Logo que sentiu-se debaixo d’água, Jason sentiu um grande peso em seus braços e pernas. Seu corpo estava muito cansado e seus pulmões não iam aguentar muito tempo. Segurou Tim com a maior força que pode e tentou nadar até a margem. O menor estava um pouco pesado pois provavelmente estava desacordado. Ofegava e várias vezes pensou que não conseguiria. A água estava suja mas não se importou muito. Continuou sentindo a água gelada o trazer para baixo. Não podia fazer nenhum barulho brusco pois ainda podiam ter pessoas ali.
Chegando à margem, puxou Tim para fora da água e tirou o capacete do pequeno, checando se estava respirando, encostando o nariz do seu. Sua respiração estava fraca e gelada, mas suspirou de alívio. Limpou um pouco seu rosto do sangue dos golpes que tinha levado. Voltou a se sentir terrivelmente mal pelo que tinha feito com Tim mas precisava o colocar à salvo. Com toda a força se pôs de pé e pegou-o no colo, andando até achar um pequeno depósito escondido. Sentia muita tontura e dor nos braços. Entrou, fechou a porta e deixou Tim em segurança no chão. Logo depois, deixou-se encostar na parede e deixar o corpo cair. Tudo em volta parecia girar e começando a ficar escuro. Tentou lidar contra o mal estar, mas não conseguiu. Sentiu suas forças esvairem e tudo finalmente entrar em escuridão.
- Ei, você gosta de mim? – a voz de Tim era distante.
- ... – Não respondeu.
- ...Não gosta? – a voz pareceu entristecida.
Novamente não respondeu.
- Me responda, Jason.
Sentiu uma sensação muito gelada. Não queria pensar sobre, mas a última vez que tinha sentido tanto frio tinha sido quando...
Quando senti a morte próxima.
- Jason...
Eu vou morrer, de novo.
- Jason!
Abriu os olhos, muito cansado. Conseguiu focar a imagem de Tim e seus grandes olhos azuis, que estavam marejados.
- Ah, graças a deus! – o menor o apertou com força.
...?!
- Ei...calma...- sentiu o peito aquecer um pouco e o rosto também. Pensou que Tim não o queria ver nunca mais ou estaria bravo...
- Jason, você está muito machucado! – Tim disse em voz trêmula.
Tentou levantar, sem muito sucesso. Mas pôde perceber a poça de sangue em que seu braço estava envolto. Era de uma cor de vinho escura. E percebeu que estava com um corte profundo no braço, em que Tim provavelmente tentou estocar com uma parte de tecido de sua capa.
- Vamos precisar fechar isso agora mesmo. – Tim tirou seu cinto e começou a procurar coisas nos bolsos.
- Não...Tim...- disse meio grogue – Você precisa sair daqui...e avisar o Bruce ou o Dick.
- Não vou deixar você assim, está maluco? – Tim disse agora de jeito mais sério e Jason pode ver em seu rosto marcas de sangue. Quis pela primeira vez dizer aquelas palavras que tinha prometido nunca usar à ninguém. Seu lábio estava inchado e ferido, mas ao menos percebeu que não tinha feito nada que comprometeria seu belo rosto.
N-no que eu estou pensando...devo estar muito fora de mim depois de perder tanto sangue...
- Beba isso. – Tim o oferecia um frasco.
Jason pareceu hesitante.
- É analgésico. Mas não vai tirar muito a dor. Vou fazer os pontos.
Abriu a boca e Tim o deu o remédio.
- Tem certeza que vai conseguir fazer isso, Timbo? – Jason disse dando um meio sorriso para o garoto não ficar tão preocupado.
- Minhas notas em trabalhos manuais sempre foram muito boas. – disse – E algumas vezes apliquei pontos de emergência no Bruce.
Tim espirrou um spray no braço de Jason, provavelmente para limpar o ferimento.
- Pode segurar em mim, pois vai doer. – o menor disse para Jason.
