes de se virar para fechar sua casa.

– Chegou cedo... – Comentou, guardando as chaves nos bolsos. – Sorte que eu já tinha me arrumado.

– Desculpe, estava ansioso. – Seguimos andando lado a lado.

– Imagino. – Ele riu. – Onde está o desenho?

– Deixei no tatuador ontem, pra ele passar a limpo no tamanho certo e transferir para o carbono...

– Ah sim... Né, Trao, você disse que tem fobia de gente... Não vai incomodar alguém ficar te tocando pra fazer a tatuagem?

– De certa forma... Bem, eu realmente me incomodo, mas se eu souber que a pessoa vai me tocar antes de ela fazer, é bem mais simples... Não gosto de contato sem a minha autorização, entende?

– Entendi... Então quer dizer que aquele dia... Na escola, lembra? Você não gostou quando eu te abracei?

– Eu gostei... Quando eu gosto da pessoa é bem fácil também... – Falei sem pensar, as minhas bochechas esquentando na mesma hora que as palavras chegaram em meus ouvidos. – Quer dizer... É... Ah, eu gosto de você, mas... Quer dizer... Somos amigos não é? – Tentei consertar, nervoso e sem nem olhar pra ele.

Queria que um buraco se abrisse e eu pudesse me enterrar lá dentro. Estava tão envergonhado que sentia até as minhas orelhas esquentando, minha cara deveria estar tão vermelha quanto um tomate. Olhei pra ele de relance, e o maldito parecia estar se divertindo às minhas custas, sorrindo da minha falta de jeito. Eu acabei de me declarar pra você, idiota, não ria de mim.

– Eu também gosto de você, Trao. – Ele sorriu confiante. – E fico feliz por você gostar de mim também.

Certo.

Eu estou sonhando ou esse aqui é um daqueles programas de TV em que as pessoas fazem pegadinhas com a gente. Você atua muito bem, moleque, pode começar a rir e falar que é tudo armado.

Quando ele percebeu que eu estava em estado de choque/tela azul do windows/Kernel da morte, ele me pegou pela mão e me puxou para continuar andando. Luffy não falou mais nada o resto do caminho, mas me olhava de vez em quando, sorrindo.

O estúdio não era tão longe, nós chegamos em uns dez minutos e quando chegamos, já estava melhor (embora ainda estivesse muito nervoso de estar perto dele). Acenei para a recepcionista e segui até a sala já conhecida por mim, chamando pelo tatuador.

– Zoro? – Perguntei antes de entrar. – Sou eu, Trafalgar.

– Entre.

Abri a porta, dando passagem para Luffy. A sala era grande, branca com alguns pôsteres na parede. Zoro era um homem jovem, acho que tinha vinte e três anos no máximo, tinha cabelos verdes e era grande como um brutamonte. A primeira vez que vim só estúdio eu realmente temi pela integridade da minha pele quando ele fosse tatuar, mas ele foi tão cuidadoso e fez a tatuagem com tanta calma que nem machucou tanto a pele.

– Está adiantado, que coisa boa. – O tatuador falou, largando o livro que lia na mesa. – Vamos começar logo?

– Sim... Zoro, este é o meu amigo, Luffy. – Gesticulei para o menino que estava logo atrás de mim. – Ele quem fez a arte que vou tatuar.

– Você desenha bem, moleque. – Ele acenou de longe para o menino. – Depois te mostro minhas pastas de desenhos e trocamos figurinhas. – Zoro riu, pegando os materiais que utilizaria em mim.

Luffy sentou-se no sofá que ficava no canto da sala, o olhar curioso com tudo que o tatuador pegava. O de cabelo verde notou o interesse do menino e foi explicando para que cada peça servia, como encaixava a agulha na máquina e até que tinta ele usaria em mim.

– Pronto. Tire a blusa. – Zoro falou, colocando as luvas.

– Blusa? – Indaguei nervoso.

Olha, eu normalmente sou burro, mas hoje eu estou de parabéns. Primeiro me declaro pro menino que eu gosto, depois esqueço que vou tatuar o peito e ter que ficar sem blusa perto dele. É muita humilhação pra uma pessoa só.

– É, ou é pra tatuar nesse moletom horroroso? – O tatuador levantou uma sobrancelha. – Tira logo, dá pro seu amigo segurar.

