A noite fora longa para a jovem Hwang. Tiffany ficou por pelo menos três horas naquela janela esperando que novamente avistasse Kim Taeyeon. Já era perto das quatro da manhã quando a baixinha retornou a casa do outro lado da rua. Desta vez Tiffany fingiu que já tinha ido deitar e desligou todas as luzes. Por que estava tão interessada no que sua vizinha fazia? Nem mesmo ela saberia responder. Apenas achava muito estranho que após todos esses sumiços que a mulher ainda saísse assim de madrugada e chamando a atenção. Deveria de ser muito audaciosa para não vir a se importar com o perigo. Tiffany ainda ficou uma boa meia hora analisando a janela antes de ter a total certeza que nada mais estranho iria acontecer por ali. O problema mesmo era que tinha combinado que estaria pronta às oito horas e a esperaria na frente de casa.
E pensativa do jeito que estava, se Tiffany havia conseguido dormir duas horas ainda era muito. Arrumou-se bem o suficiente para esconder as olheiras e não parecer tão sonolenta. Já até imaginava o climão que poderia vir a ser dentro daquela caminhonete, mas tentaria fingir que nada acontecera. E assim o fizera ao dar um leve sorriso para a mulher e adentrar a enorme caminhonete.
Provavelmente se Tiffany pudesse voltar no tempo, voltaria no momento em que aceitou a carona de Kim Taeyeon.
O automóvel conseguia ser tão sombrio quanto a dona, assim como as músicas que escutava. Música clássica! Aprendera com os filmes de terror, livros e outras leituras consideráveis como fanfics que aquilo nunca era uma boa combinação. Fitou-a com o canto dos olhos e dera um sorriso leve quando a mesma lhe fitou com a sobrancelha erguida.
– Algum problema? – Indagara ríspida para a mais nova.
– Por que você me ofereceu a carona mesmo? – Tiffany colocou o cinto e dera de ombros quando a mulher começara a dirigir.
– Não sei... Por que você estava me bisbilhotando de madrugada? – Taeyeon retrucou como quem nada quer. – Sabe que isso é invasão de privacidade, certo?
– Só é se eu invadir a sua propriedade ou seja lá o que for além disso, mas... – Tiffany dera um sorriso sacana. – Olhar pela janela não é invasão de privacidade... Não vou ser presa por isso. – Dera de ombros.
– Realmente não, mas é muito feio para uma menininha da sua idade estar bisbilhotando alguém a um ponto onde se espera sentada e atrás da cama até as quatro da madrugada. – Taeyeon tinha um tom muito calmo, mas exalava frieza com o olhar. – Muito, muito feio, Senhorita Hwang! – Semicerrou os olhos para a estrada.
– Mas estava tudo escuro! – Tiffany exclamara indignada. – Como você me viu, criatura? Aff! Não nasci pra ser investigadora!
– Definitivamente não. Você usou o celular para ver as horas e a luz refletiu no espelho, que refletiu na janela e que obviamente lhe denunciou. – A morena rira desdenhosa. – Você é muito iniciante, mocinha.
– Droga. – Cruzou os braços emburrada e notou a mulher dirigir quieta até a cidade. O que não fora de todo mal, é claro.
O centro da cidade não era lá muito grande, mas dava para sobreviver. Ao contrário do que imaginou, Taeyeon até que fora muito gentil com ela pois saiu do carro consigo e começou a lhe guiar para os estabelecimentos que estavam precisando de funcionários. Quando Tiffany falou do currículo ao qual se esquecera de fazer, a morena apenas rira da sua cara. Taeyeon lhe explicou com grande calma que os cargos da cidade, em sua maioria, eram preenchidos por indicações. E que como Tiffany era irmã de Sehun e o irmão da moça sempre ajudava Taeyeon a limpar a rua no outono, então ela viria a fazer aquele favorzinho por ele.
Ele, é claro. Pois a baixinho deixou bem claro que achou Tiffany uma “patricinha babaca e metida na vida dos outros.”, bem nestas palavras.
Parara em frente a uma velha farmácia cujo os dizeres das placas já estavam perdendo a tinta. Que por um acaso era em um vermelho forte. Lá de dentro se dava para escutar uma suave melodia de música clássica e cristã. Taeyeon apontou para a porta e enquanto ia levantando a mão para abrir a porta, eis que fora impedida por uma Tiffany muito séria.
