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História Heavy Days - III - Heavy Afternoon.


Escrita por: NaneSixteen

Notas do Autor


Heeey!!! Só uma pergunta: ARE U READY? <3, kkkkkkkkkk. Esse capítulo, certamente, foi um dos que mais me deu trabalho em produzir, revisar e planejar. Mas, também, foi o que mais gostei de fazer até agora aqui em HD. Espero que gostem tanto quanto eu e digam QUAL MOMENTO FOI MAIS CHOCANTE, kkkkkkkkkkkk. Spoilerzinho: terá muuuuitos, cuidado quem tem o core meio sensível, kkkkkkkk.
BOA LEITURA!

Capítulo 3 - III - Heavy Afternoon.


Mas não é que você é algo para admirar?

Porque o seu brilho é algo como um espelho

E eu não posso evitar apenas notar

Você reflete neste meu coração

Se você um dia se sentir sozinha e

A luz intensa tornar difícil encontrar

Saiba apenas que eu estou sempre

Do outro lado, paralelamente

Mirrors - Justin Timberlake.

***

Academia Ninja - 12:30:

Boruto já não mais caminhava para a Academia de mãos dadas com a mãe, Hinata. No entanto, lançava um sorriso amoroso à ela para, então, correr em direção ao portão principal da Academia Shinobi. Durante o trajeto da casa de Chouchou, onde toda a nova turma passara a noite e Hinata fora buscá-lo, o loiro contava como todos haviam se divertido. Shikadai relatara que seus tios estavam na Vila, e certamente Naruto deveria estar muito animado com a presença de Gaara. Ou… - levava um dos dedos delicados ao queixo - Será que, tão ocupado, ele estava ciente? Não lembrava-se do marido ter comentando sobre a chegada do Kazekage. Um pequeno suspiro fora inevitável por parte de Hinata.

Naruto estava distante, também, dos amigos…

Seus pensamentos pousavam, agora, em Uchiha Sasuke. Ele seria solto na manhã seguinte.

_ Ohayo, Hinata! - Sakura a saudava, colocando-se ao seu lado para observar Sarada seguir na mesma direção de Boruto. Ambas sorriam, ternas. O vento constante de Konoha, como complemento, erguia levemente as pontas de cabelo coloridas naturalmente em azul e rosa.

A princesa do Byakugan e a cerejeira tiveram seus caminhos cruzados mais do que imaginavam.

_ Konichiwa, Sakura-san. - Hinata retribuiu a saudação, doce.

_ Tenho tanta saudade desse lugar… - nostálgica, Sakura permitia-se comentar. _ … O Naruto-baka quase me enlouquecia todos os dias.

_ Ele era tão persistente e corajoso... - apaixonada, Hinata lembrava-se de como o observava, escondida, durante as aulas. Assisti-lo dava-lhe forças para superar a tensão interna em seu clã. E a sua própria. Seu otou-san a considerava fraca e gentil demais.

_ Vejo muito dele no Boruto. - Sakura afirmava. _ E muito dele na minha Sarada…

Não o chamava de “Sasuke-kun” há anos. Tampouco pensava em fazê-lo em voz alta mais uma vez. Sim, sua mente e coração a traíam todas as noites. Pensava nele como “Sasuke-kun” e, mesmo que tentasse, sabia que seria assim até o fim de seus dias. Abaixava a fronte, encarando os próprios pés por um curto momento. Sarada estava, além da aparência, muito semelhante a Sasuke no modo como tratava Boruto. Antes de finalmente atravessarem o portão, fitava a filha debochar de algo dito pelo o outro, sorrindo arrogante, exatamente como o pai.

_ Sakura-san… - Hinata, em tom baixo, dizia. _ … Já sabe o que fará? - gostaria muito de poder ajudar. Sakura fizera tanto por ela e Naruto...

_ Não. - sincera, Sakura proferia. Não sabia o que faria, como agiria, já não sabia de mais nada. Havia sido muito cômodo, apesar da dor, tê-lo longe. Agora, teria de enfrentá-lo.

E Sasuke voltaria, com certeza, sedento pela infância perdida da filha.

_ … Naruto-kun disse que ele está bem fraco… - Hinata tentava recordar a rosada daquele detalhe.

_ Não posso e nem recusaria, como médica-nin, cuidar de seu quadro. Mas não o quero na minha casa. - firme, a Haruno, enfim, sentia-se certa em algo. Todavia, os olhos brilhantes e acolhedores de Hinata a fizeram desabar: _ Ele é um grande baka!

Abraçadas, Sakura rapidamente recolhia uma lágrima teimosa que lhe caía pela face. “Shannaro!”, sussurrava, seu peito doía. Hinata também sentia-se afetada. Era a maior das ironias que Sasuke, o antigo garoto prodígio de sua turma, fizera tudo aquilo com seus companheiros de time e passara onze anos na prisão. Nunca tinham, de fato, trocado um diálogo. Mas era como se moreno fizesse parte de sua atual família. Naruto tocava em seu nome todos os dias e aguardava, ansioso, por sua liberdade.

Naruto, o fracassado - como seu primo outrora o chamara - havia se tornado o Hokage mais amado da Folha.

E Sasuke, com todo o legado de seu poderoso clã, escolhera o caminho da escuridão; da amargura; do ódio.

_ Todos sabemos como está sofrendo, Sakura-san. - Hinata opinava após o desvencilhar do abraço. Pegava-lhe as mãos ainda mal esmaltadas pela assídua rotina no Hospital. _ Mas acredito que o Sasuke-san também está. Pense nisso. - completava.

Ela sabia. Sabia e, principalmente, sentia que ele estava sofrendo.

O Efeito Uchiha nunca estivera tão vívido.

***

Distrito Hyuuga, Casa de Neji - 13:00:

_ Bolinhos alegres de arroz … - Himawari cantarolava uma antiga música que sua mãe lhe ensinara. Tenten estava a preparar o almoço das duas.

