História Heart's Desire - Threat

 

 

Capítulo 12 - Ameaça 

Alice White:

De manhã cedo peguei meu carro na oficina do Louis, e depois fui direto para o trabalho. 

Minha avó veio adiantada pro casamento da Lara, e quer que eu almoce com ela. Também precisamos levar ela e minha tia para comprar suas roupas.

Tentei adiantar todo o trabalho que pude, vou pedir Austin para me dispensar depois do almoço. 

Eu não quero me aproveitar, longe disso, mas eu quero adiantar logo as roupas da vovó já que Lara me lembrou que esse sábado é a festa da nossa prima mais nova, a Aninha.

E eu tinha me esquecido...

E eu tenho a sensação que já tinha um compromisso no sábado, mas não me lembro.

— Hey, Alice — disse Jake dando aquele sorriso que eu amo. Eu sorri de volta.

— Oi, Jake. Tudo bem? 

— Estou bem. Sabe, eu estive pensando... nós ainda não saimos.

— É, temos que dar um jeito nisso.

— Domingo a tarde eu vou levar minha irmã para dar uma volta no parque, eu sei que não é um encontro, mas ela quer te conhecer.

— Sério?

— Sim, ela está animada para isso. O que você acha?

— Eu adoraria, quero conhece-la.

— Acho que ela vai amar você, não tem como não gostar — eu sorri.

— Obrigada, mas você é muito modesto — ele sorriu.

— Eu vou indo antes que Austin me pegue aqui, tá?

— Ok, depois você me liga para a gente combinar direito. 

— Pode deixar, tchau — ele pegou minha mão e beijou. Depois foi embora.

Eu suspirei e terminei de fazer o que estava fazendo. Logo chegou a hora do almoço e eu fui até a sala do Austin.

— Austin... eu não quero parecer aproveitadora ou algo assim, sei lá o que isso pode parecer. Mas, minha avó eu não a vejo a muito tempo e ela veio para o casamento, eu preciso leva-la para comprar uma roupa e ela quer almoçar comigo. Eu vim te pedir para me deixar sair agora. Já adiantei bastante meu trabalho e se você quiser eu posso ficar até tarde todos os dias dessa semana.

— Tudo bem, pode ir. Eu não ia pensar nada de você. Por que pensou isso?

— Você sabe... por causa do que aconteceu com a gente.

— Alice, eu não vou deixar isso nos afetar profissionalmente. Você deveria fazer o mesmo.

— Tudo bem, eu vou fazer. Obrigado, Austin.

Fui para o shopping encontrar minha avó e Lara.

— Alice! Estamos aqui — Lara acenou para mim um pouco longe e eu corri para perto delas.

— Vovó, que saudades — eu a abracei e ela retribuiu.

— Lili, como você está?

— Estou bem, vovó, e a senhora?

— Vou bem. Por que você não foi me visitar?

— Desculpa, é que eu estou tendo muito trabalho esses dias. Vó, eu estou trabalhando como modelo — ela sorriu.

— Que bom, querida. Fico tão feliz de ver vocês se dando bem na vida, sabe, Lara agora está perto de casar e ser feliz e você está realizando um de seus sonhos.

— Eu também estou feliz, apesar de algumas coisas que andam acontecendo.

— Vejo que você está meio confusa, tem algo te incomodando?

— Mais ou menos — ela pegou minha mão. 

— Você está diferente... — ela pareceu concentrada. Minha avó tem uma coisa bem estranha que se chama intuição, e ela adora usa-la comigo, sempre funciona. Mas eu não quero saber.

— Ah não, vovó. — era tarde demais.

— Você conheceu uma pessoa muito especial, né?

— Quem, vó? 

— O homem que vai te fazer feliz, você já o conhece.

— É? — como ela pode ter tanta certeza?
Eu acho que ainda não conheci essa pessoa... 

— Tome cuidado, Alice, você pode estragar tudo. 

— Que novidade! — Lara gemeu

— Mas, como eu posso estragar tudo? — o desespero tomou conta de mim.

— Não sei, você vai ter que descobrir.

— Vamos deixar isso pra depois e vamos ver as roupas — disse Lara animada. 

Ficamos um bom tempo fazendo compras, mas eu não achei nenhum vestido azul e bonito. Vovó estava cansada de andar e foi para casa.

