VIOLETTA
Nós estávamos no carro, indo para a tal fazenda que o León falou que me levaria. Eu me pergunto se ele tem algo contra dirigir devagar, eu o encarei, enquanto o mesmo prestava bastante atenção na estrada vazia, ele parecia tenso por algum motivo, queria saber, mas era melhor não perguntar.
-Durma, se você estiver cansada. Vamos demorar para chegar. - falou sem me encarar, assenti brevemente e ele me encarou por um curto período de tempo, antes de voltar a prestar atenção na estrada.
[...]
MADAME HAN
-Então, quando ela vai se divorciar dele? - escutei a minha irmã perguntar e eu abaixei o pequeno espelho na minha mão, encarando-a incrédula.
-Abaixe sua voz! - reclamei, ali não era lugar para falarmos nisso. Aquele clube de tênis era repleto de milionárias fofoqueiras e eu não queria que nenhuma descobrisse sobre mim.
-Ouça-me, para fazer o melhor processo de um divorcio... Eu sei de algumas pessoas que podem arrumar algumas boas fotos. Eu vou apresentar eles para você. - falou tomando um pouco da sua bebida.
-Mas tecnicamente, eu era a sua amante. - resmunguei encarando o horizonte.
-É, mas você deu a luz ao filho dele. - replicou e eu a encarei curiosa.
-Ah! Então é assim que funciona? - perguntei e ela me deu um cartão com um número anotado. - Eu ligo? - perguntei e ela assentiu.
[...]
LEÓN
Depois de algum tempo, percebi que ela estava dormindo, com o rosto virando para mim, parecia serena, tão bonita, tão frágil. Fiquei um bom tempo a encarando, mas logo voltei minha atenção para a estrada. Depois de um longo tempo, eu cheguei no local e quanto mais eu desacelerava, ela começava a acordar. Quando parei o carro, ela olhou em volta, parecendo um pouco confusa.
-Já chegamos? - perguntou e eu tirei o cinto, ela me seguiu e saiu do carro assim como eu.
-Eu já volto.
-Vai demorar muito?
-Não sei. - respondi colocando o blazer. - Dependendo de quando começou a festa, pode demorar uns 5 minutos ou muito mais que isso. - estava me sentindo mal por não poder levar ela, mas eu não queria que ela visse o que vai acontecer quando o meu irmão me vir. - Ande pela fazenda se ficar entediada. - lembrei do meu irmão. - Cuidado com uma certa pessoa. - falei e ela franziu o cenho.
-Quem?
-A pessoa que parecer mais fria para você.
-A pessoa mais fria? - eu sorri fraco e me virei para entrar na casa.
[...]
LUCAS
Uma coisa que eu não suportava nesses norte-americanos: Eles falavam altos demais. Nem mesmo a conversa que predominava ao redor conseguia diminuir o tom de voz deles.
-Então, podemos apostar em Rangers! Definitivamente, eu vou ganhar a próxima! - ele ergueu sua taça. - Saúde! - e todos perto dele começaram a brindar. O homem de frente para mim, bebeu um pouco de seu vinho e olhou para algo atrás de mim. - Desculpe, quem é? - perguntou e eu olhei para trás, confuso, não acreditando eme quem eu vi ali, parado, nos observando. O que ele fazia aqui?
-Desculpe-me. - fiz um breve aceno com a cabeça e fui até ele.
-Irmão...
-Siga-me. - mandei indo para longe dali, sabendo que ele estava me seguindo.
[...]
VIOLETTA
Depois de um tempo parada, eu resolvi seguir o conselho do León e andar pela fazenda, que era enorme e muito bonita. Depois de andar um pouco, eu cheguei até um local repleto de macieiras, ali tinha um clima fresco e era um pouco perto da casa em que o León entrou. Eu ia pegar uma maçã quando eu vi que tinha duas pessoas um pouco mais a frente, eu me escondi atrás da macieira e fiquei encarando as pessoas. Uma dessas pessoas, era o León.
-Faz tanto tempo, irmão. - escutei ele dizer e eu fiquei surpresa. Irmão?
-Quem chamou você? Foi o secretário Lynch? - a voz do irmão dele era fria, sem nenhum pingo de emoção e eu pude ver o León ficar mal, de um jeito que eu nunca vi.
-Como tem passado? - perguntou ignorando a pergunta do irmão.
-Você foi chamado e pensou que eu poderia vir aqui? - replicou o mais velho e eu pude sentir a dor que essas palavras pesadas causaram no mais novo.
-Como não? Você está aqui. Não me importa o que você diz, porque eu podia ver... - seu irmão o interrompeu.
