História Heathens - Nova meta

A noite estava acabando quando Dinah decidira nos levar para um pub onde teríamos uma "conversa séria". Bom, para mim estava bom desde que eu pudesse admirar Lauren por mais tempo. 

Passara uns dias desde que começamos a nossa rotina de vigília, cada dia mais Lauren parecia abatida, continuava estonteante, porém. Não houve nenhum sinal dos vampiros desaparecidos e a equipe de buscas continua em sua procura. O príncipe e seus conselheiros também estão cada vez mais alvoroçados, essa falta de respostas está reverberando na confiança deles como líderes. 

Eu acho é pouco. 

Enfim nós quatro adentramos no pub de médio porte chamado "Pin Up", ele claramente tem a temática das belas modelos de época, as garçonetes estão vestidas como pin ups sexies e eu tenho absoluta certeza de que alguém ficou feliz entre minhas calças. A meia luz é amarela, existe um bar no começo e um bar no final do estabelecimento, à esquerda do palco pequeno, as mesas são bem dispostas e são feitas de madeira.
 

Me jogo num dos bancos perto do palco dos fundos, logo os outros tomam seus assentos na mesma mesa que eu. Dinah ergue a mão para uma das gostosas garçonetes e uma bela loira de cabelos enrolados caminha em nossa direção. Lauren, que está ao lado de Shawn, à minha frente, fulmina a garota com o olhar de uma maneira que até eu estremeço. Aquela mulher é muito quente. 

- Boa noite, bem-vindos a- A garota começa antes de ser interrompida. 

- Querida, boa noite. Eu vou querer um martini seco. - Lauren diz a olhando. 

Lauren é uma ventrue, e como todos estes sacripantas, ela tem o dom da oratória. Eles têm uma presença que irradia domínio, todos os humanos os obedecem e os outros seres tem dificuldade em não acatar seus discursos. Então, eu não me impressiono quando vejo a garota abaixar a cabeça e anotar o pedido de Lauren como se ela fosse uma rainha. 

- Eu vou querer... hm... - Diz Shawn entortando os lábios, parecendo estar numa discussão interna
Shawn demora e a garota ergue o olhar, dando de cara comigo. Eu lhe lanço um sorrisinho de canto de lábios e ela suspira encantada. 

Veja, eu não sou feia, eu tenho meus atributos. Adoro minhas curvas e acho que tenho um belo traseiro, sem contar com o meu charme natural. Eu não ganhava todas as garotas do mundo, mas também não era uma derrotada. 

- Escuta, vou querer duas cervejas, as mais geladas que você tiver. - Eu falo e Dinah assente, percebendo que pedi por nós duas 

A garota sorri pra mim e eu pisco o olho. Finalmente Shawn pede um suco de beterraba com canudinho e depois a garota sai. Dinah assume uma postura mais rígida e assim eu vejo que lá vem pedreira. 

- Harry me procurou. - Ela diz. - Estava desesperado, pediu para que eu começasse uma investigação sobre o paradeiro de Louis e dos outros, eu não me neguei, tive acesso às câmeras de toda a cidade e também aos dados dos sumidos como membros da organização... Percebi algumas coisas que acho que Liam também percebeu antes de partir.

Me endireito em minha cadeira, assim como Shawn. Lauren parece mais séria do quê nunca e isso me faz pensar que ela já sabe o que Dinah iria falar. Fico com ciúmes da inteiração das duas, mas antes que eu pudesse divagar sobre o assunto, Dinah retoma a fala. 

- Austin foi o primeiro a sumir, ele é do clã Ventrue. Desapareceu no domingo dia 30 do mês passado, ele saiu sem nenhum empregado, em busca de falar com Harry e nunca chegou ao seu destino. 

Dinah tira do bolso um bloco de notas e uma caneta, anotando no superior direito do papel os dizeres "AUSTIN MAHONE - DIA 30, DOMINGO - VENTRUE, CLÃ 7". Os Ventrue foram o último clã a se unir a Camarilla, afinal, eles se achavam superiores demais pra se envolverem, e particularmente eu acharia até melhor que eles não tivessem entrado. 

- O segundo fora Luke. Ele é o único do clã Tremere de toda a região. Mike, um amigo dele, contou que Luke estava se sentindo enfraquecido durante aquela semana e que no dia que eles deveriam ir treinar combate, Luke não apareceu. Nós sabemos que Tremeres são obscuros e absurdamente poderosos, então, se essa coisa que capturou Luke conseguiu enfraquecê-lo e captura-lo sem muito alarde... - Ela começa baixinho e eu termino: 

- Ela é poderosa pra caralho. 

De fato. O penúltimo clã a se juntar à Camarilla fora os Tremeres, eles são difíceis e absurdamente seletos, sequer se envolvem conosco, eles querem um mundo inteiro, não apenas o poder da organização, eles são magos e os poderes são incontáveis. Se algo abateu Luke, esta coisa é perigosíssima, tão perigosa que me fazia tremer na base. 

Dinah então anota "LUKE HEMMINGS - DIA 7, SEGUNDA - TREMERE - CLÃ 6" abaixo dos dizeres de Austin. Minha mente raciocina rápido e não me surpreendo quando ela fala sobre Louis. 

- O Tomlinson sumiu na terça, dia 15, segundo o próprio Harry que havia combinado de ir buscá-lo em sua casa por mensagem e horas depois encontrou apenas o vazio. Louis é um Toreador...