Olhei para Luffy, que me encarou de volta com um sorriso mínimo, como se me encorajasse silenciosamente. Tirei o moletom preto que estava vestindo e joguei na direção dele e depois fiz o mesmo com a blusa; Nem me atrevi a olhar pra ele, já estava envergonhado demais só de saber que me encarava.

Deitei na maca e me acomodei da melhor forma. O tatuador transferiu o desenho do papel para a minha pele usando um tipo de gel e depois esperou secar; Depois ele me mostrou no espelho como o “rascunho” estava e começou a fazer sua parte.

Vamos resumir o ato de fazer tatuagem em uma palavra: dor. Muita dor. E tatuar no peito é muita dor elevado ao quadrado. Já estava pensando em todos os meus bens para fazer meu testamento, deixaria meus mangás para o meu pai, a cama poderia ficar para o gato, o computador coloquem junto comigo no meu caixão.

Estava muito bem fazendo o meu drama interno e tentando não desmaiar de tanta dor quando senti alguém tocando na minha mão, de leve. Abri os olhos e dei de cara com Luffy sentado do meu lado, o sorriso fofinho direcionado a mim e a mão hesitante sobre a minha.

– Segura na minha mão. – Ele sussurrou. – Vai ajudar a passar a dor.

Obedeci sem nem pensar duas vezes, entrelaçando meus dedos nos dele, a mão quentinha e pequena se encaixando como dava na minha. Ficamos nos encarando por um tempo, e aquilo estava realmente me distraindo da dor, por que eu não consegui prestar atenção em mais nada a não ser ele, ali, bem pertinho de mim. Seu olhar era tão profundo e ele me olhava com tanto carinho que eu sentia que podia derreter a qualquer segundo.

E não, não sei onde aprendi a ser tão gay.

O tempo passou assim, dividido entre a dor quase de parto que eu estava sentindo e a sensação de paraíso por tê-lo tão pertinho de mim; Ele permaneceu ao meu lado o tempo todo, segurando minha mão e me dando apoio. Era muito mais do que eu podia sequer imaginar que seria trazê-lo comigo.

– Acabei a do peito. – Zoro anunciou, orgulhoso. – Vou beber uma água e dar uma esticada nas costas, volto já para fazermos as dos ombros. – Ele falou, tirou as luvas e saiu da sala, nos deixando a sós.

Ficamos em silêncio e eu pensei que Luffy soltaria minha mão, mas ele não fez. Pelo contrário, ele apertou-a, brincando com meus dedos. Ele foi se aproximando aos poucos de mim e já sentia sua respiração em meu rosto quando ele sussurrou.

– Posso?

E eu apenas acenei debilmente com a cabeça. Ele venceu o espaço entre nós e me beijou, me deixando completamente sem ação e com o coração batendo tão forte que pensei que ele sairia pulando pela sala. Sua boca se encaixou na minha e eu pedi passagem com a língua e ele cedeu espaço, inclinando a cabeça para o lado.

– Cof Cof. – Zoro falou da porta, e ele se afastou, de mim, encerrando o beijo e me deixando com cara de bunda.

Luffy riu e deu de ombros, arrumando-se na cadeira do meu lado. Já o tatuador só negou com a cabeça e riu. E eu... Bem, eu fiquei roxo de vergonha e largado no meio da maca. Logo Zoro voltou a me tatuar e a dor me fez voltar um pouco pra realidade.

Luffy tinha me beijado. O menino que eu gosto tinha me beijado, tipo, do nada. Ele me beijou!

Eu devo ser muito merda mesmo pra não ter nem tido a atitude de beijá-lo, pff. Quando finamente tive coragem de encará-lo de novo, ele olhava pra mim, um sorrisinho convencido adornando aquela carinha perfeita. Seus dedinhos se enrolaram nos meus, ainda na tentativa de amenizar a minha dor, fazendo um carinho delicado na minha mão, me acalmando aos poucos.

Minha cabeça estava um branco total. Eu estava extasiado e não fazia nem ideia do que pensar ou do que fazer depois que a gente saísse daqui. O que eu ia falar pra ele? “Muito obrigado por ser o primeiro menino a me beijar”? Suspirei enquanto sentia meu rosto esquentar de novo, provavelmente ficando mais vermelho que antes.

