História Heaven (Imagine NamJoon e HoSeok - BTS) - Chapter VII

A primeira coisa que fiz assim que abri os olhos foi levantar da cama para atender o telefone. Me arrastei até a sala coçando os olhos e atendi, ouvindo a voz histérica de Jimin. Ele começou a me gritar, dizendo que eu tinha o abandonado.

Park Jimin é uma mala que eu arranjei na faculdade de dança. Quando eu não estava com NamJoon, que fazia música, e a dongsaeng, que fez recursos humanos, eu estava com o Park na sala de aula ou de dança. O menino sempre foi um fofo mas enquanto dançava era a sensualidade personificada. Graças ao universo ele sempre foi hétero. Porque se ele fosse gay ou bi ou tivesse qualquer outra sexualidade eu tenho certeza que rolaria alguns amassos entre nós.

Quando nossas faculdades terminaram, ele conseguiu uma bolsa nos EUA e se foi. Entretanto voltou agora para a Coréia e já me ligou para encher meu saco.

— Vamos marcar uma saída, hyung! — falou empolgado e eu bocejei — É bom que já te apresento a minha namorada.

— Finalmente você desencalhou! — ri, encostando-me na parede — Iremos marcar, sim. Quando você terminar de matar a saudade da sua família aí em Busan, venha para Seul, e aí sairemos para um bar qualquer para colocarmos o papo em dia.

— Ah, hyung. Ela é linda. — deduzi que ele estava falando da namorada ainda — O sorriso dela é de tirar o fôlego. Eu ‘tô tão apaixonado, hyung!

— Ya! Você está um bobo apaixonado. — comentei, ouvindo a risada do garoto do outro lado — Estou começando a ficar curioso.

Conversamos por pouco tempo, pois eu tinha o que fazer e Jimin também. Após encerrar a ligação, procurei por NamJoon, me dando conta de que ele tinha ido trabalhar em outra cidade e não tinha dormido em casa. O que me restou foi me arrumar e ir trabalhar também.

Cheguei a empresa de entretenimento pontualmente, passando em algumas áreas para desejar bom dia, chegando à minha sala logo depois: a sala de prática. Sinto um enorme conforto nessa sala. É aqui que concretizo meus passos, vôo alto e tenho paz. Não que em casa não seja assim, mas aqui é diferente. Em casa eu tenho paz também –- exceto pelas últimas semanas – e tenho meu namorado. Mas o que sinto pela dança é diferente. Joonnie me dá amor, carinho, atenção e algumas coisas a mais. É um ótimo companheiro que me ajuda a voar. Ele me apoia totalmente em relação ao meu trabalho. Já com a dança é algo inexplicável. Ela me leva à lugares altos. Por causa dela, os problemas cotidianos desaparecem momentaneamente. É muito boa a sensação que a dança me passa.

Meia hora foi o suficiente para eu organizar a sala e me aquecer. Os garotos do grupo que eu estava tomando conta da coreografia entraram no local, saudando-me e em pouco tempo começamos a praticar. Passei-lhes movimentos novos e os vi repetir diversas vezes. Como coreógrafo sou muito firme e gosto da dança perfeita, com os passos bem encaixados, então é normal que eu os mande repetir e repetir certas partes até ver do modo que quero. Aí eu sorrio, batendo palmas para eles. Criei um afeto tão grande por esses meninos.

Passei horas a fio dentro daquela sala praticando. Liberei os trainees por volta das quinze horas. Eles saíram agradecendo e totalmente cansados, o contrário de mim, que continuei no lugar praticando sozinho por mais algumas horas. Eu precisava liberar o estresse das últimas três semanas. O clima em casa está tenso demais.

NamJoon e eu estamos passando pouco tempo juntos por causa dos nossos trabalhos; nós temos chegado tão cansados que só temos tempo de comer juntos – pelo menos isso – e dormir na mesma cama. Além do cansaço, há a ansiedade, pois a dongsaeng não voltou. Mesmo depois da ameaça que meu namorado fez de ir buscá-la, ela não voltou. E eu convenci NamJoon a deixá-la pensar, ter seu tempo, decidir se é realmente aquilo que ela quer. Claro que eu estou morrendo por dentro, pois ainda estou apaixonado por ela e parece que essa paixão cresce a cada dia, deixando-me perdido em certos dias.

