História Heartbreak Girl - Capítulo 12 - Heartbreak Girl

 - Bom dia, família! – cumprimentei meus pais, mais feliz que o normal.

 - Alguém acordou de bom humor! – papai sorriu para mim. – Bom dia, filha!

 - Bom dia, querida! – mamãe beijou minha têmpora e colocou o bacon no prato do meu pai. – O que vai querer para o café?

 - Cereal com leite. – falei, já alcançando uma tigela no armário e uma colher na gaveta. – Pega o cereal pra mim, por favor?

 - Claro! – mamãe passou por mim e pegou o cereal na prateleira que eu não alcançava.

 - Obrigada, mamãe! – beijei sua bochecha. – O que vocês estão pensando em fazer hoje?

 - Temos um almoço com um cliente. – papai respondeu. – Se não quiser ir, tudo bem.

 - É que Luke me chamou para ouvir uma música nova. E depois vamos sair para comer alguma coisa. – contei. – Eu ia pedir para vocês se eu poderia ir.

 - Sem problemas. – mamãe sorriu. – Gostei desse garoto.

 - Ele é um ótimo amigo. – comentei.

 - Não parece que ele olha pra você apenas como amigo. – papai me olhou desconfiado.

 - Nada a ver. – neguei.

 - Ainda acho que tem alguma coisa. – ele sorriu pra mim com uma expressão zombeteira.

 - Você está tirando uma com a minha cara, pai? É isso mesmo? – perguntei chocada. – Logo eu? A sua princesinha?

 - De quem mais, querida? Você é minha única filha! É meu dever! – sorriu. – A não ser que sua mãe concorde em tentar mais um filho.

- Desista, Dawson! Você e Mia não conseguirão me convencer! Já não estou na idade de ficar grávida! – ela recusou a ideia. – Parem com esse assunto. Só de pensar em gravidez, meu estômago já embrulha!

 - Mãe, você já consultou um médico? Você tem tido esses enjoos, às vezes. – perguntei preocupada. – Sei que você não está vomitando, mas sempre reclama que não está bem.

 - Não é nada demais, querida! É só o estresse. – ela deu de ombros.

 - Tem certeza? – ergui a sobrancelha.

 - Sim, Mia! Se você acha que eu estou grávida, saiba que não estou! Eu saberia se estivesse. – ela negou avidamente.

 - Por que não quer ter outro filho? – perguntei curiosa. – Você nunca me disse.

 - Não é nada, filha. – meu pai sorriu tranquilamente. – Sua mãe acha que não vamos dar conta de mais um.

 - Já sou muito grandinha, não acha? – ergui a sobrancelha. – Sei me cuidar. Vocês podem me dar um irmãozinho sem problema! Eu juro que vou ajudar a cuidar dele!

 - Mia, uma criança não é um cachorro. – mamãe me repreendeu.

 - Eu sei! – argumentei. – Mas eu ainda não perdi a esperança! Você sabe que vou te ajudar!

 - Eu não estou grávida! E não vou ficar! – ela revirou os olhos. – Podemos finalizar esse assunto agora?

 - Claro! – murchei um pouquinho. – Mas você tem que me prometer ir ao médico. Li em algum lugar que estresse pode deixar as pessoas carecas, não quero que você fique calva por causa disso.

 - Vou pensar no seu caso. – ela juntou o resto do nosso café-da-manhã. – Agora a senhorita lave a louça e nos diga se vai precisar de carona ou não.

 - Ok. – obedeci rapidamente à primeira ordem.

~*~

 - Alô? – Ouvi a voz da minha amiga no outro lado da linha.

 - Você vai à gravadora hoje? – perguntei.

 - Sim. Eu já estava te ligando para saber se você poderia me dar uma carona. – respondeu.

 - Sem problemas. – concordei. – Pensei que você iria com Mike.

 - Fica fora do caminho dele vir até aqui. Então disse que iria com você. – Ela se desculpou.

 - Ok. Vou avisar aos meus pais. Você sabe que horas temos que ir? – questionei.

 - Michael disse que eles não chegariam antes das dez. – ela pausou. – Acho que podemos sair às 10:15h.

 - Beleza. Vejo você às 10:20h, então. – despedi-me.

 - Até mais tarde. – ela desligou.

Tenho uma hora e vinte minutos para me arrumar. Acho que ainda dá tempo de assistir a um episódio de Teen Wolf.

~*~

 - Vamos, Mia! – papai bate na porta do meu quarto e confiro minha roupa mais uma vez. Acho que está bom. É apenas um short jeans, uma camisa branca larguinha e cavada embaixo dos braços, um top preto por baixo e um All Star de cano médio vermelho.

 - Como estou? – pergunto assim que abro a porta.

 - Pegue um casaco, pode esfriar mais tarde. – ele aconselha. – Está linda, querida.

