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História Hearts Collide - Ciúmes


Escrita por: alwaysthief

Notas do Autor


Oiii gente linda <3 <3 <3
Primeiramente, quero dizer que to nas nuvens com cada comentário, mensagem, favorito e cada apoio que vocês estão dando para a fic. Muito, muito obrigada!
Outra coisa é que eu queria agradecer a Aline, minha amiga linda/irmã, pela ideia de contexto do flashback <3
Espero que gostem <3 Boa leitura.

Capítulo 9 - Ciúmes


A culpa alastrada por meu peito se intensificou quando ouvi sua voz abalada e piorou depois que tive coragem de levantar a cabeça e ver seu rosto com algo além da decepção. O sofrimento também era extremamente perceptível aqueles olhos azuis.

Meu noivado sempre foi motivo de alegria e esperança de dias melhores para mim, como em um perfeito sonho, um conto de fadas onde meu cavalheiro da armadura branca finalmente me resgataria de uma vida de sofrimento e angustias. Porém, naquele momento estava tudo invertido. Não pude fazer o que Robin me pedia, como eu poderia negar o noivado? Como mentiria descaradamente para ele? Infelizmente, eu não podia.

O casamento havia deixado de ser um orgulho, sem eu mesma perceber. A ideia tornou-se um fardo pesado o suficiente para esmagar a constante felicidade que já estava me acostumando a ter, cortou sem pena aquela alegria que Robin me entregava todos os dias desde quando pisei na casa.

Com o homem dos olhos azuis feito o mar, eu me sentia à vontade para ser eu mesma; não havia pressão para ser de um jeito ou me comportar de tal maneira; sorrir era fácil; saber o que ele pensava só o olhando também. A estranha conexão entre nós dois era forte demais e eu já não lutava contra. Por vezes me vi deixando de racionalizar e apenas permiti ser guiada pelo que sentia.

A maior prova disso era acordar feliz e disposta todos os dias. Nunca fui uma pessoa matutina, mas sabia que Robin era e meu interior pulsava para sair da cama e tomar café com ele. Não me arrependeria jamais, aquilo era algo nosso, um momento só meu e dele. Sentados na mesa de jantar, nós não falávamos nada além do bom dia, mas nossos olhares não nos deixaram sem assunto.

Aquele ladrão irritante me fez viciar em seu cheiro de floresta e ainda sorria quando flagrava eu me inclinando para sentir o aroma exalado de seu pescoço, um perfume amadeirado com toque de frescor. Era impossível me deter. Em cada dia, eu me convencia de que aquilo não voltaria a se repetir, todavia, sempre se repetia. Mesmo quando me mudei para o quarto de baixo e ele não precisava mais me carregar em seus braços, eu dava um jeito. Robin percebendo ou não.  

Quando estávamos só nós dois, meu nome era esquecido e eu amava isso. As palavras “anjo” e “rainha” tornaram-se as minhas favoritas somente por saírem de sua boca e, secretamente, causavam um arrepio por todo meu corpo quando vinham acompanhadas pelo pronome possessivo. Em uma linda ilusão eu era sua, um doce delírio destruído pela realidade.

Depois de confirmar e encarar sua mirada, senti a ligação entre nós se romper. Robin em um silêncio perturbador, saiu em passos largos da minha frente e praticamente subiu as escadas correndo; galgando três degraus por vez, ele sumiu da minha vista. Fiquei para trás com o coração partido e sendo consumida pelo remorso de ser a única culpada pelo sofrimento dele.

Não podia correr atrás dele por conta da perna, não podia gritar por ele porque não tinha esse direito. O estrago já estava feito e eu o havia perdido sem nem ao menos o ter.

O choro preso em meu peito estava há um instante de vir à tona, mas antes de me derramar em pranto do lado de fora da casa Locksley, entrei e corri – na medida do possível – rumo ao quarto de hospedes. Mal fechei a porta quando a mesma foi aberta por uma Emma nervosa e falando algo muito rápido, a loira se embolava nas palavras. Virei em sua direção, tentando enxugar as lágrimas, mas com pouco sucesso. Assim que viu o estado deplorável que me encontrava, ela parou sua fala e me perguntou preocupada:

― Meu Deus, Regina, o que foi?