– Não.
– Por que não? Eles precisam de um caixa! É fácil isso, você vai passar o dia sentada! – Taeyeon parecia incrédula. – O cara tá trabalhando sozinho, coitado!
– Li em uma fanfic por aí onde o serial killer era um farmacêutico muito psicopata e que envenenava as pessoas. E ele ouvia música clássica. – A garota erguera o queixo e voltou a andar para a loja seguinte, deixando uma Taeyeon resmungante para trás.
– Sério mesmo que você vai rejeitar-
– Cala a boca! – Tiffany dissera seriamente e notou-a lhe fitar mortalmente. – Quer dizer...
– Não brinque com fogo, garota. Ou eu te faço voltar andando! – Taeyeon dissera grosseiramente e dando uma cotovelada na moça. – Se você não quer trabalhar na farmácia, então tenta na cafeteria.
– Mas eu não sei manusear muitas xícaras, eu sempre deixo-as cair- – Tiffany fora calada com o dedo indicador de Taeyeon em sua boca, tendo a mulher um olhar deveras assustador para si.
– Se achar ruim, então vai trabalhar como estagiária em um cemitério!
E a resposta automática de Tiffany foi abrir a porta da cafeteria com os olhos bem arregalados.
--
O rapaz terminava de recolher os exercícios dos alunos e dava tchau com a mão para todos. Esperou até o último sair para finalmente guardar os documentos em sua pasta e se levantar com grande calmaria. Olhou em seu relógio de pulso e constatou o óbvio. Era perfeito com números a um ponto em que sempre adivinhava quando seus aluninhos iriam terminar as atividades ou as provas. Sabia o perfil de cada um e tomava muito cuidado para conseguir explicar de um jeito que até o pequeno com maior dificuldade conseguia entender. Certificou-se que apagou todas as luzes e deixou a sala arrumada. Certamente que não queria dar trabalho as senhoras da limpeza que sempre eram tão gentis com o jovem professor. E era provável que Sehun iria direto para a sala dos professores deixar as chaves e quiçá começar a corrigir por ali mesmo.
Iria.
Parou em frente a sala de literatura e reparou que sua vizinha, Kim Irene, ainda dava calmamente sua aula. Aproximou-se cuidadosamente para ouvir a explicação da vez. Adorava ouvi-la exclamar com tamanha dedicação, podia até mesmo sentir a emoção vinda de sua sutil tonalidade de voz. E no escuro ele sempre ficava para não ser notado e poder olhá-la em paz. Tinha grande receio de o fazer pessoalmente, apesar de realmente ser apaixonado por aquela mulher.
Assim como era gritante a dificuldade que obtinha sempre que pensava em ir falar com a mesma de outra forma. Não se imaginava em momento algum chamando aquela mulher para sair. Não se achava nem mesmo perto do nível de Irene, assim como acreditava fielmente que a mesma deveria ter um namorado ou alguns casinhos. Observar de longe e onde não podia ser visto jamais fora um problema.
Ao menos até ser pego algumas vezes pelo diretor do colégio. E era sempre aquele mesmo problema.
– Professor Oh? – A indagação fria ao seu lado lhe fizera dar um pulo e quase jogar a pasta com os exercícios das crianças para o alto, mas conseguira se controlar a tempo. – Não tens o mínimo de escrúpulos? – A sua frente estava o Diretor do colégio, o Senhor Do Kyungsoo. Era baixo, porém sempre deixava o jovem e encabulado Sehun muito assustado.
– E-eu... – Engolira em seco e sorriu nervosamente. – Estava indo para a sala dos professores, Senhor Do. – Tentou se explicar com um tom de voz calmo.
– Oh sim... E se perdeu no caminho, não é mesmo? Melhor! Perdeu algo na porta da Senhorita Kim? – Rira desdenhoso para o funcionário. – Pois o Senhor estava parado sem a mínima pretensão de sair.
– Gosto da oratória da Senhorita Kim. – Sehun abaixou a cabeça envergonhado. – Ela tem uma voz muito bonita, aprecio o método dela de dar aula.
– Eu deveria demitir você... – O homem cerrou o punho, mas ambos tiveram a atenção tomada quando Irene colocou a cabeça para fora da sala.
– Olá! – Dera um leve sorriso. – Algum problema aqui?
