História Hearts On Fire (Vernon imagine) - Mãe?

Abri o portão da entrada que dava para o pátio e algo me parecia estar errado, aquele sedã preto estacionado em frente à minha casa não era algo comum, mas deixei essa ideia de lado quando vi o carro de meu pai estacionado ao lado. Fiquei feliz por saber que ele estava em casa depois de tanto tempo fora, isso fez com que eu corresse em direção a porta e a abrindo ligeiramente. Mas o que vi quando cheguei até a sala fez meu enorme sorriso desaparecer.

Ela estava ali, sentada categoricamente no sofá macio de minha sala, estava mais velha com toda a certeza, agora seus cabelos eram curtos batendo na altura dos ombros e tingido de preto mas suas feições continuavam as mesma e seus olhos continuavam com o mesmo tom esverdeado que eu me recordava. E ah, eu nunca esqueceria da cor deles.

Continua...

(...)                                                                                                

Eu não acreditava no que via a minha frente, aquilo só poderia ser uma miragem ou provavelmente eu estava ficando louca.

Ela não podia estar viva, em hipótese alguma, eu chorei sobre seu caixão, eu vi quando ele foi abaixado lentamente pela cova enquanto pessoas jogavam flores brancas e minha família se despedaçava observando aquela cena, vi quando o coveiro tapou a cova e o pior, eu carreguei a culpa de sua morte por vários anos.

-Minha filha a quanto tempo. – Ela levantou-se e caminhou em minha direção com os braços abertos e um sorriso falso nos lábios.

Se ela estava esperando um abraço, lágrimas de felicidade e perdão, ela poderia esperar pelo resto da sua vida (irônico não?) que isso não iria acontecer.

Me desviei de seus braços, se ela havia voltado só havia um único motivo plausível! E ele se chamava dinheiro.

Lembra que falei para vocês que minha mãe nunca havia gostado realmente de meu pai? Ela só permaneceu todos aqueles anos com ele pelo fato de ter o que quiser em um estralar de dedos.

-Mas o que está acontecendo aqui? – Perguntei olhando para meu pai que simplesmente abaixou a cabeça antes de começar a falar.

-Você sabe que sua mãe capotou o carro? - Ele falou e eu apenas assenti esperando o restante da explicação. – Acontece que alguém a encontrou e a levou para um hospital, ela ficou em coma por vários meses e acordou sem lembrar-se de nada, não sabia quem era, onde estava ou se tinha um família, e segundo ela essas lembranças só voltaram a pouco tempo, então ela reuniu coragem e veio atrás de nós.

Ao terminar de escutar aquela “explicação” dei um risada irônica e dei de ombros me dirigindo ao meu quarto.

-Querida me escuta. – Minha mãe, ou melhor a mulher que me deu a luz falou e eu apenas queria enfiar algo em sua boca para nunca mais precisar escutar aquela voz irritante.

-Escuta aqui você! Eu não tenho mais doze anos, não vou tentar te agradar e fingir ser a filha perfeita para conseguir um pouco do seu amor, olhe bem para você, você nunca amou e nunca iria amar alguém de verdade, quem em sã consciência forja a própria morte? Mas que merda você tem na sua cabeça? Você sabe como papai ficou? E a vovó? E eu? Que passei anos sentindo o peso da culpa sobre meus ombros, pensando “e se eu não tivesse insistido tanto para ela estar lá, talvez hoje ela estaria viva”, mas agora eu percebi, você só serve para usar as pessoas, não se importa com elas e sim com você mesma, não quero ouvir suas desculpinhas baratas e também nunca mais quero te ver em minha frente novamente, me faça um favor e suma daqui para sempre, as coisas estavam melhores quando você estava morta. – Falei e subi em direção as escadas batendo forte a porta do meu quarto, mostrando que eu estava mais do que brava e que nenhum dos dois deveriam me incomodar.

As primeiras lágrimas começaram a cair assim que eu me joguei em minha cama. Isso não pode ser real, se ela realmente havia voltado eu só poderia esperar uma coisa.

PROBLEMAS

E é exatamente isso que eu estou tentando evitar. Não sei se vocês conseguiram entender das explicações passadas, já que eu nunca fui muito boa com isso, mas vou tentar explicar para vocês da melhor forma possível.