— Olha esse, Lili. É lindo — Lara apontou para um vestido. É realmente lindo, mas é vermelho.

— Não quero vermelho. 

— Por que? Tá na cara que esse vai ficar maravilhoso em você. 

— Austin quer que eu vista vermelho, e eu não vou fazer a vontade dele. — ela bufou.

— Vou ver se tem outra cor então. — depois de um tempo ela voltou — Só tem essa cor, Alice.

— Caramba, eu realmente gostei desse — desanimei.

— Leva esse, Lili. Para de bobeira, eu sei que você gostou. — revirei os olhos. 

— Tudo bem, mas só porque eu gostei.

Depois nós fomos comprar a gravata do Austin para combinar.

— Eu estou muito feliz. Vovó disse que tudo vai sair como eu sonhei, mas ela disse que também vai ter uma confusão.

— Não liga para essa última parte, as vezes a vovó pode errar.

— É claro que eu vou ligar.

— Você vai ficar preocupada com isso e não vai aproveitar a festa.

— Mas a vovó disse!

— Você quem sabe.

— Você acredita que já conheceu o homem da sua vida? — eu hesitei.

— Acho que tem chances de Jake ser alguem especial, mas ser o homem da minha vida é diferente. Eu mal o conheço. Não sei ainda. 

— Não está preocupada sobre estragar tudo?

— Nem um pouco.

Mesmo que Jake descubra que eu fui pra cama com Austin, não pode dizer nada, a gente nem saiu ainda. Tenho tudo sobre controle!

Eu e Lara sentamos na praça de alimentação e ela estava tentando decidir qual lanchonete iria comer.

Recebi uma mensagem. É do Austin.

"Ainda está no shopping, Alice?"

"Sim! Lara está decidindo onde vai comer kkkkk."

— Ah não! Acho que ainda dá tempo de correr, Lili. Tarde demais, eles estão vindo pra cá.

— O que? Quem? — perguntei assustada. Olhei pra trás mas me arrependi.

— Alice? Que bom te ver novamente — Merda!

Merda! Merda! Mil vezes merdaaaa!

— Oi — nem forcei um sorriso. Dane-se eles, eu não quero ser gentil. Muito menos educada.

— Brenda me disse que levou o convite do nosso casamento para você. — eles se sentaram. Cara-de-pau!

— Ah é, ela foi lá ontem. Obrigado pela gentileza, mas é no mesmo dia do casamento da Lara e eu não poderei ir — eu dei uma boa olhada no convite e a data era a mesma do casamento da Lara, mesmo assim, eu não iria. — Mesmo assim eu não iria, deve dar azar a ex estar no seu casamento.

— Que pena, flor — disse Brenda cínica. — Mas não tem problema, eu confio no meu taco.

— É né, que pena. Mas vai saber, se eu fosse você não confiaria muito — eu disse no mesmo tom dela e depois pisquei.

— É uma pena, mesmo, queria que você fosse — Adam disse parecendo triste.

Desgraçado! Filho da puta! Miserável!

— Está fazendo compras? — ele perguntou curioso.

— Sim, comprei meu vestido pro casamento e a gravada do meu par.

— Também estamos, sabe, compras para a Lua de mel.— Brenda sorriu maliciosa para Adam.

— É, aproveitem — sorri falsa e ela revirou os olhos.

— Vamos amor, temos muita coisa para fazer — disse Brenda beijando o pescoço de Adam. 

— É melhor irmos mesmo — Adam disse e eles se beijaram. Eu olhei para Lara incredula. Eles se separaram e ela mandou um sorriso sádico para mim.

— Vai ficar de vela para a ruiva hoje, Alice? — Brenda disse se referindo a Lara. Eu ia responder que não era da conta dela, mas ouvi a voz de quem eu menos esperava.

— Hoje não, ela tem planos comigo — uma voz rouca no meu ouvido me fez arrepiar. Ele riu baixinho pela minha reação. Me virei.

— A-Austin?

— Sim, princesa. Achei melhor deixar o trabalho para passar o resto do dia com você.

— Esse é o médico, Alice? — Adam disse com a voz meio enciumada. Ele não pode!

— Sim, sou o médico. E namorado dela. — Austin respondeu me deixando boquiaberta. Lara estava como eu.