Não consegui falar e nem ver, as lágrimas embaçaram meus olhos, os inundando antes de escorrer por meu rosto. Um pranto feio, alto e impossível de deter assustou Emma, a deixando sem reação. Pouco me importava o que ela pensava ou julgava, naquele momento, eu me permiti ser fraca e demonstrar o quanto meu coração estava machucado por, ironicamente, consequências de meus próprios atos. As lembranças do olhar triste dele e da sensação de luto que aquela confirmação acompanhava era dolorido demais; machuquei um homem maravilhoso e o perdi sem ao menos o ter.

― Calma, senta aqui.

Sem ter outra opção, eu me acomodei na cama como Emma sugeriu. De qualquer modo, não conseguiria ficar de pé por muito tempo, não possuía forças para isto. Além da fraqueza emocional, sentia também minhas mãos tremerem e minha respiração tornando-se mais complicada de ser feita.

Respeitando o meu tempo, a loira permaneceu em silêncio, me olhando e passando a mão em meus pulsos procurando de alguma forma me acalmar. O que aos poucos foi acontecendo. Depois de cessado o surto nervoso, ela indagou:

― Está mais tranquila? Quer me contar porquê chorou?

― Pelo seu irmão. ― Apenas confessei a verdade.

― Não fica assim ― ela me abraçou ―, Daniel está melhorando.

Em silêncio neguei, não podia dizer a Emma que meu coração estava sofrendo pelo irmão errado.

Uma tremenda confusão de pensamentos e sentimentos. Minha dor vinha pela dor de Robin, mas eu deveria estar angustiada pela saúde de Daniel, afinal quem estava em coma induzido era ele, meu noivo. Por que parecia tão estranho o chamar assim? Tão errado?

Com certeza, eu estava há um passo da insanidade. Depois do acidente, eu ignorei meus ferimentos e consegui sair do carro para pedir ajuda movida unicamente pelo desespero de ver Daniel correndo risco de vida, não foi? Como que durante aqueles dias, pensar nele tornou-se cada vez mais raro? Não fazia sentido.

Daniel já foi tudo para mim, meu céu, meu ar, meu porto-seguro, pus em suas mãos a esperança de um final feliz. Ele me completava, preenchia com sua presença todo o vazio que existia na minha alma, ele me transformava em alguém melhor, em como eu deveria ser.

Flashback ON - Meses Atrás

Segurando o pequeno panfleto amarelo nas mãos, segui até a sala e sentei ao seu lado naquele desconfortável, porém caro sofá que ornamentava o luxuoso apartamento. Em silêncio, o observei ler o jornal até seus olhos se desprenderem do papel e voltarem-se para mim.

— O que foi, babe? O que você quer me falar?

— Como sabe que eu quero te falar algo, sr. Espertinho?

— Seus olhos brilhando em expectativa foi um bom sinal — ele riu, depositando um selinho em meus lábios depois.

— Um cliente chegou na galeria hoje falando a respeito desse teste off-Broadway — lhe entreguei o folheto informativo —, parece ser uma produção experimental, estão procurando novas atrizes — indiquei com o dedo o texto na parte de baixo do papel —, e ainda melhor, estou na faixa etária de seleção.

— Regina — ele largou o panfleto no espaço almofadado e segurou minhas mãos —, nós não já conversamos sobre isso, meu amor?

— Sim, mas…

— Se lembra quando eu te disse que esse seu sonho bobo vai acabar lhe magoando? — Daniel falava pausadamente como se estivesse educando uma criança — Tantas pessoas competem para entrar nos palcos da atuação nesse país, não quero que você fique frustada quando não conseguir passar.

— Você acha que eu não tenho talento? — o entusiasmo se transformou em tristeza.

— Não disse isso, meu amor, mas por aí existem pessoas mais preparadas. Não chore, babe — ele passou os dedos limpando os rastros de lágrimas  —, só não quero que você sofra por uma bobagem.

