Ao ouvir a campainha, Mary sai às pressas para abrir a porta, mas ao invés de dar de cara com a Katy do outro lado, ela viu uma pessoa totalmente irreconhecível.
-Minha filha... – Mary disse apavorada a analisando.
-Oi mãe. – Katy disse com a voz um pouco falha. Sentia vergonha de aparecer na casa de seus pais daquele jeito e não queria ver nenhum tipo de olhar de pena sobre ela.
-Oque foi que aconteceu? – Mary perguntou enquanto a abraçando.
-Longa história. – Camila respondeu ao ver que Katy havia ficado calada – Oi vó. – Disse do mesmo jeito triste de antes e a abraçou.
-Oi vovó. – Disse Theo sorrindo, alheio a tudo e Mary pegou ele no colo.
-Oi meu amor, estava com saudades. – Brincou com o nariz dele e deu passagem para que entrássemos – Entrem.
***
-São oito horas da manhã então nem vou perguntar onde estão os outros. –Disse Katy se sentando no sofá.
-Como você sabe estão todos dormindo. Eu estou acordada desde as seis. Preparei um bolo para esperar vocês, mas não tive a melhor impressão quando você chegou.
-Camila, você poderia dar um banho no seu irmão para mim? – Katy perguntou e ela assentiu – Depois o deixa deitado na cama do meu antigo quarto vendo desenho e tome um também.
-E então? – Mary pergunta quando vê que as duas estão a sós.
Katy suspira e começa a explicar tudo. Termina chorando nos braços da mãe. Doía muito para Mary ver sua filha do meio naquele estado. Ela acariciou os cabelos de Katy e disse que tudo ficaria bem, disse que Orlando teria oque merecia e que no final ela já estaria feliz de novo. Katy conta que ficaram de ligar para ela para dar noticias sobre Orlando, e também que havia recebido uma mensagem alegando que ele estava sendo detido. Ficaram alguns minutos conversando e então Katy subiu para tomar um banho. Ela passou reto pelo espelho porque doeria mais ainda se ela visse o estado em que estava. Encheu a banheira com água morna e ficou por aproximadamente meia hora na água. Relaxou e vestiu uma roupa de Angela – que Mary acordou para explicar sobre a história e pedir uma roupa – Depois desceu com seus filhos para tomar café da manhã, pois estavam todos com fome.
***
POV’S Katy*
O dia havia passado rápido. Liguei para Tamra e expliquei tudo a ela, passamos horas conversando no telefone. A pedi para que organizasse todas nossas coisas – minha e dos meus filhos – para trazer para casa de meus pais. Eu já estava decidida, iria ficar aqui por um tempo e procurar uma casa para comprar. Voltar a minha cidade natal depois de anos seria um desafio, mas eu iria adorar porque realmente amava aquele lugar e ficaria perto da minha família. Iria matricular Camila na escola que eu estudei e Theo na mesma escola que Stella. Sobre a minha loja, eu iria mudar para cá, mas ainda demoraria em ficar tudo pronto. Poderia me considerar de férias por um mês até os papeis estarem prontos. Depois do almoço tive que deixar a casa de meus pais para ir fazer exames e encaminhar para a delegacia de Nova Iorque. Quando tiver que ficar nua, subiu a vergonha, mas mais do que isso... Veio à tristeza me mostrando novamente cada segundo do que deixou marcas em meu corpo. A lateral de meu quadril, meus braços, meu pescoço, minhas pernas e meu rosto estavam com marcas roxas e o meu lábio inferior além de roxo, também estava cortado. A médica me receitou alguns analgésicos para tomar e eu fui embora, mas ao invés de voltar para a casa dos meus pais eu fui para a praça que tinha em frente ao hospital e fiquei sentada pensando no que resultaria o meu futuro e oque eu ainda tinha que organizar. Fiquei algumas horas na rua e depois decidi voltar para casa.
À noite contei a Camila que havia marcado psicólogo para ela, que não gostou muito da ideia, mas aceitou. Quando chegou a noite, me preparei para ir dormir e quando eu estava deitada ao lado de meu filho o fazendo dormir recebi uma ligação dizendo que meus exames já haviam chegado a NYC e que estavam sendo examinados para confirmar ou negar a agressão. Foi uma noite tranquila, embora eu estivesse ansiosa para sair o resultado dos exames e provar que foi sim uma agressão física.
