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História Heavy Days - I - Heavy Present.


Escrita por: NaneSixteen

Notas do Autor


Hey ho!!! Obrigada à você, pela leitura, <3. Espero que goste!!!
Simmmm, sou uma autora carimbadíssima no Nyah, mas só agora decidi criar minha conta no Spirit e, por enquanto, postarei apenas Heavy Days aqui.

Capítulo 1 - I - Heavy Present.


Você é assim

Um sonho para mim

E quando eu não te vejo

Eu penso em você

Desde o amanhecer

Até quando eu me deito

Velha Infância - Tribalistas.

***

Ichiraku Ramén, 14:00:

Ironicamente, Sakura era a primeira a chegar. Assumir a mais alta posição do Hospital de Konoha após a aposentadoria de Tsunade não estava sendo nada fácil. Finalmente tinha todo o reconhecimento por seu trabalho como médica-nin, mas, tinha de admitir, seus ombros pesavam toneladas e não havia passado um terço do dia.

Fazia seu pedido, um ramén de porco e legumes de tamanho grande, como o habitual. Tinha exatamente duas horas para almoçar.

— Sakura-chan! – Hinata a saudava, sorrindo gentil. A nova senhora Uzumaki sentava-se ao seu lado na mesa. Tinha cortado os cabelos na altura dos ombros.

— Ohayo, Hinata... – cansada, a Haruno se lembrava que Ino tinha marcado uma reunião feminina que, segundo ela, era “muito urgente”. _ ... Como vai o Naruto-baka? Desculpem-me por não ter visitado vocês com mais frequência.

— Tudo bem, Sakura-chan, sabemos que anda muito atarefada com o hospital. Naruto-kun também está muito ocupado ultimamente pela proximidade da Reunião Anual dos Cinco Kages. – por mais que seu tom doce e educado por natureza soasse corriqueiro, havia uma pitada de tristeza nas palavras finais da Hyuuga. Orgulhava-se de Naruto a todo momento e compreendia o quanto a Vila precisava dele, entretanto, no ano que começava, seu marido estava mais ocupado que nunca. Em seu âmago, Hinata sentia falta da presença do loiro como no início do casamento.

Captando a nota de melancolia da amiga, Sakura estava pronta para comentar algo, quando as longas cortinas do Ichiraku foram afastadas com cólera por Ino, que adentrava o recinto acompanhada de Temari. O casamento com Shikamaru e a convivência na mesma casa ao passar dos anos tinham aproximado a Sabaku da Yamanaka. O que, a princípio, era impossível pela implicância mútua de ambas.

— Ino-porca, o que houve?! – questionou Sakura, levemente incomodada pela exposição que a chegada súbita da loira gerara em direção a mesa delas.

— Ohayo, Temari-san... – amigável, Hinata cumprimentava a outra, que acenava e sentava-se tal como Ino.

— O Sai se supera a cada dia! – exclamou a Yamanaka, erguendo o braço para o balcão: _ Uma garrafa de sakê concentrado, por favor! – pediu, suspirando frustrada, o que ergueu sua grande franja clara por alguns segundos.

— Ino-chan, não está muito cedo para beber? – perguntou Hinata, um tanto assustada. Ino andava bebendo bastante, o que até a Hyuuga já havia percebido.

— Só saio daqui quando não enxergar um palmo na minha frente. – decretou a loira.

— O que o Sai fez dessa vez? – indagou Sakura, sugando o talharim em seguida. Não estava surpresa. Ino estava a queixar-se de Sai há meses.

— Deu a dose errada do remédio do Inojin. – contou Temari que, assim como Sakura, estava mais do que acostumada com o casal.

— Leva o meu afilhado lá no hospital mais tarde que dou uma olhada nele. – proferiu Sakura, dirigindo-se a melhor amiga.

— Eu não vou levar, o Sai quem vai, para aprender a dosagem certa do remédio do nosso filho de uma vez. – Ino afirmou, cruzando os braços.

— Ohayo, minna!!! – Tenten chegava e, aparentemente, estava mais animada. Será que sua loja de ferramentas enfim estava decolando com o ano novo? _ Nossa, por que essas caras? – completou, analisando as amigas e sentando-se ao lado de Temari.