A Mitsashi havia recheado novamente os armários de Neji com diversos ingredientes para que pudessem fazer doces a tarde. Como o “tio”, Himawari havia herdado a curiosa repulsa por abóboras. Riram bastante nas compras e, por fim, escolheram compor o almoço com bolinhos simples de arroz, legumes e peixe. O aroma de peixe temperado e grelhado já ocupava toda a cozinha compacta, em estilo japonês. Tinham resolvido, ademais, colocar lindos kimonos para o primeiro almoço juntas na casa do falecido Hyuuga.

Com um girassol preso na orelha esquerda, Himawari sorria, empolgada enquanto aguardava a comida. A mesa, finalmente como nos tempos do verdadeiro dono de tudo ali, tinha um vaso de girassóis em seu centro. Comprá-lo não havia sido fácil. Tenten sentira suas mãos fraquejarem por todo o percurso de volta à residência. Agradecia por Ino não ter chegado cedo à floricultura, ou teria de dar explicações sobre aquilo. Sabia como suas amigas temiam que tivesse outra recaída. Passava vários dias deprimida e imersa em lembranças quando o acontecia. Sempre fora muito reservada, mantendo seus sentimentos devidamente ocultos. Todos sabiam que guardava suas próprias dores para si, afinal, tentava mascará-las com sorrisos e uma animação que devia muito ao convívio com Lee e Gai-sensei. O eufórico Metal Lee, adotado pelo amigo, agora também poderia ser incluído na lista. O adorava, era como uma versão em miniatura de Rock Lee.

Balançava a cabeça de um lado para o outro, a fim de afastar tais pensamentos. Havia prometido a si mesma que dedicaria-se a divertir Himawari, um pouco do que, caso estivesse vivo, Neji faria questão de tentar.

Ah, como gostaria de vê-lo cuidando de crianças… Seria incrivelmente cômico.

Olhava para a garotinha atrás de si, já se sentando nas almofadas sobre o chão. Talvez alguns ovos cozidos deixassem o peixe ainda mais saboroso - pensava. Ia até a geladeira e tocava a cartela transparente de ovos. Mas, assim que os dedos macios da Mitsashi entraram em contato com o material, fora como se tudo parasse.

.

.

.

“Não. Ela é alérgica à proteína do ovo”.

.

.

.

Imediatamente afastava-se da cartela. Sentia sua pressão cair, tendo de se segurar no mármore branco que rodeava a imensa pia. O sangue circulava frio por seus membros, e seus olhos em tom de amêndoa adquiriam um brilho incrédulo.

_ Titia Tenten?! - Himawari se assustava, aproximando-se.

Era a voz dele. Era a voz de Neji.

_ … H-Himawari, você é alérgica a alguma coisa? - Tenten perguntava, atropelando as palavras em sua garganta, ainda atordoada. Estava pálida, tinha certeza. Sua cabeça estava pregando-lhe uma peça de muito mau gosto… Era a única explicação.

Seu coração falhara uma batida. Não era possível. Simplesmente não era possível.

_ Ovos… - respondia a menininha, inocente e confusa. Tocava a mão gélida de Tenten, para em seguida pegar um copo com água fresca e estender à ela, preocupada. Será que a “titia” estava mesmo bem?

A morena tomava o líquido em rápidos goles. Era isso… Naquela altura, estava ficando louca de vez.

Ela reconheceria aquela voz para sempre.

***

Distrito Nara-Yamanaka-Akimichi, 14:00:

Shikamaru levava tranquilamente o cigarro aos lábios, tragando de forma vagarosa a fumaça. Estava de pé, encarando as nuvens em seu passatempo predileto. Okay, um deles. Jogar shougi ainda era um ato muito presente em sua vida, apesar das muitas tarefas como Conselheiro do Hokage e como pai, tio e principal figura masculina de seu clã. Passatempo herdado por Shikadai, que, aliás, estava praticando com Inojin há alguns metros de si, no extenso gramado de entrada. Um sorriso de canto lhe escapara os lábios. Seu filho matara aula para jogar shougi, tal como ele próprio muito fazia nos tempos de academia. Se Temari o visse seria problemático… Duplamente problemático caso Ino também descobrisse que Inojin tinha o acompanhado…

Suspirou cansado, porém, divertido. Permaneceria ali, cuidando para que as duas mulheres mais problemáticas daquele local não aparecessem. Sabia que o número de faltas de Shikadai era alto, contudo, a imagem de seu pai vinha-lhe à mente. O falecido Nara Shikaku faria o mesmo que estava a fazer naquele momento. Ah, quantas vezes seu pai o encobrira da ira de sua mãe… E não apenas ele, mas Asuma. Não havia um único dia em que não sentisse falta de seu querido sensei. O isqueiro brilhante entre seus dedos refletia ao sol.

Asuma-sensei…

Não sabia o porquê, entretanto, no segundo seguinte pegava-se imerso no diálogo dos dois garotos:

_ … Como você se lembrou desse movimento?! - Inojin ralhava irritado, sua estratégia acabava de ser descoberta e era encurralado pelo Nara mais novo em xeque. De novo.

_ Xeque. - dizia Shikadai, que parava um instante para verificar algo em seu pergaminho eletrônico.

_ O que foi? - o loirinho perguntou, curioso.

_ Nosso trabalho para o dia das mães. Eu não escrevi uma única linha ainda. - admitia Shikadai, não se importando realmente com o curto prazo. Todavia, havia algo a incomodá-lo sutilmente.

_ Você não entrevistou sua mãe? Quanta irresponsabilidade… - Inojin debochava, acostumado com o comportamento arrastado do melhor amigo. _ Não vai adiantar colocar tantos lembretes se não falar com ela.

Repentinamente, o assunto começara a chamar a atenção de Shikamaru. Dia das mães? Problemático.

_ Acho que vou entrevistar meu tio Gaara. Minha mãe não gosta de falar muito sobre si mesma. - contava, esperando uma reação do pequeno Yamanaka.

