História Heartbreak Girl - Capítulo 11 Luke is back!

Uma semana depois...

 - Mia! Presta atenção no treino! Onde você está com a cabeça? – a treinadora chamou minha atenção depois de três passes errados.

 - Desculpa, Senhora Payton. – tentei voltar minha atenção para a bola no gramado verde. – Vou fazer melhor que isso. É só que tem algumas coisas acontecendo fora da escola. Mas não é razão para estar tão distraída.

 - Concentração, Mia. Por favor! – ela disse compreensiva.

 - Sim, senhora. – concordei.

Então, com toda minha força de vontade, voltei minha atenção para o campo de futebol. Tinha certeza que não seria nada fácil me concentrar em qualquer que fosse a atividade que eu fizesse naquele dia. Não com toda aquela ansiedade impregnando cada molécula do meu corpo.

Ao longe, vi Chloe na arquibancada digitando alguma coisa no celular. Provavelmente, conversando com Michael. Eles estavam sempre conversando sobre tudo e qualquer coisa.

“Hoje o Ashton fez brócolis. De novo!” – Mike mandava.

“Acabei de tropeçar numa pedra e bati meu dedão. Agora está doendo!” – Chloe informava.

Eles eram bem fofos, mas não estava sendo tão legal assim. Tem duas semanas que eu terminei meu namoro. E, embora eu saiba agora que nem gostava tanto assim de Jacob, eu ainda estou carente.

Depois de alguns passes mais sucedidos, dois gols e alguns dribles, finalmente fomos liberadas do treino. Respirei, tomei um banho para eliminar toda aquela transpiração, vesti uma roupa e saí para encontrar com minha melhor amiga.

 - Chloe! – chamei-a. – Desgruda desse celular, por favor!

 - Já acabou? – perguntou confusa.

- Há meia hora! – revirei os olhos. – Você nem prestou atenção! Por que veio mesmo?

 - Não queria ficar de babá do Phill.

 - Fala sério! – sentei-me ao seu lado. – Pelo menos alguma notícia dos meninos?

 - Eles estão entrando na última conexão agora mesmo. – ela sorriu para mim.

 - Alguma previsão de que horas eles chegam? – interessei-me.

 - Mais duas horas para o voo aterrissar. – contou. – Então, lá pelas 18h?

 - Por aí... – concordei. – Acho que não vou aguentar mais um dia com esse ataque de ansiedade. Quase fui expulsa do treino!

 - Já te disse que você precisa de umas massagens tranquilizantes... – ela riu. – Você parece um tanto irritadiça ultimamente.

 - Não tenho culpa! – suspirei. – Deve ser a TPM chegando.

 - Desde quando TPM é loira e tem olhos azuis? – perguntou maliciosa.

 - Cala a boca, Chloe! – empurrei-a com o ombro. – Vamos! Você é uma irmã muito desnaturada mesmo!

 - Não sou desnaturada! – ela reclamou.

 - Verdade! – concordei. – Você só é preguiçosa.

 - Ei! – reclamou.

~*~

 - Phill, Mia está aqui! – tia Lydia gritou o garotinho.

 - Cuidado com as escadas, Phill. – adverti assim que o garotinho de seis anos apareceu no alto.

 - Mia! Advinha?! – ele correu até mim e abraçou minhas pernas.

 - O quê? – sorri empolgada para ele. – Não faço ideia!

 - Chloe tem um namorado! – ele fez uma careta.

 - Sério?! – fingi não saber da notícia. – Eu o conheço?

 - Sim! – ele disse animado. – Sabe aquele Michael do cabelo engraçado?

 - Aquele cara do pôster no quarto dela?! – fingi surpresa. – Por que não me contou nada, Senhorita Hudson? Ou seria futura senhora Clifford?

 - Cala a boca, Mia! – ela revirou os olhos. – Nós não estamos namorando ainda! Eu já disse, Phillip, Mike não é meu namorado!

 - Você é pior que a Mia quando estava namorando o Jacob! Fica o dia todo mandando mensagens, sempre me ignora e fica sorrindo igual uma boba! – ele disse como se fosse óbvio que ela estava namorando.

 - Phillip Hudson! – tia Lydia repreendeu, mas segurou o riso.

 - Ah, Phill! – chamei-o e sussurrei no ouvido do menino. – Acho que se Chloe estivesse namorando, ela teria me contado. Mas pelo que você falou, sei o que está acontecendo.

 - O quê?! – sorriu curioso pela nova informação. – Me conta!

 - Promete não falar pra ninguém? – semicerrei os olhos.

 - Prometo! – ele enlaçou seu dedo mínimo no meu.

 - Chloe está apaixonada! – disse no ouvido dele, bem baixinho.