— Estão namorando a quanto tempo? — a alegria da Brenda sumiu tão rápido. Acho que vou entrar na brincadeira.

— Tem duas semanas, eu acho, foi tão rápido. 

— É mesmo, parece que tem anos que estamos juntos. Mas só o que importa é que estamos juntos — Austin me pegou pela mão e me levantou. Então eu só me virei um pouco e ele me beijou. Encerramos o beijo rápido com dois selinhos e nós sorrimos entre o beijo. 

— Tenho uma surpresa para você — ele sussurou, mas dava para todos ouvirem.

— Nós já vamos se vocês não se importarem — eu disse sorrindo triunfante. Brenda se levantou e puxou o Adam pela mão.

Estava na cara que para esses dois minha desgraça era felicidade, e agora que mostrei que estou feliz eles estão derrotados.

Mesmo que não seja real!

Eu podia ter um médico, bonitão e legal para namorar. 

— Claro — disse Brenda antes de Austin sair me puxando. Lara nos seguiu.

Quando já estávamos bem longe ele parou.

— Eu já vou indo Lili, vou ver o Lex — disse Lara ainda me olhando assustada.

— Tudo bem, eu levo ela — disse Austin sorrindo.

— Vai com meu carro — lhe entreguei a chave. Só mandei um aceno com a cabeça e ela se foi apressada. — O que foi aquilo? 

— Aquilo foi eu acabando com o show daqueles dois.

— Acabando com o show?

— Gostou da minha encenação? Te salvei.

— Obrigado. E desculpa por ele achar que você era medico. É que na noite em que eu encontrei ele com a Brenda tinha acabado de tomar um bolo e eles estavam esfregando a felicidade na minha cara. Acabei inventando um namorado imaginário — eu disse, constrangida.

— Eu suspeitei — ele deu um sorriso torto. 

— Mas vou deixar bem claro que não gostei da sua gracinha.

— Acho que você gostou sim, ainda mais a parte do beijo. — ele levantou uma sobrancelha.

— Você achou errado! — disse brava.

— Não achei, não! Princesa, só estou dizendo a verdade.

— Não! — ignorei o apelido. 

— Eu sei que você queria aquilo, mas não consegue admitir para si mesma.

— O que você disse sobre ter uma surpresa para mim? — eu disse querendo cortar o assunto. Ele gargalhou.

— Eu tenho, toma. Quero que você use no nosso encontro, sábado — ele me entregou uma sacola.

Ah não! Eu sabia. Era isso que tinha para sábado e eu esqueci.

— Encontro? No sábado? 

— Não vai me dizer que não vai querer ir. Tudo bem, eu entendo — ele olhou para baixo. Com a expressão decepcionada.

Merda!

Ele me deu um presente, e eu não mereço. Foi legal comigo não tem nem 10 minutos e está sempre me ajudando.

Eu não consigo dizer não para ele!

— Olha, não é isso. É que eu esqueci que tinha uma festa a fantasia de uma prima minha nesse sábado. — ele ainda estava triste.

— Eu entendo.

Por que ele tem que ser tão difícil de magoar?

— Mas você pode me acompanhar, se quiser.

O que eu disse? Não! Não! Eu não queria dizer isso! Saiu sem querer!

— Sério?

— Eu iria adorar.

Eu estou maluca! Me internem por favor! Meu corpo não está me obedecendo. 

— Mas você tem que ir fantasiado, se não, não vale — sorri sem graça achando que ele não ia querer. Mas foi totalmente em vão. 

— Claro que sim, já tenho uma em mente — encarei a bolsa nas minhas mãos. 

— Vamos ver o que tem aqui — eu disse dando um meio sorriso e abrindo a sacola.

MEU DEUS! Não acredito.

— Austin! Você... caramba! Muito obrigado — eu pulei no pescoço dele e o abracei. 

— Achei que você iria gostar — ele disse me apertando. Senti ele se aproveitando e me separei. Olhei para as sandálias lindas na caixa.
É a sandália da Cinderela, a que faltava para minha coleção. 

— Obrigado mesmo, eu vou usar. — pisquei para ele, e ele sorriu.

— Fico feliz que gostou — ele colocou as mãos no bolso.

— Como você sabe meu número?

— Pedi para o Alex uma ajudinha — ele riu e eu junto.

— Pode me levar para casa?