_ Não posso dizer isso da minha. - Inojin afirmava, rindo. Sua mãe dera todas as informações que precisava e não precisava para o trabalho dias atrás. Mas, tão depressa como aquele sorriso moldara-lhe a face extremamente pálida, se fora. Constatava que não sabia o necessário para fazer aquele trabalho caso fosse outra data: dia dos pais.

Shikadai percebera a tristeza momentânea do amigo e sabia a razão. É, Boruto estava mesmo certo. Inojin andava deprimido e a proximidade de seu aniversário apenas dificultava tudo. Teriam de planejar melhor aquela festa para distraí-lo bem, caso seu tio Sai resolvesse não aparecer novamente.

Se havia alguém que não conhecia direito naquela casa, esse alguém era seu tio Sai. Até seus tios Kankuro e Gaara, que pouco via, Shikadai sabia mais a respeito.

_ Seu tio Gaara é tão legal…! - Inojin recobrava o sorriso, recordando-se das torradas no café da manhã. _ E definitivamente sabe fazer torradas, o que anula a sua teoria sobre sua mãe não saber cozinhar por elo de família.

_ Sim… - Shikadai igualmente se recordava do café da manhã. O que fora aquilo, afinal? Não entendera a atitude de sua mãe.

Shikamaru parava o caminho entre o cigarro e sua boca. Temari havia tentado fazer torradas? Tinha perdido aquela parte por, ao chegar, outro fato ter-lhe chamado a atenção. Ino e Gaara pareciam saber coisas demais em um único dia de convivência. Como o outro sabia da missão de Sai? Seria alguma possível espionagem de Suna? A ideia, como Conselheiro, deveria ser averiguada posteriormente, mas, tratando-se de Gaara e sua situação, as chances daquilo ser verídico eram nulas. Eles tinham se falado? Mas quando? Ela retornava de madrugada sempre que bebia… Ah, claro, a insônia de Gaara. Poderiam ter se cruzado na sala ou na cozinha. Deveria ter chegado naquela conclusão bem mais rápido, mas, hoje, tudo estava tão nublado quanto o céu. O sol que iluminara-lhe o rosto e brilhara no isqueiro de seu falecido sensei já encontrava-se encoberto pelas numerosas e volumosas nuvens.

_ Vou perguntar à ele mesmo sobre minha mãe. Ou ao tio Kankuro. - Shikadai acreditava ter achado a solução para seu dilema.

Shikamaru analisou com eficiência a expressão do filho. Sabia que ela ouvira aquilo.

Problemático…

Levantava de imediato, seguindo-a corredores à dentro.

_ Temari… - chamava-a, porém, não obteve resposta.

Tocou-lhe a cintura coberta por seu costumeiro vestido vermelho, trazendo-a de costas para si. Entrelaçava suas mãos ao redor da fina cintura que tanto gostava, apertando-a possessivamente.

_ Nosso filho não gosta de mim. - Temari acabava por dizer.

_ Isso não é verdade. E você sabe. - Shikamaru, franco, fazia-a recobrar as ideias. _ O que está havendo? - indagava. A sinceridade entre eles era, com toda certeza, uma das melhores partes daquele casamento. Nunca chegaram a brigar como Ino e Sai graças ao enorme senso de racionalidade de ambos os lados.

Havia muito amor e muita racionalidade. O que era irônico, já que Temari era a maior problemática de todas em sua vida. Nem todas as estratégias do mundo seriam o bastante para conquistá-la ou entendê-la todos os dias.

_ Não está havendo nada. - ela mentia, queria lidar com aquilo sozinha. Queria conseguir lidar com aquilo sozinha. Ino, Sakura, Hinata, todas conseguiam, por quê ela não?

_ Okay, você quer lidar com isso sozinha. - Shikamaru soltava-a, colocando-se de frente para a esposa. _ Mas, se me permite dar uma dica, se abra com ele como se abre comigo. Shikadai já é crescido o bastante para entender certas coisas.

Ela sabia muito bem o que eram aquelas “certas coisas”. Seu pai e sua mãe. Rasa não havia sido o melhor dos pais para ela e Kankuro, para Gaara então não havia comentários, e sua mãe… Ela simplesmente não sabia o que fazer. Não tivera exemplo materno algum e sempre fora muito independente.

Independente…

Ser mãe era, querendo ou não, ser dependente.

***

Distrito Uchiha - 15:35:

“NewGenerationChat:

@SrtaUchiha: Boruto-baka, cadê você? Estou te esperando em frente à casa do meu pai.

@~ChouChou~: O quê?! Vocês saíram da Academia?! Me deixaram aqui sozinha com o Metal Lee?! Sarada, EU VOU TE MATAR!

@SrtaUchiha: Desculpe por não te convidar, ChouChou. Mas é que sua ausência seria facilmente notada e eu preciso do Boruto-baka para me ajudar, já que os meninos também faltaram hoje.

@Yamanaka_I.n.j.n: Seria facilmente notada mesmo.

@~ChouChou~: INOJIN, REPITA ISSO!!!

@ShadowNS: Que problemático… Sarada, o que você quer aí? Seu pai será solto amanhã, vocês vão ser pegos...

@SrtaUchiha: Eu só quero uns itens de família… E BORUTO, SEU BAKA! RESPONDA!

@TheUzumakiB: Olhe para cima”.

Sarada o fizera, mas nem ao menos tivera tempo de dizer algo, Boruto já pulava de uma alta árvore bem na sua frente, assustando-a.

_ SHANNARO!!! - Sarada o acertava no estômago com seu perigoso punho, derrubando-o.

_ Itai, Sarada!!! - reclamava o loiro, pressionando o local e remexendo-se na calçada.

_ É para você aprender a nunca mais me assustar assim. - batia as mãos e as colocava, em seguida, na cintura, altiva. _ Vamos, temos muito o que explorar hoje. - dedilhava os óculos vermelhos, intelectual. Amava-os, fora presente de sua madrinha Karin que, inclusive, não a via há uns bons meses. Seu tio Suigetsu e ela estavam viajando por muito tempo, começava a ficar com saudades.