POV’S Off*
***
*02 De fevereiro de 2017 10:00am*
Katy despertou com seu celular tocando. Atendeu meio sem vontade, ainda sentia sono. Sua vontade era de toca-lo na parede, mas viu o nome de Camila na tela e atendeu. Não ficaram nem três minutos conversando. Camila avisou que já estava indo para casa e que a consulta com o psicólogo havia sido boa, mas que ela ainda não se sentia bem para falar sobre sua vida com alguém que ainda era um estranho. Após a ligação, Katy vu a hora e decidiu levantar para tomar seu café com a família. Antes de sair da cama, olhou para Theo e acariciou o rosto dele, porém levou um susto quando sentiu a temperatura do menino. O acordou e ele começou a choramingar. Levou ele até o chuveiro e o deixou ali embaixo com a água morna.
-Já volto, fica aí. – Ele assentiu e ela foi até o quarto pegar um paracetamol. Correu até a cozinha e pegou um copo com suco pela metade, pediu para a sua mãe preparar um copo com achocolatado para ele e então voltou para o banheiro e terminou de dar o banho nele.
O vestiu com uma roupinha quente e deu o remédio para ele, depois desceu até a sala de estar e o deixou sentado no sofá vendo desenho. Sentou-se ao lado dele e colocou o termômetro debaixo de seu braço.
-Esta doendo em algum lugar? – Ele assentiu a olhando com os olhinhos cheios d’agua – Onde? – O pequeno apontou para a cabeça e depois deu um espirro.
-Acho que tem alguém com um resfriado. – Disse Mary chegando à sala com o copo na mão, no qual alcançou a Katy.
O termômetro começou a apitar, Katy pegou e o olhou.
-Quase trinta e nove. – Disse e suspirou.
-Você já deu algum remédio a ele? – Mary pergunta e Katy faz que sim com a cabeça – Então, deixa que eu cuido dele e vá tomar café.
-Tudo bem. – Disse a mãe e entregou o copo nas mãozinhas pequenas de Theo – Tome, você já vai melhorar ok? – Deixou um beijinho no alto da cabeça dele, que ainda estava quente. Doía ver ele daquele jeito, quietinho e abatido.
POV’S Katy*
Na mesma hora em que sentei á mesa para toar café, Camila chegou e sentou-se junto comigo, Angela e David – já que todos nós não acordamos muito cedo tomávamos café às dez e meia da manhã – Acabei meu café da manhã e subi ao meu antigo quarto, que continuava do mesmo jeito, porém um pouco modificado por mim quando cheguei com meus filhos , e tomei um banho rápido. Como minhas coisas já haviam chegado, coloquei uma calça jeans clara em um casaco comprido preto com minhas botas pretas. Deixei meus cabelos soltos e desci até a sala. Vi Theo dormindo no colo de minha mãe e fui até ele colocando minha mão em seu rosto.
-Vou leva-lo ao médico. – Disse a Mary.
-Você acha que é necessário? Posso cuidar dele aqui, ele vai melhorar. – Ela respondeu acariciando os cabelos claros dele.
-Eu preciso leva-lo. Ele também esta começando a ficar gripado e essa febre não baixa nunca. Nem que seja só para pegar a receita de algum remédio.
-Tudo bem. Quer que eu vá junto?
-Não precisa, mas obrigado. – Katy disse dando um beijo no rosto de Mary e pegando Theo no colo.
***
POV’S Camila*
Já tinham se passado um mês em que toda aquela confusão havia acontecido. Eu ainda estou superando o fato de meu pai ter agredido minha mãe e agora estar preso. Ainda doía e isso sempre ficaria marcado, mas como minha mãe insistia em dizer, tudo ficaria bem. Eu acreditava nisso agora, mas me perguntava oque eu iria dizer quando perguntassem sobre meu pai.
Foram dias bons. Recebemos bastante atenção da família, oque incomodou porque não queria que eles sentissem pena de mim, mas eles nos passavam amor. Eu nunca havia ficado tanto tempo com eles e estava amando isso. Minhas roupas, acessórios e todas as minhas coisas chegaram no terceiro dia, junto com o carro de minha mãe e suas coisas. Embora eu não conhecesse ninguém na cidade, eu gostei de andar por tudo e conhece-la melhor. Fui conhecer a minha escola, na qual começaria as aulas na semana que vem e gostei.
