História Heartbreak Girl - Capítulo 2 The first afternoon

Destino? Sorte? Coincidência? Chame do que quiser, mas ainda não dá pra acreditar que eu estou sentada na sala conversando com Ashton Irwin e assistindo Mike e Chloe, enquanto Calum e Luke jogavam FIFA.

 - Ash, eu sabia que você não gostava de futebol, mas nunca entendi o porquê. – comentei, quando vi a careta que ele fez para a TV.

 - Qual a graça de ver um bando de homens suados, correndo atrás de uma bola, num gramado e chutar a bola de couro numa rede? – ele ergue uma sobrancelha.

 - Na verdade, falando assim não tem graça nenhuma. Mas quando você entende as regras e começa a assistir aos jogos, se torna bem divertido. E se você não quiser assistir a homens suados atrás de uma bola, pode assistir ao futebol feminino. – sorrio conspiratoriamente.

 - Mulheres jogam futebol? – perguntou confuso.

 - Que machista, Fletcher!  - reclamo e ele faz uma careta.  – Eu adoro jogar futebol! E jogo no time da escola.

Nesse instante Luke ganha a partida e Calum nem liga. Cal se vira pra mim e arregala os olhos. – Mia casa comigo? Você é linda, legal e ainda gosta de futebol? Você parece perfeita! – o asiático falsificado se ajoelha na minha frente.

 - Calum Hood, amor da minha vida, infelizmente eu já tenho namorado e não posso me casar com você. – finjo tristeza e dou um beijo na sua bochecha gorda. Todos, com exceção de Luke, riem da cena.

 - Maravilha! Acabei de levar O fora da minha alma gêmea. – faz um biquinho e logo cai na gargalhada como as outras pessoas.

 - Hey! Isso é tão injusto! – Michael exclama de repente.  –Vocês sabem muito da gente e nós não sabemos nada sobre vocês.

 - Que tal um jogo? – Chloe sugere. – Tipo verdade ou desafio, sem o desafio.

 - Parece legal. – concorda Ashton.

 - Eu pego a garrafa. – Calum sai correndo em direção à cozinha, suponho.

 - Eu topo! – eu e Mike falamos ao mesmo tempo.

Chloe olha para Luke com expectativa, ele apenas concorda com a cabeça. Calum volta com uma garrafa de Coca-Cola de vidro vazia. Os garotos se sentam no chão e eu e Chloe também.

 - Quem gira primeiro? – Cal pergunta enquanto coloca a garrafa no meio da roda e arrota nada discretamente. – Desculpe, não aguentei segurar.

 - Nojento. – eu e Chloe reclamamos e os garotos riem.

 - Eu começo! – Mike se adianta e gira a garrafa, que para virada para mim. – Acho que isso tá na cabeça de todos aqui. Seu sobrenome é Scodelario. Você é parente da Kaya Sexy Scodelario?

 - Por que sempre me perguntam isso? – olho para Chloe e ela dá de ombros. – Não sou da família da Kaya, talvez muitíssimo distante. E não a conheço. – reviro os olhos. – Minha vez. – a garrafa gira até parar na direção de Ashton. – Qual a sensação de tocar bateria?

 - Tocar bateria é uma ótima terapia. Toco quando estou com raiva, feliz ou triste. Sinto-me livre quando faço isso. – ele sorri para mim que retribuo. A garrafa para em Luke. – Por que você acha que conhece a Mia de algum lugar?

 - Porque seria difícil encontrar olhos iguais aos dela. – dá de ombros e eu coro. Ele gira a garrafa, que aponta para Chloe. – Como você conheceu a banda?

 - Algum tempo atrás Mia procurava novas bandas, sei lá por que razão. E nesse dia eu estava junto com ela. Mia gritou algo tipo “eu já ouvi essa aqui!” e deixou a música tocar. Então me apaixonei por She Looks So Perfect e 5 Seconds of Summer. Graças à Mia! – então a garrafa rodou até parar em Mike. – Qual é a próxima cor que você vai pintar o cabelo?

 - Não sei, mas acho que quando tiver uma ideia eu pinto. – ele deu de ombros. A garrafa aponta para Calum. – O que eu vou perguntar pra você? Te conheço há muito tempo. - Mike faz uma cara pensativa. – Qual a cor da cueca que você está usando?