— Tenho plantão até as seis da manhã e só vou sair para buscar a Sarada na Academia.  – revelou Sakura. Apontou para as suas olheiras em desagrado. O esmalte rosa choque, ademais, estava repleto de falhas.

— Eu estou bem, Tenten-chan. – Hinata tentava ser convincente. Não tinha o direito de reclamar de nada.

— Não acho, Hinata. Você disse que o Naruto está muito ocupado com a Reunião dos Kages. – opinou a Haruno, ganhando a atenção das outras.

Antes de responde-las, os olhos perolados de Hinata encararam o novo prato especial do Ichiraku. Era o ramén de Naruto que, agora, ganhava uma versão em tamanho infantil para as crianças que tinham-no como ídolo. Por um instante, sorriu. Ela fizera inúmeros bolinhos de arroz com a face do loiro desde muito pequena.

— Sim, mas é um compromisso muito importante para a Vila. – justificou a Hyuuga, branda. Lembrar de seus momentos com Naruto a ajudava.

— Naruto pode ser o Hokage, mas ainda é seu marido. A quanto tempo não transam? – Ino se manifestou, fazendo Hinata estremecer no banco.

— I-Ino-chan... – corava, pelo novo rumo do assunto.

— A porca-invasiva tem razão, não vejo você e o baka juntos desde o aniversário do Boruto. – Sakura lembrou.

— Com quem deixou a Himawari para vir nos ver? – Ino tomava a palavra novamente.

— Com meu otousan, mas eu não poderia deixa-la com ele as tardes, mesmo se o Naruto-kun conseguisse uma folga. Meu otousan está com a idade muito avançada. – informou Hinata.

— Naruto e você precisam passar um tempo juntos. – a Yamanaka afirmava.

— Se quiser, Hinata, eu posso ficar com ela alguns dias. – Tenten se oferecia. _ A loja não está dando movimento de novo.

— Então por que está tão feliz? Está saindo com alguém? – Ino não dispensava a expressão maliciosa.

— Kiba-kun me disse que jantaram. – Hinata sorria. Seu laço com Kiba e Shino era muito forte. O Aburame tinha inúmeras missões como jounin e o Inuzuka inúmeros animais para cuidar, mas viam-se quase todas as manhãs por passarem pelo mesmo caminho. Ela levava Boruto a Academia, Kiba passeava com os filhotes de Akamaru e Shino encaminhava-se a diferentes lugares por ali.

— Não, não estou saindo com ninguém. É que hoje acordei melhor, apenas isso. – explicou a Mitsashi, desviando o olhar. As cinco sabiam como ela, apesar dos vários anos da morte de Neji, ainda sofria. O nome do Hyuuga, inclusive, era raramente pronunciado diante dela por toda turma. _ E... Com o Kiba, foi só um jantar, gente. – quebrava o clima. A verdade, todavia, era que ela não tinha permitido passar somente de um jantar. Adorava Kiba, eram bons amigos, mas o comportamento dele era... Alegre em demasia para seu gosto.

— Pode mesmo ficar com a Himawari? – Hinata, compreendendo o porquê de provavelmente Tenten não ter dado esperanças a Kiba, não dera chance para algum comentário de Ino.

— Claro! Eu tenho muita afinidade com crianças, não é, meninas?

Temari levava uma das mãos ao pescoço, desconfortável. Há algumas semanas, ouvira por acaso Shikadai dizer a Inojin que ela não conversava muito com ele e que acreditava que sua mãe não saberia lidar com ele no futuro, quando tivesse uma namorada. Nos primeiros minutos, teve vontade de invadir o quarto do loirinho e perguntar que história era aquela de namoradas futuras, no entanto, seu filho estava certo. Ele estava crescendo e, repentinamente, as coisas estavam ficando cada vez mais árduas. Era uma mãe completamente deslocada.

— O que houve, Temari-san? – Sakura tomou a liberdade de perguntar mediante as reações da outra.

Normalmente não diria suas inseguranças a elas, mas tinha de fato feito amigas em Konoha. Amigas que nunca se quer imaginara ter em Suna um dia.

— Não sei como me aproximar de Shikadai... – emitir um suspiro foi inevitável.