Phill arregalou os olhos e começou a rir. Eu simplesmente adorava quando Phill gargalhava daquele jeito. Toda a pureza e inocência de criança transpareciam naquele som e nos olhinhos dele.

 - Você sabe o que isso significa, Phill? – perguntei.

 - Mais ou menos. – disse pensativo.

 - Quer dizer que Chloe gosta de beijar e abraçar o Mike. – expliquei.

 - Beijar e abraçar?! – questionou. – Então eu estou apaixonado por você?! – perguntou assustado.

Meus globos oculares quase saltaram para fora e não consegui evitar a risada que ressoou por toda a sala. Não apenas eu ri. Tia Lydia e Chloe também riram. Eu fiz uma bagunça com a cabecinha do garotinho.

 - Agora explica essa, Mia! – Chloe ria com prazer.

 - Não é assim, Phill.

 - Mas eu gosto de te abraçar e te beijar. – explicou.

 - Eu sei! Mas você gosta de beijar o meu rosto, certo?! – ele concordou com um aceno de cabeça. – Chloe gosta de beijar Mike na boca.

 - Eca! – ele fez uma cara de nojo. – Igual à mamãe e o papai?

 - Isso! – suspirei aliviada. – Eles são apaixonados há um tempão!

 - Ah! Então você se apaixona primeiro e depois namora? – ele estava se esforçando para entender.

 - Exatamente! – sorri porque ele estava entendendo, afinal.

 - Eu me lembro de quando me apaixonei por seu pai. – Tia Lyd suspirou, lembrando-se dos tempos antigos. – Foi há dezenove anos.

 - A Chloe já tem quase 18! – Phill comentou. – O que acontece depois de começar a namorar?

 - Depois do namoro, vem o casamento, depois os bebês. – tentei simplificar.

 - Mas semana passada o papai e a mamãe não fizeram 16 anos de casamento? – ele ergueu uma sobrancelha.

 - Às vezes existem algumas exceções. – Tia Lydia se enrolou. – Os bebês não vêm do casamento.

 - E de onde vêm os bebês? – por que crianças pensam tão rápido?

 - Não quero ficar aqui vendo você explicar isso pra uma criança de seis anos. – Chloe negou com a cabeça e subiu as escadas em direção ao seu quarto.

 - Ahn... – a mãe da criança estava completamente perdida e me olhava pedindo socorro, silenciosamente.

 - Sabe, Phill? Quando duas pessoas se apaixonam, começam a namorar, certo? – falei com jeitinho e ele assentiu. – Depois de um tempo, o amor cresce em cada um e o amor fica muito grande. Às vezes fica tão grande que nasce uma sementinha no homem e uma sementinha na mulher. – pensei em como falar essa parte. – Então, o amor cresce mais um pouquinho. No caso do seu pai e da sua mãe, eles não conseguiram esperar até o casamento para juntarem as sementinhas. E quando se juntam a sementinha do homem e a da mulher, cria-se um bebê. – respirei aliviada de terminar a explicação.

 - E como o homem coloca a sementinha dele dentro da mulher? – perguntou ligeiro.

 - Esse é um assunto pra outro dia! – pensei rapidamente em uma desculpa. – Agora tenho que ter uma conversa séria com sua irmã antes de ir para casa.

 - Tudo bem. – ele me olhou tristonho, mas uma esperança brilhou nos seus olhos. – A mamãe pode me contar! Ou o papai!

 - Isso! – sorri para ele. – Até daqui a pouco.

 - Até! – ele olhou para a TV. – Agora vou assistir...

 - Você vai tomar um banho, Senhor Curioso! – tia Lyd interrompeu-o.

Apressei-me escada acima e entrei na segunda porta do corredor.

~*~

 - Você tem que controlar sua ansiedade, Mia. – Chloe aconselhou. – Ainda vai ter problemas de verdade por causa disso.

 - Não tenho culpa de estar assim. – suspirei frustrada.

 - Eu sei! Não estou culpando ninguém... – ela desviou o olhar para o pôster na parede. – Eu sinto a falta deles também. E estou mais ansiosa do que pareço.

 - Está se controlando bem dessa vez, Chloe. Estou orgulhosa! – sorri para minha amiga.

 - Obrigada. – ela ficou pensativa por um momento e finalmente disse: - Sabe que eu amo você, certo?

 - Também amo você. – respondi confusa.

 - Vou me arrumar agora. Tenho que encontrar meu quase namorado na casa dele. Karen está preparando um jantar e me convidou para estar lá. – ela deu de ombros e foi em direção ao armário para separar alguma roupa.

 - Você está me expulsando antes de me contar essa história direito? – ergui uma sobrancelha. – Está falando sério?

 - Óbvio! Preciso ficar apresentável para encontrar os Clifford. – ela revirou os olhos.

 - Tudo bem. Já entendi que não precisa de mim mais. Você cresceu! – fingi secar uma lágrima.

