História Heart's Desire - Obsession

 

Capítulo 21 - Obsessão.

Alice White:

Connor me arrastou pelos poucos metros que tinha até o escritório. Me jogou lá dentro, entrou e fechou a porta em seguida. Me encostei na mesa do escritório, tremendo.

— Eu estava certo, não é Alice? — ele me encarou, frio. — Eu estava certo desde o começo!

— D-do que você está falando?

— Você sempre esteve apaixonada pelo Austin! — se aproximou fechando as mãos em punhos — Eu te disse aquele dia, dentro do meu carro. Você disse que não, disse que não!

— Eu não estava apaixonada pelo Austin naquele dia. Eu te disse a verdade. Mas querendo ou não, você me aproximou mais dele. Eu me apaixonei por ele depois daquele dia. Austin é maravilhoso, ele é incrível pra mim.

— Não fale dele para mim! — rosnou.

— Então o que você quer saber? Pra quê me trouxe aqui? — o enfrentei. 

É sempre assim. Eu tenho medo dele, mas quando ele toca no nome do Austin me dá uma coragem, eu quero enfrentá-lo e não deixar ele fazer mal ao Austin.

— O que mais eu te disse naquele dia? — falou entre os dentes — O que eu mandei você fazer?

— Me mandou ficar longe do Austin! Mandou eu parar de ajudá-lo. Mas eu disse que não iria te obedecer.

— Se você não lembra bem — ele se aproximou de mim e enrolou o dedo indicador em uma mecha do meu cabelo — Eu também disse que você iria se arrepender se não me obedecesse.

— Não tenho medo de você! — menti, tentando me convencer disso.

— Você deveria ter, White — ele apertou meu rosto com sua mão.

— Me deixe ir, Connor — pedi.

— Você tem medo de mim, sim — ele deixou um selinho nos meus lábios. Tentei desviar — Eu não quero te fazer mal, linda Alice. Mas você tem que ser uma menina obediente.

Fechei os olhos tentando afastar o medo.

— Eu não quero me afastar do Austin — sussurei — Eu o amo! Eu o amo como nunca amei antes.

— Cale a boca! — ralhou. — Quero me ouça agora.

Lutei contra minhas lágrimas.

— Quero que você termine tudo o que tem com o Austin, quero que você fique longe dele.

— Você já me pediu isso, e eu já disse que não vou fazer.

— Você se lembra que eu disse que tinha consequências? — eu assenti, deixando uma lágrima cair na minha face — Pois bem, agora sim você terá que lidar com elas.

— Q-que consequências? — perguntei me encolhendo.

— Ouça, linda Alice, você não precisa chorar. É só obedecer — ele fez um carinho no meu rosto limpando as lágrimas. Eu desviei de suas mãos. — Mas se não obedecer você vai chorar muito. Darei um jeito de acabar com o Austin, eu o matarei se for preciso.

Sua voz arrepiava todos os pelos do meu corpo.

— Eu sei bem o que você ajudou ele a fazer. Ele conseguiu cumprir a meta e vai ficar com a agência — ele me olhou com frieza — Mas ele não vai ter você. Ele não vai conseguir me tirar as duas coisas que mais quero na vida. Não, ele não vai.

Ele começou a balançar a cabeça.

— Você é louco? Eu nunca fui sua!

— Se você não for minha, não vai ser de ninguém!

Eu não estou entendendo, ele só pode ser louco.

— Se você não terminar com o Austin eu vou matá-lo. Eu te prometo! Não iria perder nada ao tirá-lo do meu caminho, pelo contrário, só iria ganhar.

Comecei a chorar.

— Não, por favor! Não mate-o.

— Ora, linda Alice. É só você me obedecer. — ele me puxou para um abraço e eu tentei me soltar. Mas ele é forte — Não queria fazê-la chorar, mas é preciso, é preciso para ficarmos juntos.

Por fim me livrei do seu abraço, e estava pronta para dizer muitas coisas que ele não iria gostar nada de ouvir, mas a porta do escritório se abriu.

— Vejam só, meu querido filho começou o espetáculo sem mim — Joseph entrou na sala e fechou a porta. — Tenho que elogiar, lá de fora não dá nem para imaginar o que se passa aqui dentro.

— Meu pai, o senhor sabe que sei ser discreto.— Joseph soltou uma gargalhada.