— Bobagem, Temari. Nessa idade eles se afastam por conta dos novos amigos. – Ino disse, sendo seguida por Sakura:

— Com garotos é mais difícil, não é, Hinata?

— Sim... – meiga, ela prosseguiu: _ Boruto está cada dia mais agitado.

Rindo, Tenten acrescentou:

— O Boruto é agitado, Hinata. Passa como um furacão na minha loja sempre que quer dangos.

— Shikadai puxou o pai. Conheço o Shikamaru a vida toda, e na idade do Shikadai ele mal falava conosco. Tinha preguiça de gastar energia à toa conversando. Isso foi mudar quando começamos a treinar com o Asuma-sensei. – Ino analisou, segurando a mão da cunhada adotiva.

Mas a conversa não mais fluiu. Um dos muitos clones das sombras de Naruto adentrou o restaurante, parando animado diante da mesa.

— Naruto-kun? – Hinata ganhava um carinhoso beijo na bochecha do clone, que erguia uma das mãos ao alto para anunciar: _ Sasuke será solto em dois dias!!!

Os hashis de Sakura caíram ao chão. Dois dias? Dois... Dias?! Os olhos de todas estavam na rosada, que afastou o restante de seu ramén e se levantou.

— Meninas, me desculpem, mas tenho que ir.

***

Distrito Nara-Yamanaka-Akimichi, 15:30:

Temari voltava sozinha para casa já que Ino havia decidido beber por tempo indeterminado no Ichiraku. As sandálias pretas da Sabaku mal faziam barulho sobre a entrada de madeira do grande Distrito. As três famílias, após a morte de Shikaku e Inoichi na Guerra, haviam unido seus distritos e formavam praticamente um clã único. Porém, devido aos desentendimentos de Shikamaru com sua mãe, Ino e ele tinham concordado, antes dos noivados com Temari e Sai, em morar juntos. Nos primeiros meses, as duas loiras brigavam diariamente pelas personalidades bem distintas, mas após a gravidez de Shikadai e em seguida de Inojin, ficaram mais unidas do que nunca. Sua sogra, a partir do período de gestação, tinha se aproximado bastante e ela e Shikamaru, sem dúvidas, seriam um fracasso como pais de primeira viagem sem o auxílio da senhora Nara.

Parou. Por toda infância e adolescência fora muito independente, não precisando muito das cuidadoras contratadas por seu pai e, posteriormente, pelo Conselho de Suna até o treinamento com Baki. Não tivera sua mãe para aconselha-la como lidar com tarefas domésticas e, por consequência, era um desastre na cozinha. Ino era a encarregada de preparar o almoço e, talvez, Shikadai conversasse mais com a tia de consideração.

Sentia falta de sua mãe todos os dias, mas com o crescimento acelerado de seu filho na puberdade a ausência em seu peito tornava-se maior. O que, se sua mãe estivesse viva, lhe diria?

— Yo, Temari! – todos os fios de seu cabelo arrepiaram-se de susto e automaticamente uma de suas mãos apertara o leque que carregava consigo. Tempos de paz não eram tempos sem prevenção.

Virava-se, identificando os irmãos. O que faziam em Konoha?

— Kankuro? Gaara? – perguntava, confusa.

— Yo! – Shikamaru deslisava a grande porta da casa que moravam, saudando-os. Soubera a pouco, por Naruto, que Gaara estava na Vila. _ Entrem. – convidou, deixando claro com seu olhar que não sabia o motivo da visita assim como ela. Sempre foram opostos, mas a ligação silenciosa que tinham era tão particular que, desde que a conhecera no Exame Chunnin, soubera que ela era a maior problemática que tinha topado na vida.

Correndo, Shikadai passava por todos, perguntando:

— Pai, cadê a tia Ino? Estou morrendo de fome.

— Posso fazer um chá. – Gaara se ofereceu, estendendo a mão ao sobrinho, que aceitou e o puxou porta adentro. O nascimento de um bebê na família fizera o atual Kazekage desenvolver coragem suficiente para interagir com crianças.

Temari levou a mão direita a testa. Shikadai nunca aprenderia a tratar Gaara com formalidade.

— E então? O que fazem em Konoha? – Shikamaru questionou a Kankuro, cruzando os braços e escorando-se preguiçosamente na parede.