— Ah, claro. Vamos então.

Bom, pelo menos não vou ter que ir em um encontro com ele. Só vou leva-lo para a festa da minha prima como... amigo.

Ele me deixou no prédio e disse que tinha que ir ao mercado. Então, eu dei uma olhada no estacionamento para ver se Lara ja tinha chegado com meu carro, mas ela não chegou.

Dei a volta para entrar pela frente do prédio, iria ver se tinha alguma correspondencia. Eu estava entrando quando ouvi uma voz doce me chamar.

— Alice? — olhei pra trás e Jake estava dois metros de mim.

— Oi, tudo bem? — sorri para ele.

— Sim, estou ótimo e você?

— Estou ótima também — sorri.

— Você mora aqui? — perguntou apontando para o prédio. 

— Sim.

— Nossa, que legal! Um amigo meu mora aqui perto. — ele pareceu estar nervoso. Colocou as mãos nos bolsos. Eu nunca o vi assim.

— Jake? Você tá legal mesmo?

— Ah... na verdade não.

— O que está acontecendo? — ele respirou fundo e chegou mais perto.

— Eu quero te perguntar uma coisa, mas quero que você seja sincera comigo. Eu estou para conversar com você à um tempo, só que nunca consigo — ele me encarou com intensidade.

— Pode falar...

— Você ainda quer sair comigo? — sorri para ele. Eu devo abrir o jogo e dizer a verdade.

— Olha, Jake... vou te contar toda a verdade, quero ser sincera. Um cara disse que gosta de mim e até quis sair comigo, mas eu acho que não vai dar certo. Mesmo assim eu acabei me envolvendo com ele, mas eu não sinto nada. Me sinto muito mal por agora logo de cara sair com você também. Mas eu quero muito, e queria desde o começo sair com você.

— Eu entendo. Mas ainda há esperanças para você ficar com esse cara?

— Não, eu já deixei claro que não quero nada com ele. 

— Então, nós podemos seguir com nosso relacionamento? — assenti, meio tímida, e ele fez o que eu menos esperava. Puxou-me para perto dele e entrelaçou seus braços musculosos na minha cintura, juntando bem nossos corpos.

Desde que o vira pela primeira vez sonhei com esse momento. E estava preparada para me sentir arrebatada, só que...

— Você é maravilhosa, Alice. — e acariciou meu rosto com a ponta dos dedos. Eu estava esperando aquele arrepio subir pela espinha, mas... — Além de linda você é honesta. Obrigado por ser sincera.

Ele estava perto demais, parece que finalmente ele ia me beijar.

Eu tanto pensei nesse momento, tanto passei na minha mente várias vezes. O primeiro beijo sempre é um termômetro, uma prévia do que se podia esperar. E eu esperava que fosse tão bom quanto eu tinha fantasiado tempos antes.

Um ronco alto de motor perto demais me fez gritar. Jake rapidamente me empurrou para longe, na tentativa de me livrar do atropelamento. Mas eu acabei caindo de bunda quase um metro longe dele.
Eu levantei a cabeça e olhei para o veículo pouco menos de quatro metros longe de mim. O automóvel fez o que Jake não teve tempo de fazer: meu coração martelar em meus ouvidos e minhas mãos suarem frio.

Assim que Jake se deu conta de que eu tinha caido me pegou pelos braços e me ajudou a levantar.
O motoqueiro desligou o farol, estacionou finalmente a moto no meio-fio e tirou o capacete.
Então levantou a cabeça e fixou o olhar furioso em mim.

— Você está bem? — perguntou Jake. Assenti.

— O que você tem na cabeça? — gritei, furiosa. Não sei nem onde encontrei fôlego. Mas, se ele está furioso eu também tenho o direito.

— Que susto, Austin! — disse Jake e respirou fundo. — Pensei que você ia passar por cima da gente.

Austin exibiu um sorriso debochado e veio andando até parar uns dois passos de mim e do Jake que me segurava pela cintura.

— Sinto muito, não vi vocês. — explicou, calmo. Seu tom de voz estava bem diferente de seus olhos furiosos.

— É mesmo? — levantei bem o rosto, para encarar seus olhos com a mesma intensidade. — De onde eu estava, tive a impressão de que isso foi de propósito.

— Bobagem sua, Alice — ele levantou uma sobrancelha. 