 - Eu não estou usando cueca. – Cal responde, corando. E a garrafa roda até parar em Chloe. – Qual seu preferido da banda?

 - Olha meu cabelo e pensa um pouquinho. – todos encararam o cabelo cor de fogo da minha amiga e caíram na gargalhada. – É o Mike. – ela corou.

 - Sério? – Mike perguntou incrédulo e ela apenas assentiu. Girou a garrafa que parou em Ashton.

 - Qual é o seu maior fetiche? – Como ela pergunta esse tipo de coisa sem corar e fica da cor dos próprios cabelos quando diz que Mike é o preferido dela? Maluca.

 - Eu não tenho ideia do meu fetiche, mas tenho uma queda por qualquer garota que não seja loira. Depois de Jasmine, nem quero saber de mulheres loiras. – ele fez uma cara engraçada. – Luke de novo? – revirou os olhos.  – Como você se sente passando uma semana com duas garotas na mesma casa que você, sabendo que uma delas tem namorado?

 - É uma coisa diferente. Não temos muitas chances de conhecer garotas e vamos passar uma semana com duas? Realmente é estranho para mim e meus hormônios. – sorriu de lado. – Brincadeira, garotas. Mas por favor, não andem de sutiã pela casa. – e todos riram das súplicas do loiro.

E então o que eu menos queria que acontecesse, aconteceu. Luke perguntava para mim. Engoli em seco. O sorriso sexy em seus lábios aumentava a cada segundo. Não queria ter que contar para eles a história deprimente de uma garota com depressão.

 - De onde eu conheço você, Mia? Algum show, encontro de fãs, escola. Onde eu vi você pela primeira vez? E não vale mentir. – ele me pegou.

 - A primeira vez que ouvi She Looks So Perfect, foi em um bar, com cerca de trinta pessoas. Eu estava em pé lá no fundo. Talvez você tenha me visto de relance antes de voltar a sua atenção para Aleisha McDonalds. Você dedicou a música pra ela e todas as garotas. – respirei fundo, não iria contar a história toda pra eles. – Essa foi a única vez que eu vi vocês ao vivo e a cores.

Ele olhou nos meus olhos e parece que um clique em sua mente o fez lembrar-se do dia em questão. Um sorrisinho fofo apareceu em seus lábios. Parecia que gostou de lembrar o que realmente havia acontecido. O mundo parou uma eternidade e só havia ele e a lembrança da troca de olhares naquele bar.

 - Mia, você não vai rodar a garrafa? – Cal interrompe meus pensamentos. A garrafa parou na direção do Asiático Falsificado. – Manda a pergunta.

 - Por que você não está usando cueca? – zombei.

 - É confortável, e economizo roupas assim. Tenta fazer turnê em um ônibus pra você ver. É uma perda de tempo usar roupas íntimas. E todos os garotos aqui presentes concordam comigo. – os garotos assentiram. – Viu?

 - Tudo bem. Que vocês adoram ficar pelados uns na frente dos outros já não é mais novidade. Só espero que as horas que eu passei da minha vida defendendo a masculinidade de vocês tenham valido a pena. – ironizei.

 - Me deixa girar essa porcaria de garrafa antes que eu saia mais ofendido. – todos riam do drama de Cal. – Ashton, por que não mostra o quarto que as meninas vão ficar?

 - Estamos jogando, Asiático. Enlouqueceu? – Ash respondeu.

 - Cansei do jogo. – Cal se justificou. – Garotas, querem conhecer o quarto que vocês vão dormir? – eu e Chloe demos de ombros.

 - Depois conversaremos mais, ok? – Luke voltou para o X-Box.

 - Ok. – dei de ombros. Ash, Mike e Cal se levantaram e puxaram Luke pela orelha em direção as escadas.

Eu e Chloe seguimos as criaturas até o andar de cima. Um grande corredor com seis portas se estendia. Todas as portas eram pretas e as maçanetas prateadas. As paredes eram cinza-claro. Eles nos conduziram até a terceira porta do lado esquerdo e abriram. Duas camas de solteiro, com colchas brancas com detalhes em preto. Um armário de madeira escura em um canto e duas mesinhas de cabeceira com abajures. Uma grande porta de vidro dava para a sacada.

