História Heart Like Yours - Drunk

Parecia que já fazia horas que Louis estava no Twitter a procura de alguma informação que nos levasse até Camila, e enquanto isso eu dirigia feito louca pelas ruas vazias de Los Angeles, quase não tinha carro na rua devido ao horário.

— Escuta, se quiser realmente levar Camila para casa eu sugiro que diminua essa velocidade. – Louis pegou na minha mão antes que eu trocasse a marcha para acelerar mais.

— Desculpe. – eu soltei o ar de forma pesada.

— Só vá com calma, lembre-se que nós bebemos um pouco, baby. – eu assenti. — Mas para sua felicidade, se minha fonte de pesquisa estiver correta creio que já tenho o endereço que precisamos para salvar a princesa da torre.

No mesmo momento que o ouvi dizer aquilo, pisei no freio com força fazendo os pneus queimarem no asfalto e o carro parar repentinamente.

— Oh meu Deus. – Louis resmungou e negou com a cabeça.

— Me desculpe! – falei um pouco sem graça. — Para onde temos que ir? - perguntei pegando o celular da mão dele.

— Você está mesmo afim de nos matar hoje. – ele tombou a cabeça no banco e levou a mão até o peito.

— Não seja dramático, Louis! É por isso que usamos cinto de segurança. – revirei os olhos antes de ler.

Ele pegou o celular de volta e começou a ler alguns tweets para mim, ele virou o celular apenas para ele e semicerrei os olhos.

— Tentar esconder algo de mim agora é burrice, é só eu entrar no Twitter que vou ver de uma forma ou de outra. – dei de ombros.

— Por que não fomos convidados para esse rolé? – pareceu revoltado. — Parece que sua amiga está com ela. – assenti. — Podemos voltar para casa agora?

Ele revirou os olhos e então virou o celular para mim com uma foto de Camila em uma boate e para minha surpresa ela estava acompanhada de Dinah e Shawn na foto. Então Dinah está com ela?

— Não, Dinah deve estar mais bêbada do que ela. – dei de ombros e voltei a acelerar.

— Do que você está com medo, Lauren? – ele pegou o celular de volta.

— Medo? Não estou com medo de nada. – dei de ombros.

— Por que o desespero para ir atrás dela então? – aquela era uma boa pergunta.

— Eu não sei, eu só estou preocupada com ela. Camila é fraca quando se trata de bebidas e não sei o que pode acontecer com ela. – eu suspirei.

— Você acha que por conta da bebida ela pode fazer algo que se arrependa depois? – a verdade é que eu não sabia.

— Não é isso... Eu confio nela. – foi o que eu disse.

— Você é uma grande mentirosa, Jauregui. – ele riu. — Seu corpo está gritando em desespero por ela, nem adianta tentar esconder.

— Mas não é por falta de confiança, eu só... – ele me interrompeu.

— Lauren, tá tudo bem você se sentir insegura. – ele riu pelo nariz. — Mas não adianta dizer que confia nela, enquanto nitidamente não é o caso. – eu ia falar algo mas ele não deixou. — E por favor, não me venha com o papo de que não confia nas pessoas ao redor dela! – olhei para ele a tempo de o ver revirando os olhos. — Se você está indo atrás dela realmente por preocupação com o estado alcoólico dela, eu te dou total apoio. Mas se está indo apenas por ciúmes ou medo do que ela possa fazer, pare o carro agora e volte para casa. – eu prestei atenção no que ele disse.

Eu diminuí minha velocidade e encostei o carro em uma calçada. Eu estava indo por estar preocupada com Camila ou estava simplesmente com ciúmes ou medo dela fazer algo? Eu não era capaz de responder aquilo quando as duas respostas pareciam servir perfeitamente para a situação.

— Lauren, esse é o momento em que você tem que confiar nela. Bem-vinda a um relacionamento adulto, sweetie. – ele colocou a mão no meu ombro.

— Eu estou preocupada! – suspirei.

— Tudo bem, então vamos atrás dela. – eu neguei com a cabeça.

— Mas... – passei a mão no meu rosto. — Talvez eu esteja aqui porque eu estou sendo egoísta e medrosa, ela está se divertindo com os amigos dela. – eu dei de ombros.