— Já adiantou o plano para a senhorita White?

— Já sim, na verdade só contei o necessário.

— Nos desculpe por metê-la nisso, White. Mas você se meteu primeiro aonde não foi chamada.

Eu quero sair daqui! Não aguento mais a voz desses dois. Só quero correr e chorar sozinha.

— Eu não tenho escolha — murmurei, perdida.

— Ora, é claro que tem — disse Connor — Se afaste do Austin e ele ficará bem.

— E quanto a mim? Eu ficarei bem, livre de você?

— Não posso prometer nada, minha linda Alice.— ele segura minha mão, tenho que lutar para não puxar. — Quero você perto de mim.

— Pois eu quero você longe de mim! — me afastei indo em direção à porta.

— Não quero te machucar — ele me lançou um olhar perigoso. — Mas o farei se for preciso.

Eu sabia que ele me machucaria, eu sabia que ele não me deixaria em paz. O que eu não sabia é o que eu fiz para merecer isso. E não quero envolver Austin nisso, quero ver ele bem. Esse homem é maluco, totalmente desequilibrado, assim como seu pai. E talvez sua irmã também.

— Eu só vou fazer isso porque me importo com o Austin, e qualquer outra coisa que você falasse não iria me abalar. Mas quero que você cumpra sua palavra e não machuque ele, não encoste um dedo nele.

— Assim o farei, sou um homem de palavra. Cumpro o que prometo e também cumpro minhas ameaças.

— Então, assim como um dia essa viagem vai acabar, meu namoro também acabará.

— Ótimo, agora sim estamos nos entendendo — ele sorriu sádico. Joseph gargalhou. Como se a minha dor estivesse divertindo os dois. E certamente estaria.

— Eu já vou, Austin deve estar me procurando — abri a porta e saí. Corri para o banheiro do corredor.

Eu queria me acabar. Me acabar de chorar. Mas não importava o quando eu sofresse, Austin estaria seguro, e é isso que me importa.

Dei um jeitinho na maquiagem que não estava tão borrada, já que minhas maquiagens eram à prova de água.

Quando saí do banheiro encontrei Austin no corredor.

— Princesa, eu estava te procurando.

— Ah, me desculpe. Fiquei com vontade de fazer xixi. — ele riu da cara que eu certamente estaria fazendo. Odeio mentir!

— Vamos, os convidados já estão chegando.

— Vamos — sorri e ele me deu um selinho.

A sala já tinha uma quantidade razoável de pessoas e algumas delas veio falar com Austin. Alguns amigos da Michele e Joseph. Uma delas era uma senhora nada simpática.

— Olá senhora Robinson, obrigado por vir. Essa é minha namorada, Alice.

A mulher me encarou assustada.

— Namorada? Me desculpe, eu não esperava. Da última vez que nos encontramos você estava com a Meghan.

E Austin teve que explicar que ele e Meghan já terminaram a algum tempo. Só não disse que esse tempo eram apenas 3 meses.

Robert e Zach também apareceram e nós estávamos conversando quando uma mulher loira, exuberante, entrava na casa e esfregava toda a sua beleza extraordinário na minha cara.

— Meghan, minha querida cunhada — Isabel passou por nós praticamente gritando. Ok, não entendo essa garota — Me desculpe, querida, tenho que me lembrar que você e Austin não estão mais juntos.

— Oh, não se preocupe, Isa. Obrigada pelo convite.

— Não acredito que Isabel convidou a Meghan — Austin sussurou furioso.

— Não se preocupe, Austin — eu fiz um carinho no seu rosto e virei para mim — Ela só fez isso para me irritar.

— Tem certeza que está tudo bem?

— Claro que sim — tentei sorrir.

Pensei que essa noite não poderia ficar pior. Mas eu estava errada.

Meghan usava um vestido que, com certeza, custava o valor do meu apartamento. Me senti humilhada dentro do meu vestidinho preto.

A noite passou pior do que eu imaginava. Todos os convidados adoravam esfregar na minha cara o quanto Meghan era incrível e como estavam tristes pelo namoro ter acabado. E depois se mostravam extremamente surpresos por Austin namorar comigo. Eu estava um pouco afastada de Austin agora, saí sem ele ver.

— Olha quem está aqui — disse Bryan se aproximando de mim. — O que faz aqui, hein, Alice? Vai negar agora que você está tendo um caso com o chefe?