– Não há problema algum, Senhorita Kim. Só estava convidando meu amigo Senhor Oh para ir a direção. – O olhar do homem para Sehun era de dar medo, mas seus olhos grandes e negros brilhavam!
– Eu... Eu tenho compromisso e era isso que estava tentando a falar o Senhor Do. – Sehun tentou não gaguejar e nem ficar vermelho.
– Poxa vida! Que pena, não? – Irene dera um sorriso doce para Sehun e em seguida para o chefe. – Pedi para o Sehun observar um pouco a minha aula e me esperar. Meu carro quebrou... – Fizera um biquinho pedinte ao homem. – E como a minha irmã está dando carona para a sua, eu pensei...
– Posso lhe dar uma carona, Senhorita Kim! – O diretor Kyungsoo exclamara com um leve sorriso.
– Já tenho carona, não tenho Sehunzinho? – A moça ampliou o biquinho pedinte, notado o rapaz calado em questão rapidamente assentir. – Ótimo! Mas obrigada mesmo assim, Senhor Do! Vou dispensar as crianças e vou pegar a minha bolsa. – E antes de sair, obviamente que dera uma leve e sutil piscadela para Sehun.
– Por hoje você passa, Oh... Por hoje você passa! – Kyungsoo exclamara rancoroso. – Mas se é guerra que você quer, é guerra que você vai ter! Nerd insolente... – O diretor fitou-o de cima para baixo antes de erguer o queixo e sair andando. Sehun deixou o queixo cair e arrumou os óculos em sua face. Apenas observou quieto as crianças saírem da sala e notou Irene arrumar as pastas.
Aquela seria definitivamente a carona mais difícil de toda a sua vida.
--
Tiffany havia conseguido o emprego de primeira, bastou uma conversa de dez minutos de Taeyeon com o dono do estabelecimento nos fundos da cafeteria. E castanha até suspeitava que a mesma tinha oferecido dinheiro ao homem, mas duvidava realmente que ela investiria algo na jovem. A única coisa que lhe deixou frustrada é que uma cliente adentrara faltando dez minutos para o seu turno acabar.
E quem era a individua?
Isso mesmo! Kim Taeyeon, é claro. Olhava muito torto quando fora pela quarta vez encher aquela maldita xícara de café. E todas às vezes aquela mulher lhe dava um sorriso divertido em troca.
– Belo uniforme. – A morena arqueou a sobrancelha direita.
– Obrigada. – Forçou um sorriso em resposta para a baixinha. – Já é hora de terminar o café, não? – Ampliou o sorriso falso.
– Quero bolo de chocolate. Pegue o bolo de chocolate. – Taeyeon apenas cruzou as pernas e abrira um jornal calmamente. – A propósito... Seu chefe saiu mais cedo e deixou a chave comigo, então a neném está trancada aqui comigo até a hora que eu quiser. – Dera de ombros.
– Vac- – Tiffany nem terminou de falar, pois a baixinha erguera o indicador.
– Pense bem no que você vai me dizer.
– Arrgh! – Exclamara a castanha irritada e indo atrás do tal do bolo de chocolate.
--
Já eram perto das oito horas quando Tiffany abrira a porta do quarto e pudera cair de cara na cama. Gritou frustrada e dera um tapa no colchão. Aquela baixinha do outro lado da rua era terrível! Aquilo fora horrível e tudo o que a moça gostaria no momento era de falar com alguém. Notou que Sehun estava concentrado na sala corrigindo algumas coisas e decidiu por apenas dar oi e subir. Puxou o celular e olhou toda a sua lista de contatos, lembrando-se então da única pessoa ao qual não avisou que chegara bem. E eis que mal pensara na criatura e notou que estava recebendo uma ligação da individua. Engolira em seco e fizera o sinal da cruz, atendendo cuidadosamente o celular.
– Oi Jess... – Tiffany dera um sorrisinho nervoso e agradecera aos céus por Jessica estar muito longe para vê-lo.
– OI JESS É A MINHA MÃO NA SUA CARA, SUA SAFADA! COMO ASSIM VOCÊ CHEGA NESSE FIM DE MUNDO E NÃO AVISA A SUA MELHOR AMIGA QUE CHEGOU BEM? SUA DESCARADA!
– Tive problemas técnicos e não consegui lhe contatar...
– ALÉM DE VACA É MENTIROSA!
