História Heart Like Yours - Famous

A cama de solteiro era pequena demais, mas Camila havia pedido pra dormir comigo e é óbvio que eu não neguei a presença dela principalmente naquela noite. Nós dormimos feito bebês depois de sairmos do banho e eu era capaz de dormir durante o dia inteiro, se não fosse por alguém da nossa equipe batendo na porta com força.

Me levantei tirando o braço de baixo do corpo da Camila e baguncei a cama do lado antes de abrir a porta, abri uma brecha e era um dos nossos empresários.

— Estamos todos prontos para ir. Vocês tem 5 minutos para estar prontas para darmos partida. – o homem com cara de poucos amigos informou em seu terno impecável.

— Tudo bem, vou acordar a Cabello e já vamos. – ele não respondeu mais nada, apenas virou as costas e começou a andar em direção ao quarto da frente.

— A Cabello já está acordada, senhorita Lauren. – Camila disse se espreguiçando na cama.

— Que bom, você ouviu o homem. Temos 5 minutos para nos juntarmos aos outros. – dei de ombros me sentando na beira da cama.

Curvei meu corpo para poder dar um beijo na testa dela e assim que distanciei minha boca de sua testa ela selou nossos lábios.

— Vejo que está de bom humor. – ela disse ao me ver levantar da cama sorrindo.

— Estou, finalmente tive uma boa noite de sono. – dei de ombros.

— A noite foi boa apenas pelo sono? – ela arqueou as sobrancelhas.

— Você sabe bem que não, a parte que eu te fodi deixando de pernas bambas foi que realmente me deixou de bom humor. – ela corou na hora.

— Você deveria falar isso um pouco mais baixo, as paredes tem ouvidos. – ela disse apontando pra mim antes de se levantar.

— Agora está se preocupando com o que as “paredes” podem ouvir? – sorri irônica. — Na hora de gemer alto ontem, ninguém pensou ou se preocupou com nada.

— Lauren! – ela me repreendeu mais uma vez.

Eu não conseguia evitar brincar com ela daquela forma, eu sabia que ela morria de vergonha e não via problema nenhum em zoar ela enquanto estivéssemos só nos duas. Nós trocamos de roupa enquanto alfinetávamos uma a outra e finalmente ficamos prontas para sair do quarto. Uma coisa eu posso afirmar, levamos muito mais do que 5 minutos.

Ao sair do quarto encontramos toda a nossa equipe ainda pelos corredores, exceto por Normani, ela não estava em lugar nenhum. O homem que antes havia batido em minha porta andou até o quarto onde Normani estava hospedada e começou a bater na porta sem dó alguma.

— Será que não podem esperar um minuto? – a morena saiu do quarto pisando firme.

— Você está atrasada, Hamilton. – o homem disse cruzando os braços encarando-a.

— Whatever. – ela revirou os olhos. — Estou aqui agora!

Neguei com a cabeça rindo e me aproximei mais dela puxando Camila comigo para acompanharmos.

— Parece que alguém não está com o humor muito bom hoje. – Dinah disse se aproximando de nós apontando com a cabeça para Normani.

— Vai se foder Dinah, eu não consegui dormir nada essa noite. – ela se explicou.

— Sério? Por que? – Camila perguntou.

— Jura? Você ainda me pergunta o por quê? Você foi a causa disso Camila. – Normani negou com a cabeça e eu segurei a risada.

Camila corou instantaneamente e seus olhos procuraram os meus como quem pedisse socorro.

— Eu? O que? – ela se fez de desentendida.

— Me poupe dessa encenação, até eu ouvi Camila! Mas fica relaxada que não foi só você quem gemeu alto o suficiente para que os outros pudessem ouvir e saber o que estavam fazendo... – Dinah deu de ombros me olhando.

Foi a vez de Camila segurar a risada me olhando, e eu até ia me defender, mas antes que eu pudesse falar qualquer coisa nós fomos praticamente empurradas para dentro do elevador. Ficamos todas caladas e emburradas dentro daquela caixa de metal que se movia lentamente até o térreo do hotel. Ao chegar fomos levadas até a van e tomamos rumo até o local do nosso penúltimo show da tour. Fomos encaminhadas para o camarim e começaram a nos apressar para que conseguíssemos nos aprontar para a hora certa do show. Acontece que a nossa equipe AMAVA pensar que os nossos dias tinham mais de 24h, e deixavam para fazer tudo no último segundo. Quando o homem nos deu 5 minutos para sair do quarto mais cedo, nós tínhamos literalmente 5 minutos para sair e chegar a tempo de não nos atrasarmos, mas vocês já sabem da história né? Nos atrasamos.