— Gaara foi temporariamente afastado pelo Conselho do posto de Kazekage até a Reunião Anual dos Cinco Kages.

***

Residência Uzumaki, 17:00:

Realmente, a casa de Naruto e Hinata tinha um lindo jardim, repleto de camélias, lírios e margaridas. Impressionada, Tenten se perguntava como Boruto ainda não tinha pisado nas flores ou derrubado os muitos vasos decorados. O garoto era a personificação de Naruto quando mais novo. Não, estava errada. Era muito mais enérgico que o pai. Passara mais uma vez quase voando por sua loja para pedir um dos dangos que diariamente comprava para oferecer aos clientes e, claro, ficar com alguns. Dangos eram seus doces prediletos e os de Boruto também.

— Tenten-chan! – Hinata a recebia acompanhada da pequena Himawari, sorridente.

— Vim buscar essa lindinha. – abria os braços e abaixava-se para o abraço da caçula do casal, que já estava com a mochila alaranjada nas costas. _ Boruto me disse que ele, Sarada, Chouchou e os garotos vão dormir na casa do Chouji.

— Sim... Por isso veio buscá-la mais cedo? – Hinata perguntou, recebendo uma piscadela de Tenten.

— Assim vocês terão mais tempo.

— Arigatou, Tenten-chan. – contente, Hinata virava-se para a filha: _ Comporte-se. – despedia-se com um beijo na bochecha.

— Vamos? – Tenten deu a mão à Himawari, que proferiu um “Hai!” entusiasmado. Era a primeira vez que dormiria com a “tia” Tenten.

Hinata acenava para ambas, que atravessavam o portão e mudavam de calçada.

— E então? Onde quer ir? Podemos ir ao parque, o que acha? – Tenten indagou, já pensando em muitas opções de passeio antes de irem para sua casa.

— Na verdade... Eu gostaria de ver o titio. O papai está muito ocupado e não vamos ver o titio há um tempo... – aquelas palavras inocentes, certamente, pegaram a Mitsashi de surpresa. Os lábios se abriam para nada dizerem. _ Minha mãe disse que meu nome é uma homenagem ao tio Neji. Ele gostava de girassóis, sabia?

— S-Sim, eu sabia. – sorria tristemente. Ela, mais do que ninguém, sabia como Neji gostava de girassóis e detestava abóboras. Ergueu a cabeça, não deixaria a tristeza invadir aquela noite. Cuidaria de Himawari como o Hyuuga faria. Seria a noite mais divertida e especial de todas. Olhou para a garotinha que evitava pisar nas linhas entre as pedras da calçada. _ Você sabia que eu fui companheira de time do seu tio?

— Não, como ele era como ninja? – interessada, Himawari apertou a mão de Tenten, que imediatamente respondeu:

— Um gênio.— uma ideia invadia sua mente de maneira avassaladora: _ Poderíamos passar a noite na casa dele e arrumar tudo por lá, o que acha?

— Sugoi! – os olhos de Himawari brilharam pela aventura. No entanto, logo expressaram desânimo: _ Mas a mamãe disse que está trancada e o vovô não tem a chave...

— Eu tenho.

Era a única que tinha.

***

Hospital de Konoha, 18:30:

Sakura escorava-se em um dos armários de medicamentos no corredor. As mãos quentes da rosada entravam em contraste com o objeto inanimado e frio. Não conseguia pensar direito e até Sarada tinha notado sua evasão ao busca-la e leva-la a casa de Chouchou. Ele, após onze anos, tinha cumprido sua pena no exílio Anbu. Não sabia o que faria... Não sabia como lidaria com o contato inevitável que teria com ele devido a filha que tinham... Não sabia de mais nada.

Era como um tornado violento que atingia sua vida. Mais uma vez. Sasuke sempre chegava fugaz e deixava incalculáveis estragos em seu coração. Sentia vontade de estapeá-lo e quebrar toda Konoha quando topasse com o Uchiha. Por quê? Era o termo que percorria sua mente toda vez que ele ia e vinha como uma catástrofe em sua sanidade.