Zoro se tocou sobre o clima que tava rolando e tentou amenizar isso com conversas aleatórias com Luffy, o que ajudou a me distrair bastante dos meus próprios pensamentos. Já estava escuro quando a tatuagem finalmente terminou, eu já estava bem mais calmo e Luffy e Zoro já estavam na maior conversa de desenhistas, o de cabelos verdes propondo até mesmo que Luffy viesse tomar algumas aulas de tatuagem no futuro.

Minha pele ardeu feito inferno quando coloquei a blusa por cima da tatuagem, que ainda estava com uma fina camada de pomada. Os dois ficaram me ignorando/conversando por mais algum tempo, até que Luffy se despediu animado e eu só sorria e acenava pra tudo. Meu estômago roncou um pouco quando já estávamos na rua, então Luffy me convidou pra ir comer na casa dele.

Eu queria não ter pensado besteira de imediato.

Quando voltamos pra humilde residência do dito cujo, fomos direto pra cozinha – que era bem grande, aliás – e ele preparou algumas panquecas (que ficaram queimadas, mas como eu estava apaixonado e com fome, estavam gostosas) e ficamos em um silêncio muito do escroto o tempo todo.

Ele quebrou o gelo contando que morava com o pai e os irmãos, mas que no momento eles estavam viajando pra verem o avô em outro estado ou algo assim. Eu não respondia nada mais do que “Ah”, “legal” e “bacana”, mas não era por falta de interesse, era por que eu ainda estava realmente nervoso. Ele não tocou em nenhum momento no assunto “beijo de mais cedo” e eu fiquei com medo de falar e ele ficar sem graça e me mandar pra casa.

Quando acabamos de comer, ele me levou pra sala e ficamos zapeando a TV, e eu já estava quase cochilando quando ele pegou na minha mão, seu toque leve sendo o suficiente para me acordar em uma rajada de adrenalina.

– Sobre o beijo de mais cedo… Olha, eu queria ter feito de outro jeito, mas ver você tão perto daquele jeito…

– Tudo bem… Eu também queria e… – EU. SÓ. FALO. MERDA. Meudeusdocéu.

– Sério? – Ele me olhou, os olhinhos brilhando o sorriso ofuscando a minha cara.

– Sim… Sempre gostei de você… – Desviei o olhar, sentindo meu rosto esquentar e meu estômago chegar na garganta. – Mas sempre te achei muito distante… Uma coisa tão longe de mim que nunca me passou na cabeça que um dia eu chegaria a te contar o que eu sentia ou…

Eu sussurrei essa última parte, e nunca vou saber se ele me ouviu ou não. Meu coração chegava a machucar meu peito de tão rápido que batia no meu peito, o arrependimento de ter falado aquelas coisas endossando o sentimento de estranho que me tomava aos poucos. Ele era uma coisa tão distante de mim e agora… Tão perto.

Tão perto que machucava.

– Então eu posso te dar outro beijo? – Indagou, mordendo o lábio inferior.

Ri soprado, mais nervoso do que divertido e me inclinei em sua direção, beijando os lábios fofinhos. As mãos dele seguraram as minhas novamente e entrelaçamos nossos dedos, quase no mesmo momento o beijo se aprofundou.

Tudo bom demais… Se eu não tivesse uma mente doente que me fazia achar que eu não merecia isso.

Quando o beijo acabou, eu estava me sentindo triste. Como se eu não merecesse esse tipo de coisa, como se Luffy estivesse fazendo tudo isso apenas por diversão ou que tudo acabaria pela manhã. Era injusto comigo, e eu não podia culpar ele por nada.

Meu coração batia tão rápido que eu não conseguia controlar minha respiração. O gosto doce da boca dele ainda brincava na ponta da minha língua e minha cabeça estava embolada: Eu queria sair correndo e gritando e ao mesmo tempo eu queria ficar ali com ele pra sempre.

 

– Você tem gosto de menta… – Ele comentou, baixinho, se acomodando ao meu lado.

– Obrigado…? – Respondi, franzido o cenho, o comentário me levando pra longe das minhas divagações.

Ele riu e me olhou, e eu nunca vou esquecer do seu rosto tão perto… Sorrindo pra mim. A  minha vida não podia estar melhor.

