LEÓN
Eu estava na lanchonete perto da praia sozinho, terminando o meu trabalho de literatura, dessa vez eu sentei em uma parte coberta com vista para o calçadão e o mar. Tudo estava bastante calmo e, às vezes, eu gostava do silêncio. Meu café estava quase intocado e mesmo assim, aquela mesma garçonete apareceu segurando a garrafa de café.
-Sobre o que você sempre escreve? - perguntou dando uma olhada no meu caderno.
-Lição de casa. Uma redação. - respondi concentrado no que eu estava escrevendo. Ela completou a minha xícara de café e respirou fundo.
-Você não parece o tipo de pessoa que faz a lição. - comentou e eu parei de escrever.
-Por isso que eu faço. É um tipo de rebelião. - expliquei e ela pareceu confusa.
-Para quem? Seu professor? - perguntou curiosa e eu a encarei.
-Obrigado pelo café. - agradeci e ela sorriu fraco.
-Disponha. - e foi embora, me deixando com o meu caderno e os meus pensamentos.
Quando estou escrevendo uma redação, eu acho que estou pensando. Algo que o meu irmão me disse para não fazer.
[...]
LUCAS
-As primeiras duas vendas trimestrais do Shopping Premium cujo público-alvo são os 10% mais ricos do mercado não está indo muito bem. - escutei um dos meus conselheiros.
-Entendi. E? - perguntei sem dar a mínima para aquilo.
-A área ao redor do shopping ainda não está completamente povoada. Vamos precisar de propaganda constante para aumentarmos as vendas... - eu o interrompi.
-Então, o que nós vinhamos fazendo era propaganda intermitente? - perguntei sem deixar de encará-lo. - Então o seu plano é gastar ainda mais dinheiro? - perguntei e vi ele começar a ficar nervoso, algo que eu herdei do meu pai foi a frieza e eu tinha orgulho disso.
-Nosso público-alvo são os 10% mais ricos. É difícil chegarmos à eles em pessoa. O seu padrão de consumo consiste... - eu tornei a interrompê-lo.
-Então nós não vamos ganhar dinheiro agora? - perguntei e ele permaneceu calado.
-Nós podemos expandir o alvo dos 10% mais ricos para algo familiar. - um outro deu a sua opinião.
-Então nós deveríamos ter aberto um parque temático em vez de um shopping premium. - rebati mantendo meu tom de voz frio. - Quando você recebeu o relatório da primeira metade do ano? - perguntei o encarando por cima.
-Há uma semana. - respondeu engolindo em seco e eu deixei de encará-lo.
-Então eu deveria ter te demitido há uma semana. Alguém mais recebeu o relatório? - perguntei e todos permaneceram calados, apenas o braço direito do meu pai teve a coragem de falar.
-O presidente também recebeu. - falou e todos o encararam.
-Ou seja, o presidente descobriu o quão incompetente eu fui há uma semana, em casa. E eu só descobri agora, embora eu venha ao escritório todo o dia? - perguntei encarando o braço direito do meu pai mortalmente. - Será que eu poderia guardar a minha incompetência só para mim? Ao menos dentro do escritório? - perguntei e eles se entreolharam.
-Se eu tivesse reportado isso, o presidente estaria aqui conosco agora. - falou o braço direito do meu pai.
-Acho que ele já está aqui. Quantos de vocês servem como os olhos e os ouvidos dele aqui? - perguntei encarando cada um.
-Para manter a fazenda, vocês devem impressionar aos que alugam a terra ao invés do dono da terra... essa é a mensagem do presidente. - falou e eu comecei a ficar irritado.
-Desde o diretor executivo, indo até o gerente da seção... Dentro do escalão corporativo, devo tentar impressionar até quem?
-O que o dono da terra acha?
[...]
LEÓN
Respirei fundo assim que perdi minha linha de raciocínio, não sabia mais o que escrever naquela redação. Botei as mãos no pescoço e suspirei cansado. Olhei para a praia e vi um rosto conhecido parado no calçadão, carregando uma mala e uma mochila. Ela parecia procurar alguém aqui dentro e parecia estar prestes a chorar. Ela pareceu encontrar quem procurava pois a aflição em rosto aumentou, segui o seu olhar até chegar na garçonete que veio falar comigo mais cedo.