– Mulher, me escuta. Eu cheguei aqui e já tive que arrumar tudo e ir jantar na casa da vizinha com o Sehun. – Apoiou o rosto em um travesseiro e deitou de barriga para cima. – Inclusive, meu irmão tem crush na vizinha bonitona.
– Estamos falando do mesmo Sehun que já passou o natal inteiro lendo gibis e fazendo recortes de fotos de super heróis para colar no caderninho? – Jessica rira divertidamente do outro lado da linha. – Que bonitinho ele! A vizinha bonitona também gosta dele?
– Eu não sei, mas parece que sim. – Tiffany dera de ombros. – O meu problema não é a vizinha bonitona que é bem legal até, mas sim a irmã mais velha e louca dela.
– Já sei que já deu ou vai dar merda. – A mulher do outro lado da linha bufou. – Tiffany... Você não desafiou a mulher na casa dela, né?
– Talvez...
– TIFFANY!
– Foi mais forte do que eu! – Exclamara a castanha indignada para a amiga.
– Mas ain-
– DEIXA EU CONTINUAR!
– TÁ!
– Então, como eu ia dizendo... Tem a vizinha legal e bonitona e tem a vizinha irritante e estranha. E hoje a vizinha estranha resolveu me dar uma carona pra cidade pra me ajudar a encontrar um emprego. – Tiffany forçou um sorriso para o teto. – No meu segundo dia aqui.
– QUE UÓ!
– NÉ? – Dera um soco na cama e suspirou. – Só que ela é bem louca. Tipo... Tão dizendo que por aqui está sumindo algumas pessoas de todas as idades, sabe? Nessa cidade e nas cidades vizinhas. Isso é bem estranho... E a louca da vizinha, que além de velha também tem nome de velha, saiu de madrugada levando algo estranho no carro.
– Qual é o nome dela?
– Taeyeon.
– QUE UÓ!
– Exato.
– E essa Taeyeon é bem louca de sair assim de madrugada? Cruzes amiga, eu já vi esse filme antes...
– CALA A BOCA, EU NÃO QUERO MORRER!
– MENINA EU SÓ NÃO BROTO AÍ PORQUE A LOIRA GOSTOSA É SEMPRE A PRIMEIRA A MORRER! – Jessica gritou no telefone e a castanha tinha certeza que a loira estava com os olhos arregalados.
E nem tivera muito tempo para responder, pois assim como a luz, a ligação também caíra do nada. Tiffany se encolheu sobre a cama e engolira em seco, pegando seu urso rosa de pelúcia e o abraçando com força. Notou que as luzes da rua também estavam apagadas e sentira um frio na espinha. Soltou um alto e fino grito quando ouviu a porta de seu quarto ser aberta com tudo, jogando com uma mira de ouro o raio do ursinho na pessoa na porta, que também começara a gritar alto! Tiffany mirou a luz do celular pra pessoa da porta, notando um Sehun assustado e com os olhos bem arregalados. Agora era o irmão quem segurava o ursinho com força.
– A luz... – O rapaz começara a falar baixinho.
– Eu vi... – Tiffany tinha um enorme biquinho, levantando-se e indo até o irmão. – Temos velas?
– Acabaram na semana passada e eu me esqueci de comprar... – Sehun andou até a cama com um sorriso conformado e se sentou na ponta. – Você também não é fã de escuro, não é?
– Não sou fã de escuro e sou ainda mais hater quando se tem um serial killer lá fora esperando para pegar as menininhas indefesas. – Tiffany se arrastou até o irmão e sentou-se ao seu lado.
– O que nós vamos fazer se a luz não voltar? – Engolira em seco e esticou-se um pouco para olhar pela janela. – Hum... Parece que no outro lado da rua há luz.
– Mas os postes...
– Velas, Tiffany. – Sehun soltou o ursinho na cama e se levantou. – Vou lá perguntar se não podem nos emprestar algumas.
– Está tudo escuro, é muito tarde pra você sair sozinho! – A garota se levantou em seguida.
– Eu prefiro que você fique e eu só vou atravessar a rua, está bem? – Dera-lhe um tapinha no ombro e pegou o celular para iluminar o caminho. Tiffany apenas lhe fitou sair e suspirou pesadamente. Quando ouvira Sehun fechar a porta da frente, a moça andou até a janela e tentou enxergar o irmão atravessando a rua. Ouvira o telefone tocar e automaticamente atendera.