 - Obrigada! – fui até meu armário e peguei meu moletom cinza. – Podemos ir agora.

 - Chloe está nos esperando? – mamãe pergunta assim que me vê descendo as escadas.

 - Já vou ligar para ela e dizer que estamos saindo. – dei de ombros.

Saquei meu celular da bolsa de alça transversal e vi uma mensagem de Luke.

“Bom dia, pinguim! Já estamos no estúdio, avisa quando estiver aqui em baixo para liberarmos a entrada, ok?”

Respondi rapidamente.

“Bom dia, amigo! Já estou saindo de casa e buscando Chloe. Até logo! ;)”

Eu não esperei a resposta do loiro e imediatamente disquei o número da minha amiga enquanto entrava no banco de trás do carro. Ela atendeu no segundo toque.

 - Já estamos saindo de casa. Espero que esteja pronta, Chloe. – avisei.

 - Já estou na porta de casa, para sua informação. – zombou.

 - Ok. Estou passando aí. – desliguei sem deixá-la dizer qualquer coisa.

 Meu pai parou na frente da garagem dos Hudson e buzinou. Uma ruiva saltitante saiu da casa e entrou no carro, sentando-se atrás da minha mãe.

 - Ansiosa para ver os meninos? – perguntou depois de cumprimentar todos no automóvel.

 - Claro! Estou com saudade! – sorri animada.

 - Eu também senti falta daqueles animais. – sorriu nostálgica, provavelmente se lembrando da semana que passamos juntos. – E estou totalmente curiosa sobre essa nova música!

 - Nem me fala! Você sabe sobre o que é? – perguntei.

 - Mike não me deu nenhuma dica. – lamentou. – Mas logo descobriremos.

 - Logo.

Vinte minutos para ser mais precisa.

~*~

Assim que meu pai estacionou o carro na calçada em frente ao prédio enorme e repleto de grandes janelas de vidro escuro, beijei o rosto de cada um.

 - Assim que terminarmos aqui, ligo pra vocês se precisarmos de carona, ok? – falei e fui saindo do veículo com avisos para termos juízo.

Acenei para eles e entrei nas enormes portas de vidro giratórias. Olhei em volta, admirando o átrio do prédio. Mármore, metal e madeira. Tudo em volta era feito com um desses materiais. Caminhamos até o balcão no meio do saguão. Tinha duas mulheres e um homem sentados ali, com uniformes pretos e aqueles fones de recepcionista conectados aos ouvidos.

Enviei uma mensagem a Luke dizendo que já estávamos aqui em baixo. Aproximamo-nos do balcão para esperar nossos amigos. Eu e Chloe olhávamos para a direção dos elevadores, ansiosas.

Cinco minutos esperando e eles ainda não estavam aqui e nós duas conversávamos sobre o que poderíamos comer depois. Até agora pizza parecia a comida mais apetitosa entre todas as opções. Mas nossa conversa foi interrompida por uma voz masculina soando atrás de nós.

 - Garotas?! – viramos em direção à voz desconhecida e vimos que o rapaz da recepção, que devia ter uns vinte e três anos, nos chamava. – Posso ajudá-las em alguma coisa?

 - Na verdade estamos esperando nossos amigos. Eles já estão vindo, obrigada! – Chloe recusou e voltamos a encarar os elevadores.

 - Mas vocês estão aí há um tempo, têm certeza de que não há nada que posso fazer por vocês? – ele insistiu.

Aquilo estava estranho. Ele estava sendo muito atencioso com duas garotas aleatórias. Ou será que era assim com todos? Eu não saberia dizer.

 - Olha, estamos realmente bem. – eu disse.

 - Quem são seus amigos? Querem deixar algum recado ou o seu número de telefone? – perguntou com um tom de oferta. Oferecendo o quê?

 - Não, obrigada. Só esperando. – Chloe tentou se esquivar.

 - Eu insisto... Qualquer coisa. – ele se aproximou e sorriu para mim, sedutor.

 - Ahn... – eu fiquei sem palavras quando finalmente entendi o que ele estava querendo. – Não precisa.

 - Ouviu as garotas, Rony? – Luke chegou ao meu lado e passou o braço sobre meus ombros.

 - Chegamos! – Mike sorriu e beijou a bochecha de Chloe. – Vamos, meninas?

 - Claro! – respondemos juntas.

Seguimos os quatro em direção ao elevador, mas fomos interrompidos mais uma vez pela voz de Rony.

 - Essas garotas têm permissão para subir? – perguntou fazendo uma carranca.

 - Esquecemos de mostrar os crachás! – Luke respondeu. Em seguida sacou do bolso dois crachás com a palavra “visitantes” escrita. – Este é seu. – me entregou um. – Este é seu. – Entregou outro para Chloe.