— Então vamos para casa! – sorriu. — Fico feliz que tenha pensado melhor, Lauren. – eu assenti.

Após alguns segundos tentando decifrar o que estava passando na minha cabeça, voltei a acelerar o carro mas dessa vez eu tinha destino para minha casa, e ao chegar encontrei Ally e Normani sentadas no sofá conversando sobre algo.

— Meninas. – chamei atenção delas enquanto jogava a chave do carro na mesinha.

— Ladies. – Louis fechou a porta da sala ao passar por ela.

— Louis, olá. – Ally parecia surpresa.

Não importa quantas vezes a gente saia com algum outro famoso, as meninas sempre tem o momento de espanto por ver que eles são reais e nossos amigos. As duas olharam para Louis como duas crianças mas logo retornaram para a realidade antes da fangirl interior falar mais alto.

— Não imaginei que já estivessem em casa. Vocês não estavam com a Dinah? – perguntei.

— Sim, mas ela foi encontrar com Camila em outra boate, que segundo ela é muito melhor... Achei que você estivesse junto. – Normani disse e neguei com a cabeça.

— Não fomos convidados, my bad... Digamos que Shawn Mendes não é dos maiores fãs de One Direction. – Louis disse rindo.

— Não coloque os meninos no meio disso, ele não é um grande fã de Louis William Tomlinson. – dei de ombros e ele me olhou espantado.

— Como é que você sabe meu nome todo? – ele estava me encarando.

— Quem não sabe seu nome todo? – Normani deu uma risadinha.

— Directioners... – expliquei e ele caiu na real.

— Pelo amor de Deus, deixem isso para depois. O que houve no jantar? – Ally perguntou curiosa.

— Bem, Louis estava fazendo algumas brincadeiras com o Mendes e aparentemente ele não curtiu muito. Mas ele não disse nada, simplesmente deu um ataque do nada, se levantou e foi embora. – dei de ombros me sentando no sofá.

— O que? E Camila foi com ele? – Normani parecia indignada.

— Sim. – respondi.

— Para mim o mais absurdo dessa história foi o garoto querer pagar o jantar com dinheiro. Gente, quem anda com dinheiro na rua? – Louis fez a gente rir.

— E onde vocês estavam até agora? Jantando ainda? – Ally disse olhando para o relógio rindo.

— Não mesmo, Lauren está de pijama. – Normani segurou o riso me analisando.

— Ainda falando sobre surtos, Lauren foi atrás da Camila, mas desistiu no meio do caminho. – Louis respondeu por mim. — Agora, se eram tão minhas fãs que sabem até meu nome poderiam fazer o favor de responder uma pergunta? – todas assentimos. —  Será que podemos todos dormir agora?

Caímos na risada, ele era muito idiota.

— Bem, eu vou dormir no quarto da Camila. – falei pra Louis que entrou em meu quarto.

— Lauren. – ele me repreendeu. — E se Shawn vier dormir aqui também? A probabilidade é grande. – dei de ombros.

— Se for o caso, então você terá um companheiro na cama. – eu ri.

— Não ouse colocá-lo na mesma cama que eu, ele vai me esfaquear enquanto durmo. – ele apontou pra mim.

— Relaxa Louis, ele não vai vir para cá. – ele concordou.

Talvez eu tivesse afirmado aquilo mais para mim do que para ele. Jogou um beijo no ar para mim e logo fechou a porta. Eu segui para o quarto de Camila e deitei na cama dela logo depois de me livrar da minha jaqueta. O cheiro dela estava impregnado naquele quarto e eu respirei próximo de seu travesseiro para que eu sentisse um pouco de paz ao lembrar dela, mas tudo que me veio à cabeça foram paranoias sobre o que ela estaria fazendo enquanto eu a esperava.

Eu rolei na cama algumas vezes na tentativa de conseguir dormir mas nada parecia adiantar, contei carneirinhos, cantei músicas mentalmente, pensei em toda a minha vida e a minha mente não parecia dar uma folga para mim. Quando finalmente consegui relaxar e estava prestes a dormir eu ouvi a porta da sala ser fechada com certa força, deduzi então que fosse Camila e Dinah. Fingi que estava dormindo e a porta foi aberta iluminando um pedaço do quarto, logo a luz foi ligada antes de fecharem a porta.