– Oi, Jess... – O tom era suave, mas ainda estava concentrada na rua. Tão concentrada que nem percebeu que atendera uma ligação desconhecida.
– Da próxima vez que você me chamar de louca, pirralha, eu acabo com a tua raça. NÃO. ME. IRRITE! – E desligou logo em seguida, fazendo Tiffany olhar para o telefone com os olhos arregalados. Aquela era nitidamente a voz de Kim Taeyeon...
--
Sehun batera na porta com força e olhou para a rua escura. Estava com medo? Claro que sim! Era óbvio! Era um verdadeiro garoto assustado, só tinha tamanho mesmo. E esperou até que alguém viesse fazer o favor de lhe tirar da rua. Notou Irene abrir a porta e só colocar o rosto em amostra, dando um leve sorriso e então fechando a porta e destrancando a trava adicional da porta. O rapaz timidamente adentrou a casa da colega de trabalho e colocou as mãos nos bolsos, notando que a moça estava de pijama e com um robe. Estava com os cabelos levemente molhados e penteados bem para trás. A moça segurava uma xícara de chocolate quente.
– Você esqueceu de comprar as velas, Sehun? – Irene indagara naturalmente e oferecendo a xícara pra o mesmo, notando-o negar com a cabeça.
– Digamos que tive problemas técnicos para comprar as velas. – Tinha um sorriso conformado e fitava o chão. – Terias velas sobrando, Irene?
– Claro! Venha comigo e já lhe passo algumas. – Andaram até a cozinha e a moça se abaixou para pegar as velas na parte baixa do armário.
– Irene...
– Sim? – A moça somente levantou a cabeça, arqueando a sobrancelha.
– Obrigado por hoje, de verdade. – Sentou-se uma das banquetas altas. – Eu acho que ele realmente iria me demitir desta vez.
– Sabe, Sehun... – Irene se levantou com as velas em mãos e dera o saco para o rapaz. – Eu não gosto do jeito que algumas pessoas lhe tratam. És um homem muito gentil e prestativo, és uma boa pessoa. Gosto do jeito que você me trata e até hoje fostes uma das únicas pessoas ao qual eu nunca me incomodei após aquilo que aconteceu com a minha família. – Sentou-se na banqueta ao lado. – Então não é problema algum lhe livrar de algo que seria muito injusto. – Suspirou pesadamente e colocou a mão no ombro do mais velho. – E além do mais... Não quero que o Senhor Do afaste você da escola, já sofro muita incomodação com ele estando você lá por perto... Imagina se você for demitido? – O desabafo fizera Sehun fechar os punhos com muita força e olhar fixamente para o chão. E não fora somente ele...
Pois nenhum dos dois percebera que alguém ouvia a conversa em outra sala. A morena baixa se encontrava brincando com um canivete e olhando para o mesmo, tendo de uma feição séria ao receber aquela informação. Quiçá... Estivesse tão ou mais irritada que Sehun. Taeyeon estava na parte escura da sala, atrás da parede da cozinha e bem ao lado da porta. A morena rira baixo com a respiração e estralou o pescoço, saindo silenciosamente de perto.
– Bem, vamos falar de coisas boas! – Irene exclamara agora alegre e com um lindo sorriso. – Já alugou o filme?
– Filme? – Sehun piscou em confusão.
– É o filme de amanhã! – Rira divertidamente.
– O FILME! – Sehun gritou assustado e com os olhos arregalados ao se tocar que havia esquecido completamente que o dia seguinte era sexta e que ainda não havia locado o filme. – O filme, o filme, o filme! Boa noite, Irene, obrigado pelas velas. – Levantou-se em um pulo e andou atordoado para fora.
Teria de locar aquele bendito filme ainda naquela noite.
--
Mal Sehun piscou dentro de casa e a luz voltara, o homem fora correndo até o quarto da irmã e olhou o relógio de pulso. Eles ainda tinham vinte minutos antes da locadora fechar. Naturalmente o rapaz fizera a irmã colocar um casaco e fora arrastando-a para o carro, ouvindo os resmungos de uma Tiffany irritada.
– O filme, o filme, o filme...
– E tem que ser agora? – Retrucou a castanha após colocar o cinto e observar o irmão ligar o carro rapidamente.
– O filme, o filme, o filme...
– Travou, hein? – Tiffany cruzou os braços emburrada. – E que filme você vai locar?
– O filme, o filme, o fil-
– QUE FILME?