Vi a decepção no rosto da morena parada no calçadão ao ver a garçonete sendo tratada como uma prostituta. A tristeza que transbordava em seu rosto me fazia querer ir até ela e levá-la para longe de toda aquela cena ridícula. Vi as lágrimas escaparem pelo seu rosto e eu fiquei mal. Apenas continuei a observando, até a garçonete vir até mim com o café gelado que eu havia pedido.
-Olha aqui, o café gelado que pediu. - falou pondo o copo de café diante de mim, ela percebeu que minha atenção estava lá do lado de fora e quando olhou, ficou surpresa. Eu a encarei e vi que ela estava pálida. A garçonete saiu do estabelecimento e foi até o outro lado da rua para falar com a garota que chorava.
-Violetta! - escutei quando a garçonete falou para a morena. - O que foi? O que está fazendo aqui? E a mamãe? Como veio para cá?
-E a mamãe? - replicou a morena parecendo irritada. - Como você pode mencioná-la agora?
-Quando você veio? Deveria ter ligado. - falou a garçonete e a morena diante dela cruzou os braços.
-E se eu ligasse? Você teria me mostrado algo diferente? Isso parece uma Universidade para você? - bravejou a morena. Eu não devia estar prestando atenção naquilo, mas eu estava preso demais.
-Quem te disse que eu trabalhava aqui? - perguntou a garçonete a morena secou as lágrimas.
-Quem você acha? O seu namorado! - respondeu e eu vi a garçonete ficar irritada.
-Você foi à minha casa?
-Sim! Eu fui! - bravejou a morena. - Você veio pros EUA para pagar pela bebida dele? O quanto era mentira? Casamento? Você conhecer um cara legal? Você indo à Universidade? - perguntou exasperada. - Você não devia ter conhecido um 'cara legal', deveria ter conhecido o cara perfeito, sua louca! - doeu quando eu vi a morena gritar e chorar com mais intensidade. Quase me levantei da cadeira onde estava sentado quando vi a garçonete pegando a mala dela, colocando a mesma no chão e abrindo-a desesperadamente. Vi uma cena que me deixou irritado, que foi ver a garçonete jogando todos os pertences da garota no chão, em busca de algo dentro da mala.
-E o dinheiro? Você trouxe? - O quê? Que tipo de retardada ela é? Como ela pode fazer isso com a irmã?
-Você está mesmo desesperada agora. - falou a morena com a voz embargada. - Estou sendo punida por abandonar a mamãe e tentar me aproveitar de vocês.
-Cadê o dinheiro? - perguntou a garçonete ainda vasculhando a mala da garota.
-Pare. - pediu a morena que estava de pé, mas ela não parou. - Eu disse para parar! - bravejou a morena pegando no braço da garçonete e levantando-a do chão. - A vida é uma droga! Você era o meu sonho! Você era minha última esperança! - exclamou a garota e a garçonete desviou o olhar. - Se a vida estivesse predestinada... eu me contentaria com um trabalho em um escritório por 2 milhões de pesos por mês depois de ir a uma faculdade de 2 anos... Por quê? Porque eu teria que me sustentar até você voltar! - bravejou e a irmã permaneceu com o rosto inexpressivo.
-Desculpe. Só dessa vez. Deixe passar dessa vez. - falou sem humor e o meu sangue ferveu ao ver ela voltar a se abaixar para continuar vasculhando a mala da garota. A garçonete encontrou um envelope na mala da garota e suspirou aliviada.
-Não toque nisso! - mandou a morena, ao que a garçonete não deu atenção.
-Volte para a Argentina. Vou ligar para a mamãe. - falou a irmã se levantando e se virando para ir embora, mas a morena segurou o seu braço.
-Não vá! Não vá! Você sabe como a mamãe conseguiu esse dinheiro? - perguntou exasperada e a garçonete não deu atenção, apenas puxou o seu braço e foi correndo para longe. - Vitória! - a morena chamou mas a garçonete não parou. - Vitória! - ela tentou correr até a irmã, mas parou na mesma hora e olhou para trás, olhou para os seus pertences no chão. Ela voltou até a sua mala, chorando, e começou a colocar tudo no chão dentro da mala, soluçando. Senti a dor daquela garota, porque, assim como eu, ela foi abandonada pela irmã. Permaneci encarando-a, enquanto a mesma chorava como se toda a sua esperança fosse jogada no lixo, foi quando Daniel apareceu e sentou de frente para mim.
-Essa festa vai ser incrível! Vamos! A Summer disse que você devia ir!