-Porque crianças são problemáticas. Como você pôde vir? - vi León aguentar firme cada palavra que parecia lhe atingir como um soco.
-Três anos se passaram. Estou mais alto. - ele sorriu triste.
-Isso é tudo? Isso é tudo que você tem feito nos Estados Unidos. Você devia parar aqui. Já fez mais do que devia. Vá embora. - o irmão dele foi embora e eu senti o ar pesar, saí de trás da árvore, me sentindo péssima por ele, pela primeira vez, eu quis tomar a dor de alguém, que não fosse a minha mãe, para mim. Me assustei quando senti várias gotas d'água me molharem, os irrigadores foram ligados. Ele não se mexeu, ele ficou ali, parado, encarando o chão.
Hesitei um pouco, antes de finalmente tomar a decisão de ir até ele. Ele só notou minha presença, quando eu parei de frente para ele.
-Você está bem? - perguntei e ele me encarou por um tempo.
-Não estou bem. - murmurou e eu notei seu cabelo começando a ficar encharcado.
-Você vai se molhar.
-Por que você estava escutando? - perguntou ignorando o que eu disse.
-Eu ia embora, mas você pareceu mal.
-Então por que você não me salvou? - perguntou e eu não consegui responder, ele se virou e começou a andar para longe de mim.
[...]
Respirei fundo e o encarei mais uma vez, que continuava dirigindo, prestando atenção na estrada, só que ele parecia um pouco aéreo. Ele estava mal e isso, de alguma forma, me machucava.
-O quê? - ele perguntou sem deixar de encarar a estrada.
-Está quieto demais. - respondi. - Posso ligar o rádio? - perguntei tentando não voltar naquele assunto.
-Esqueça o que viu e ouviu antes. - pediu ignorando a minha pergunta e eu deixei de encará-lo.
-De qualquer forma, tudo isso é um sonho. Um sonho de uma noite de verão. - senti o olhar dele pesar sobre mim, o que me deixou desconfortável. O que aconteceu depois foi rápido, escutei ele gritar, depois o barulho do pneu catando no asfalto e o barulho do carro batendo em uma enorme rocha.
-Você está bem? - perguntou León preocupado e eu apenas assenti, assustada demais para falar. - Fique no carro. Nós vamos estar ferrados quando o sol se pôr. - o sol já estava se pondo. Ele saiu do carro e eu tirei o cinto.
-Isso é como uma cena de filme de terror! - saí do carro, assustada e percebi que ele estava tentando ligar para alguém. Péssima ideia, estamos no meio do nada. - O que vamos fazer?
-Está sem sinal. Vamos ter que deixar o carro, coloque as coisas importantes na sua mochila, temos que encontrar abrigo antes que escureça.
-Não podemos ficar aqui? As pessoas sempre morrem quando vão para lugares que não devem ir nos filmes! "O massacre da serra elétrica", "Sexta-feira 13", "Pânico!" Você não conhece? - perguntei e ele me encarou como se eu fosse louca.
-Tudo bem, você fica aqui. - ele começou a se afastar e eu mordi o lábio inferior.
-Eu vou com você. A pessoa que sempre é deixada sozinha morre! - corri atrás dele e ele apenas balançou a cabeça negativamente. Ele parecia estar se divertindo com a situação.
[...]
Depois de mais de 1 hora andando, eu estava exausta, queria parar, meus pés estavam completamente doloridos e nada de qualquer sinal de vida por ali.
-Estou com fome. Você sabe o caminho? - resmunguei e ele me encarou com uma das sobrancelhas arqueadas.
-Não há outro caminho.
-Pode ser na direção oposta. - repliquei e ele respirou fundo.
-Vi um motel na estrada. - falou e eu me lembrei de algo. Eu abri a minha mochila e peguei um pacote de biscoitos que eu tinha comprado antes de vir.
-Vamos dividir. - falei e ele me encarou parecendo pensar um pouco, depois de um tempo, ele falou.
-Aquele seu amigo...
-Ele respondeu a mensagem? - perguntei animada e ele fechou a cara.
-Você não deixou eu terminar a pergunta.
-Termine.
-O que vai fazer quando ele ver a mensagem?
-Eu tenho que pedir dinheiro emprestado em primeiro lugar. Minha irmã roubou todo o meu dinheiro, então não tenho o suficiente para a passagem de avião.
-Eu também posso lhe emprestar dinheiro.
-Com o meu rim como garantia? Eu não tenho coragem para isso. - repliquei e ele parou de andar, eu fiz o mesmo.
-Você pode tentar.