Logo caminhava na companhia curiosa de Boruto pelas pequenas ruas do Distrito. Conhecia cada detalhe daquelas ruas, viera muitas vezes ali escondido de sua mãe. Os grandes portões antigos e requintados, com o símbolo Uchiha, permaneciam abertos, por alguma razão. Seu pai nunca deveria tê-los fechado, era sua hipótese. Isso significava, em sua mente, que uma parte dele nunca queria ter ido embora um dia.

_ Vamos, por aqui. - guiava o Uzumaki.

_ Seu pai vai morar nesse lugar enorme sozinho? - perguntava Boruto, seguindo-a ao entrarem numa das casas.

_ Não, ele vai morar com a gente. - convicta, Sarada afirmava. _ Ou nós vamos vir para cá, ainda não dá para saber.

_ De qualquer maneira, isso precisa de uma limpeza. - Boruto retirava algumas teias de aranha que caíam em seu cabelo.

Irritada, Sarada acabava por ajudá-lo na tarefa para não se atrasarem mais. Não tinham muito tempo. A proximidade dos rostos era incômoda.

_ Você está puxando o meu cabelo! - escandaloso, Boruto reclamava.

Contudo, antes que Sarada pudesse se manifestar, um porta-retrato entrara em seu campo de visão. O sorriso fora instantâneo. Sentia saudades dele.

_ Tio Itachi! - corria, pegando o objeto em mãos. O homem estampado nele tinha uma expressão séria, mas estranhamente confortável. _ Nos ajude hoje, tá? Eu preciso encontrar uma camisa do papai que me sirva. E algumas outras coisas.

Boruto se aproximava, enfim livre das teias de aranha. Encarava a imagem e o imenso aparador onde a mesma estava anteriormente.

_ Meu pai disse que seu tio era um ninja incrível. Que salvou nossa Vila, como meu tio Neji.

_ Sim, ele nos salvou. Me salvou também. - Sarada sorria largamente. _ E vai nos ajudar hoje também, claro, SE VOCÊ COMEÇAR A FAZER ALGO ÚTIL E PROCURAR COMIGO O QUE VIEMOS BUSCAR!

_ JÁ ESTOU PROCURANDO! - Boruto rebatia, partindo para a cozinha. _ SUA INGRATA!

Sarada não dava ouvidos, partindo para o segundo andar. Começaria pelo quarto de seu pai mesmo. Nunca mexera assiduamente no que ali estava guardado, mas, hoje, era por uma nobre causa. Esperava que seu pai não ficasse zangado.

***

Residência Uzumaki, 17:00:

_ … Tenten-chan? Você está me ouvindo? - incerta, Hinata verificava mais uma vez se a amiga estava mesmo a ouvindo.

_ S-Sim! Claro que estou! - com um sorriso torto, a Mitsashi tentava, em vão, disfarçar sua mais do que evidente confusão. Um verdadeiro cataclisma estava a revirá-la por dentro desde…

Desde…

Correndo, Himawari passava afoita pela porta ao lado do banco de madeira onde as duas estavam sentadas. Seu ursinho favorito estava a salvo de Boruto!

_ Filha, por favor, tome cuidado. - Hinata se pronunciava, devido a correria da pequena.

Novamente, no entanto, voltava-se a face difusa de Tenten. Havia algo errado. Suspirava, bem em seu âmago, ela carregava a culpa pela morte de seu primo. Ela, de alguma maneira, trouxera o sofrimento da morena. Sabia que Naruto também compartilhava daquela angústia. Carregavam aquilo juntos.

Encarava suas sapatilhas azuladas, delicadas. Naruto não dormira em casa e de nada adiantara ter deixado Himawari aos cuidados de Tenten, por fim.

_ Ele não apareceu, né? - era a vez da Mitsashi se manifestar, solidária. Soubera daquilo no momento em que Hinata lhe atendera à porta. Ela continha o brilho nos olhos de sempre, não havia nada novo.

_ Naruto-kun está muito ocupado e… - uma pequena pausa. _ … Você sabe como ele tem dificuldades em se organizar… Teve muitas missões de gennins e chunnins para autorizar.  - sorria. O loiro definitivamente detestava as muitas planilhas que tinha de ler e assinar por dia. “Ser Hokage, às vezes, é tão chato”, lembrava daquela sua fala, na hora do jantar na semana passada. Dera-lhe um abraço carinhoso e, no que fora a última vez que jantaram juntos, o beijara contente. Naruto era seu raio de sol.

_ Eu posso levar Himawari comigo hoje de novo, se quiser. Boruto também. - Tenten dava-lhe uma piscadela, otimista. _ Afinal, eu não tenho muito o que fazer. - uma nota triste escondia-se em seu timbre.

_ Obrigada. - Hinata sorria, meiga. Era tão bom poder contar com suas amigas.

Nem sempre ela fora tão próxima de garotas, ou de qualquer pessoa.

Ser e crescer como uma Hyuuga fora muito solitário.

_ Tenten-chan. - chamava-a, recordando-se de como a outra igualmente não fora tão próxima de meninas. Vivia sempre acompanhada de Neji e Rock Lee.

Era o gancho perfeito para, quem sabe, poder ajudá-la com o que se passava hoje. Ela sabia, havia dias que Tenten se fechava mais que outros. Contudo, aquele não aparentava ter nada em específico para isso. O aniversário de morte de seu primo estava um tanto longe. E, quando encontraram-se todas no Ichiraku, a amiga chegara razoavelmente radiante e feliz.

_ Sim? - respondia Tenten, mirando Hinata com seus grandes olhos castanhos. Uma mecha caía de seu coque, moldando a lateral de seu rosto.

_ Você se aproximou tão facilmente do nii-san… Como conseguiu? - indagava a atual senhora Uzumaki. _ Acho que nunca te fiz essa pergunta antes.