-Shh - fiz sinal para que ele fizesse silêncio e ele ficou confuso.
-Quê? - perguntou seguindo o meu olhar até a morena que guardava suas coisa na mala. - Jesus, quem é essa garota? - perguntou com os olhos arregalados. - É um anjo caído. Você está sempre um passo a frente de mim. - falou e eu continuei a encará-la, ele não percebeu que ela estava chorando. - Eu cuido do resto. Você não acha que ela tem um arma, né? Não. - perguntou e respondeu a si mesmo, saindo da lanchonete, segui ele com o olhar e percebi que ele estava indo até a garota.
-Ah! Esse idiota! - resmunguei me levantando, peguei minha carteira, tirei 6 dólares do bolso e deixei em cima da mesa, olhei para eles e vi ele abaixado para ajudar ela.
[...]
VIOLETTA
-Você está bem? - me assustei ao ver um cara diante de mim, segurando o meu tênis.
-Estou bem. Obrigada. - enxuguei as minhas lágrimas e peguei os tênis, colocando-os na mala.
-Eu decidi acreditar em Deus porque te conheci. Obrigado senhor! - ergueu as mãos para o alto e agradeceu. Ele só podia ser louco, todos aqui são assim?
-Quê? - perguntei confusa, pegando um pacote de farinha de feijão que minha mãe, inutilmente, fez para minha irmã.
-Obrigado! - agradeceu pegando o pacote das minhas mãos e começando a correr para a praia.
-Eu acabei de encontrar um ladrão? - me perguntei exasperada e me levantei. - Ei, pare! Parado aí! Ei! - gritei correndo atrás dele e ele começou a gargalhar, ele devia estar com algum problema nessa cabeça, pois achava graça de toda a situação.
-EI, DANIEL! - escutei uma voz masculina gritar ao longe, mas resolvi não olhar para trás. - NÃO SÃO DROGAS! - escutei a mesma voz masculina gritar, ele achava que aquilo era algum tipo de droga? O cara que estava com o pacote, abriu o mesmo, ainda correndo, e cheirou um pouco da farinha de feijão e eu arregalei os olhos enquanto corria atrás dele, ele achava que aquilo era pó?
-Ei! - gritei, foi quando ele parou de correr, do nada, e caiu no chão, começando a passar mal, eu me ajoelhei do lado dele com os olhos arregalados e um cara moreno de olhos verdes apareceu correndo e se ajoelhou ao lado do cara.
-Daniel! Daniel! Imbecil! Acorda! Acorda! Daniel! - o moreno chacoalhou o corpo do cara deitado no chão. - Ei! Seu idiota! - o cara no chão já estava começando a ficar roxo. O moreno olhou para mim desesperado. - Você está com o celular? Ligue para o 911. - mandou e eu balancei a cabeça negativamente.
-E-Ele não está comigo. - respondi e encarei ele por um tempo. - Você é argentino? - perguntei e ele me lançou um olhar mortal.
-Isso importa no momento? - replicou irritado. - Daniel! Daniel! Daniel!
[...]
-O paciente está em choque devido a uma alergia. Ele é alérgico a alguma coisa? - perguntou a médica para o moreno ao meu lado.
-Sim, ele é alérgico a feijão. - respondeu cruzando os braços e eu respirei fundo, ele me lançou um olhar acusador e eu me encolhi. - Quando ele vai acordar? - perguntou para a médica.
-Bem, já o medicamos. Então vamos ver. Ele ficará bem. - respondeu e o moreno assentiu. - Por favor, me siga. Você precisa preencher uns papéis.
-Sim. - falou e a médica saiu, ele ia seguir ela, mas eu parei na frente dele.
-Seu amigo está bem? - que pergunta idiota, Violetta!
-Porque você carregava aquilo? - perguntou irritado e eu arqueei uma das sobrancelhas.
-Está ficando bravo comigo? - perguntei exasperada. - Foi seu amigo quem roubou. E ele estava usando drogas! - repliquei e ele revirou os olhos.
-Ele só estava bêbado! - rebateu. - Se ele estivesse mesmo drogado, teria diferenciado comida de drogas. - falou e ri nervosa.
-Está pondo a culpa em mim? Eu sou a vítima aqui! - falei exasperada.
-Bem, sou eu quem estou tendo que aguentar a chatice. - verbalizou me encarando frio, antes de ir atrás da médica. Assim que ele saiu, um policial apareceu segurando o saco com farinha de feijão.