Os dias que se seguiram foram estranhos. Pensei que Luffy nunca mais fosse querer olhar na minha cara depois disso, mas aconteceu o contrário, ele me ligou na manhã seguinte e nos outros dias daquela semana. Eu nunca tive um relacionamento que durasse mais do que algumas horas, então a atenção que ele dedicava pra mim me era totalmente nova. Passamos todos os dias juntos, ou era ele na minha casa, ou eu na casa dele. O pai dele era estranho, um dos irmãos era meio pervertido e o outro era meio barulhento, mas ambos me trataram bem, e ao contrário do que eu pensei, foram super de boas quando fui apresentado como “namoradinho” do Luffy.

Nosso "relacionamento" não estava bem definido, embora eu quisesse ter oficialmente esse título. Entretanto, eu não tinha coragem de requisitá-lo, por inúmeros motivos, onde o principal era a minha insegurança. Na minha cabeça eu ainda não o merecia e tudo que eu estava vivendo era um sonho ou alguma brincadeira dele pra passar o verão fazendo alguma coisa.

– Trao? – Ele me chamou, me fazendo pular na cadeira do meu quarto. – Quer ir comer alguma coisa?

Fiquei olhando pra ele com a maior cara de bunda e já ia falar alguma merda sem pensar quando vi meu pai na porta, me olhando com a mesma cara de bunda que eu provavelmente estava no momento, com o celular na mão.

– Posso pedir pizza pra todo mundo ou você vai jantar no mundinho da imaginação que você está agora?

– Pizza é uma boa… – Falei, voltando ao desenho que eu estava fazendo, que prestando a devida atenção, não passavam de alguns rabiscos bestas.

– Trao, você estava distraído de novo… – Luffy sentou do meu lado, cruzando as pernas em posição de flor de lótus. – Alguma coisa te preocupa?

O encarei em silêncio por alguns segundos e as palavras se embolaram antes saírem pela minha boca. Eu sabia o que falar, mas não sabia como fazer sem parecer um idiota ou sem pressioná-lo e parecer um idiota maior ainda por apressar as coisas. Mais algum tempo passou e eu só consegui suspirar.

– Tá… Tá tudo bem. – Menti da melhor maneira que consegui e voltei a desenhar.

Vi pelo canto do olho ele fazer um bico, inconformado. A sensação estranha – agora já não tão estranha, já que a sentia com bastante frequência – dominando meu peito e me dando uma sensação de sufocamento que ia aos poucos nublando a minha cabeça.

A tarde passou com esse clima estranho e eu evitei olhar pra ele por muito tempo ou até mesmo manter conversas mais longas. É, eu sei que deveria fazer ao contrário se quisesse aproveitar antes que tudo isso se desfizesse feito fumaça na frente dos meus olhos… Mas não conseguia.

Quando a noite chegou, trouxe junto uma tempestade tão forte que o único jeito do Luffy ir embora seria em um barco. Meu pai, empolgado como sempre, convidou ele pra dormir em casa, como bom anfitrião que era. Eu era realmente besta de achar que ele não percebia nada, mas ele sabia do que estava rolando entre eu e o Luffy melhor do que eu e, sinceramente, tinha que agradecer por ele entender e não ficar se metendo e nem fazendo perguntas sobre isso.

Luffy foi devidamente acomodado em um futon no chão do lado da minha cama e eu estava tão nervoso que só percebi que ele ia dormir no mesmo quarto que eu depois que já estava acomodado debaixo das minhas cobertas. E meu amigo, quando essa ficha caiu, ela derrubou junto toda minha calma, eu estava suando frio, minhas mãos tremiam e eu não conseguia nem piscar direito.

– Trao? Já dormiu? – A voz conhecida ecoou curiosa no quarto.

– N-não.

– Se importa se eu deitar um pouco do seu lado?

– Pode vir.

Mal terminei de falar e ele já se embrenhava por baixo do meu edredom, as pontas dos dedos estavam geladas, assim como suas bochechas, me levando a acreditar que ele veio apenas por causa do frio. Ele se acomodou ao meu lado, suas pernas se entrelaçaram nas minhas e sua cabeça estava no meu ombro.

– Está muito frio lá… – Ele falou, enroscando-se como um gatinho em meus braços.