 - Por que está falando assim? – finalmente me encarou. – Eu sou mais velha que você!

 - Por exatos três meses. Então, tanto faz. – ignorei a ironia no olhar dela. – Não pense que escapou desse interrogatório. Você apenas ganhou tempo, senhorita.

 - Ok. Vou esperar animadamente nosso próximo encontro. – ela fez uma reverência desnecessária.

Peguei minhas coisas e abri a porta, mas antes de sair virei-me para Chloe uma última vez e acenei, dizendo:

 - Até amanhã, Senhorita Apaixonada!

~*~

Nove e meia da noite. Nada que passa na televisão me distrai por mais de cinco minutos. Nenhuma das séries que eu assisto na Netflix está prendendo minha atenção. Meus pais até tentaram manter uma conversa comigo durante o jantar, mas a cada dois minutos precisavam chamar minha atenção e, por fim, desistiram. A cada som de notificação do celular olho rapidamente para ver se é alguma mensagem dele, mas essa esperança é desnecessária, já que o som das mensagens é diferente das outras notificações.

Cansada, vou ao banheiro e escovo meus dentes. Quando chego ao quarto, me jogo na cama. Olho mais uma vez a tela do celular e nada. Desisto!

Lá em baixo, a campainha soa. Quem seria às 21:40h da noite? Nem me esforcei para levantar da cama e ir ver quem era.

Acho que alguém atendeu, porque o som não se repetiu. E para confirmar minhas suspeitas, meu pai bate na porta do meu quarto.

 - Mia?! Está dormindo? – pergunta ainda com a porta fechada.

 - Não, papai. Pode entrar. – respondi rapidamente.

Ele abriu somente uma greta e colocou a cabeça para dentro: - Tem alguém aqui para vê-la, posso deixar entrar?

 - Quem...? – nem pude terminar a pergunta, pois meu pai abriu a porta completamente, revelando um loiro, alto, de olhos azuis e um piercing no lábio inferior. – Luke!

Levantei-me o mais rápido que consegui e corri para abraçar meu melhor amigo. Assim que senti o calor do corpo dele me envolvendo, senti que voltei a respirar normalmente. A pressão que os braços do loiro faziam ao meu redor provava que eu não estava imaginando coisas.

 - Senti sua falta! – sussurrei ainda com o rosto enterrado no pescoço dele.

 - Eu também, Mia. – seu hálito atingiu minha orelha.

 - Eu estava ficando louca de ansiedade! – me separei dele e dei um tapa fraco em seu ombro. – Não faça isso mais comigo!

 - Por que você estava tão ansiosa? – perguntou malicioso.

 - Por que não me mandou nenhuma mensagem o dia todo? – briguei.

 - Desculpa! – ergueu as mãos em forma de rendição. – Estava muito ocupado, com a cabeça cheia de coisas!

 - Está perdoado! – sorri. – Eu sei que você tem muita coisa pra fazer. Está certo! Tem que fazer o seu trabalho.

 - Por falar em trabalho, quero que amanhã você vá até a gravadora. – ele sorriu enormemente. – Tem uma música nova que quero mostrar pra você. E depois podemos todos ir comer alguma coisa, que tal? Acho que a Chloe também irá.

 - Claro! Será uma honra e um prazer! – abracei-o novamente. – Como foi a viagem?

 - Tranquila. Estou acostumado. É mais cansativo responder todas as perguntas da Dona Liz que a viagem em si. – revirou os olhos.

 - Saudade dos seus olhos. – soltei sem querer.

Ele riu do comentário e disse: - Eu também senti saudade dos seus olhos.

Eu corei. Como não corar com esse comentário?

 - Como está sua família? – desviei o assunto.

 - Estão todos bem. Só não acredito que Zoe está tão grande! – ele disse sorridente.

 - Ela é sua sobrinha, né? – perguntei lembrando-me do bebê.

 - Ela está muito linda! Logo será aniversário dela! – disse animado.

 - Você é um tio muito atencioso. – observei.

 - Obrigado! – ele olhou para meu quarto e suspirou. – Acho que tenho que ir nessa. Só vim falar um “oi” e te dar um abraço. Meu pai está no carro lá fora, esperando. Amanhã a gente se vê?

 - Claro! – sorri para ele. – Amanhã.

 - Boa noite, pinguim! Pode voltar para seu ninho. – ele beijou minha testa.

 - Boa noite, girafa! Volte para sua família. – abracei-o pela cintura

Depois que Luke foi embora, finalmente consegui desligar minha mente e acalmar meu coração. Toda aquela tensão e ansiedade deixaram meu corpo. E assim que repousei minha cabeça no travesseiro, meus olhos pesaram. Adormeci gradativamente. E tive sonhos muito tranquilos e serenos.