 - Obrigada! – sorri e acenei o crachá para Rony. – Até mais!

O rapaz nos encarou com um olhar mortal, mas ainda assim nos desejou um bom dia. Voltamos nossa atenção para as quatro portas de elevadores. Entramos no da esquerda e assim que as portas se fecharam a nossa frente, rimos até não aguentarmos mais. Luke apertou o botão que indicava o vigésimo andar. E assim que desviei minha atenção do painel, fui procurar minha amiga, ela estava muito ocupada beijando o namorado.

A atmosfera no elevador era quente e massacrante. A tensão era palpável. Eu olhei para Luke que parecia envergonhado por alguma coisa. Eu não estava muito diferente. O loiro pigarreou e tentou puxar assunto.

 - Como você está? – perguntou ao meu lado, baixinho para não incomodar os ruivos falsificados.

 - Bem. E você? Dormiu bem? – questionei.

 - Ainda estou sob efeito do fuso horário, mas tirando esse fato, estou bem. – ele deu de ombros.

 - Eles não são nada discretos, né? – sussurrei para ele.

 - Não mesmo! – concordou e sorrimos conspiratórios, mas sua expressão mudou, de repente. – Você está bem mesmo com o seu término com Jacob?

Assustei-me com a mudança rápida de assunto. Não deveríamos falar disso nesse momento, em um elevador. Não queria falar disso com ele quando nossos amigos estão se engolindo ali do lado.

 - Sim. – dei de ombros. – Mas podemos falar disso em outra hora?

 - Claro! – ele sorri timidamente. – Espero que você goste da música!

 - Tenho certeza que vou gostar. Geralmente, gosto de tudo que vocês escrevem. – falei sincera e sorrindo da sua timidez.

 - Ei casal! Já estamos chegando! – Luke diz por cima da minha cabeça. – Dezenove... Vinte!

E as portas se abriram ao mesmo tempo em que Chloe e Michael se soltavam. Saí antes de todos e esperei no corredor. Luke veio para o meu lado e me puxou pela mão até uma das portas vermelhas daquele andar. Assim que entrei fui atacada por dois homens grandes, que gritaram meu nome assim que me viram.

 - Ar! – pedi sem poder respirar.

Ashton e Calum me soltaram e pularam em Chloe do mesmo jeito. Eu só conseguia rir deles. Assim que Cal soltou minha amiga, pulei em suas costas.

 - Kiwi! Estava com saudades! – exclamei.

 - Eu também, esposa! Mas sai daí sua gorda! Vou ficar com dor nas costas! – o moreno soltou meus braços dos seus ombros e eu caí de bunda no chão.

 - Meus glúteos! – reclamei. – Doeu, criatura violenta!

Todos riram da minha cara e Ash veio me ajudar a levantar.

 - Obrigada, Ash! Só você para cuidar de mim, enquanto esses manés ficam aí rindo. – beijei sua bochecha fofa.

 - Claro, Little Mia! Quem faria as panquecas do Calum? – ele sorriu zombando.

~*~

Os meninos estavam na cabine de gravação, enquanto eu, Chloe, Matt e mais uma garota de uns vinte e quatro anos, cheia de tatuagens lindas e coloridas, cabelo loiro presos por um lenço e que comandava todo aquele painel cheio de botões, estávamos na antessala.

De onde estávamos dava para ouvir os meninos através das caixas de som, e Andy, a garota das tatuagens, dava instruções para eles. Primeiro eles passaram com os instrumentos e eu já me apaixonei pelo ritmo da música. Em seguida, Calum se aproximou de um dos microfones e ouvindo nos fones gigantes os instrumentos, começou a cantar.

“You call me up

It’s like a broken record

Saying that your heart hurts

That you’ll never get over him getting over you

And you end up crying

And I end up lying

Cause I’m just a sucker for anything that you do”

Quando a voz de Cal soou nas caixas de som e as palavras saiam, olhei para Luke que estava concentrado na batida e esperando sua deixa. Ele franzia a testa, concentrado. Era uma música de amor?!

“And when the phone call finally ends

You say ‘thanks for being a friend’

And we’re going in circles again and again”

Então todos se aproximaram dos microfones e cantaram juntos.

“I dedicate this song to you

The one who never sees the truth

That I can take away your hurt, Heartbreak Girl

Hold you tight

Straight through the daylight

I’m right here, when you going realize

That I’m your cure, Heratbreak Girl”

E era uma música de alguém apaixonado pela amiga. Soava como um romance. Daria uma ótima fanfic, se souberem escrever. Eles sempre têm que dar oportunidades.

Calum voltou a cantar sozinho.

“I bite my tongue

But I wanna scream out

You could be with me now

But I end up telling you what you wanna hear

But you’re not ready

And it’s so frustrating

He treats you so bad and I’m so good to you

It’s not fair”

Agora Luke, Mike e Cal cantaram juntos.