Um curto riso escapava dos lábios cobertos por uma fina camada de brilho labial cor de rosa:

_ … Sinceramente, Hinata, eu não sei. Acho que apenas não o temia como todos. Como você nunca temeu o Naruto, apesar da existência da Kurama e do medo das pessoas. Eu nunca… Temi a arrogância do Neji.

“Não. Ela é alérgica à proteína do ovo”...

“Não. Ela é alérgica à proteína do ovo”...

“Não. Ela é alérgica à proteína do ovo”...

Levava as mãos a cabeça, o que ocorrera horas mais cedo não conseguia deixar sua mente em paz. Céus, estava no limiar da loucura!

Ela… Ela ouvira Neji.

_ Tenten-chan? Você está bem?! - Hinata tocava a mão fria da outra, preocupada.

_ Hinata!!! Eu preciso te contar algo! - nervosa, Tenten se levantava imediatamente do banco, colocando-se de pé perante a perolada, assustando-a. _ Eu juro… Juro… Eu não sei se estou fantasiando isso ou não, mas… Por favor, Hinata, acredite em mim…!

_ Eu acredito, Tenten-chan! Acredito! - Hinata respondia, cortando-a sem querer, acompanhando-a chacoalhar seus ombros. Sim, ela estava assustada demais agora.

_ Eu ouv… - parava. O que estava fazendo?! Estava assustando Hinata! Soltava-a, completando: _ Desculpe. Eu só… Tenho sonhado muito. - justificava-se. Hinata não acreditaria naquilo. Nem mesmo ela acreditava. Tinha de procurar Lee. Apenas ele poderia lhe ajudar.

“Às vezes, acho que sinto a presença dele, Tenten-san. Ele não nos deixou sozinhos. Tenho certeza”... Em sua última conversa com Rock Lee, o amigo tinha lhe dito aquela frase. Será que…?

_ Tem certeza que Himawari e Boruto não vão incomodar esta noite?

_ Tenho. Crianças me alegram bastante e me distraem, você sabe. - se recompunha, sentando-se novamente ao lado da antiga Hyuuga no banco.

Aguardariam a chegada de Boruto.

***

Distrito Nara-Yamanaka-Akimichi, 18:00:

Sentado à beira da janela em seu quarto, Gaara contemplava o entardecer. Definitivamente, Konoha era muito diferente de Suna. Haviam tantas cores e árvores… Um paralelo interessante com o deserto de Suna, as casas de mesmo tom e a supremacia de uma única cor. A cor da areia. Tantas cores atraíam seu curioso e inocente olhar, cujos olhos verdes encantavam as moças todos os dias. Não apreciava toda aquela atenção, sentia-se invadido.

E, ironicamente, alguém acabava de bater na porta para invadir seu quarto e interromper sua contemplação. Andava estressado e irritado, não negava. Estava doente e tentava aceitar aquilo.

_ Entre. - dizia, o tom rouco, um pouco disperso e fraco.

_ Kazekage-sama? - a voz inconfundível de Ino anunciava sua presença. Olhava-a parada na porta, sorridente. O roxo púrpura de suas roupas e o longo rabo de cavalo loiro, em um instante, tomavam todo seu foco. _ Vim me desculpar pelo café da manhã. - dizia a Yamanaka, sem graça. _ Quase revelei o que se passou noite passada e…

_ Não. Você não revelou o que se passou noite passada. - afirmava o ruivo, certo de suas palavras. Sabia que, muito provavelmente, ela não deveria se lembrar que caíra bêbada naquele tapete e ele a levara em seu colo para o quarto. Um sorriso quase indetectável surgia em seus lábios. Sua reação, caso a lembrasse, seria divertida. Ela lhe lembrava o temperamento de Naruto. Tinha de visitar o amigo, ademais.

Ino abria a boca, sem proferir nada. Será que ele estava insinuando algo? Arregalava os olhos, sendo traída por sua mente que, num filme rápido, recordava-a de que ela se comportara como uma bêbada reclamona e, como se isso ainda não fosse suficiente para sua vergonha, ele ainda tivera de levá-la para seu quarto.

_ Por Kami!!! - surtava, já com as mãos cobrindo os lábios em espanto consigo mesma. Vacilava uns passos. _ Kazekage-sama, me perdoe!!! Juro que isso nunca mais irá acontecer!!! - adentrava o quarto, elétrica, andando de um lado para o outro e gesticulando sem parar. _ No café ainda tive a audácia de chamá-lo de Gaara e…!!!

_ Não tem problema, esse é o meu nome. - ele sorria, divertindo-se realmente com a cena de Ino. Como praticamente não falava, aqueles que falavam em demasia atualmente o divertiam. Nem sempre fora assim. Costumava abominar, quando mais novo, aquele tipo de comportamento. _ Você é amiga de Shikamaru e da minha irmã. Ajudou-me ontem. Gostaria que me chamasse assim. - Gaara a interrompia, então mais sério.

Gostaria que me chamasse assim…

Ino enfim sorria novamente, apontando para si própria:

_ Eu sou sua amiga também. - corrigia, aproximando-se sem pensar para observá-lo melhor. Sentia-o triste, e não gostava de vê-lo daquela forma. Acabava de descobrir que a tristeza de Gaara a afetava como, certa vez, durante o período do primeiro Exame Chunnin, a afetara:

“Sua casa era acima da floricultura, uma das mais altas de toda Konoha e, curiosa e amante das flores que caíam em sua varanda, Ino costumava passar horas na mesma estudando, pintando as unhas e observando as pessoas que atravessavam a avenida principal da vila. Em dois dias a terceira fase do Exame Chunnin começaria e sentia-se ansiosa para saber com quem acabaria lutando. E com medo. Muito medo de acabar tendo de lutar contra garotos fortes como Hyuuga Neji ou Sasuke, sua assumida paixão. Havia ainda os estranhos competidores da vila da Areia.