Antes de entrar no palco tudo que eu conseguia pensar é que nós teríamos cerca de duas semanas até o último show da tour, e ficaríamos praticamente livres durante esse tempo até o show. Nos deram a permissão e então subimos no palco ouvindo alguns gritos dos fãs ao nos verem.

Era engraçado que por mais que nós todas estivéssemos com extremo cansaço, passando por alguma coisa ou simplesmente em um dia ruim a gente conseguia se divertir no palco e sempre tentávamos o nosso melhor para os fãs. Parecia que quando subíamos ao palco deixávamos tudo para trás e vivíamos aquele momento com a maior veracidade e vontade.

Camila era a mais sorridente no palco, pulava para um lado e pulava para o outro, brincava com os fãs e era incrível que eu sempre me pegava olhando para a mais nova durante as apresentações.

Nós finalizamos o show cantando BO$$ e Dinah foi quem se despediu do público, nós todas acenamos e agradecemos pelas presenças e então seguimos de volta para o camarim onde nos trocamos rapidamente e seguimos para o avião que nos levaria até a nossa casa depois de tanto tempo longe.

Foram algumas horas de viagem e nossa equipe toda demonstrava a exaustão, pois todos seguimos o voo inteiro calados apenas prestando atenção em seus celulares. Camila estava sentada ao lado de Dinah, que lhe cedeu seu ombro para que ela pudesse deitar e foi o que ela fez. Eu queria estar com ela agora, mas eu não podia nem me aproximar muito enquanto estivéssemos com a nossa equipe inteira de olho em nós e esperando a mínima oportunidade para reclamar.

Chegamos no aeroporto e fomos direcionadas para a nossa casa em uma van, nós nem nos importamos com as nossas malas e só fomos nos dar conta de que estávamos sem elas quando nos ligaram informando que outro carro estaria as levando até nossa casa.

Nós entramos em casa e Ally ficou na parte externa aguardando as nossas malas, nenhuma de nós estava em condições de fazer muita coisa então eu me afundei no sofá da sala e Normani fez o mesmo ao meu lado.

— O que vamos fazer durante nossa folga? – Normani me perguntou de olhos fechados.

— Não faço ideia, mas tenho certeza que Dinah vai arrumar algo para a gente fazer. Ela é a menina das baladas. – dei de ombros.

— Vamos todas acompanhar a Dinah, já que ela precisa de uma babá. Antes a gente do que mais uma pessoa de fora bisbilhotando as nossas vidas. – Camila disse rindo e veio se sentar no meu colo.

— Meninas, daqui a pouco os seguranças vão entrar aqui para deixar as nossas malas... será que vocês poderiam segurar um pouquinho essa vontade de ficar coladas o tempo todo? – Dinah perguntou revirando os olhos.

— Dinah tem razão, Camz. – disse baixinho perto do ouvido de Camila.

— Que saco, espero que eles não demorem. – ela revirou os olhos e saiu do meu colo.

E parece que o pedido dela foi atendido, pois não demorou muito para que dois brutamontes atravessassem a porta principal da casa acompanhados de Ally, os homens passaram direto por nós e a baixinha indicou para eles os quartos onde as malas deveriam ser colocadas. Os homens passaram novamente por nós em direção a porta e Ally a trancou assim que eles passaram por ela.

— Finalmente de volta a nossa casa. – ela respirou fundo.

— Eu ainda não me adaptei a ter uma casa só nossa, toda vez que falo que vou pra casa parece que vou para a casa dos meus pais. Me sinto adulta. – Dinah disse rindo.

— Sim, toda vez que eu falo casa eu só lembro da minha mãe cozinhando as receitas maravilhosas da minha avó para mim. – Normani disse acrescentando.

— Não podemos reclamar a respeito de comida, aqui nós temos algumas refeições que parecem ter sido feitas pelas mãos de um chefe renomado. – Ally disse se juntando a nós no sofá.

— É, isso acontece sempre que compramos comida pronta em algum aplicativo. – Dinah disse nos fazendo cair na risada.