-Confia em mim? - perguntei e ele permaneceu me encarando por um tempo... aquele olhar... ele confiava em mim. Ele virou o rosto e voltou a andar.
-Ele respondeu.
-Sério? Quando? - perguntei animada o seguindo. - Por que só disse agora? Deixe-me ver seu celular. Tem internet aqui? - ele me encarou como quem diz que eu não devia ter feito essa pergunta.
-Não tem nem sinal. Como você quer que tenha internet?
-Então, o que vamos fazer? - encarei o horizonte e vi, um pouco ao longe, uma placa de neon verde. - Huh! Veja só!
[...]
LEÓN
Quando chegamos até o motel, Violetta foi correndo para uma loja de conveniência, enquanto eu falava com o dono do lugar.
-Estamos fechados para a noite. Talvez amanhã de manhã. Você vai passar o mesmo em outros lugares. - falou e eu passei a mão na nuca. - Eu só posso reservar o trailer para vocês.
-Apenas um minuto. - eu me virei olhando para dentro da loja, vendo uma Violetta entretida com os objetos.
[...]
Quando eu a vi entrando no quarto, que eu lutei para conseguir, eu fui até a loja de conveniências e comprei 2 camisas com dizeres: "I love Califórnia", foram as únicas que eu encontrei. Entrei no trailer e vi ela perto de um sofá, joguei uma das camisas para ela e a vi ficar confusa.
-O que é isso? - perguntou encarando a camisa.
-Comprei na loja de conveniências. Use-a. - apontei para a camisa que eu usava. - Eu não vou conseguir dormir com isso. - me virei para ela e comecei a desabotoar a camisa, o que a fez ficar vermelha e em seguida virar as costas para mim, tive que me controlar para não rir. Terminei de desabotoar a camisa e a tirei, colocando a outra logo em seguida. - Se troque e saia. Temos que comer alguma coisa. - falei saindo do quarto.
[...]
VIOLETTA
Quando ele saiu do quarto, eu mordi o lábio inferior e comecei a tirar a blusa. Droga, Violetta.... Você devia ter arriscado olhar. Custava? Não. Ia cair os seus olhos? Não. É pecado? Pode ser! Mas agora eu to arrependida de não ter olhado.
Peguei a camisa e a vesti, saindo de dentro do quarto logo em seguida.
[...]
LEÓN
Agradeci quando ele pôs os pratos diante de nós, agradeci mais ainda quando ele foi embora, eu fiquei sozinho com a Violetta e isso era bom, eu podia aproveitar um pouco antes dela ir embora.
-Obrigada. - ela me agradeceu e eu fiquei a encarando, nossos olhares se encontraram por um breve momento, mas ela desviou o olhar, arregalando os olhos logo em seguida. - Olha, bebidas! - apontou para a prateleira de frente para o balcão em que estávamos. Havia todo tipo de bebida alcoólica ali.
-Você bebe? - perguntei curioso.
-Você não percebeu? Minhas mãos tremem. - ela me mostrou as mãos, mas eu só pude olhar o seu rosto, mesmo não olhando para as mãos dela, eu sabia que era mentira.
-Você é bonita. - despejei sem nem ao menos me dar conta e ela sorriu convencida.
-Eu sei. - ela começou a comer e eu permaneci encarando-a. Soltei o garfo e apoiei o meu cotovelo no balcão, apoiando o meu rosto na mão, fitando-a descaradamente. Ela pareceu perceber e começou a ficar incomodada. - Pare de me olhar se não eu vou começar a te fazer perguntas estranhas.
-Que tipo de perguntas? - eu levantei a cabeça e encarei a prateleira. - Perguntas como: Quem era aquele homem que eu vi na fazenda? - eu sei que ela sabia a resposta, eu só... queria conversar com ela.
-Sim.
-A pessoa que eu mais amo no mundo. - fiz questão de dar um duplo sentido na frase, para fazer a cabecinha dela trabalhar. - Algo mais?
-Você é...? - ela balançou a cabeça. - Não importa. - ela voltou a comer e eu sorri fraco.
-Pode me insultar, mas não insulte meu irmão. - comecei a comer e ela parou para me encarar.
-É o seu irmão mais velho. - ela se aproximou. - Então você gosta do seu... - eu a interrompi.
-Ei! - exclamei e ela se assustou, ela ia cair do banco, mas eu me levantei e passei o braço em volta da sua cintura, colando nossos corpos, deixando nossos narizes bem próximos. Eu pude sentir seu hálito e aquilo me deixou louco. Nunca desejei tanto beijar alguém como estou desejando agora.
[...]
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