— Tudo bem, é apenas um sonho infantil, não é?

— Ainda bem que você é sensata. — Assenti — Eu só quero te proteger, meu amor — e adicionou —, uma dama não deve se prestar a tamanha humilhação.

Limpei o rosto e levantei do sofá resignada. Ele estava certo, era apenas um sonho bobo.

Flashback OFF

***

Naquela sexta-feira, o dia parecia esticar os instantes, as horas não passavam, o tempo estava estagnado, impondo a maldade de prolongar uma tormenta. Contrariada, Emma havia deixado o quarto por meu pedido de ficar sozinha, eu precisava pensar e refletir nos rumos que a minha vida seguiria. Tudo era um mar de confusão e eu tinha que aprender a domar meu medo de enfrentar a correnteza.

Destino traiçoeiro. Minha vida estava toda encaminhada, mas em alguns dias tudo mudou. Um giro de 180 graus em uma direção que eu não fazia ideia da existência. Não saberia explicar como ou porque, mas sim quando. Ao pisar na casa Locksley, me deparar com Robin e, sobretudo, sentir tudo aquilo que ele provocou quando me carregou em seus braços: a respiração descompassada, o batimento cardíaco em um ritmo novo, o arrepio que seu toque causou na minha pele, sentir o calor de seu corpo, seu cheiro, e não ser capaz de deixar de olhar a imensidão azul de seus olhos. Foi esse o instante que tudo virou de ponta-cabeça.

Procurei evitar aquela loucura, porém não tive sequer chance contra sua força. Em cada conversa, toque, olhares conectados e corpos próximos, eu perdia batalhas. Quando dei por mim, já me vi rendida à felicidade dada por Robin. Sorri com esse pensamento. Aquele ladrão desaforado entrou sorrateiramente no meu mundo, o tomou para si e eu lhe dei de bom grado. Pelo menos isto eu não podia o acusar de furto, eu entreguei em suas mãos.

O sol caminhando para seu poente me lembrou do primeiro dia com ele. O gazebo deixou de ser seu lugar especial para se transformar em meu também, nosso. Ali, de mãos dadas, observando o entardecer, Robin me ensinou que a vida era muito mais do que nossos problemas; bastava parar, respirar fundo e contemplar a beleza da natureza.

Naquele dia como em outros posteriores, Robin fez questão de me carregar em seus braços e me levar para os lugares mesmo quando não havia degraus ou grandes escadas atrapalhando. Ele ignorava a cadeira de rodas e as muletas como se fossem objetos inimigos, sua expressão fechada quando eu mencionava um deles era adorável. Nunca confessei, mas eu também amava estar ali tão perto de seu corpo.

Com seus braços ao meu redor, eu me sentia em casa.

***

A escuridão já tomava de Storybrooke quando Ava entrou no quarto me chamando para jantar, fazendo assim se dissipar a nuvem pesada dos meus pensamentos confusos. Apesar de não ter fome, segui animada para a sala de jantar, porque ali, finalmente, eu conseguiria falar com Robin novamente e pedir desculpas, me explicar.

Embora já tivesse mais costume com as muletas, andar com elas ainda demorava mais tempo que o normal, sendo assim, fui a última a chegar no ambiente. Meus olhos seguiram de imediato para a sua cadeira, esperando encontrar aquele par de olhos azuis encantadores, mas para minha frustração, nada além do mobiliário havia ali. Percorri com o olhar cada parte do lugar, mas não encontrei Robin. Meu peito de apertou. Onde ele estava? Meu britânico sempre era o primeiro a chegar.

Engoli o choro que já queria dar o ar da graça e forcei um sorriso para que as demais não percebessem a aflição. Ava, Emma, Belle e Granny estavam sentadas em seus lugares, conversando sobre os acontecimentos do dia, enquanto meus olhos e meus ouvidos ficaram apenas atentos aos movimentos e barulhos vindos da escada.

Em qualquer momento, ele vai aparecer, sei que vai.