— Não é nenhuma bobagem, Austin — levantei uma sobrancelha.

— Se não acredita, não posso fazer nada. Agora eu já vou indo, não quero interromper nada. 
Ele foi embora. Quando estava dentro do prédio me encarou por de trás do vidro. E então, meu coração disparou.

Me senti mal. Mas eu não estava fazendo nada de errado! Sou solteira, sem compromisso e tem um cara muito gato querendo me levar pra sair e me beijar, se eu tiver sorte.

— Ele pareceu não gostar de nos ver juntos — disse Jake. Ele se afastou de mim. Eu suspirei e limpei a mão suada na calça.

— Eu acho que é por causa daquela regra estúpida. Que os funcionários da agência não podem se envolver. — menti. Eu sei bem porque ele fez isso.

— Ele não pode dizer o que devemos fazer fora do trabalho.

— É, ele não pode.

— Ele mora no seu prédio? — franziu a testa, só percebendo isso agora.

— Sim... se mudou tem um tempo. Ele é amigo do noivo da minha prima — a última parte saiu sem querer.

— Então, vocês são mais próximos do que eu pensava.

— Não, não somos — disse rapidamente. — Eu prefiro manter uma relação profissional com ele, somente isso.

— Atá — ele sorriu.

— Bom, foi ótimo conversar com você. Mas eu já vou indo.

— Tudo bem, eu também já vou. Tchau — ele se inclinou e deu um beijo no canto da minha boca. Depois foi embora.

Gemi frustrada e entrei no meu prédio. Não era para Austin ter visto!

Mas ele não tem nada que se meter na minha vida.

Quando o elevador se abriu eu sai no corredor. Logo vi o homem musculoso encostado na porta do apartamento da frente.

Ignorei e passei direto abrindo a porta do meu apartamento.

— Ei! — ele chamou. Eu virei.

— O que foi? — perguntei com desinteresse.

— É Jacob, o homem que você disse?

— É, é ele sim. — disse olhando para o chão. — Sinto muito, não era para você ter descoberto assim.

— Não precisa se desculpar. Eu não vou desistir, Alice.

— ele chegou perto e levantou meu rosto — Não vou desistir você.

— Não diga isso, Austin. — eu tirei sua mão do meu rosto e entrei.

Fechei a porta e me recostei nela.

O que está acontecendo comigo?

[...]

Hoje já é sexta-feira, e eu estou de ótimo humor.

Esses dias eu e Austin temos passado um tempo juntos, no trabalho.

Nós planejamos uma coisa que pode dar certo, e ele disse que muitos clientes estão procurando a agência depois que eu participei das campanhas. 

Ele não tocou mais no assunto de que gosta de mim, mas ele está sendo muito fofo e atencioso comigo. E não disse nada sobre o incidente envolvendo o Jake.

— Alice, eu tenho uma reunião agora. Você pode terminar as coisas para mim? Eu sei que é sexta, mas preciso mesmo ir.

— Tudo bem, não se preocupe.

Ele saiu me deixando sozinha no setor, praticamente todos tinham ido embora.

Não vi Jake, mas não quero vê-lo aqui.

Eu terminei rapidinho para ir embora.

Meu celular tocou.

— Alice White?

— Sim, quem fala?

— Aqui é Connor Young.

— Connor? O que quer comigo? Eu já te disse que não quero nada com você!

— Calma, eu só quero ter uma conversinha com você.

— Não quero conversar.

— Olha aqui, eu sei que você está na agencia. Estou perto do seu carro te esperando, e se você não aparecer eu acho sua casa, aí você vai se arrepender. — engoli em seco. 

— Tudo bem, estarei aí em 5 minutos.

Peguei minhas coisas correndo e entrei no elevador. Minhas pernas tremiam, esse homem me assusta.

Ele estava encontrado no meu carro, eu respirei fundo.

— Vamos conversar no meu carro — ele disse e apontou com a cabeça para o carro de luxo estacionado perto. Os vidros escuros. Eu estremeci.

— Não quero entrar ai — saiu como um sussuro.

Ainda não entendi porque tenho tanto medo dele. Talvez porque eu me dei conta que ele é perigoso. 

— Você vai entrar comigo, agora! — ordenou pegando meu braço. Ele apertou me arrastando, abriu a porta do passageiro e me jogou lá. Segundos depois ele entrou.

