História Heart Dark - Piquenique dos vampiros

   Eu amo lobos. Desde que eles estejam bem longe de mim, ao longo dos anos eu e minha mãe já passamos por alguns estados que havia lobos, mas nunca dei de cara com alguns deles, e tenho quase certeza que não seria um encontro amigável. E olha só na Carolina do Sul não há lobos e nem vestígios deles. Por mas que eu adore um filme de lobisomem ou daqueles tipos de filme que o grupo se perde na mata e uma alcatéia come um à um.
   Então, sim, estou com um pouco de raiva, justamente eu me sinto nesse tipo ridículo de filme ( não ria de mim universo).
   - Me diga que foi um de vocês que fizeram isso.- Steven solta uma risada nervosa e se aproxima de Agatha que está tremendo.
   - Bem que poderia ser, mas creio eu que não seja. Então meu querido irmãozinho, tem algum plano genioso?- Bobby fala ironicamente e estreito os olhos, não gosto nem um pouco de seu tom.
   - Parece estar bem longe, e lobos nunca acaba quando só tem um.- Gabriel revida de um jeito calmo mas por trás sua raiva estava lá.
   - Se quiser voltar Bobby pode ir, só seu olho está danificado, não suas pernas.- digo sem olhar para ele.
   Tento olhar ao redor mas e difícil com as árvores e a maldita névoa, um vento gélido nos atinge fraco no rosto, quase parecia que o vento queria nos levar para fora da floresta. Eu estava totalmente de acordo a segui-lo.
   Mas Gabriel tinha outros planos.
   - Vamos continuar, muito improvável que venha para cá.
   Uma pena que Gabriel não sabe o quanto de má sorte eu tenho.
   Retornamos a andar, Gabriel a nossa frente, Holly pendurada no braço de Bobby ( e uma cena patética) como se ela fosse a coitada da dama em perigo e Bobby o cavaleiro no cavalo branco.
   A cada passo que damos o vento aumenta significante, coloco minhas mãos no bolso da blusa.
   - Gabriel, você tem certeza absoluta que é uma boa idéia?- pergunto ao seu lado.- Ainda não e tarde de voltar, não quero morrer.
   - Vai ficar tudo bem June. Você não confia em mim?
   Gabriel coloca sua mão no meu cotovelo, como se me incentivar a continuar. Se eu confiava nele? Geralmente sim, mas hoje, tenho minhas dúvidas. Mordo minhas bochechas e apenas balanço a cabeça num sim.
   Sinto um toque de leve no meu ombro e me viro, vejo Agatha com os lábios rachados num pequeno sorriso.
   - Aconteceu alguma coisa?- pergunto apenas por educação.
   - É mais frio lá trás.- diz numa desculpa ridícula.
   Reviro os olhos e fico ao lado dela. Steven estava quieto demais.
   - O que foi Agatha?
   - Você acha que os lobos podem vir?- sua voz treme, não sei se é frio ou de medo.
   - Eu não sei, mas confio em Gabriel.- digo sem demonstrar incerteza.
   - Bom vamos rezar para isso não acontecer.- diz passando as mãos nos braços finos para se aquecer.
   - Você gosta dele.- Steven fala ao meu ouvido, num tom de vitória na sua voz fina.
   - O quê?- falo dando um passo para longe para ver seus olhos castanhos brilhando maliciosamente.- Do que você está falando?
   - Olha eu não sou estúpido, já venho reparando nisso a muito tempo. Vocês são muito próximos, quase um casal.- ele coloca as mãos na cintura e dá um sorriso de quem sabe das coisas.- Você e Gabriel e um casal e tanto.
   Olho para ele em silêncio, absorvendo aquilo. Respiro fundo uma, duas vezes para impedir a risada de sair.
   - Isso não tem nada a ver.- digo dando de ombros e evito olhar para ele.
   Eu queria ver alguma coisa, usar alguma coisa para distrair Steven de sua teoria engraçada, mas, ah aqui só à árvores, árvores. Nossa o que é aquilo? Ah, uma árvore!
   - Steven não coloque coisa na sua cabeça. June jamais seria capaz de se apaixonar por outra pessoa além dela mesma.- Bobby se entromete na conversa.
   Me viro e dou de cara com ele, Bobby é uma cabeça e meia mais alto do que eu. Abro a boca e coloco meu dedo indicador em seu peito, mas antes de qualquer palavra sair de meus lábios.
   Um cervo passa correndo pela gente, derruba tanto eu quanto Holly no chão, minha bunda dói mas o que me irrita e Holly que começa a gritar.
   Fico até aliviada pois ela está de costa assim não vê os dois lobos, um preto e um branco, andando em nossa direção rosnando.
   Alguém me pega pelos braços e me puxa com força do chão, tento me manter em pé mas minhas pernas tremem, minha respiração sai entrecortada. Bobby ajuda Holly, mas não ligo, toda minha atenção está nos lobos que rosna.