Movi-me de olhos fechados ao som do beat que tocava alto dentro da sala. Meus pés, por conta própria, faziam movimentos rápidos, meu corpo já não me obedecia mais, só seguia o ritmo. E nesse momento eu sentia o peso sumir. Era como se eu estivesse flutuando. Lágrimas de alívio, paixão e tristeza brotaram em meus olhos, escorrendo lentamente pelos minhas bochechas, misturando-se as gotas de suor que deslizavam desde minha testa, e morriam no meu queixo ou escorregavam pelo meu pescoço.

Toda aquela tensão estava me machucando. Meu namorado estava distante e às vezes parecia que era de propósito. A mulher por quem estamos apaixonados decidiu se manter longe e sabe-se lá o que ela está fazendo por lá. E eu não sabia como agir.

— Acho que já está na hora de ir embora, HoSeok. — o som foi abaixado antes de a voz rouca de YoonGi, um dos produtores e meu amigo, soar — Você não sai dessa sala desde às nove da manhã. E já são quase dezenove horas.

— Ah, YoonGi, deixe-me praticar mais um pouco. — pedi, dando-lhe as costas para enxugar o rosto.

— Não deixo, não. Você mal se alimentou hoje. — cruzou os braços — Acha que não percebi? Tem algo te afetando, consigo sentir. Me diga o que é.

YoonGi foi a primeira pessoa que me acolheu nessa empresa. Temos pouco tempo de amizade, mas consigo sentir que nosso laço é forte. Ele se tornou meu confidente e melhor amigo. Sempre que tenho algo pra falar, o procuro.

— As coisas em casa estão tensas, hyung. — comecei, sentando no chão e cruzando as pernas — Eu não sei o que fazer.

— Me diga como. — sentou ao meu lado e me entregou uma garrafa com água — Você e NamJoon tem brigado muito?

— Antes fosse. — abri a garrafa, levando-a aos meus lábios e virei-a, sentindo o líquido gostoso descer por minha garganta — A gente tem se falado pouco por causa do trabalho.

Comecei a desabafar pra meu amigo, que me ouvia e se pronunciava poucas vezes, mas sempre que falava, me confortava. Desabei da forma mais ridícula no ombro de YoonGi, chorando que nem um bebê que teve sua mamadeira roubada. Ele acariciava minhas costas sem jeito – o hyung não é muito de contato físico.

Meus soluços ecoavam pela sala mas eu não me importava. Não até me afastar de YoonGi e ele rir, me dizendo que eu sou uma criança que cresceu.

Suga hyung me mandou ir para casa e relaxar, despediu-se e saiu da sala, pegando o corredor. Suspirei, jogando a franja para trás e atravessei a sala, indo arrumar minhas coisas. Joguei a bolsa sobre o ombro, ajeitei o cabelo dentro do boné e dei uma última olhada no espelho, me surpreendendo com a imagem ali refletida.

— Há quanto tempo está aí? — perguntei, ainda olhando para o espelho grande da sala e virei-me — O que está fazendo aqui?

— Eu vim te buscar. — começou a dar passos em minha direção e parou bem próximo a mim, a minha frente — Cheguei cedo da viagem, tendo tempo suficiente para vir te buscar. E também eu estou com saudade de você. — seus dedos indicador e polegar seguraram meu queixo e fizeram um carinho leve antes de seus lábios selarem os meus carinhosamente. Me deixei sorrir com aquele selar simples, sentindo um arrepio gostoso percorrer pelo meu corpo — Vamos? — perguntou, deslizando seu polegar em minha bochecha, bem próximo ao meu olho.

Assenti, levando a mão a sua nuca e puxando-o para, mais uma vez, grudar nossos lábios. Com a outra mão segurei sua cintura, apertando-a e NamJoon suspirou por causa do aperto, levando suas mãos para o meu rosto, dando continuidade ao beijo lento que transbordava saudade. Os lábios antes frios agora eram esquentados pelos meus naquele contato que eu tanto sentia falta; os dedos macios acariciando minha face… ah, como eu amo ter os seus lábios nos meus.

Com calma, fomos afastando nossas bocas e colando nossas testas. Fiz carinho na nuca do Kim, mordendo meu lábio inferior de olhos fechados e afrouxei o aperto em sua cintura, enquanto ele continuou com o carinho em meu rosto. Nossas respirações estavam mais calmas mas meu coração parecia que saltaria para fora da minha caixa torácica. Sorri, fazendo com que meu lábio fosse solto dos meus dentes lentamente, e abri meus olhos para apreciar o homem à minha frente; sua boca entreaberta e com uma coloração avermelhada, os fios roxos cobrindo a sua testa ao mesmo tempo que fazia contato com a minha, os olhos fechados evidenciando que ele aproveitava o momento. Beijei sua bochecha antes de nos separar de vez e segurei sua mão, vendo-o sorrir ao ver o meu sorriso.