- Doer? Não me subestime. – diz, ainda sorrindo –
A primeira agulhada entrou fisgando sua pele. Fechou o pulso enfraquecido, mas não moveu o braço. Ficou olhando para o rosto de Tim enquanto o mesmo parecia concentrado a aplicar-lhe os pontos. Pode perceber o quão bonito o garoto era, com o rosto delicado e traços femininos. Talvez nem uma garota podia superá-lo em beleza. Mais uma fisgada no braço. Tim o olhou por um segundo nos olhos e sorriu, continuando o trabalho.
Sentiu o coração bater mais forte. Aquele garoto não podia ser real. Mesmo depois de tudo aquilo ainda cuidava dele daquele jeito? Mesmo depois de maltratá-lo, de tudo? Sabia que devia pedir desculpas. Mas lembrou das palavras do Coringa em sua mente. Ele sempre destruía tudo o que tocava, e vendo o rosto de Tim, sabia que era verdade. O tinha machucado muito e não tinha certeza se da próxima vez seria diferente. Era descontrolado. Doía. Pela primeira vez se culpava pelo seu descontrole, por causar dor. Queria ser diferente. Queria...
Queria poder tocá-lo sem machucar...
- Está quase terminando...- Tim disse, concentrado.
Olhando o rosto do garoto tão perto e naquele momento de adrenalina, o impulso que teve no momento foi de querer beijá-lo. De tê-lo nos braços finalmente. Se assustou com o rumo dos próprios pensamentos. Nunca tinha chego a esse ponto, já havia pensado em algumas coisas, mas...
Sentiu o rosto esquentar ainda mais, assim como o corpo inteiro. Sentiu mais uma fisgada no braço para voltar à realidade, mas dessa vez foi mais fraco. O analgésico devia estar fazendo efeito. Sua mente começou a ficar atortoada. O coração batia rápido demais.
- Pronto! – disse o garoto por fim – Os pontos estão bem firmes, então a ferida vai fechar rápido.
- Huh...- não conseguiu responder nada.
- Antes de acordar mandei uma mensagem de socorro para Dick, ele estará aqui logo.
-...- Jason deixou o corpo cair sobre o do menor.
- O-o que...? – o garoto o segura – Jason, você está bem?!
Então Tim sente uma mordida no pescoço, que o faz dar um pequeno gemido.
- J-j-jason...!
Jason mordeu mais uma vez, sentindo o cheiro do pescoço do garoto.
Ah...
- Tim...- sua mente já estava anestesiada pelo remédio e pela ferida. Lambeu a pele branca do garoto, sentindo-a se arrepiar. Encostou o nariz em seus cabelos da nuca, sentindo seu aroma doce, começando a se sentir excitado.
Eu quero você, Tim Drake...
Lambeu novamente sua pele, ouvindo um pequeno gemido de Tim, o fazendo se sentir mais quente ainda.
Quero, agora...
Sentiu o garoto agarrar sua manga.
Logo, um estrondo na porta é ouvido. A atenção dos dois é voltada para a mesma. Quatro homens armados e encapuzados entram no pequeno depósito.
- O que...querem...?! – Jason tenta dizer alto.
Os quatro grandes fuzis miravam para os dois.
- Levem o garoto menor. – disse um dos encapuzados.
Logo, os homens que estavam com ele pegaram Tim pelo braço.
- E-ei, me solte! – Disse Tim, sem poder fazer nada. Os dois estavam com os corpos muito cansados depois do que passaram.
- Cala a boca, viadinho. – um dos homens passou uma chave de braço ao redor do pescoço de Tim, segurando-o com força.
- Soltem ele agora seus filhos da puta! – Jason gritou raivoso, rangendo os dentes.
- O que fazemos com esse cara? – um dos encapuzados pergunta para os outros.
- Ordens do chefe que é só pra levar o garoto. Deixe ele aí, pelo sangue já vai morrer mesmo.
- Jason! – Tim dá um grito, com lágrimas nos olhos –
- Tim...! – Jason tenta levantar para ajudá-lo – Se vocês machucarem ele, eu vou matar cada um de vocês...!
Mas então sente uma dor forte na cabeça e no queixo, sendo atingido provavelmente por um soco ou uma coronhada do fuzil. A dor foi tão grande que sentiu tudo apagar, mais uma vez.
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