 

Ficamos em silêncio por um tempo, seu cheiro me dopando e me fazendo pensar em tudo e nada ao mesmo tempo, era tão gostoso de estar ali e eu não consegui pensar em nada mais além disso. Toda a insegurança que eu sentia antes parecia tão infundada e distante agora que meu coração estava bem calmo no momento.

 

– Trao...? – Ele sussurrou próximo ao meu pescoço, me fazendo arrepiar.

– Sim?

– O que te deixou incomodado esses dias? – Questionou novamente, fazendo toda a paz que eu sentia se transformar num nervosismo dolorido.

 

Suspirei, apertando-o em meus braços. Não sabia como explicar as caraminholas que a minha cabeça inventava sem parecer um idiota inseguro. Eu não fazia ideia de como arrumar isso agora.

 

– Eu não sei como te dizer isso, Luffy... – Confessei, falando no mesmo tom que ele. – É que eu penso demais...

– E você está pensando demais sobre o que?

– Sobre nós... Eu não sou bom o suficiente para você...

 

Ele não respondeu por um momento, onde eu fiquei tão nervoso que quase pude sentir a cama abaixo de mim me engolir. Suspirei mais uma vez quando ele se mexeu, sentando-se do meu lado, de frente pra mim.

 

– Não é bom suficiente pra mim? – Ele esganiçou, me olhando como se eu fosse um alien. – Você ficou louco?

– Eu não sou tão bonito ou tão talentoso quanto você...

– Claro que é! – Sua voz soou ofendida.

 

Ele levantou da cama num pulo, tropeçando no futon antes de acender a luz do quarto. Depois ele voltou até a cama e me puxou, insistindo para que levantasse, o que fiz com algum esforço, já que estava quase fazendo simbiose com a cama. Ele me puxou até a frente do grande espelho que tinha na frente do meu espelho, parando ao meu lado, a diferença de tamanho sendo a primeira coisa que eu notei quando vi nosso reflexo.

 

– Vê? Você é lindo! – Ele falou animado, apontando para o espelho. – Olha só que moreno alto, bonito e sensual. – Não consegui evitar o sorriso automático que se formou nos meus lábios quando o ouvi falar.

– Você é extremamente gentil, Luffy. – Respondi, o sorriso se desfazendo quando vi a minha imagem no espelho.

 

Ele ficou na minha frente, o já conhecido biquinho da insatisfação em seus lábios e as mãos na cintura. Eu quase estava acreditando nas suas palavras e ignorando as minhas neuras, de tanto que ele era esforçado para dizer essas coisas pra mim.

 

– Você é lindo e incrível, Law... – Ele disse, esticando os braços e segurando meu rosto entre as mãos. – Acha que se você não fosse especial eu seria tão apaixonado por você? – Completou baixinho, olhando nos meus olhos. – Eu gosto muito de você, Law... Você não faz ideia o quanto...

– Eu também gosto de você Luffy... Talvez até mais do que você goste de mim, e esse é o motivo de eu estar assim... Eu acho que vcê merece algo melhor... Melhor do que eu, que possa te oferecer muito mais do que eu posso...

– Mas eu quero você~! – Resmungou, apertando a minha bochecha e puxando meu rosto até próximo do seu, me beijando. – Trao, eu quero você, só você, ninguém mais vai servir! – Ele falou depois de me dar alguns selinhos rápidos.

Meu coração acelerou, eu podia sentir sinceridade em suas palavras, e o medo que eu sentia antes estava bem abafado por isso. A dúvida de como alguém poderia gostar de mim do jeito que eu sou ainda existia, talvez sempre existirá, mas o que eu sentia por ele me dava forças para ignorá-la, deixando-a de lado com minhas outras inseguranças.

 

– Eu também quero você, Luffy, só você. – Respondi, puxando-o para meus braços e o beijando, tentando passar tudo o que eu sentia pelo contato. – Quero você como nunca quis nada na vida... – Sussurrei em seus lábios, quando o beijo encerrou. – Namora comigo?

– Pensei que nunca fosse perguntar. – Ele riu e nos beijamos novamente, selando a união.

 


Notas Finais


oi c: UHUUDHASUAS Espero que vc tenha gostado Ana! <33

Favs e coments serão premiados com o bolo de aniversário dela. n


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