Entrelacei nossos dedos e caminhei para fora da sala, desligando a luz antes de fechar a porta. Caminhamos pelo corredor, chegando a recepção e em pouco tempo estávamos no estacionamento abrindo as portas do carro. NamJoon tirou a chave do bolso e encaixou-a no bloco, pôs seu cinto e só então girou a chave, acelerando aos poucos, nos tirando da área de domínio da minha empresa. Eu joguei a bolsa no banco de trás e virei o boné para frente.

Olhei para o homem que dirigia ao meu lado. Seus olhos fixos na pista, nem desviava para passar a marcha; seus lábios movendo-se automaticamente, cantarolando alguma música internacional que ele havia descoberto essa semana; os dedos dando algumas batucadas no volante no ritmo da melodia. O resultado da junção de tudo que descrevi era uma imagem linda do homem que amo.

Seus olhos encontraram os meus quando o veículo parou no nosso destino. Sua expressão curiosa deu lugar a uma expressão mais leve e linda. Pude ver seu sorriso sendo formado aos poucos e suas mãos correram para o seu cabelo, e apenas uma desceu para sua boca, tampando o sorriso. Tirei meu cinto, podendo assim inclinar-me em sua direção. Segurei sua mão, tirando-a dali, para que eu pudesse ter a imagem linda por completo.

— Não tampe seu sorriso, Joonnie. — deixei um selar simples em seu nariz e virei-me para o lado contrário, saindo do carro.

Ao abrir a porta da casa, um cheiro gostoso invadiu minhas narinas, fazendo-me sorrir. Observei que a sala estava totalmente arrumada, com direito a cortinas trocadas. NamJoon passou direto para a cozinha, deixando a chave sobre o balcão. Eu até o seguiria se não estivesse me sentindo incomodado com todo o suor já seco em meu corpo. Avisei a NamJoon que eu iria para o banheiro e assim o fiz, entrando no cômodo e ligando o chuveiro depois de ter me despido totalmente.

Eu poderia ter demorado mais se não fosse a voz do meu namorado me chamando para ir comer. Saí vestido com peças que o Kim havia deixado no banheiro para mim, e fui para a cozinha jantar. Por incrível que pareça, a comida estava maravilhosa! Não é menosprezando meu namorado, mas ele não é de cozinhar, e quando cozinha não dá muito certo. Me deliciei com o jantar, elogiando-o a todo momento, recebendo o sorriso tímido do homem de cabelos roxos. A louça suja ficou por minha conta, já que NamJoon já tinha feito tudo aquilo para mim.

Na sala, nos jogamos no sofá esparramados um sobre o outro, trocando carícias e beijos. A felicidade me bateu tão forte nessa noite!

Já estava quase dormindo no peito de NamJoon por conta do seu cafuné, entretanto despertei ao sentir um toque diferente. Um toque conhecido, porém diferente do toque do meu namorado. Levantei a cabeça e meu queixo caiu. Com pressa e quase caindo no chão, me pus de pé e encarei NamJoon, que sorria para mim, confirmando com a cabeça.

— Por que você a escondeu de mim, Nam? — indaguei, puxando a garota pelo braço e a abraçando, enchendo seu rosto de beijos — Eu estou morrendo de saudade! — segredei o óbvio no ouvido da minha dongsaeng, apertando-a contra mim, quase esmagando-a. A saudade era enorme e o sentimento de tê-la comigo depois de meses é inexplicável.

NamJoon continuou deitado, só se moveu para ajeitar as almofadas sob sua cabeça. No seu rosto o sorriso pairava enquanto ele observava a dongsaeng e eu agarrados no meio da sala.

Quando eu finalmente desgrudei da mais nova, puxei-a pelo braço para que sentasse ao meu lado no sofá, fazendo assim com que meu namorado se ajeitasse. Ela sentou entre nós dois e eu a bombardeei de perguntas, sobrando também para NamJoon que levou alguns tapas por ter escondido a garota de mim.