A garota, Temari, aparentava ser bem forte, tal como o outro esquisitão que carregava uma marionete sinistra nas costas, que esquecia-se do nome. E havia ele. O ruivo cuja expressão lhe dava arrepios. Movia a cabeça, tentando esquecer daquilo. Apenas aguardaria o dia e tentaria não pensar tanto nos irmãos bizarros quanto Shikamaru, que tinha falado muito sobre eles no último almoço que tiveram. Chouji estava morrendo de medo.

Ria de canto, imaginando o que faria se tivesse de lutar contra Sakura. Mas aquilo seria inusitado demais até para o destino… Ajeitava sua franja, concentrando-se no passar das pessoas abaixo de si. Tinha treinado duro desde a Academia, era a kunoichi com as melhores notas e confiava em sua inteligência e nas técnicas de seu clã. Sim, tudo daria certo! Isto é, caso Chouji e Shikamaru não estragassem nada.

Um arrepio percorria-lhe a espinha ao detectar o ruivo no meio da rua, caminhando lentamente na direção do Hotel onde provavelmente toda comitiva de Sunagakure estaria hospedada. Sua posição era perigosa ao dar cada passo e o irônico kanji em sua testa fazia a herdeira dos Yamanaka inclinar-se melhor na sacada. “Amor”? Em alguém… Como ele? O que significaria, de fato, aquele kanji? As pessoas corriam ou se afastavam com um pouco mais de discrição do esguio ninja estrangeiro. E ele parecia notar. Logo toda a rua estava vazia e sentia-se desconfortável. Um vento gélido, anunciando o pôr do sol, adentrava sua varanda repleta de flores coloridas.

Ele agora parava e a olhava, esperando que ela fizesse como os outros. Porém, a loira estancara no lugar onde estava, temendo irritá-lo. Sua falta de reação entristecera os olhos verdes já bem carregados de depressão, para em seguida enfurecê-los, e então corria para dentro de sua casa, fechando a porta da varanda, afoita”.

Seus olhos tristes a perturbaram durante a noite, mas depressa esquecera com a chegada da prova e todo seu desenrolar. Gaara estivera assustador em seu combate contra Rock Lee:

“_ Nossa, Chouji, ainda bem que eu não sou você (...) aquele Rock Lee deve ser bem durão, já que venceu o Sasuke… - Shikamaru falava com Chouji, que agachava-se de medo, deslizando as mãos sobre as barras da área de espera. _ (...) E muito menos aquele cara da Aldeia da Areia, eu não gostaria de estar nem no mesmo quarto que ele”.

Anos depois, quem poderia imaginar, a Yamanaka estava a fazer exatamente como Shikamaru dissera: Estar no mesmo quarto que Gaara pela segunda vez seguida.

“_ Então, isso é tudo? Espero que não tenha acabado de me divertir… Não tivemos bastante…  Sangue”.

Tratava de retornar ao presente encarando-o como ele fazia consigo. Era como se ele soubesse o que passava em sua mente. A sanguinária face exibida naquela luta se misturava com o singelo sorriso contido que ele mantinha para ela.

_ Sentiu algo hoje? - Ino se referia à sua saúde, dispersando seus pensamentos e já analisando-o superficialmente a procura de algum sintoma que ele pudesse estar escondendo.

_ Não. - garantia o Sabaku. Surpreendentemente, após a visita da loira noite passada, não voltara a entrar em crise. Porém, sabia que aquilo mudaria com a chegada da madrugada. Mais uma noite em claro. _ Mas tenho certeza que isso não vai passar tão cedo. - adicionava, trêmulo.

Como se uma luz acendesse em sua cabeça, Ino apresentou sua repentina ideia:

_ Posso ler para você! - dizia, animada. _ Inojin adorava quando eu lia para ele antes de dormir, ajudava a distraí-lo de medos que ele tinha quando mais novo, sabe? Coisa de criança.

_ Coisa de criança? - Gaara perguntava, desconhecido, cruzando os braços.

_ Não!!! Não quis dizer isso! Ai, Kami-sama… - Ino batia na própria testa, ótimo, tinha acabado de chamar Sabaku no Gaara, um Kazekage, ex-comandante das tropas na Quarta Guerra Ninja, de criança. O que estava acontecendo com ela? _ … Acredito que seja bom que se distraia antes de tentar dormir. Sua mente vai se concentrar em outros assuntos e talvez alivie, com o tempo, algumas angústias. Isso é fundamental no seu quadro de estresse pós-traumático.

_ Você… Vai ler para mim? - o ruivo perguntava, incerto.

_ Sim! - Ino se afastava, voltando para perto da porta outra vez. _ Vou escolher um bom livro agora e volto mais tarde, isso com certeza vai ajudar! - falava mais consigo do que com Gaara. _ Vamos começar algum tratamento hoje, você estava esgotado demais ontem para esperar por um horário com a testuda.

_ Ino. - a chamava. Se insistia para que ela o chamasse de “Gaara”, a chamaria por seu primeiro nome também.

_ Sim? - ela parava, já pronta para fechar a porta ao sair.

_ Obrigado. - agradecia mais uma vez, com um pequeno sorriso, assistindo-a sorrir ainda mais e finalmente sair.

Como se um pouco do peso que carregava nas costas esvaísse, Gaara deixava a janela, sentando-se na cama. Não estava aceitando muito bem sua condição, contudo, a vivacidade de Ino o fazia sentir-se mais otimista em superar aquilo. Tinha de superar. Fechava os olhos, abrindo-os rapidamente em função da imagem formada em seu inconsciente. Levava uma das mãos à boca, contendo a ânsia de vômito súbita que lhe tomava. Seu kanji doía e deixava-se cair por completo na cama.

_ Não me deixe sozinho… - pedia ao nada, repetindo a epígrafe muito presente quando bem novo. Proferia aquelas palavras, na maioria das vezes, já sem forças para respirar com algum ritmo.

Seu pai…

Sua mãe…

O Shukaku que atormentava-lhe as madrugadas e o impedia de dormir…

Tudo havia se resolvido. Sua mãe sempre o amara e Rasa havia lhe pedido perdão ao ser revivido na Guerra pelo Edo Tensei. Não fazia sentido aquela maldita dor retornar a seu peito.