Todos já sabiam, pelos telejornais da Vila, que ele seria solto em dois dias. Dois dias torturantes. Dois dias que não pregaria os olhos. Dois dias que colocariam seu corpo em alerta para a chegada do “Efeito Uchiha”. Sarada o visitava com frequência, mas não contava muito sobre seu pai, além de seu estado de saúde que, segundo ela, não ia muito bem. Tentava não se importar e não questionar nada mas, internamente, torcia para que Sasuke recuperasse sua forma rapidamente. Uma aparência fraca definitivamente não combinava com o mesmo.

Levou as duas mãos aos cabelos, colocando as mechas em seu rosto atrás das orelhas. Tinha muitos pacientes em observação para cuidar. Tinha de ser profissional até o término de seu plantão... Quem queria enganar? Sua cabeça latejaria por dois dias. Ou mais. Muito mais. Lembrava-se das informações que tinha pelos amigos desde que ele deixara-se ser preso quatro semanas após descobrir que estava grávida de Sarada. Não o vira nenhuma vez depois disso.

“Sasuke se soltou da camisa de força e quase arrebentou as grades de chakra da cela ao saber do nascimento de Sarada e que você não queria vê-lo”, soubera por Naruto.

“Naruto-kun disse que o Sasuke não está bem, Sakura-chan, deixe que ele veja Sarada, ela já tem idade para visitá-lo”, Hinata certa vez lhe pediu.

“Desde nossa luta no Vale do Fim, não tinha o visto chorar. Ele precisa de visitas regulares da Sarada”, Naruto usara de sua posição de Hokage para exigir as visitas contra sua vontade.

“Soube que o Sasuke-kun será solto ano que vem, testuda”, tentara ignorar as palavras de Ino.

“Que bom que veio visitar seu velho sensei...”, levara Sarada para conhecer Kakashi, porém, toda a visita girara em torno de Sasuke, por mais que evitasse; “Já sabe fazer o Chidori?”.

A Haruno escorregou até o chão como uma adolescente que acabava de ser rejeitada por um pretendente. Tudo mudaria em dois dias.

***

Distrito Nara-Yamanaka-Akimichi, 19:10:

Aproveitando a saída de Gaara para levar Shikadai a casa de Chouji, Temari e Shikamaru encaravam Kankuro na sala esperando respostas mais claras. Perguntar a razão de algo sério como o afastamento do posto de Kazekage perante o ruivo era sinônimo de explicações vazias da parte dele. E fora justamente uma explicação vazia que Gaara dera: “tenho estado um pouco cansado, só isso”.

— Kankuro, seu baka! Conta logo antes que ele volte! – Temari retirava do prato a rosquinha caramelada que o mais velho estava prestes a pegar.

— Seu carinho fraternal por mim não muda apesar dos anos... – sarcástico, o Sabaku dava-se por vencido após o furto da rosquinha. Shikamaru, vacinado ao jeito da esposa, sussurrou um “problemática”. Seu cigarro também fora retirado de seus dedos para que prestasse atenção na conversa. _ ... Gaara voltou a ter insônia de sempre e os velhos do Conselho ficaram sabendo e resolveram afastá-lo.

— Como essa insônia voltou? Ele estava dormindo bem e tomando os remédios! Não me diga que ele parou de tomar? – Temari se desesperava, não esperava tal conduta do irmão.

— Ele não parou, mas os remédios não estão fazendo efeito mais. Devíamos ter vindo à Konoha para procurar a Sakura há um mês, mas Gaara não teve uma trégua nos compromissos e os médicos de Suna não estão no nível dos de Konoha e vocês sabem. Gaara tem se esforçado para aumentar a preparação deles, mas é um processo chato e lento por que precisa da autorização dos velhos para tudo. – explicou Kankuro.

— Como eles ficaram sabendo? – Shikamaru interrogou, já tendo hipóteses em mente.

— Gaara chegou um dia muito estressado, teve uma discussão com um deles e em três dias já tinham feito uma reunião solicitando o afastamento dele para se recuperar. – respondeu Kankuro, somando: _ Ficaremos aqui até a Reunião. Se ele não melhorar não quero imaginar o que pode acontecer.

— Sakura está muito ocupada no Hospital para acompanhá-lo diariamente, além disso, Sasuke será solto depois de amanhã. Mas certamente ela vai atender Gaara quando puder. O quão grave está essa insônia? – Shikamaru analisava os fatos.