Ela me contou o que aconteceu, o motivo de ter se afastado, como estava vivendo em Namak… e também nos disse que quase morreu de saudade. No meio da conversa acabei por descobri que quem fez o jantar foi a dongsaeng e NamJoon só ajudou.

O tempo inteiro nossas mãos estiveram enroscadas, causando até ciúme no Kim que reclamou, só parando quando eu o puxei para um selar. Além da conversa sobre o que fizemos nesse tempo distantes – aproveitei para reclamar de NamJoon, acabando por levar também um esporro por ter sido negligente e evitado conversar com ele seriamente nas últimas semanas. Me desculpei e fui perdoado por beijinhos castos e apaixonados do meu namorado –, conversamos sobre nossos sentimentos, o que estava acontecendo com nossos corações e mentes. Tivemos uma conversa séria para nos resolvermos, para acharmos uma solução para nós.

E chegamos a conclusão de que devemos ficar juntos, morar juntos, viver juntos. Não vamos apressar as coisas até porque não há necessidade de pressa. Continuaremos a viver nossas vidas como antes, a única mudança é que agora não sentirei como se estivesse traindo NamJoon com a dongsaeng já que esse decidiu se declarar apaixonado pela garota e também por mim.

[...]

No meio do centro da cidade nós três curtíamos a brisa da noite depois de termos assistido à um filme que a mais nova insistiu para fossémos ver. Nossas rotinas estavam corridas; o grupo que tomo conta está a beira de um comeback, Joonnie está produzindo loucamente para a sua empresa e a dongsaeng trabalhava umas oito horas por dia, chegando sempre cansada. Nós três estávamos chegando cansados, tendo ao menos algumas horinhas para nós. Mas ainda assim nosso relacionamento estava indo bem, superando as minhas expectativas e o mais importante; me fazendo feliz.

— Oppas, por quê não viajamos? — a menor entre nós sugeriu enquanto tirava o moletom rosa e o jogava no sofá.

— Pensaremos nisso mais para frente, dongsaeng. — Nam respondeu bocejando em seguida. Estava tão cansado da correria que está sua vida — Quando tivermos mais tempo livre ou algum dia de folga conversaremos.

— Ah, eu queria tanto que vocês conhecessem o Brasil! As coisas por lá são muito lindas. E o pessoal é tão hospitaleiro. — a dongsaeng falou, toda manhosa e sorrindo.

— Eu prometo que nós iremos viajar para lá algum dia. — Nam confessou baixo, segurando a mão da garota — Agora eu vou dormir porque amanhã cedo DongHyuk vem me buscar para irmos para a empresa. — bocejou mais uma vez, dando um beijo na testa da mais nova e um selar demorado em seguida — Boa noite, honey. — caminhou até a mim, fazendo o mesmo ritual — Boa noite, sweetie.

A dongsaeng e eu desejamos boa noite ao nosso namorado e acompanhamos com os olhos o caminho que ele fez até o nosso quarto, cambaleando algumas vezes por conta do sono.

— Você também não deveria estar dormindo? — perguntei, abraçando-a — Amanhã cedo você trabalha, amor.

— É… mas vou aproveitar um pouquinho aqui com você. — soltou um risinho, jogando seus braços sobre meus ombros.

Minhas mãos encontraram a cintura da mais nova e as suas puxaram-me pela nuca. Nossos narizes roçaram-se um no outro, o típico beijinho de esquimó, e nossos olhos mantiveram um contato firme que falava mais que qualquer palavra naquele momento.

Não precisávamos falar, verbalizar o que estávamos sentindo. Não há mais necessidade para isso pois já nos conhecemos tão bem que apenas por gestos deciframos os sentimentos.

Nossos lábios, com calma, se encontraram, movendo-se lentamente, igualmente as nossas mãos que acariciavam regiões de nossos corpos. É incrível a forma como nos encaixamos tão bem.

— Agora eu vou dormir. — mordeu meu lábio, travessa, sorrindo em seguida — Vamos?

Assenti, segurando sua mão. Desligamos as luzes e nos dirigimos ao quarto. Na nossa cama, Joonnie dormia abraçado a um dos travesseiros. Os fios de um roxo desgastado enfeitavam sua testa.

Ao deitar-me, beijei a bochecha do meu namorado, acarinhando ali e beijei também a bochecha da dongsaeng, que deitou entre NamJoon e eu, e se acomodou. Admirei os dois até dormir, com a consciência de que o dia seguinte será cheio.