   - Ninguém ao menos se mexa. Nem desvie os olhos. Não faça movimentos rápidos.- Gabriel diz um pouco atrás de mim.
   Quero me virar para ver ele, mas meu corpo está grudado no chão, minhas articulações travadas. Eu vou morrer despedaçada por lobos, ai que morte dolorosa. Nem posso falar que fui uma boa pessoa, por que Deus sabe que não fui.
   Escuto um resmungo e pelo canto do olho vejo Agatha chorando baixinho. Me fazendo lembrar da minha infância.
   Não e bem uma lembrança, mas uma coisa que minha tia sempre falava.
   Eu era bem pequena e estava brincando com um tricicolo vermelho que meu pai me deu. Numa curva virei o guidão rápido e acabei caindo
Não contei para ninguém, e só mais tarde meu pai viu minhas mãos esfoladas.
   Não gostava de chamar atenção e meio que sempre cuidei de mim mesma, sem fazer alarde.
   Ainda costumo me cuidar, mas a parte de chamar atenção mudou um pouco.
   Fecho meus olhos e espero.
   Um assobio ecoa pela mata.
   Os lobos param aonde estão.
   Solto minha respiração. Todos respira novamente.
   - Ai está brincando comigo!
   As palavras escapa de minha boca com escárnio.
   Não esperava ver logo ele. Adrian montando um cavalo negro da cabeça ao rabo. Usando um sobretudo preto e calça de montaria.
   Ele abre um sorriso de lado e puxa as rédeas do cavalo, me afasto uns três passos.
   - Ora, ora Lady Crowel, como o mundo e pequeno. Olha você aqui de novo, só que acompamhada.- suas palavras são suaves e cordiais.
   Seus olhos negros passa por cada um parando em mim, estremeço pois ainda posso sentir suas mãos em meu queixo e seus lábios perto demais de meu pescoço, " Eu posso te levar ao seu próprio inferno", essa frase me atormentou durante a noite inteira.
   - Adrian...
   Um pigarro, olho para o outro lado de Adrian. Uma garota muito parecida com ele surge em meio as árvores, de cabelos tao negros que não passa nenhuma luz entre as mechas. Ela usava roupas parecidas como as dele, a única diferença e que usava um lenço rosa enrolado no pescoço. Montando um cavalo cinza. Parecia uma boneca de porcelana do mal.
   Com um olhar de nojo e repulsa ela olha para mim do mesmo modo que eu olho para ela.
   Falando em Romenio ela se dirigi à Adrian que concordava.
   - É ele?- Gabriel sussurra em meus ouvidos, o sotaque sulista acentuado.
   - Como assim?
   - Era dele que estava falando com Ilica?- ele segura meus ombros e me puxa para si, sinto seu corpo apoiando o meu e cada pedacinho dele, tento não pensar em seu membro se encostando na minha bunda.
  - Complicado de explicar.- sussurro de volta e saio de seu abraço. - O que é isso?- falo para Adrian, apoio minhas mãos na cintura e o encaro.
   - Essa é minha irmã Mirela. Mirela essa é a garota que falei ontem.- diz inclinando a cabeça.- Agora e a sua vez.- diz num tom provocativo.
   - Holly, Bobby, Agatha, Steven e Gabriel.- digo apontando para cada um.- Esse é Adrian Vladescu.
   - Que gato.- escuto Steven sussurrar.
   - Obrigado jovem cavaleiro.- Adrian responde olhando por pouco tempo para Steven, que solta uma risada.- Muito prazer em conhecê-los.
   Mirela assobia e os lobos relaxam e se postam logo atrás deles.
   - Calma eles são seus?- pergunto confusa, alterando o olhar para os lobos e os irmãos.
   - Ah sim, sinto muito por ter quase pego vocês.- a garota fala em tom irônico.
   Assim como Adrian, ela não tem sotaque e sua fala e fluída e calma, mas ao mesmo tempo imponente.
   Estreito os olhos.
   - Seria uma coisa horrível se tivesse pegando algum de vocês, e claro que lamentamos.- Adrian troca olhares com a irmã que apenas dá de ombros.- O que vocês fazem tão afastados?
   - Iriamos só fazer um piquenique.- Gabriel toma voz e se coloca ao meu lado.
   Sinto sua mão deslizar pelo meu braço até encaixar perfeitamente em minhas mãos suadas.
   Adrian fecha o rosto, como se tivesse comido algo estragado.
   - Péssima idéia.- rosna.- Aqui e nossa área de caça. Se não quiserem virar comida, sugiro que deem o fora daqui agora!
   - Isso é um ameaça?- dou um passo a frente, mas Gabriel me impede de continuar.
   - Eu acompanho vocês até a cidade.- diz soltando um suspiro longo.- Pode ir, eu logo te alcanço.- ele se vira para a irmã.