Era a única coisa que habitava meus pensamentos e confortava meu coração. Não queria voltar a ser pessimista, mas uma voz irritante falava ao pé do ouvido que ele não desceria mais e que se duvidar naquela hora ele já estaria rumo ao aeroporto.

Por favor, não. Ele me prometeu que não me abandonaria.

Como um sinal dos céus, ouvi passos descendo pela escada, trazendo consigo um aroma inconfundível. Antes que ele aparecesse, meu coração já saltava de alegria, a vontade de chorar foi embora e em seu lugar apareceu um sorriso. Ele não havia me abandonado.

Minha felicidade durou pouco mais que alguns instantes. Assim que o vi todo arrumado, impecavelmente vestido, perfumado, de barba feita e ajeitando seu relógio no pulso, meu sorriso murchou.

— Nossa que homem mais cheiroso. Vai sair meu filho?

Obrigada, Ava, por perguntar o que estava martelando em minha mente.

— Boa noite — ele olhou sorrindo para todas, menos para mim —, e respondendo sua pergunta, mãe, sim, vou sair.

— A pergunta não é se ele vai sair, mamãe — Emma começou —, mas sim, vai sair com quem?

Coração acelerado, respiração pesada e olhar fixo nele.

— Cheiroso desse jeito você só pode estar indo para um encontro, acertei? — A loira não sabia, mas tripudiava em cima de mim.

— Quem é a felizarda, irmão? — Foi a vez de Belle questionar.

Robin ficou um tempo em silêncio esperando as irmãs pararem de falar e quando conseguiu abrir a boca, seus olhos voltaram-se aos meus.

Por favor, nega, por favor, por favor.

— Tinker. — O QUÊ? — Vou sair com a Tinker.

Quem diabos era Tinker e por que ela ia sair com o meu ladrão???

Apertei forte meus punhos sobre a mesa e sei que ele sentiu meu olhar indignado e raivoso sobre si.

— Finalmente!!! — Emma comemorou ao meu lado, sequer percebendo o ódio em minha face.

— Já vou indo, ela já está me esperando.

Robin fez o que avisou e saiu pela porta logo em seguida, deixando-me para trás cheia de ódio e tristeza. Assim que o barulho do carro se distanciou, a mesa explodiu em comentários desconexos e torturantes. Cada uma das mulheres presentes falava uma coisa diferente ao mesmo tempo, mas pelo tom de suas vozes, elas aprovavam aquela estupidez. Quando tive forças para me recompor e não parecer rude, indaguei:

— Quem é Tinker?

Emma, animada, foi rápida na resposta.

— Ela era uma grande amiga do Robin na escola, mas todo mundo sabia que ela era apaixonada por ele. Menos é claro o tonto, naquele época ele só tinha olhos para a Marian e nunca percebeu. — Meu coração era destruído em cada palavra — Mas agora com ele solteiro quem sabe a sorte não muda, não é verdade?!

— Gente, está claro. O olhar de bicho morto!

— O quê? — Minha voz saiu trêmula e fraca. Droga, Regina, não chora.

— O Robin de uns tempos para cá vem ficando com esse olhar de bicho morto, de apaixonado. Agora faz todo o sentindo. Na certa, a mulher de quem ele está gostando é a Tinker!

As quatro voltaram a comemorar a novidade, falando alto, rindo e planejando um futuro para o “novo casal de pombinhos” como Granny falou. Nenhuma delas percebeu meu choro silencioso e nem as lágrimas que não pude deter. Alegando estar com um pouco de dor de cabeça, o que em um futuro próximo não seria mais mentira, eu me levantei e andei rumo ao quarto. Fechei a porta com urgência, o pranto veio logo em seguida e a dor em meu peito pode ser libertada.

Tristeza. Ódio. Frustração. Raiva.

Todos aqueles sentimentos misturados me torturando e apontando o óbvio, eu estava com ciúmes. Morrendo de ciúmes do meu ladrão. 


Notas Finais


ela é ciumenta ela
vivendo para enaltecer outlawqueen <3 @moonteirs


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