-Is it yours? - perguntou estendendo o saquinho para mim, pelo pouco que eu sabia de inglês, ele perguntou se era meu. Isso vai dar merda.
[...]
LEÓN
Assim que terminei de preencher os papéis, eu fui atrás da garota para me desculpar com ela, não foi culpa dela o Daniel ser meio maluco, eu não devia ter falado daquele jeito com ela. Ela não estava na sala de espera, devia ter ido embora. Respirei fundo e pus as mãos nos bolsos da calça. Resolvi sair para tomar um ar e antes que eu pudesse sair, escutei uma voz masculina que eu já escutei antes, só não me lembrava onde.
-As pessoas normalmente não comem pelo nariz, comem? - olhei para trás e vi a mesma morena conversando com um policial ao longe, que estava de costas para mim. - Qual o seu endereço? - perguntou o policial e vi ela um pouco confusa, ela não falava inglês direito.
-Quê?
-Seu endereço? - perguntou e ela pareceu entender.
-Endereço! Eu sou da Argentina. - respondeu em inglês e o policial cruzou os braços.
-Argentina? Deixe-me ver o seu passaporte. Você parece jovem. É de menor? - perguntou e ela mostrou não entender. - Passaporte? - tornou a perguntar se enchendo paciência.
-Ah! Passaporte! - ela pegou o passaporte dentro da sua mochila e deu para o policial, que ficou o observando.
-Onde você está hospedada nos EUA? Você não está aqui ilegalmente, né? - perguntou o policial.
-O que diabos ele está falando? - escutei ela murmurar. Ajudo ou não? Não seja mau, León. Respirei fundo e fui até eles.
-Está tudo bem, querida. Ela é minha namorada. Só está de férias aqui. - falei passando o braço pelos ombros dela, quando olhei para o policial, arregalei os olhos, sabia que conhecia aquela voz.
-Ei, León! Quanto tempo! - falou cínico e eu respirei fundo, eu tô ferrado! - Mas é claro que você está envolvido.
-Tanto faz! Isso não é droga mesmo. Você sabe disso. - rebati tirando o braço dos ombros dela.
-Mesmo que eu achasse que não era, agora que você está envolvido, não posso mais pensar da mesma maneira. Não acha? - perguntou ele e a morena me encarou confusa, como um pedido silencioso para que eu traduzisse o que ele estava dizendo.
-O que ele está dizendo? É algo ruim? - perguntou e eu respirei fundo.
-Olha, até recebermos o resultado, vou ficar com o passaporte da sua namorada. - ele pegou um cartão com o seu número e deu para a morena ao meu lado. - É bom você não fugir. - e com essas palavras ele foi embora.
-O que está acontecendo? Por que ele levou o meu passaporte? Quando ele vai me devolver? - perguntou exasperada.
-Quando chegar a hora. - respondi sem encará-la.
-Quando é isso? - perguntou.
-Quando for apropriado. - respondi ainda sem encará-la.
-Quando for apropriado? Por que ele levou meu passaporte? - perguntou já se irritando e eu a encarei.
-Por que você não está usando honoríficos? - perguntei e ela se encolheu.
-Achei que não se usasse nos EUA. - respondeu.
-Isso é quando você fala inglês. - falei e ela suspirou.
-Então faça de conta que estamos falando em inglês. Além do mais, vi a idade do seu amigo na ficha dele. Ele tem a mesma idade que eu. Então você também não tem a mesma idade que eu? - perguntou e eu pigarreei.
-Vamos perder tempo aqui? Onde você está hospedada? - perguntei tentando mudar de assunto. - Preciso saber onde para que eu possa te avisar quando o policial ligar. Você falou que nem ta com o celular.
-Então me dê o seu celular emprestado. Pago pelos seus minutos. Minha irmã mora aqui perto. - falou em um tom baixo, quase inaudível.
-Você acha que ela vai atender? Depois daquela briga? - perguntei ele ficou surpresa com o que eu disse.
-Você viu tudo? - perguntou com a voz baixa.
-Você não está ligando para ela, para poder ficar na casa dela, está? - ignorei a pergunta dela.
-Não é da sua conta. - rebateu. - Como eu disse , isso não é 100% culpa minha. - falou cruzando os braços. - Então você tem que me dar carona até em casa. Eu pago pela gasolina. - falou e eu arqueei uma das sobrancelhas.