“_ Eu não estou sangrando, mas, dói muito”.

Apertava seu comum moletom vinho, na altura do coração. Seus batimentos aceleravam e, de tão nervosos, conseguia ouvi-los.

Somente esperaria Ino.

***

Distrito Uchiha - 19:00:

“NewGenerationChat:

@SrtaUchiha: Pessoal, terminamos por aqui, eu estou tão feliz!!!

@ShadowNS: Sarada, você ainda vai ser pega aí…

@TheUzumakiB: Por hoje não, eu estou aqui para comandar essa parada.

@SrtaUchiha: Até parece que você comanda alguma coisa, Boruto-baka… E eu já estou descendo, pode ir para o portão se quiser.

@Yamanaka_I.n.j.n: Vocês são muito irresponsáveis.

@~ChouChou~: Você é louca, Sarada!

@SrtaUchiha: Me digam, o que é pode dar errado agora? Já estou saindo do quarto do meu pai”.

Já tinha tudo que precisava. A peça azul escura em suas mãos era macia e, pela primeira vez, tocava no logo Uchiha costurado na parte de trás. A gola era larga e as mangas curtas, como já tinha visto na fotografia oficial do Time Sete. Abraçava a camisa e a guardava na mochila que carregava, deixando o cômodo inabitado por anos. O quarto de seu pai, devido aos fatos, ainda era bastante adolescente. E sentia-se bem ali.

_ Boruto-baka, estou descendo! - anunciava, fechando a porta e direcionando-se à grande escadaria.

Entretanto, o alto grito que Boruto dera ao abrir a porta principal da casa a fizera parar no topo dos degraus.

_ SE RENDA!!! - bradava o menino, com o punho direito fechado ao ar. Centímetros o separavam do homem indiferente cuja franja negra tapava-lhe um dos lados do rosto. E com o mesmo punho fechando-se no de Boruto, Uchiha Sasuke continha o ataque.

_ … PAPAI!!!

***

Residência Uzumaki, 19:40:

_ Aquele é o… Uchiha? - Tenten quebrava o silêncio estabelecido por alguns minutos entre ela e Hinata. Essa concentrava-se na entrada de sua casa, assistindo Boruto correr empolgado na frente, seguido por Sarada e Sasuke. Sim, era ele. Naruto tinha conseguido um aval para libertarem-no do Exílio Anbu com um dia de antecedência. Compartilhando um olhar chocado pela aparência decadente do homem, as mulheres engoliam em seco. Sasuke estava nitidamente mais magro.

_ Sim, é o Sasuke-san. - Hinata confirmava, levantando-se do banco. Iria recebê-lo.

_ A Sakura vai surtar… Naruto devia tê-la avisado. - a Mitsashi pontuava, impressionada com a semelhança física entre pai e filha. Sarada detinha até a clássica maneira de andar dos Uchihas. _ E, nossa, ele está péssimo.

_ Naruto-kun deve ter se esquecido. - Hinata falava o óbvio. Estava mais do que claro que o loiro não deveria ter se lembrado daquele detalhe. Sabia que a Haruno não autorizaria um encontro entre os dois tão cedo.

_ Yo, tia Hinata! - Sarada a saudava ao se aproximar.

_ Yo, Sarada. - Hinata, com doçura, dava-lhe um abraço enquanto Boruto logo estabelecia um empolgado diálogo com Tenten ao saber que dormiria fora. “Vamos dormir na casa do tio Neji?! SUGEE!!!”, Himawari aparecia com seu travesseiro e Sarada juntava-se a conversa, “Tia Tenten, minhas kunais personalizadas já ficaram prontas?”.

_ Hinata… - Sasuke a chamava.

_ Bem-vindo de volta, Sasuke-san. - a perolada dizia, curvando a cabeça num cumprimento.

_ Naruto está? - Sasuke ia direto ao assunto, não era do tipo de pessoa que se estendia no que não era de sua conta ou interesse.

_ Não, ele ainda não chegou. - Hinata informava, cabisbaixa.

_ Consigo encontrá-lo amanhã aqui ou no prédio do Hokage? - O Uchiha perguntava, já tendo olhado para Sarada num contato que significava que iriam embora, não se arrastariam ali.

_ Acho que lá é mais fácil de encontrá-lo. - com um pequeno pesar, Hinata concedia a informação.

_ HEY, VOCÊ! - Boruto apontava para Sasuke. _ Nos encontraremos novamente. - decretava o menino, determinado.

Com um sorriso de canto, Sasuke encarava o filho de seu melhor amigo. Lembrava-se da Hyuuga grávida, porém, quando Boruto nascera, já tinha se entregado à Anbu. Tinha se passado uma semana desde que Sakura também anunciara sua gravidez e, como nunca, se sentira desesperado. O maior de todos os desesperos. O peso de seus pecados havia se tornado insustentável naquela época. Não queria ser um pai com tamanhas dívidas morais com o mundo ninja.

Aquela era, para todos os efeitos, a primeira vez que o via. E ele era um completo dobe, assim como Naruto. Aquilo o fazia sorrir.

***

Escritório do Hokage - 19:50:

Naruto assinava mais uma pilha de missões e encarava o lamén grande especial que pedira há trinta minutos atrás no Ichiraku. Já deveria estar esfriando… Fazia uma careta cansada e desgostosa, estava com fome! Mas, infelizmente, não terminava aquela pilha. “Não vou acabar isso hoje…”, lamentava em sua mente. Maldita hora em que prometera ser o Hokage mais participativo de todos. Sempre mandava muitas mensagens motivacionais aos shinobis, para que se sentissem importantes e compreendessem que ele reconhecia suas respectivas existências. Aquilo o fazia lembrar de Gaara, que estava há um dia em Konoha, na casa de Shikamaru, e ele ainda não havia tido tempo de visitar o amigo Kage. Aliás, como uma descarga de energia, perguntava-se “Como Gaara conseguiu essas férias?!”, certamente perguntaria ao ruivo, assim que o visse. Deveria ser uma baita receita do sucesso um Kazekage conseguir descanso.