— Por favor, Bryan. Não enche!

— Eu só quero a verdade, boneca.

— Deixa ela em paz, Bryan! — Austin chegou perto de mim e me abraçou pela cintura.

— Quem está pedindo, Austin? O chefe ou o amante? — o loiro perguntou levantando uma sobrancelha.

— Nenhum dos dois. É o namorado dela que está pedindo. — Bryan exibiu um sorriso de lado.

— Até que enfim, pensei que você não iria assumir — Austin gargalhou. Pelo menos ele está feliz. Isso pra mim já basta.

— Eu iria contar na segunda, mas você é tão apressado.

— Só queria dizer que todos na agência já imaginam que vocês estão namorando.

— Eu já esperava por isso — falei precisando os lábios.

— Vão adorar saber que você estava na festinha de aniversário do chefe.

— Por favor, quero te pedir para não contar nada. Eu vou contar tudo na segunda.

— Pode deixar, chefe, não direi nada — e então ele saiu.

Depois disso Isabel puxou Austin para perto dela, Meghan também estava lá, e eu não queria atrapalhar nada. Já não estava me sentindo bem mesmo.

Resolvo sair um pouco da casa. Assim que saio da casa eu vejo um píer que ainda não fui, resolvo ir para lá respirar.

Ando até lá, sento na ponta e tiro meus saltos colocando ao meu lado, fico com meus pés balançando no ar. Estou triste. Meu coração chora e eu tento fazer o máximo que posso para não chorar junto.

Você tem que fazer isso Alice...

Não posso colocar a vida do Austin em risco, tenho certeza que Connor cumpriria a ameaça caso eu não terminasse o namoro.

Suspiro frustrada.

Logo agora que a gente se acertou. Tenho que pensar em algo convincente para falar na hora do término. Ele não vai aceitar fácil.

Ou talvez não.

Isabel pode estar certa, Austin pode estar comigo só para esquecer a Meghan. Não o culpo, ele pode pensar que gosta de mim quando no final ele ainda gosta dela. Talvez seja melhor para ele. Ela é linda e inteligente, ajuda causas nobres e o ama.

— Daria tudo por seus pensamentos — a voz de Michele soou atrás de mim. Olhei para trás — Vim respirar um pouco de ar fresco.

Ela sentou ao meu lado sorrindo.

— É, o ar daqui é bem puro. — ela me encarou por um tempo.

— O que foi, querida? Você parece triste. O que meu filho desnaturado te fez?

— Nada, Michele — suspirei —, o problema sou eu.

Nós ficamos em silêncio. Eu preciso tanto desabafar com alguém.

— É difícil ser a namorada do Austin quando a Meghan é a ex. Parece que eu nunca sou boa o suficiente. — confessei.

— Ele te disse isso? — perguntou, um pouco hesitante.

— Não, mas nem precisa. Não dá para competir com ela.

— Tem razão, sem competição — me encolhi.

Ela tem razão, não posso mesmo competir com a Meghan. Por que Austin se interessou por mim, afinal?

— Você é infinitamente superior — eu ergui a cabeça.

— Você é muito gentil, Michele. Mas não é verdade, ela é linda...

— Como você.

— Ninguém é linda como a Meghan — sacudi a cabeça — Ela é culta, refinada, engraçada e sempre sabe o que falar na hora certa. Além de tudo é magra.

— Alice, deixa eu te falar uma coisa sobre meu filho.— ela segurou minha mão — Austin sempre foi um menino calmo, nunca me deu trabalho. Sempre reservado, nunca dividia suas emoções com ninguém. Nem mesmo comigo.

— Nem comigo — murmurei.

— Não? — perguntou espantada — Eu fiquei sabendo que ele sempre leva você para passear de moto.

— Sim, mas...

— O Austin nunca aceitou ninguém na traseira daquela moto. Até aonde eu sei, nem mesmo a Meghan. Ele sempre dizia que aquilo era uma coisa só dele.

— O quê? — franzi a testa.

— Perdi as contas de quantas vezes a Isabel pediu para ele levá-la para pular de asa-delta. Ele sempre negou. Nunca levou ninguém para praticar aquele esporte maluco com ele. É uma coisa só dele, entende?

— Não tenho certeza.