– Tenho medo de pegar amor clichê e a Taeyeon me dar um tapa. – Sehun comentou abismado e dirigindo dentro dos limites pela estrada escura.
– Pega de terror então pra agradar aquela demônia! – Tiffany exclamara naturalmente.
– Terror! – Sehun tinha os olhos bem arregalados e logo assentindo. – Agradar, agradar, agradar...
– Tá nervoso, hein? Você só vai um filme com a sua vizinha-crush, sua irmã maravilhosa e a outra vizinha louca, nem é mesmo um encontro, mas... – Olhou o irmão fazer a curva com cuidado e estacionar de qualquer jeito em frente a locadora. – Até parece que nunca teve um encontro! – Rolou os olhos e então notou o irmão olhar para o volante e franzir o cenho.
– Eu nunca tive um encontro. – Constatou mais para si mesmo do que para a mais nova. E a reação de Tiffany fora abrir e fechar a boca algumas vezes, decidindo por manter a boca fechada. Era melhor.
Ambos adentraram silenciosamente a locadora e foram direto para a sessão suspense/terror. Sehun pegou o primeiro cuja a capa ele achou mais bonitinha e menos traiçoeira. Silent Hill. Levou até o caixa e retirou o dinheiro da carteira.
– No nome de quem? – A atendente indagara sem muito ânimo.
– Oh Sehun. – O rapaz respondera naturalmente.
– Oh? – A mulher indagara incrédula.
– Sehun! – O pobre Sehun respondera ainda muito distraído com o dinheiro.
– Oh! – A jovem atendente dera de ombros.
– Sehun! – Sehun levantou a cabeça e fitou-a com a sobrancelha erguida.
– E como se soletra isso?
– S, e, h, u, n! Sehun! Se-Hun! – O castanho colocou o dinheiro em cima do balcão.
– Não, Senhor! O sobrenome! – A mulher parecia perder a paciência.
– Oh! O, h!
– Oh! – Retrucou já irritada.
– Não, moça... O sobrenome dele é realmente Oh. – Tiffany dera um tapa na testa quando a mulher exclamara um “Ahhh!”.
– Devolução até sábado a noite. – Entregou o ticked do rapaz e pegou o dinheiro. – Uma boa noite para a Senhorita e para o Senhor Hun Seoh! – E tivera a mais nova de ir arrastando seu irmão de quase um metro e noventa de altura para que este não viesse a gritar com aquela atendente...
--
No dia seguinte ambos se levantaram as seis e meia da manhã, tendo Sehun a bater várias vezes na porta da irmã e ligar para o telefone da mesma por pelo menos quinze vezes... Mas conseguira! Ambos agora tomavam café calmamente na cozinha enquanto assistiam o noticiário.
– Já deu uma olhada no filme que você alugou? – Tiffany indagara curiosamente ao mais velho.
– Não e só quero descobrir se é muito pesado quando formos ver.
– Não me diga que você tem medo de filme de terror... – Rolou os olhos.
– Claro que não! – Exclamara o rapaz indignado. – Só um pouquinho.
– Sei...
– Aumenta o volume! – Sehun exclamara ao ver que estava passando um noticiário diferente do comum. Tiffany pegou o controle e aumentara o volume e franziu o cenho.
– “O Senhor Evans foi encontrado nesta manhã quando lojistas vizinhos perceberam que o mesmo não abrira a farmácia no horário pontual como em todas as manhãs. O corpo estava muito deformado e acharam lama espalhada junto ao sangue.” – Tiffany arregalou os olhos. Aquela era a farmácia onde Taeyeon queria que ela fosse trabalhar! A repórter falava tudo com grande seriedade. – “Devido o grau de maldade usado no caso, a polícia interceptou as lojas vizinhas para que ninguém se aproximasse muito, mas chegou a informação que o Senhor Evans fora decapitado.” – Tiffany quase se engasgou com o café e principalmente... Quando ouvira alguém bater na porta da cozinha.
– Pode entrar! – Sehun exclamara.
– Bom dia, vizinho. – Taeyeon adentrara a cozinha com um leve sorriso. – Esquecemos de novo do açúcar. – Dera de ombros. – Teria? – Estendeu a xícara para Sehun, que assentira calmamente. O problema mesmo é que Tiffany não conseguia desprender os olhos dos tênis de Taeyeon.
Estavam sujos de lama.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.