-Você acha que o dinheiro resolve tudo? - perguntei a encarando. - Você é rica? - perguntei já sabendo que ela não era.
-Eu estava com medo de que você fosse simplesmente embora. - falou encarando o chão. - Por favor. - pediu e eu me senti mal.
[...]
Estacionei minha Bugatti Veyron 16.4 vermelha na frente da casa da irmã dela, estava tudo escuro e a rua estava vazia, esquisita. Ela tirou o cinto de segurança e respirou fundo, antes de abrir a porta e pegar a mala.
-Oito da manhã,meio-dia e três da tarde. Vou te ligar nesses 3 horários. Pode atender o telefone se estiver com o meu passaporte. Senão, apenas ignore. Por favor. - pediu e eu desviei minha atenção dela.
-Isso é demais. - falei sem encará-la.
-Obrigada pela carona. - escutei ela agradecer antes de sair do carro. Olhei para ela e a vi indo em direção a porta da casa, respirei fundo e permaneci ali encarando-a. Vi quando ela tocou a campainha e ninguém apareceu. Vi quando ela bateu na porta e nada. O que eu faço da minha vida? Vi ela desistir de chamar a irmã, foi quando eu tirei o cinto e saí do carro.
-Tem certeza de que tem alguém em casa? - perguntei e ela se virou para me encarar.
-Uma hora eles vão estar. - falou e eu respirei fundo.
-E você vai simplesmente esperar? - perguntei cruzando os braços.
-Pode ser que ela volte logo. - respondeu e eu arqueei uma das sobrancelhas.
-Você não ouviu falar de nada sobre as ruas nos EUA à noite? - perguntei e ela abraçou o próprio corpo.
-Pare de me assustar. - pediu encarando o chão.
-Você acha que ela vai voltar pra casa depois de fugir com o dinheiro? - perguntei e vi a magoa transbordar no seu rosto.
-Ela vai voltar. - falou. Ela preferia ter esperança, algo que eu admirava, mas ter esperança demais é sinal de fraqueza.
-Beleza, então. Espere por ela. - falei entrando no carro, lingando-o e dando partida, logo em seguida.
[...]
Você é um idiota, Leonard Vargas. Você deixou uma garota de 18 anos, sozinha, em uma rua fria e esquisita, à noite, onde todo tipo de coisa ruim pode acontecer.
-Eu sou um idiota mesmo, sempre fui, ela não vai morrer se ficar umas horas sozinha. - tentei me convencer de que isso era verdade.
E se eles não voltarem e ela passar a noite na rua, ela é bonita demais, não vai conseguir passar uma noite sozinha.
-Argh! Eu não posso deixar ela lá!
[...]
VIOLETTA
Quando eu vi o carro do moreno fugir do meu campo de visão, eu me sentei em um degrau da escadaria que dava para a porta da casa da minha irmã. Acho que o que ele me disse me traumatizou, já que fiquei olhando para tudo que era lado em busca de algo assustador, um ladrão, um estuprador ou um palhaço assassino...
-Droga, Violetta! Belo jeito de se manter calma. - resmunguei e abracei minha mochila, como se assim eu fosse afastar qualquer mal. Foi quando um grupo de caras apareceu, tentei ignorá-los, eles, com certeza, passariam por mim sem fazer nada... eu estava errada.
-Hey! What's up!? - escutei um deles dizer e eu me assustei.
-You want to come have fun with us? - escutei um outro perguntar para mim, eu não sabia o que eles estavam dizendo, mas pelo tom de voz que eles usavam, não devia ser bom. Me levantei e fui me sentar, com as costas escorada na porta.
-Hey, sucker! I didn't know we had a new neighbor! - um outro disse e eu me encolhi no lugar. Eles continuaram ali, quase me comendo com os olhos. Eles conversaram entre si, coisas que eu não entendi e começaram a ir embora.
-I love you, dear! - escutei um deles gritar enquanto ia embora e os outros riram. Quando eles foram embora, eu respirei fundo e me levantei, com medo de que eles voltassem, eu peguei minha mala e segui na direção contrária que eles seguiram, antes que eu pudesse sair de frente da casa, um carro parou ao meu lado e eu me assustei, mas logo reconheci o dono do mesmo, era ele, ele estava li, ele havia voltado. Ficamos um tempo nos encarando, eu estava tentando imaginar no que ele estava pensando.
-Quer vir pra minha casa?
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