— O que quer falar? — perguntei me encolhendo. 

— Está querendo me provocar?

— O que? 

— Logo depois de propor a você que me ajudasse a destruir a liderança do Austin você o ajuda a se levantar?

— Eu não posso deixar você fazer isso, Austin não merece — uma irritação me invadiu me dando coragem. Ele não pode!

— Há! Olha o que temos aqui, uma apaixonada — ele gargalhou debochado. 

— Eu não estou apaixonada, Connor! Só estou tentando ajudar uma pessoa contra você, não quero que você se dê bem nessa.

— Sei que não vai com a minha cara desde a primeira vez que me viu, você é um desafio para mim. Mas eu não estou de brincadeira, White.

— Não vou parar de ajudar o Austin! — meu nariz empinado.

— Que petulante! — ele riu sem vontade — Se afaste do Austin ou irá se arrepender.

— Isso é uma ameaça?

— Só um aviso.

— E se eu não quiser?

— Lide com as consequências. — sua expressão vazia me deu calafrios. Não vou me afastar do Austin, não mesmo! Eu disse que iria ajuda-lo.

— Eu quero você longe de mim — cuspi as palavras em sua cara e tentei sair do carro, mas as portas estavam trancadas.

— Eu ainda não terminei, White! — me puxou pelo braço me fazendo encara-lo. Pegou meu rosto com uma mão e apertou.

— Uma coisa sobre mim você vai ter que aprender, Alice. Não tolero desaforo de empregados! Se não quiser sofrer as consequências se afaste de Austin.

— Não vou! — o encarei mantendo minha postura de corajosa, mas estava morrendo de medo — Agora me deixe sair. — ele me olhou incrédulo, mas tinha algo mais em seu olhar. Fascinação, apreciação talvez...

Parecia que ele estava gostando do meu atrevimento.

— Pense no que eu te falei, White. Não dou segundas chances.

Estremeci um pouco antes de deixar o carro e ele sair cantando pneu.

Eu respirei fundo para me recompor antes de dirigir.

Cheguei em casa bem distraida. 

Não sei de onde saiu aquela coragem toda para enfrentar Connor. Mas quando ele disse o nome do Austin eu não me conti... não sei porque, mas não quero deixar ele fazer mal para Austin. Afinal, Austin só quer meu bem. É o mínimo que eu posso fazer já que não posso corresponder seus sentimentos.
Respirei fundo e me joguei na cama. Ele acabou com todo meu bom humor.

Por que tem que ser tão complicado? E quais são essas consequências que eu vou ter que enfrentar?
Connor é capaz de tudo, e eu sou só uma assistente indefesa.

— Alice, vou jantar com Alex hoje. Ele pediu para mim te chamar.

— Desculpa, Lala. Mas eu não estou muito bem para sair, e vou atrapalhar vocês.

— Vamos Lili, o Lex chamou o Austin. — ela me olhou ansiosa pela resposta.

— Não sei, Lala...

— Por favor... 

— Vão jantar aonde?

— Na casa do Alex, e eu preciso da sua ajuda para cozinhar.

— Ah, você quer me fazer de cozinheira né?

— Não, eu quero que você vá. 

— Tudo bem, Lara, eu vou.

— Você é a melhor — ela sapecou meu rosto de beijinhos.

Meu celular tocou.

— Oi vovó, como está?

— Bem, querida, e você?

— Estou ótima. Falou com o Cadu?

— Falei, tentei colocar um pouco de juízo na cabeça dele.

— Não acho que seja fácil.

— Alice, você se deu conta de quem ele é?

— Ele quem?

—  O homem da sua vida, o que vai te fazer feliz.

— Vó...

— Ele vai te amar de uma forma tão pura e verdadeira...

— Não encontrei ninguém assim ainda.

— Você já encontrou ele sim, minha filha. Conte a verdade para ele, Alice, ele precisa saber.

— Saber de que?

— Você saberá quando precisar contar. Não estrague tudo, meu amor.

— Pode deixar, vó. Beijos.

— Beijos, querida. — desliguei.

Me levantei e fui pro banheiro tomar banho. Fiquei um bom tempo de baixo do chuveiro deixando a água quente relaxar meus músculos. 

Depois coloquei uma roupa e terminei de me arrumar. 