— O relacionamento que ele teve com a Meghan foi... normal. Eles estavam sempre cada um em seu canto. A Meghan sempre foi egoísta de mais para pensar em outra pessoa que não fosse ela. Escute bem, eu já vivi um grande amor com o pai do Austin, sei das coisas. Nunca funciona quando em um relacionamento não se importam um com o outro. Eles nunca estiveram juntos de verdade.

Não respondi, era muita coisa para eu pensar...

— Sabe porque agora eu tenho certeza que meu filho nunca amou a Meghan?

Sacudi a cabeça, atordoada.

— Porque eu vi o jeito que ele te olha. E acredite em mim, ele nunca olhou para alguém daquele jeito.

Eu desabei, não por alívio, eu chorei por ter que jogar fora a melhor chance que eu ja tive de ser feliz.

— Não chore, querida — ela me abraçou de lado e eu coloquei minha cabeça em seu ombro.— Eu sei, ele é mesmo assim, não se entrega fácil. Mas ele sente. E ele pode não ter falado ainda, mas eu sei que ele te ama.

— Eu também o amo, Michele. Amo demais.

— Não fique assim, não precisa chorar. — ela levantou meu rosto e limpou minhas lágrimas.

— Não vou mais chorar — menti. Sei que vou chorar mais. Muito mais.

— O que aconteceu, princesa? Você está bem — a voz atrás de mim me fez arrepiar.

— Sim, estou bem — sorri fraco — Eu só queria sair um pouco, lá dentro está quente. Aí sua mãe me encontrou aqui e ficamos de papo.

— Tem certeza que não está passando mal? — ele examinou meu rosto. Pensei que ele perguntaria se eu estava chorando. Mas ele nada disse.

— Tenho, estou bem. De verdade...

— Bom, eu já vou indo — disse Michele se levantando — Cuide dela, filho.

Ela deu um beijo na bochecha de Austin antes de sair. Ele se sentou atrás de mim e eu encolhi minhas pernas me escorando nele.

— Me perdoa — ele pegou minha mão e entrelaçou nossos dados — Sinto muito pelo que eu fiz você passar. Não imaginei que Isabel chamaria Meghan, e que toda aquela gente se prenderia tanto ao passado.

— Não faz mal. Tá tudo bem, Aus.

— Não, não está. O que eu posso fazer para você me perdoar?

— Eu não tenho nada para te perdoar — me reclamei pro lado e deixei um selinho em seus lábios carnudos e rosados — Você teve uma história com a Meghan. É normal as pessoas te perguntarem dela.

Mas nem tento, pensei.

— Eles só queriam material para fofocar — ele levou minha mão até seu rosto quente. As pontinhas duras de sua barba fazendo cócegas na minha palma. — Não vou deixar aquela gente chegar perto de você outra vez, juro.

— Eles não fizeram nada, Austin. Acho melhor voltarmos, ainda nem cantaram parabéns pra você.

— Já estou bem grandinho para apagar as velinhas. — eu ri.

— Tudo bem, vamos ficar aqui mesmo.

— Olha pro céu, princesa. — eu olhei.

— Uau! É lindo.

O céu estava incrivelmente iluminado por estrelas e a lua parecia tão perto que eu poderia tocá-la se esticasse meu braço.

— Sim, é lindo.

— Austin, presta atenção no que eu vou falar porque eu só vou falar uma vez.

— Pode falar — disse divertido.

— Quando eu comecei a trabalhar na agência eu te achava incrível. Você tinha impedido a agência de falir. Eu admirava seus sapatos malucos quando você aparecia com um. Mesmo eu te odiando a cada dia mais como meu chefe, eu ainda admirava seu trabalho.

— Sério?

— Sim. E, caramba, na minha entrevista de emprego. Eu fiquei tão nervosa quando te vi, você não faz idéia do quanto eu tremi nesse dia.

— Eu lembro. Você derrubou duas vezes meu porta lápis, três sua bolsa e ainda perdeu o brinco. — gemi.

— Não acredito que você lembra disso tudo, inclusive da sandália que eu usava, e não lembrava meu nome.

— Desculpa por ter trocado seu nome por tanto tempo — ele virou meu rosto para encará-lo — Nunca te expliquei o motivo disso. E tem um, não muito bom, mas tem.

— Ah, é?

Ele trocava de propósito então?

— Achei você linda demais naquela entrevista. — confessou. 