— Hey, a Lauren é uma ótima cozinheira. – Camila disse enquanto brincava com alguns de meus fios de cabelo em um carinho.

— O que o amor não faz, né? Aparentemente o amor é cego e mentiroso. – Normani disse e eu dei um tapa nela.

— É? Bom saber disso. Pois não cozinharei nunca mais para vocês. – dei de ombros.

— Hey! Eu não tenho nada a ver com isso, eu elogiei a sua comida. – Camila disse fazendo carinha de cachorro abandonado.

— Para você eu faço, mah love. – abri um sorriso e pisquei pra ela.

— É muita melação para pouca Dinah Jane, não aguento isso não... Eu estou me retirando. – Dinah disse se levantando do sofá e tomando rumo até a escada.

— Eu acho que todas nós deveríamos ir dormir para descansar um pouco. – Ally disse e concordamos com ela.

Nós subimos para o segundo andar e seguimos cada uma para os seus respectivos quartos, eu tomei um banho demorado e segui para a cama assim que eu saí do banheiro. Me revirei por algum tempo e percebi que eu estava sentindo a falta do corpo de Camila junto do meu, me levantei e segui até o seu quarto, abri a porta lentamente e ela estava deitada de costas e aparentava já estar dormindo.  Pelo visto só eu quem estava sofrendo da separação de nossos corpos.

Resolvi então que voltaria para o meu quarto e uma hora ou outra eu iria conseguir dormir. Puxei a porta para fechá-la mas antes que fechasse por completo ouvi sua voz.

— Lolo? – ela se virou para a porta.

— Oi Camz. – abri um sorriso sem graça, fui pega no flagra. — Te acordei? –  ela negou com a cabeça.

— Eu não estou conseguindo dormir. – ela se sentou na cama.

— Eu também não. – dei de ombros e entrei no seu quarto fechando a porta atrás de mim. — Posso ficar aqui enquanto não dorme, se quiser...

— Dorme aqui comigo, está faltando alguma coisa na minha cama. – ela estendeu a mão pra mim.

— E tem como recusar alguma coisa para você? – ela negou com a cabeça rindo com a língua entre os dentes.

Eu me deitei ao seu lado e ela ajustou seu corpo ao meu, toda vez que eu inalava, sentia o cheiro de seus cabelos que invadiam minhas narinas. Não demorou para que eu pegasse no sono ao lado dela, parecia que eu já estava uma verdadeira dependente de Camila. Eu realmente espero que a gente dure, estou fodida.

˜ ˜

Acordei ouvindo a voz de Dinah no corredor de nossos quartos, Camila se mexeu na cama mas não abriu seus olhos. Pensei então que ela ainda estivesse dormindo, mas logo ouvi sua voz.

— Eu juro, juro de verdade,  que vou matar a Dinah. – ela disse abrindo seus olhos bem devagar.

— Também te acordou? – assentiu.

— Eu só não levanto agora porque estou com muita preguiça de ter que ir até ela só pra poder brigar. – ela se espreguiçou na cama.

— Bom dia, Camz. – disse roubando um selinho.

— Bom dia, Lolo. – ela sorriu.

— Você pode até estar com preguiça, mas eu estou super afim de voar no pescoço dela por ter nos acordado em nosso primeiro dia de férias. – Resmunguei. — Então me espere aqui. – disse me levantando.

Andei até a porta do quarto e a abri com rapidez encontrando Dinah, Normani e Ally sentadas no quarto de Normani com a porta aberta conversando sobre alguma coisa.

— Podiam ter pelo menos fechado a porra da porta, não acham? – perguntei colocando a mão na cintura.

— Bem, você poderia ter dormido no seu quarto, não acha? – Dinah disse dando de ombros. — Talvez lá o barulho não afetasse seu sono da beleza, Jauregui.

Mostrei o dedo do meio para ela.

— Do jeito que vocês estão gritando, eu acordaria até se estivesse dormindo na sala. – dei de ombros.

— Nossa, como ela é exagerada meu Deus. – Normani disse revirando os olhos.

— Meninas, não vamos brigar por isso por favor. Nos desculpe Lauren. – Ally disse tentando apaziguar a situação.

Ally com toda a certeza era o equilíbrio do nosso grupo. Era engraçado como ela sempre era a mais zen de nós e sempre queria que resolvêssemos tudo como se fôssemos crianças, e muitas vezes nós realmente nos comportávamos como se tivéssemos 10 anos de idade, e quando era assim ela fazia até mesmo nos abraçarmos depois de um pedido de desculpa e um juramento de que não se repetiria mais, exatamente quando nossos pais fazem com a gente quando brigamos com os nossos irmãos.