Ouvi vozes na sala e resolvi ir ver quem era.

— E aí, Lilice — disse Alex e veio me abraçar.

— Como você tá, Lelex? — ele riu.

— Estou bem, e você?

— Tô legal — dei um meio sorriso. Austin também estava na sala. 

— Oi — ele sorriu.

— Tudo bem, Austin?

— Tudo ótimo. — ele abriu mais o sorriso.

— Então, o que os indivíduos estão fazendo aqui? — perguntou Lara.

— Eu achei melhor vir aqui pra sua casa, lá na minha está muito bagunçada e eu não estava com vontade de arrumar — disse Alex se jogando no sofá. 

— Que preguiçoso — resmunguei.

— Alex, eu arrumei sua casa tem três dias — Lara reclamou. Ela está levando as coisas dela aos poucos.

— Eu sei, amor. Mas eu não consigo manter nada arrunado.

— Se prepare, Lala. — comecei a rir da minha prima.

— Vou colocar você na linha, garoto — os olhos dela se estreitaram.

Eles mudaram de assunto e conversavam animados, eu não estava muito participativa.  Ainda estava com a cabeça naquela conversa de hoje mais cedo.

Eu devo contar tudo ao Austin?

— O que vamos comer? — ouvi Alex perguntar. 

— Não sei — Lara disse. 

— Vocês me chamam para jantar e não tem comida? — perguntou Austin rindo.

Vai sobrar pra mim!

— Eu pedi para a Lili cozinhar. 

— E o que vai ser, Alice? — Alex perguntou chamando minha atenção. 

— Ah, não sei. Lara me avisou em cima da hora, vou ter que dar uma olhada no que tem aqui. 

— Então vai logo, estou com muita fome — disse Alex. 

— Abusado — taquei uma almofada na cara do Alex antes de sair indo pra cozinha.

Olhei nos armários e tem todos os ingredientes para fazer lasanha. Voltei para sala.

— Dá para fazer lasanha, tudo bem? — eles concordaram.

Voltei para cozinha e comecei a preparar as coisas.

Depois de um tempo coloquei a lasanha no forno, e estava de costas lavando a louça. 

Senti a presença de alguém e me virei. Austin estava mais perto do que eu pensava, e eu já sabia que era ele.

— Sabia que era você — meus olhos se estreitaram.

— É? — ele deu um sorriso malicioso — Como?

— Seu perfume — ele gargalhou.

— Então quer dizer que você conhece o meu perfume? — ele perguntou e deu um sorriso de lado. Safado!

— Mais ou menos. Eu sei que Alex não estava usando perfume hoje porque ele me abraçou, Lara não usa perfume masculino, e só tem três pessoas nessa casa além de mim, então, só restou você. 

Mentira! Eu conhecia bem esse perfume, era o que ele usava sempre.

— Vou fingir que acredito no que você disse, mas eu sei da verdade — revirei os olhos.

— Você sabe. 

— Mudando de assunto — ele se aproximou um pouco quando eu terminei de lavar a louça — Por que você estava tão pensativa quando estava lá na sala?

— Eu não estava...

— Estava, e seu rosto as vezes estava se contorcendo de dúvida e medo.

— Não é nada, não se preocupe.

— Alice, eu quero te ajudar, pode contar comigo para o que você precisar. Se você precisar de ajuda vai me falar? — respirei fundo.

— Obrigado, Austin. Mas eu não estou precisando de nada.

— Tem certeza?

— Uhum.

— Tudo bem então. Vou acreditar, mas to de olho em você — eu ri.

— Espero que você tenha conseguido uma fantasia para amanhã. 

— Claro, você vai amar — ele piscou pra mim.

— E AÍ GENTE, EU TAMBÉM TÔ COM FOME — Alex gritou da sala.

— VAI COLOCAR A MESA E PARA DE RECLAMAR! — gritei de volta e Austin riu.

Depois que Alex colocou a mesa com Lara eu tirei a lasanha do forno.

Eles comeram elogiando e rindo das palhaçadas que Alex falava. 

Eu estava pensativa de novo, mas tentava participar da conversa.

Austin falou que eu poderia contar com ele. Mas seria o certo a fazer?

Depois do jantar Alex e Austin foram embora, não sei o motivo, mas foi bom para mim ficar sozinha.
 

Continua...