- Clã 5 - Shawn conclui. 

Quando ela anota as informações do namorado de Styles no papel, os padrões ficam absurdamente claros. Podia-se dizer exatamente o próximo clã a ter um membro capturado e também o dia em que aquilo aconteceria. Clã 4, Nosferatus, no quarta, dia 23. Olho para Dinah meio assustada e ela assente com a cabeça, era dia 19 e não tínhamos muito tempo para o próximo desaparecimento, se a teoria estivesse correta. Lauren traga um pouco da saliva antes de se pronunciar, porém é interrompida pela garçonete trazendo nossos pedidos. A loira sorri especialmente para mim e eu sorrio para ela, arrisco uma piscadela e quando ela sai, pelo canto dos olhos consigo ver Lauren bufando de raiva. 

- Precisamos entender porque isso está acontecendo. Aparentemente estão buscando um de cada clã dessa cidade de 8 em 8 dias. - Lauren conclui. 

- Elementar, minha cara Lauren - Shawn fala, dando um sorriso insano - Talvez isso seja um tipo de magia. 

Fecho a cara, eu não era boa com essas coisas, meu negócio era a pancadaria, nada de teoria. 

- Harry designou a nossa equipe para promover uma investigação camuflada dentro da cidade. - Dinah diz, de braços cruzados. - Ele quer que saibamos quem ou o quê está fazendo isso, sem que ninguém saiba que estamos fazendo e que isso seja antes do desaparecimento do Nosferatu. 

- Por quê? Ele desconfia de alguém de dentro da organização? - Shawn pergunta e Dinah da de ombros. 

- Bom, isso é impossível. - Eu digo - Nunca saberemos. Se essa coisa foi capaz de raptar até mesmo o Tremere, ela é esperta o suficiente pra fugir de nós. 

- Talvez seja para fugir de você, ralé. 

Ergo os olhos de Dinah para Lauren, que me insulta com escárnio. Inspiro e expiro profundamente, tentando controlar a minha ira. A fraqueza dos Brujah é entrar em frenesi com facilidade, eu não poderia fazer aquilo. 

- Mas não para mim. - Ela continua - Eu e Dinah montamos uma estratégia de investigação. 

- Que estratégia? - Pergunto juntamente a Shawn, nossas expressões antagonizando entre o entusiasmo dele e a minha profunda indignação. 

Lauren me olha e aqueles olhos me deixam um misto de calma e euforia. Sinto que poderia rasgar minha própria pele de tanta inquietude, mas ao mesmo tempo, sinto o efeito de um tranquilizante cavalar. Tudo diante daquele olhar verde debaixo dos longos cílios escuros. 

- As coisas não podem ser coincidências, brujah. Eles foram capturados por algum motivo, eles devem ter mais em comum do que pensamos, e analisando isso, podemos ir atras de tipos de processos mágicos que necessitem de vampiros com as características deles. Mas para isso precisamos que Shawn pesquise sobre rituais macabros que envolvam-nos e nossos clãs. 

- Muito inteligente, Ventrue. - Eu digo, bebo um gole de minha cerveja e lambo os lábios na frente dela - Mas tudo isso pode ser só uma coincidência para um infortúnio sem tamanho de inimigos. Lobos, talvez até mesmo os clãs que não fazem parte da Camarilla... 

- Pode ser - Dinah entoa -, mas eu fui atarefada de fuçar a possibilidade de ser. Então, vamos trabalhar nisso. Shawn, você pode ir atras desses feitiços? 

Mendes assente com ânimo e logo puxa uma fita do bolso. Ele estende o laço vermelho fino para mim e, como se fosse a coisa mais normal do mundo pede: 

- Amarre no meu dedo, assim não esquecerei. Aproveito e me lembro de organizar minha gaveta de talheres também. 

Eu rio de sua loucura, Dinah também. Lauren, pelo contrário, revira os olhos para nossa interação, e inferno... Eu acho aquele revirado a coisa mais sexy de toda a noite. 

- Eu falei com o Hazza e ele concordou em enviar uma mensagem para a organização dos Tremere, embora nós saibamos que eles irão comemorar o sumiço de Luke. - Ela suspira - Enquanto a Austin, eu mesma vou buscar por seus documentos, sem muitas dificuldades. Agora...

- Louis... - Dinah continua - É um toreador... 

Ugh. Toreadores. Os artistas. Eles são conhecidos por suas vidas levianas e totalmente chocantes. Eles buscam sentimentos e não medem esforços para sentir alguma coisa. Toreadores jovens no clã são grandes artistas, até mesmo ingênuos, mas os toreadores experientes sabem ver a arte e a beleza nas mais variadas formas de relação de serXser, digamos assim. Se nós teríamos que buscar informações sobre Louis, teríamos que procurar uma concentração de toreadores, provavelmente um antro de perdição ou até mesmo um centro de sadomasoquismo. Seria drástico. Mas... se temos que saber sobre as informações do clã de Louis, sem a ajuda visível de Harry... 

- Então nós vamos ter que ir na sede dos toreadores de Quart - Falo e passo a mão pelos meus cabelos. 

- Sim... nós vamos para o Dulce Tortura. 

Eu ouço Lauren falar roucamente o nome do estabelecimento do líder dos toreadores de Quart e sinto, definitivamente, meu membro endurecer. Inferno... Vai realmente ser uma tortura.