 - Gostaram? – Ash nos olha curioso.

 - É lindo, obrigada. – respondi e Chloe concordou.

 - Fiquem à vontade, a casa também é de vocês agora. – Mike disse simpático.

 - Vamos deixar vocês tranquilas. Estaremos lá em baixo. – conclui Cal.

Assim que os meninos saem, Chloe se joga na cama da esquerda e solta um suspiro. Eu sabia o que ela estava pensando. E ela me perguntaria em 3, 2, 1...

- Quando você ia contar para sua melhor amiga que já tinha visto os meninos pessoalmente? Quando você ia me contar que os conheceu antes de ficarem famosos? – ela sentou na cama e me encarou.

- Tudo bem. – dei-me por vencida. – Peço desculpas! Sinto muito! Muito mesmo! Não é um assunto que eu gosto de ficar lembrando. – abaixei meu olhar. – Foi nos tempos difíceis, lembra?

- Como esquecer? – me cortou, antes de entrar nos detalhes.

- Então, em uma daquelas noites, eu não conseguia dormir. Simplesmente vinham aqueles pensamentos ruins e não queria mais ficar em casa. Apenas vesti um sobretudo e saí no meio da noite. Parei em um bar e os meninos tocavam lá. E foi nesse dia que percebi que precisava me reerguer e que eu estava no fundo do poço. – algumas lágrimas vieram aos meus olhos e Chloe apenas veio até mim e me abraçou.

- Eu sei. Já passou. – fazia carinho na minha cabeça quando comecei a chorar, lembrando daquilo tudo que eu passei pra chegar onde estou hoje. – Foi por isso que você ficou todos aqueles dias procurando por músicas novas?

Assenti com a cabeça e soltei um soluço. Chloe ficou comigo por mais alguns minutos para poder me acalmar. Ela pensava em alguma coisa para me distrair, eu podia ver as engrenagens de seu cérebro trabalhando. E por ela, respirei fundo, sequei as trilhas de líquido das minhas bochechas e abri um sorrisinho, ainda meio triste. Eu nunca gostei de ver Chloe preocupada comigo. Ela é minha irmã de alma.

- E o que foi aquilo com o Mike?  - perguntei maliciosa.

- Estava tão na cara assim? – fez biquinho.

- Vocês são muito óbvios, sabia? Principalmente você. O que foi aquilo de pular em cima dele? – zombei.

- Admito que agi sem pensar nas consequências. Foi 100% instintivo.

- Ok. Mas não se atire nele assim. Vai parecer que você é daquelas fãs que não veem o ídolo como ser humano, apenas como objeto sexual ou qualquer coisa do tipo. – avisei.

- Vou tentar me segurar mais. – prometeu. – Mas voltando o foco para a senhorita... Você é uma vaca sortuda! Conheceu nossos boys antes da fama e teve a oportunidade de vê-los com cabelo emo! Ainda por cima ganhou um sorteio para passar uma semana com eles! Me empresta só um pouquinho dessa sua sorte... – pediu.

- Deve ser apenas o destino. Não sou tão sortuda assim. – discordei. – Agora, se me dá licença, vou ao banheiro lavar meu rosto inchado.

Levantei da cama e saí para o corredor. Olhei para as portas. Todas iguais e fechadas. Onde era o banheiro? A do fim do corredor? A segunda da direita? Resolvi tentar todas.

A primeira da direita era o quarto do Ash, julgando pela bateria. Tentei as duas primeiras portas da esquerda, mas ambas eram quartos. Um deles estava impecavelmente organizado e o outro estava de pernas para o ar.

A próxima porta era a segunda da direita. E eu não devia ter aberto aquela porta. Não mesmo. O que eu vi lá dentro vai ficar para sempre marcado na minha memória. Não que ter visto Luke Hemmings de cueca seja uma visão ruim. Principalmente se a cueca for uma boxer preta.

Ele tentou se cobrir com os braços, como se fosse uma mulher. Colocou um braço sobre o peitoral e com o outro tentou cobrir a cueca. Seu rosto ficou vermelho como uma pimenta. Eu apenas sorri amarelo, como se pedisse desculpas e fechei a porta.

Então me dirigi a minha última opção. A última porta do corredor. E finalmente pude lavar meu rosto, que agora além de inchado, estava pegando fogo.