“And when the phone call finally ends

You say ‘ I’ll call you tomorrow at 10’

I’m stuck in the friend zone again and again”

Ash também se juntou aos outros meninos e cantaram mais uma vez o refrão. Ao final do refrão, Calum cantou a ponte com o auxílio de Luke e Mike.

“Someday I know it’s gonna happen

And you’ll finally forget the day you met him

Sometimes I so close to confession

I’ve gotta get it through you head

That you belong with me instead”

Repetiram o refrão mais duas vezes e retiraram os fones e vieram até nós. Quando vejo Luke saindo, paraliso.

Ele escreveu essa música tão fofa para alguém? Não podia ser isso, certo? Ele disse que não tinha muitas amigas. Além disso, alguns versos soavam familiares.

Mas o que eu tinha a ver com isso? Por que me importa saber se Luke está gostando de uma garota? Ele é apenas meu amigo. Meu melhor amigo...

 - E aí? O que vocês acharam? – Mike perguntou abraçando Chloe por trás.

 - Incrível! Vocês estavam inspirados, né?! – Chloe sorria imensamente.

 - Escrever é fácil quando se tem boas pessoas por perto. – Luke deu de ombros. - E você gostou, pinguim? – perguntou com os olhos curiosos e um sorriso tímido.

Engoli o nó na minha garganta. Eu não tinha muitas explicações para essa incapacidade de falar ou de sequer pensar em alguma coisa que não fossem os versos da música.

 - Eu adorei! – sorri do jeito mais sincero que pude.

Ele sorriu de volta para mim, como se tentasse entender o que se passava pela minha cabeça e ao mesmo tempo tentando me falar alguma coisa. Mas eu desviei o olhar.

 - Vocês sempre arrasam! – sorri para todos. – Você estava excelente, Cal!

 - Obrigada! Eu sei que sou demais! – piscou com um olho.

 - Podemos ouvir, Andy? – Ash perguntou para a loira.

 - Claro! Mas vocês vão ter que fazer de novo. Mike não entrou no tempo certo no primeiro refrão. Luke oscilou na primeira parte. Calum perdeu a entrada e Ash precisa fazer mais alto. Vamos tentar juntos mais uma vez, se não der certo, faremos separados, ok? – Ela deu as instruções.

 - Não podemos almoçar primeiro? – Mike perguntou esperançoso. – Estou com fome!

 - Nós temos o estúdio até às 13 horas. – Matt se pronunciou. – Então, gravem antes.

 - Sim, senhor! – Mike disse de mau gosto.

Os quatro entraram na cabine mais uma vez e cantaram melhor que a primeira. Luke estava sempre olhando para mim através do vidro. Eu passei a olhar para os botões do painel e fiquei pensando em cada palavra da música.

~*~

 - PIZZA! – todos gritamos assim que saímos do estúdio, às 13 horas em ponto.

Michael e Chloe iam mais a frente, abraçados, seguidos de Calum e Luke que discutiam alguns detalhes da música. Ash estava olhando alguma coisa no celular e ia à minha frente. Eu estava por último.

Eu olhava para o chão e tentava não pensar muito mais na letra de Heartbreak Girl. Aquilo me deixaria louca a qualquer momento.

 - O que está te incomodando, Little Mia? – Ash interrompeu meus pensamentos.

 - Heartbreak Girl. – sorri triste. – Eu gostei muito da letra.

 - Luke escreveu e Calum ajudou com os instrumentos. – ele contou. – Mas por que isso está te incomodando?

 - Nem eu sei direito. – dei de ombros.

 - Seja lá o que for, não pense demais. – ele sorriu me confortando.

 - Vou tentar. – respondi com mais calma.

 - Vocês aí atrás! Vamos! Estou com fome! – Mike gritou já no elevador, segurando a porta.

 - Vamos! – Ash me puxou pelo corredor.

Luke e Calum também entraram no elevador e fiquei no meio deles. Beijei a bochecha de cada um.

 - Vocês estão de parabéns! Amei a música, de verdade! – sorri sinceramente.

 - Obrigada, Mia! – eles responderam e cada um beijou um lado do meu rosto.

Olhei para Cal. Ele sorria e já se distraiu em uma conversa com Ashton.

Olhei para Luke e este me olhava confuso. Sorri para ele, que desviou o olhar para as portas, sorrindo. Eu amava o sorriso dele. Os lábios rosados em contraste com os dentes brancos e o piercing preto. Parecia perfeito. Além do brilho no olhar, que iluminava meu coração.

Naquele momento, meu coração acelerou e se aqueceu. E eu senti que poderia me apaixonar por Luke Hemmings. Qualquer um podia.