Temari suspirou, reconhecendo a expressão de Kankuro. Aquilo era péssimo.

— Está no nível de quando ele era um Jinchuuriki? – Shikamaru arriscou, observando Kankuro concordar e Temari esmagar a rosquinha e receber um olhar incrédulo do outro. _ Bom, Ino é uma médica-nin muito boa. Avisamos Naruto para não a colocar em missão enquanto estiverem aqui.

— Amanhã falamos com ela. – Temari falou, despertando a curiosidade de Kankuro:

— A loirinha não vai voltar para casa hoje? E o marido dela?

— Estão brigados. De novo. Ela não tem hora para voltar. – Shikamaru informou.

***

Residência Uzumaki, 23:00:

Hinata escovava cuidadosamente os cabelos. Havia feito alguns cachos na ponta com um aparelho moderno que comprara junto de Tenten há um mês. Sorria para si mesma, para seu reflexo radiante e delicado. A longa camisola azul clara continha detalhes em renda branca. Estava guardada no armário há tanto tempo! O decote em “v” era comportado, porém, o tecido era repleto de transparências. Em segundos encarando-se, sentia seu rosto esquentar. Naruto chegaria em dez minutos... Ergueu-se da banqueta baixa e permitiu-se sentar à beira da cama que dividiam. Ele mexia-se muito, mas ela mal se movia e, de alguma forma, aquela cama adaptava-se ao espaço dos dois. Ou melhor, ao espaço de Naruto e seus sonhos malucos.

Riu, analisando seus dedos por um instante. Costumava batê-los sempre que sua timidez sufocava-a. O número de desmaios na presença de Naruto eram incontáveis. Hoje, mãe de dois filhos do loiro e há muito não mais virgem, não batia os dedos ou desmaiava. Entretanto, no dia de seu casamento e na lua de mel, tivera de se segurar para não perder os sentidos. Foram dias inteiramente felizes, que... De fato... Jamais esperara tornarem-se realidade. Seguia os passos de Naruto desde muito nova, era sua sombra pacata e pronta para arriscar-se por ele.

Somente ele era capaz de despertar tamanha coragem nela. Somente ele era capaz de aquecer seu coração com seu jeito atrapalhado, mas brilhante. Gostava de observá-lo de longe, escondida. Agora tinha o privilégio de observá-lo a centímetros de si, todos os dias. Seus lábios curvavam-se no mais belo dos sorrisos, até seu pergaminho eletrônico receber uma nova mensagem:

“Chego assim que o sol despontar, Hinata. Não precisa esperar toda a noite por mim, tenho duas pilhas de missões gennin e chunnin para autorizar. Bom sono, aishiteru, =^o^=”.

Ele sempre assinava com aquela carinha, era a que haviam inventado juntos. Abaixou a fronte, encarando as tábuas do chão do quarto. Sentia-se egoísta e culpada por desejá-lo perante todo o trabalho que ele estava tendo ultimamente.

***

Distrito Nara-Yamanaka-Akimichi, 01:00:

A grande porta era deslizada sem cerimônias. Ino já retirava suas sandálias e deixava-as ali mesmo, ao lado das almofadas no tapete nude, em estilo japonês. Sua bolsinha de ferramentas, presa no alto da perna direita pelas ligas de sua calcinha, era jogada na mesinha de centro. Não via os objetos com nitidez, o que era um perigo iminente para alguém como a loira, mestre em colidir com a quina dos móveis e acumular arroxeados que, muitas vezes, nem se lembrava de onde e como tinha adquirido. Levou as mãos pelo elástico que mantinha-lhe o rabo de cavalo ainda bem feito, soltando os longos fios sedosos. Passava pela porta do quarto de Shikamaru e Temari, adentrando o seu, logo ao lado.

Acendeu as luzes sem rodeios, estava muito irritada com Sai. Porém, seu marido não estava deitado sobre a cama de ambos. Em vez de seu corpo adormecido, um pergaminho escrito à tinta tomava seu lugar nos lençóis. Furiosa, pegou o papel. Aguardou até que sua vista se focasse nas letras bem alinhadas, sensíveis. Aquela sensibilidade inicial parecia desintegrar mais a cada dia.