   Mirela não tira os olhos de mim, um sorriso maldoso se abre em meus lábios.
   - Sua irmã não para de olhar para mim, fala para ele que eu não curto vagina não! Não sou ligada nesses negócio não.- solto alto o bastante para todos ouvir.
   - Que grosseria! Espero que tenha certeza disso.- diz olhando entre Adrian e eu.
   Pisco para ela apenas para provoca-lá. Ela murmura alguma coisa e sai a toda velocidade com os lobos logo atrás.
   - Sua irmã e um amorzinho.
   - Não deveria ter feito.- diz segurando o riso.
   - Pode ir, podemos nos virar muito bem.
   - Não duvido, mas quero garantir que todos chegue bem.
   Adrian puxa as rédeas e o cavalo cameça a trotar na minha direção, ele para a minha frente, respiro profundamente. Estendendo a mão, ele fala:
   - Venha suba.
   - Não, odeio cavalo.
   Eu não odeio cavelos, mas não quero me aproximar tanto dele. Ainda posso sentir suas mãos e suas ameaças queimas em meu cérebro, e também, Rick tentou me ensinar mas cai na segunda tentativa, o que resultou em ficar duas semanas com a perna esquerda quebrada e andando de muleta. - Holly sabe.- e claro que ela sabia.
   Ela fazia questão de ser boa em tudo que eu era péssima.
   Eu odeio calvagar, ela é uma amazona experiente. Não sei cantar, ela é uma ótima cantora. Não gosto de dançar, ela fez aula de dança contemporânea. Como tenho raiva dessa raposa vadia!
   Adrian olha para ela e abre um sorriso encantador, antes dele ao menos perguntar Holly se aproxima do cavalo com um sorriso iluminado nos lábios finos ( para alguém que estava tão prestativa com Bobby até uns minutos atrás esqueceu dele bem rápido).
   Ela a ajuda a subir no cavalo negro ( que me lembrou muito daquelee cavalos de filme de terror) e coloca suas pernas torneadas ao redor de Adrian, assim coml suas mãos se cravam em braços, como se marcasse território. Raposa vadia!
   Dando alguns toques na laterais do cavelo Adrian se coloca atrás de mim.
   - Melhor irmos.- sua voz grossa ecoa pelas árvores, fazendo minha pele se arrepiar.
   Gabriel me puxa e vou logo atrás com os nervos à flor da pele.
   - Temos que conversar quando chegaremos. Apenas eu e você.- Gabriel sussurra em meu ouvido.
   Viro minha cabeça e observo, os olhos azuis de Gabriel brilhando com perguntas e com uma expressão séria demais. Agora que percebo que ainda seguro suas mão, seu aperto e firme enquanto o meu é bem mais leve. Concordo com a cabeça. Gabriel merece saber.
   - Obrigado por me levantar.
   - Steven chegou primeiro. Ele que te ajudou.- diz brincando com meus dedos.
   - Ah!
   E a única coisa que sai da minha boca. Olho para Steven que parece distante, assim que percebe meu olhar ele pisca, abre um pequeno sorriso e aponta para as nossas mãos entrelaçadas.
   Reviro os olhos e tento retirar mimha mão de Gabriel, mas assim que percebe ele segura mais forte. Fico confusa.
   O restante do caminho de volta e em silêncio ( ou quase em silêncio) a não ser pelas ocasionais risadas de Holly, que não é dada reservada.
   Assim que chegamos a entrada da trilha Adrian desce e ajuda Holly a descer, que o agradece com beijo na bochecha que ele aceita de bom grado ( sério isso?).
   Ele pega as rédeas e as amarras num estrado de madeira.
   - Preciso que me acompanhe June, precisamos conversa.
   Com semblante sério Adrian se aproxima, dou alguns passos para trás. Olho para Gabriel que me olha atentamente, ele balança negando, pisco os olhos e me viro para Adrian.
   - Tudo bem desde que seja num lugar público.
   - Ótimo, conheço um restaurante bem agradável.
   Me solto de Gabriel e dou um sorriso para não o deixar preocupado.
   - Mais tarde conversamos.- falo e aceito o braço de Adrian. Eu sou realmente estúpida.
   Ele começa a me conduzir sem ao menos esperar me despedir dos outros. Me conduzindo pelas ruas de paralelepípedo ele me leva para um restaurante pequeno com um parede se vidro e detalhes em madeira clara, deixando o ambiente claro e confortável.
   Havia algumas poucas pessoas sentadas nas mesas, mas o bastante para não estar sozinha com Adrian.
   Ele escolhe uma mesa para dois perto da janela de vidro. Ele puxa a cadeira para mim, reviro os olhos e me sento.
   Espero ele se sentar à minha frente e falo:
   - Espero que tenha algo muito interessante.