Shawn me ligou algumas vezes e quando ele não ligava quem fazia isso era eu. Estávamos mantendo uma relação à distância. Isso era uma coisa boa, mas ao mesmo tempo ruim. A parte boa era que eu não estava a fim de estar com ele agora, era um momento complicado e eu queria compartilhar cosas boas com ele e não ruins. A parte ruim era que eu sentia sua falta e precisava de seu apoio. Mesmo assim ele me dava forças e falava coisas positivas para mim, oque era bom. Outra coisa boa era que minha mãe compreendia tudo isso e fez oque eu pedi de não contar a ninguém sobre Shawn.
***
POV’S Katy*
Eu me encontrava sentada na sala de espera com Theo em meu colo. Ele estava acordado e quietinho como antes, mas atento a tudo. Ele nunca ficava doente, então eu nunca precisava leva-lo a uma clinica. A minha frente tinha um homem e uma mulher com uma menininha, que olhava para Theo sorridente. Sorri para Theo e disse para ele dar um sorriso a ela também. Ficamos alguns minutos por ali e quando ouvi o nome dele entramos na sala.
-Sente-se e fique a vontade. – Disse o médico. Era um homem alto e bonito, tinha um charme encantador e um sorriso nos lábios. – Prazer, me chamo John Mayer. – Ele estendeu a mão para me cumprimentar e eu fiz o mesmo.
-Katheryn, mas pode me chamar de Katy. – Sorri.
-E este garotão, qual é o nome dele? – Ele olhava sorrindo para Theo e eu o olhei para que ele mesmo respondesse.
-Theo. – Disse olhando desconfiado para o médico em sua frente.
-Que nome bonito, foi a sua mãe que escolheu? – Perguntou olhando simpaticamente para Theo, que foi se soltando aos poucos.
-Foi a Mila. – Disse e eu ri.
-Não foi a Camila, fui eu. – Disse o olhando e ele sorriu. O primeiro sorriso do dia. Não sabia de onde ele tinha tirado isso que Camila havia escolhido seu nome, mas era tão grudado na irmã que para ele, tudo era ela que fazia.
-Camila parece ter um bom gosto, quem é ela? - John não parecia tão curioso, mas estava conversando com Theo para conseguir a confiança dele.
-É a minha imã. – Disse e eu sorri com sua fofura tentando pronunciar “irmã”.
-Que legal, ela é mais velha que você? – Ele assentiu.
-Mas, eu sou mais forte. – Nós dois rimos e ele ficou sem entender o motivo da risada.
-Claro que é. – Eu disse.
-E oque trouxe esse menino forte até aqui?
-Febre. – Foi eu quem respondi – Ele acordou com trinta e nove de febre e com um resfriado.
-Bem, então vamos examina-lo. – Disse levantando e indo em direção a uma maca insinuando que eu colocasse Theo ali.
Oque eu fiz e ele o examinou.
-Bem, parece que é apenas uma virose, isso acontece. Não precisa se preocupar muito, é só dar o remédio que eu vou receitar e ele irá melhorar. – Disse me dando o papel com a receita do remédio.
-Tudo bem, obrigado Doutor. – Disse pegando os papéis.
-Por favor, me chame de John. – Assenti e sorri para ele que correspondeu meu sorriso.
-Eu espero que você melhore mesmo. – Disse para Theo – E nada de não querer tomar o remédio, viu?
-Você não o ouviu? Ele disse que é forte. Vai melhorar sim. E ele esta ficando grande, não é Theo? – Perguntou.
-Já sou grande. – Disse sério e eu ri.
-Então, se você é grande tem que obedecer a sua mãe e tomar o remédio. É para o seu bem, e esse que eu coloquei aí tem um gostinho bom. – Disse e The sorriu olhando para mim. -Bate aqui. – Estendeu a mão para Theo e ele bateu. – Até mais garotão.
-Tchau. – Abanou para John quando estávamos saindo e John abanou de volta.
-Tchau. – Eu disse simpática e olhou do mesmo jeito abanando. Não sei por que, mas quando o vi senti algo diferente. Um conforto, talvez. Mas nem sabia se eu o veria de novo.
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