_ Eu tenho que me lembrar disso! - exclamava, era melhor não se esquecer de perguntar a Gaara. Ultimamente esquecia-se de tudo. Era muita coisa para sua “cabeça-oca”, como Sakura dizia, se manter atualizada. _ … A SAKURA-CHAN VAI ME DESTRUIR!!! - pirava, lembrando-se que Sasuke tinha sido solto horas atrás e ele não a avisara. O amigo poderia já tê-la procurado para falar sobre Sarada. Sasuke estava disposto a apelar ao Conselho, se necessário, pelo direito de visitar sua filha. _ EU ESTOU MORTO!!! - deixava o tronco cair sobre a pilha de pergaminhos.

“_ Você vai mesmo fazer isso? - perguntava ao melhor amigo vendado e atado diante de si naquela escura cela.

_ Sabe que vou, dobe. - Sasuke afirmava. _ Sarada é minha filha e eu perdi muito tempo longe dela. Ninguém vai me impedir de visitá-la e, futuramente, de morar com ela.

_ A Sakura-chan não vai concordar com isso… - Naruto avisava, ciente que seus dois melhores amigos poderiam começar uma guerra pessoal pela menina.

_ Sakura já morou com ela a vida toda. - Sasuke argumentava.

_ Sasuke… - Naruto iria tocar sim naquele assunto. Era o único que poderia ajudar o casal orgulhoso. _ … E se vocês três morassem juntos? Sabe, como uma família. - sabia o quão importante era para o Uchiha reconstruir seu clã e aquela era a forma.

_ Ela não vai me aceitar. - Sasuke se referia a rosada, e Naruto poderia jurar que sua voz sempre tão confiante falhara.

_ Errado. Ela te ama. Você só precisa reconquistá-la. E a Sakura-chan é médica, vai se comover com essa sua magreza por teimosia em comer a comida daqui e eu te ofereci lamén grátis por anos, você que não quis. - Naruto não se conformava com aquilo.

_ Não sou fã de lamén, seu idiota. Você está cansado de saber. - Sasuke torcia o nariz, arrogante.

_ Tomates são horríveis. - Naruto assegurava.

_ Cala a boca!”.

Sempre tinham as mais idiotas discussões e se divertiam com isso. Sim, apesar de visitar Sasuke duas vezes por semana, ter o amigo livre seria incrível. Poderiam não falar sobre, mas sabia que o moreno estava perdendo peso não apenas por não comer vez ou outra, mas por seu estado mal resolvido com Sakura. A rotina perfeita consistiria em treinar com Sasuke para ajudá-lo a retomar sua forma, almoçar e jantar com seus filhos e… A noite…

“_ … Aishi...teru, ... Naruto-kun!”

Escutá-la enquanto transavam era sempre muito profundo. Ah, sentia falta disso. Ninguém o amava como Hinata e, já achando aqueles pergaminhos aconchegantes, Naruto sentia o sono vencê-lo.

***

Distrito Hyuuga, Casa de Neji - 20:00:

_ Vocês só vão conseguir esse urso de volta se… ME DERROTAREM! - Tenten dramatizava, desviando dos móveis à medida que as crianças corriam atrás de si, envolvidas na brincadeira. Estava de cabelos soltos, e as ondas brilhantes moviam-se com o vento que chegava da janela na sala. Boruto pulava na sua frente com uma kunai, mas era prontamente enganado pela Mitsashi, que girava os calcanhares e tomava facilmente o objeto. Himawari gargalhava, com o Byakugan ativado, levando a sério o desafio. Tinham arrumado colchões e lanches. Naquele momento, a Casa de Neji era o lugar mais feliz da Vila da Folha.

.

.

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“É melhor se cuidar, meus sobrinhos vão te derrotar”.

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Desta vez, além de ouvir sua intensa voz, Tenten podia vê-lo. Escorado na parede, cordialmente de braços cruzados, trajando o uniforme da Aliança Shinobi. Sua testa estava livre da bandana, todavia, a marca Hyuuga tinha voltado à pele alva, contrariando seu instante de morte, onde esta desaparecera.

Ele sorria.

O que estava acontecendo?!

Sua pressão novamente caía, e junto do urso que, como em câmera lenta, ia ao chão, seus joelhos perdiam a força.

_ Tia Tenten!!!! - Boruto e Himawari gritaram em uníssono.

_ Neji… - balbuciava, sentindo a cabeça ir de encontro às tábuas de madeira.

***

Apartamento Haruno - 20:30:

_ HARUNO SARADA, EU POSSO SABER ONDE VOCÊ ESTAVA ATÉ ESSA HORA?! - Sakura, tomada por cólera, recebia a filha pela porta da cozinha. A garota passava amedrontada pela mãe, encolhendo-se e segurando-se na calça cinza trajada por um homem.

Sakura erguia a fronte para encará-lo.

_ Uchiha. - ele a corrigia, completando: _ Uchiha Sarada.

.

.

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Como se um violão ecoasse uma típica música de combate ou faroeste, Sasuke encarava a mãe de sua filha. Sakura petrificava-se onde estava, não conseguindo deter o costume gravado em seu coração, chamando-o como jurara nunca mais o fazer em voz alta:

_ Sasuke-kun...


Notas Finais


Sasuke 1 x 0 Sakura, kkkkkkkkkkkkkk. E então? Gostaram??? <3, próximo capítulo terá MUITAS EMOÇÕES SasuSaku e acredito que o capítulo terá hentai, ainda não me decidi. Tem Rock Lee chegando no capítulo cinco e, em breve, cerca de alguns capítulos também, Kiba causando confusão, kkkkkkkkkkk. Perdoem-me a demora e espero que tenham curtido!!!
Beijocas, Nane.


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