— Humm... E você esqueceu meu nome porque me achou bonita?

— Não. Eu apaguei seu nome da memória por te achar muito linda. Naquela época eu não podia me interessar por você, eu estava com a Meghan. — ele disse envergonhado.

— Ah!

— Quando você apareceu lá na agência para a entrevista, caramba, eu não sabia o que fazer. Linda, mas você parecia ignorar isso. Jeito tímido, me pareceu bem eficiente, tinha um ar sério mas usava aquelas sandálias de asas de anjo. Respondeu todas as minhas perguntas sem hesitar. Você era de longe a melhor para o cargo. Eu quase não te contratei por idiotice. Mas aí, resolvi ser mais profissional e vi que o único contra era eu ter uma atração por você. Deixei tudo de lado e te liguei. Assim que resolvemos tudo eu apaguei todas as informações sobre você da minha mente, inclusive seu nome, e me afastei da tentação.

Ninguém nunca me chamou de tentação antes... Meu Deus!

— Eu nunca desconfiei de nada. — admiti — Pensei que você não se desse conta de que eu estava ali.

— E não dava mesmo. Pelo menos eu fazia de tudo para não prestar atenção em você. Nunca conversamos de verdade até você aceitar ser minha assistente. Nunca permiti que você chegasse perto demais. Mas a Meghan me deixou e você apareceu naquela noite. Você virou tipo um desafio para mim, e eu só queria estar cada vez mais perto de você. Seu jeito doce, mesmo estando brava comigo. Eu sabia que estava correndo um grande risco.

Ah, Austin!

Como ele pode ser tão perfeito? Tão fiel, leal a seus princípios, correto nas atitudes e sentimentos. Eu o admirei muito mais por isso.

Mas foi aí que me dei conta que, ele já se sentia atraído por mim naquela noite no apartamento dele.

— O que foi? Te assustei? — ele perguntou.

— Não, é que... Você tinha planejado me levar pra cama naquela noite? Não foi um acidente como eu pensava?

— Não foi assim, Alice. Eu não planejei nada. Eu não pretendia me aproximar de você daquele jeito, até porque eu tinha acabado de sair de um relacionamento complicado. Mas, sei lá, foi algo fora do normal! Eu senti um impulso naquela noite, parece que meu coração batia me dizendo: Convide-a, convide-a! — Ele sorriu de lado — Eu te convidei e você aceitou.

— Sei, eu também tive isso. — pensei alto — Como um desejo do coração.

— Como um desejo do coração — ele repetiu e sorriu.

— Bom, é claro que eu te achava bonito e atraente. Mas você era tão irritante... Me fazia querer ficar longe de você. Mas ai vinha o impulso e, lá estava eu, perto de você. — ele riu.

— Esse impulso acontecia toda vez que eu estava com você.— fiquei calada.

Não se encha de esperança, Alice. Ele ainda pode estar pensando que gosta de você e ainda ama a Meghan.

— O que foi? — ele perguntou alisando meu rosto.

— Nada... Eu só estava pesando...

— No que?

— Austin... Está tão recente. Você pode ainda gostar da Meghan e não sentir nada por mim, a não ser atração.

— Esse é seu medo? Isso que faz você fugir de mim?

— Bom, antes era um dos motivos além de você ser meu chefe. 

— Não se preocupe com isso, Alice — ele apertou minha mão — Eu não sinto nada pela Meghan, nada mesmo.

Meu peito inflou de alegria. Mas do que isso adianta? Eu ainda tenho que terminar com ele.

— Canta pra mim — pedi. Ele riu.

— Me mostre o país das maravilhaaas, minha Alice — ele cantarolou. Eu gargalhei.

— A quanto tempo você está esperando para usar esse trocadilho comigo?

— Acabei de inventar — disse orgulhoso.

— Canta pra mim a nossa música. — ele riu.

— Porque tudo de mim. Ama tudo em você. Ama suas curvas e todos os seus limites. Todas as suas perfeitas imperfeições. Dê tudo de você para mim. Eu te darei meu tudo. Você é o meu fim e meu começo. Mesmo quando perco estou ganhando. Porque te dou tudo de mim. E você me dá tudo de você oh.

Eu só fiquei ouvindo aquela bela voz, de olhos fechados. Ele fazia carinho nos meus cabelos.

 

Continua...