Minha mãe nunca foi o tipo de pessoa que se contentava com pouco, desde adolescente ela não se importava com o fato de ter que passar por cima de algumas pessoas para chegar aonde ela queria, mas mesmo assim ela nunca se sentia satisfeita.

O casamento de meus pais não aconteceu por amor e sim por interesse, ela viu em meu pai mais uma forma de ter tudo o que ela queria, para ela, ele era só mais uma carteira, mais um peão em seu joguinho e eu fui apenas mais um dos erros que ela cometeu.

Desde pequena eu sempre tentei mostrar que era a melhor, que era alguém boa o suficiente para merecer seu amor, mas eu era ignorada como se não existisse, praticamente fui criada por babas e minha avó, até comecei a praticar ballet para tentar chamar sua atenção já que ela sempre fora um ótima bailarina.

Mesmo assim, eu me esforcei, erámos uma família perfeita aos olhos de todos, uma pai médico, uma mãe atenciosa e uma filha perfeita, mas aos meus olhos erámos uma família quebrada, uma pai que vivia trabalhando para pagar os gastos de sua mulher, e que preferia dormir em seu consultório ao invés de passar as noites em claro discutindo por besteira, uma mãe totalmente horrível e uma filha que fazia de tudo para ser notada.

Quando finalmente consegui aquela merda de solo eu fiquei realmente feliz, não porque eu iria realizar o meu sonho ou porque amava dançar, vamos falar a verdade eu odiava ballet, odiava aquelas garotas competitivas e de nariz empinado que passavam por cima de qualquer um por quinze segundos de notoriedade, e se é para falarmos a verdade por algum tempo eu até cheguei a ser como elas.  Mas voltando ao assunto, eu fiquei realmente feliz por ter conquistado aquele solo porque realizaria o sonho que minha mãe nunca conseguiu realizar, eu dançaria para centenas de pessoas e para vários olheiros de escolas conceituadas de dança de NY.

Mesmo assim tudo o que consegui dela foram o desprezo e a ignorância, e ela apenas apareceu lá naquela noite por insistência de minha avó.

Depois de todo aquele episódio ter me mudado para a Coreia foi a melhor coisa que poderia me acontecer, eu tinha amigos maravilhosos que me apoiavam e que estavam sempre ao meu lado e tinha Vernon.

E agora como se fosse ironia do destino, aquela mulher cai de paraquedas no meio da minha vida para me incomodar. Mas eu não sou mais aquela menininha idiota e carente de atenção que ela conheceu, se ela tentar algo contra mim vai dar com a cara na porta, eu não vou ser enganada novamente.

Vocês acham que aquela desculpa esfarrapada de perda de memória me enganou? Vocês devem achar que eu sou um filha horrível, mas se conhecessem ela como eu conheço acreditariam em mim sem nem mesmo hesitar, a única coisa que ela causa é problemas e a única coisa que ela quer é poder, dinheiro e status.

E vocês podem ter certeza que eu vou fazer o possível para mantes ela o mais longe que eu conseguir de mim e das pessoas que eu amo.

Krystal POV OFF

MÃE DA KRYSTAL POV ON

De fato, convencer meu marido foi mais fácil do que eu havia imaginado, ele continua o mesmo idiota de sempre e como sempre foi, ele continua em minhas mãos e não vai ser dificuldade alguma tirar tudo o que eu quiser dele.

Oh meus Deus coitado, vou quebrar seu coração uma segunda vez. E quebraria uma terceira se assim fosse necessário.

Acontece que eu cansei de enganar os idiotas milionários de Londres e resolvi que seria ótimo das um oizinho para minha “querida” família e é claro, arrancar umas centenas de dólares daquele bastardo que eu chamei de marido por tanto tempo.

Certo que Krystal não ter corrido para os meus braços quando me viu foi uma surpresa, ela sempre fora uma indiotinha submissa quando menor, igualzinha ao seu pai, mas o fato de ela ter me afastado só mostra uma coisa: Ela está cada vez mais parecida comigo quando tinha 17 anos.

Então traze-la para o meu lado não será algo de extrema dificuldade, e talvez isso se torne mis divertido do que eu achei que seria.

MÃE DA KRYSTAL POV OFF