“Ficarei fora por cinco dias numa missão com a equipe Anbu. Passei a tarde com Inojin no Hospital e lhe asseguro que não errarei a dose do medicamento de nosso filho novamente. Não chegarei a tempo do aniversário dele, mas já conversamos e sei que você fará uma boa festa. Meu presente já está com ele. Guarde-me um pedaço de bolo, chego no dia seguinte. Sai”.

Ele não costumava dizer-lhe frases carinhosas, era ameno e fechado, temperamento que fora herdado por Inojin com sucesso. Em contrapartida, ela era expansiva e aberta o suficiente para amassar o pergaminho e soltá-lo. Era o segundo aniversário do filho deles que Sai não compareceria devido a uma missão de última hora. Respirou fundo, nem Naruto, sendo o Hokage, faltava nos aniversários de Boruto e Himawari. Inojin e Sai tinham uma estranha relação silenciosa que começava a preocupa-la pela tristeza do garoto.

Sentindo uma fincada como resultado da bebedeira, Ino pretendia ir até a cozinha tomar um remédio de efeito ágil, mas parara pelo caminho, ouvindo um ruído em um dos quartos de hóspedes. Ficara sabendo no Ichiraku que os irmãos de Temari estavam Konoha, o que a poupava de invadir o cômodo pronta para capturar um possível inimigo. Encostou-se de leve na porta, para ouvir com mais precisão. Assustou-se ao reconhecer sons de vômitos. O chackra esmagador era de Gaara, mas podia senti-lo ficar instável. Sem importar-se, usou seu controle mental para forçar a fechadura. Mover objetos com o controle da mente ainda era difícil para a Yamanaka, mas fora uma das últimas técnicas ensinadas por seu pai antes de sua morte na Guerra, o que a fazia treinar sempre que podia.

Entrou no quarto iluminado apenas pelo luar, sentindo grãos de areia enrolarem-se em seus pés.

— Kazakage-sama, sou eu, Yamanaka Ino, amiga de Shikamaru. – dizia, sentindo a areia libertar suas canelas. Correu até a pequena suíte, encontrando o ruivo apoiado no mármore da pia.

— Não conte à minha irmã. – pediu o Kazekage que, nem em um insano sonho Ino imaginaria naquele estado. O peito desnudo subia e descia em uma respiração dificultosa, vacilante e aparentemente doída para ele. Notara que Gaara trajava uma calça preta simples de moletom e nada mais. Desviou o olhar e tocou-o nos ombros, sentindo o arrepio provocado nele em função do contato brusco. Concentrou uma quantidade razoável de chackra e começava a transferir a ele para que respirasse melhor.

— Vai ficar tudo bem, Kazekage-sama... Só se acalme... – proferiu a loira, recordando-se dos muitos plantões que já dera trabalhando no Hospital de Konoha até o ano passado. Era preciso demonstrar total segurança ao paciente.

***

Distrito Hyuuga, 01:30:

Cobrindo Himawari com a antiga colcha acinzentada de Neji, Tenten sorria para a garotinha, que havia a ajudado a arrumar cada cantinho da casa prática deixada pelo Hyuuga. Em meio a faxina, tinham descoberto uma cartela completa de raméns do Ichiraku, que certamente usariam no dia seguinte. Himawari ouvia, concentrada, os relatos de Tenten, que contava-lhe, aos risos, certa situação:

— ... Raiga era um espadachim, e nossa missão era salvar toda a comunidade que ele estava controlando. Mas o Lee conhecia uma senhora que tinha uma loja de curry. O curry era tão forte e apimentado que só o baka do Lee para aguentar. Seu tio e eu perdemos a cor, mas o Neji tem baixa tolerância a temperos... – parava de rir, corrigindo-se: _ ... Tinha. – voltava a sorrir para a pequena que, inocente, perguntou:

— Tenten-chan, você era namorada do titio Neji?


Notas Finais


Os capítulos serão ainda maiores, pessoal, rsrsrsrs. Irão demorar um pouquinho, mas serão bem grandes, eu prometo, <3.
Gostaram?
Para quem quiser conferir minha outra fic, no Nyah!, aqui meu perfil: https://fanfiction.com.br/u/224670/
Até, beijocas!


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