—Ué, eu acho que entrei no quarto errado. – ouvi uma voz masculina.

Eu abri os olhos rapidamente e me virei na cama para olhar em direção a porta e encontrei Shawn, parado e me olhando. Ele parecia fazer algum cálculo mental.

— Aqui não é o quarto da Camila? – Shawn perguntou confuso.

— O que você está fazendo aqui? – me levantei da cama e andei em sua direção.

— Camila disse que esse era o quarto dela. – eu cruzei os braços.

— Sim, esse é o quarto dela! Mas o que você quer aqui? – ele deu de ombros.

— O que se faz no quarto? Só preciso dormir, Jauregui. - ele andou até a cama.

— Tem um sofá bem confortável lá embaixo, por que quer dormir no quarto dela? – eu estava realmente indignada.

Louis dormir na cama comigo era uma coisa, ele era gay e eu não era das maiores fãs de homens. Shawn dormir na cama de Camila era totalmente diferente, por mais que ele já tivesse me dito que só a via como amiga, ele era homem. Ok, talvez eu estivesse pirando demais.

— Camila disse que eu poderia dormir com ela, me deixa. – ele estava totalmente bêbado.

— Onde está Camila? – percebi que ela estava demorando.

Eu não obtive respostas, ele se arrastou até próximo de mim e praticamente morreu assim que deitou, ou melhor, se jogou, na cama. Eu saí do quarto da Camila marchando em direção ao meu, eu estava verdadeiramente irritada e ao chegar no meu quarto presenciei uma cena um tanto quanto engraçada.

— Lauren, fala comigo. – Camila implorava.

— Camila, eu não sou a Lauren. - Louis se esquivava da latina.

— Eu juro que me comportei Lolo, eu só quero um beijinho de boa noite. – sua fala era embolada.

Camila tentava beijar Louis de todas as formas e ele estava virando seu rosto o tempo todo. Seu olhar era o mesmo de Marina Joyce, e eu quis rir, mas aquilo só deu mais combustível para as minhas paranoias e Camila já havia indo longe demais.

— Lauren, controle sua mulher. - Louis implorou olhando em minha direção.

— Camila. – disse com a voz firme.

— Eu não gosto de mulher, Cabello. – Louis a segurou longe dele.

— CABELLO. – gritei e só então atraí sua atenção. — Vá para o seu quarto, seu namorado está te esperando.

— Lauren? – ela parecia confusa. — Então... – ela encarou Louis por alguns segundos com os olhos meio fechados. — LOUIS? – levou a mão a boca.

— É O QUE EU ESTOU TENTANDO TE DIZER A ALGUNS MINUTOS. – ele praticamente gritou. — Se eu fosse o Harry, eu até admitiria você me confundir com a Lauren, mas porra... – ele estava inconformado.

— O que o Louis está fazendo na sua cama? Onde você estava? – Camila se levantou da minha cama e andou até mim.

— Estava no seu quarto, esperando por você. Mas parece que sua cama estará cheia demais para que eu possa dormir lá. – cruzei os braços.

— Shawn precisa dormir em algum lugar. – ela abaixou o tom de voz.

— Ótimo, ele já está dormindo. Agora se me dá licença, vou dormir também. – andei até minha cama.

— Você vai dormir com o Louis? – ela ficou me olhando.

— Sim. – eu dei de ombros.

— Relaxe Cabello, diferente de você ela não tentará me beijar enquanto eu durmo. – Louis disse rindo. — E olha que ela já teve várias chances...

— Lauren, podemos conversar? – ela se aproximou de mim.

— Não quero conversar com uma pessoa bêbada, Cabello! Vá dormir, amanhã a gente se fala. – ela revirou os olhos.

— Eu não estou bêbada. – ela disse se segurando no meu armário.

— Não? – Louis perguntou.

— Nem um pouco, eu nem bebi tanto. – ela respondeu.

— Então pode me dizer por que está se segurando no armário? – me segurei para tentar não rir, não podia fazer isso agora.