— Bem, antes de descontar sua tão famosa raiva matinal na gente, espero que saiba que compramos suas passagens de ida e volta para Miami. Todas nós vamos fazer alguma coisa e resolvemos que mandaríamos você e a Mila para ver suas famílias. – Normani disse sorrindo.

— Sério? – perguntei com um sorriso querendo surgir em meu rosto.

— Seríssimo, mas não pensem que não vamos ficar de olhos em vocês enquanto vocês vão ficar sozinhas não. – Dinah disse cruzando os braços.

— Evitem chamar atenção, ok? Não queremos mais brigar com L.A e ter que ouvir as coisas insuportáveis que ele tem a dizer sobre vocês. – Ally disse eu apenas assenti.

— Vou chamar a Camila e dar essa notícia para ela. – eu disse empolgada.

— NÃO PRECISA, EU OUVI TUDO JÁ QUE VOCÊS ESTÃO GRITANDO O TEMPO TODO. – ela berrou de seu quarto.

Pelo visto as meninas não estavam gritando em momento algum, o som realmente ia longe naquela casa.

— Parece que já pegou o mal humor da namorada... – Normani disse rindo e eu apenas neguei com a cabeça.

Camila se levantou e seguimos todas até a cozinha para preparamos o nosso café da manhã. Elas começaram a dar as informações sobre as passagens que haviam comprado e eu cuspi quase todo o café quando fui informada que viajaríamos no mesmo dia e minhas malas não haviam sido nem desfeitas e eu teria que arrumar em questão de poucas horas se não quisesse perder o voo.

Normani e Dinah iriam para Londres, era uma viagem que elas estavam querendo fazer a um tempo. Ally iria viajar com a sua família para o Caribe e eu e Camila fomos literalmente empurradas para nossas casas em Miami, pois não tínhamos nenhum plano. Ao mesmo tempo que eu estava extremamente empolgada em voltar pra casa e ver minha família depois de tanto tempo, me lembrei que eu não poderia mais passar tanto tempo com Camila pois se não pegariam nos nossos pés demais quando voltássemos da folga e sabe-se lá Deus o que eles iam inventar agora, e foi ai que todo o desânimo veio. Mas não demonstrei ou falei qualquer coisa, apenas mantive nossas conversas e subi correndo para arrumar uma mochila com algumas mudas de roupa já que eu tinha certeza que eu tinha bastante roupa ainda na casa de meus pais.

Assim que eu acabei de arrumar eu fui colocar uma roupa para então dirigir até o aeroporto, fui verificar se Camila já estava arrumada e a encontrei ainda arrumando sua bolsa, não fiquei surpresa.

— Camila, desse jeito nós vamos acabar perdendo o voo. – neguei com a cabeça olhando a hora no celular.

— Eu não sei o que levar. – ela se jogou cansada na cama.

— Vamos, eu te ajudo. – estiquei a mão para que ela pegasse e se levantasse.

Eu andei até seu armário e joguei algumas peças de roupas na cama, ela tratou de colocar em sua mochila e então foi para o banheiro tomar uma ducha antes de começar a se arrumar. Enquanto ela se arrumava eu desci com as nossas mochilas até um carro que foi disponibilizado para a viagem e fiquei a esperando dentro do mesmo, não demorou para ela aparecer com seus tênis na mão e um pente entre seus lábios.

— Você poderia ter calçado o tênis dentro de casa, e penteado o cabelo também. – eu dei um risinho.

— E perder o voo para você me matar depois? Não, obrigada. Eu consigo fazer isso dentro do carro. – revirei os olhos e dei partida com o carro.

Ver ela tentando calçar o tênis enquanto eu propositalmente acelerava e freava o carro era hilário, mas depois de receber alguns tapas eu parei e esperei que ela estivesse pronta para então ir. Não demorou para que chegássemos no aeroporto, estacionei o carro e segui com ela até o check in onde não demoramos muito e fomos direto para a sala de espera. Pouco mais de trinta minutos ouvimos o chamado do nosso voo e seguimos até o portão indicado, entramos na aeronave e esperamos até que o piloto desse a partida e nos levasse para nossa cidade.