Camila olhou para o armário e logo tirou a mão dele.

— Eu não estava me segurando no armário. – ela apontou para nós dois.

— Ah sim, então você estava só ajudando ele a ficar montado né? – ela bufou e deixou meu quarto.

— FECHA A PORTA. – gritei antes que ela se afastasse muito.

Camila voltou para o meu quarto e encarou nós dois deitados na cama por alguns segundos antes de bater minha porta com força.

— Não queria me meter, mas sua namorada está completamente alcoolizada e tentou me beijar. Acha mesmo uma boa ideia deixar que ela durma com o Mendes? – perguntou me olhando.

— Espera que eu faça o que? – perguntei.

— Come on Lauren, deixe Camila dormir comigo e vá dormir com o Shawn. – ele deu de ombros. — Já passei pelo teste e você viu que eu não vou beijar ela nem se insistir muito.

— Nem fodendo que eu vou dividir cama com ele. – neguei com a cabeça.

— Se espera que eu me ofereça para dormir com ele, isso não vai acontecer. – ele se virou pro outro lado.

— Ah, eu te odeio Louis. – eu me levantei da cama.

— Boa noite, sweetie. – ele falou alto para que eu ouvisse.

Eu andei até o quarto de Camila tentando não fazer muito barulho, afinal, as outras meninas não tinham nada a ver com a situação. Ao abrir a porta de seu quarto não encontrei ela em nenhum canto, eu ia entrar para ver se ela estava no banheiro, mas foi fui impedida pelo barulho de alguma coisa quebrando no andar de baixo e então já sabia onde estava quem eu procurava.

Desci as escadas rápido e antes mesmo de entrar na cozinha eu já ouvia sua voz.

— Merda, merda, merda. – Camila repetia enquanto dava pulinhos balançando a mão.

— Camila? – chamei atenção dela.

Ao me aproximar dela notei que os cacos de uma xícara estavam espalhados por toda a pia, e um filete de sangue escorria pela mão dela. Peguei sua mão e ela não hesitou, abri a torneira e segurei sua mão debaixo d'água até que todo o sangue sumisse enquanto pressionava com os meus dedos próximo do local do corte.

— Fique aqui. – ela apenas assentiu.

Fui até o banheiro do primeiro andar e procurei pela caixinha de remédios que eu não fazia ideia de onde estava, as vezes eu me sentia morando na casa de um estranho. Quando encontrei peguei um remédio e um band-aid, olhei a validade e em poucos meses aquilo não nos serviria mais de nada. Voltei para a cozinha e peguei um soro que guardávamos na geladeira, joguei em cima do corte e depois despejei um pouco de remédio, Camila resmungou alguma coisa e eu cobri o machucado logo em seguida.

— Pronto. – soltei sua mão.

— Obrigada. – ela disse baixinho e eu apenas assenti.

— Tome um banho e vá dormir no meu quarto. – eu olhei pra bagunça na cozinha.

— Você vai dormir comigo? – ela perguntou como criança.

— Não. Vou dormir com o Mendes. – dei de ombros.

— Vai matá-lo durante a madrugada? – neguei com a cabeça.

— Não Camila, vá dormir logo. – ela assentiu.

— Quando eu terminar aqui eu... – a interrompi.

— Vá descansar Camila, eu vou arrumar isso aqui. No estado que você está, se tentar limpar vai se machucar novamente. Não se preocupe, vá dormir. – ela abaixou a cabeça.

— Me desculpe por isso e obrigada Lauren. – assenti.

Camila subiu as escadas e ela parecia depositar toda a força do mundo em suas mãos no corrimão para que não caísse, afinal, geralmente ela não precisa da ajuda do álcool para tropeçar nas coisas. Eu neguei com a cabeça rindo e comecei a catar os cacos para que ninguém mais se machucasse, despejei tudo no lixo após enrolar quase todos os papeis que eu encontrei pela casa e lavei a pia deixando impecável.

O sol começava a iluminar bem fraquinho a grande parede de vidro da cozinha, e eu resolvi que dormiria no sofá mesmo. Eu me deitei e coloquei uma mão no rosto para impedir que a claridade me incomodasse, o cansaço me venceu e acabei dormindo.