A manhã era chuvosa na pequena cidade do interior do Texas e Oh Sehun se encaminhava para dentro de uma loja de CD’s e Vinis. Tinha uma pequena lista em mãos e ajeitava seus grandes óculos em seu rosto. Pegou uma cestinha e fora buscando pela prateleira onde acharia os CD’s que a irmã queria. Estava tão distraído que nem percebera que estava a ser sutilmente seguido. Abaixara para amarrar o cadarço de tênis e então finalmente percebera uma pessoa bem a sua frente. Era uma mulher e usava belos saltos altos, do chão mesmo o rapaz levantou o olhar curioso e não conseguindo a surpresa. Levantou-se com os olhos arregalados e nem tivera tempo de dizer alguma coisa, pois fora imediatamente puxado para um abraço apertado. Sehun não era lá um rapaz que gostasse de tanta proximidade assim. Claro! Tinham suas exceções, mas a mulher a sua frente definitivamente passava longe de ser uma dessas pessoas especiais.
Na época do ensino médio, Sehun tinha uma certa paixonite em uma garota mais velha chamada Kim Hyuna. Podia-se dizer que naquela época, aquela garota era deveras popular na escola onde estudavam e que obviamente Sehun estava longe de ter chances com a mesma. Ainda tinha a aparência ainda mais nerd enquanto estudante. Não era um rapaz chamativo e sempre ouvia piadinhas vindo dos grandalhões e das garotas como Kim Hyuna. A paixonite não chegou a passar com as risadinhas, o que de certa forma fora prejudicial para a autoestima do castanho. A paixão passou com o tempo, mas Sehun só se dera conta mesmo daquele fator quando Kim Irene se tornou sua vizinha há alguns anos. Aí que a paixão fora sem igual e sem limites, com toda certeza um sentimento mais sólido e forte.
E curiosamente... Era justamente Kim Hyuna quem estava a abraçar o pobre professor.
– Eu não acredito nisso! – Exclamara a mulher com um lindo sorriso.
– Nem eu... – O rapaz respondera com a testa franzida enquanto era praticamente esmagado naquele abraço. Tinha até receio de restribuir...
– Faz tanto tempo, Sehunnie! – Hyuna afastou-se do abraço e lhe segurou os ombros. – Não sabia que você estava morando no Texas!
– É... Faz alguns anos que me mudei para cá. – Sehun tinha um sorriso meio forçado e a sobrancelha erguida. – Está de passagem por aqui, Hyuna? – E naquele momento se recordou que a Hyuna também era Professora e que havia conseguido um emprego em uma boa faculdade em outro estado. Nenhum dos dois era do Texas, talvez fosse por isso que o castanho estranhasse o fato daquela mulher estar ali aleatoriamente em uma loja de CD’s e Vinis de uma cidade no meio do nada. Apenas pessoas de cidades vizinhas visitavam por ali.
– Na verdade mesmo, eu me mudei semana passada para cá. – Hyuna dissera animadamente, fazendo-o arregalar os olhos. – Eu sei, eu sei... Pode parecer loucura, mas sempre quis dar aulas para crianças e não gente grande.
– Você vai dar aula no colégio local? – Indagara incrédulo e rindo pela respiração.
– Ainda não. Vou ficar na direção como secretária, mas acho que no ano que vem consigo lecionar. – Sorriu gentilmente. – Minha prima dá aula nesse colégio! – Hyuna exclamou naturalmente, ignorando a feição surpresa do rapaz. Ela estava achando que ele provavelmente estava muito feliz e surpreso com aquela notícia, mas a grande verdade era que...
Sehun estava com medo de Hyuna falar alguma coisa que o pudesse constranger na frente de Kim Irene.
– Ah é? Que prima? – O rapaz perguntou apenas por perguntar.
– Kim Irene!
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Tiffany calmamente tentava instalar uma das câmeras do lado de fora da casa, pois estava era louca mesmo para começar a tirar as certezas sobre a sua vizinha estranha. O problema era que a jovem Hwang não tinha lá muita prática em subir em escadas e instalar coisas. Na verdade... Nunca tinha montado nem mesmo uma árvore de natal, pois seu pai fazia a maioria das coisas sem pedir ajuda. E provavelmente Sehun também não tinha prática com escadas, já que quando Tiffany a tirou da garagem estava cheia de teias de aranhas. A castanha subia aquela escada e tentava não olhar para baixo e nem mesmo se desconcentrar.
A pobre jovem quase caiu com câmera e tudo em alguns degraus bambos ou por basicamente não acertar o local que tinha que por o pé. Segurou com firmeza e apoiou suas coisas no topo da escada. Eram algumas ferramentas, ao quais Tiffany nunca havia usado na vida, a câmera e alguns fios para fazer a conexão com o computador que usaria para fazer o monitoramento.
Já no outro lado da rua...
Eis que a moça podia ouvir alguém abrindo uma cadeira de praia e abrindo alguma lata. Tiffany já estava no topo quando percebeu que alguém realmente tinha feito aquilo.
E lá estava Kim Taeyeon bem acomodada em sua cadeirinha de praia enquanto assistia a aquele show de horrores que era uma pobre patricinha tentando dar uma técnica de segurança... A morena apenas ria divertidamente e tomava alguns bons goles de sua bebida.
Tiffany erguera o queixo orgulhosamente e pegou a furadeira ainda fitando sua rival do outro lado da rua. Taeyeon apenas arqueou as sobrancelhas em resposta.
– Bem que você podia me ajudar ao invés de ficar rindo! – Tiffany exclamara em alto bom tom para a morena, que rira divertidamente.
– Eu? Acha que eu não sei por que você está instalando essas câmeras, Hwang? – Taeyeon indagara como quem nada quer e acomodando-se melhormente sobre a sua cadeira de praia. – Estou aqui é para observar a pirralhinha dando uma de moça experiente.
– EU TAMBÉM TENHO O MEU VALOR! – A castanha gritou em resposta e respirou fundo. –Ok, Tiffany... Não vou passar vergonha na frente dessa mal encarnada.
– Quer ajuda, vizinha? – A indagação fora feita bem perto da moça, tendo esta a quase dar um pulo e cair. Na verdade... O pulo realmente ocorreu, mas a queda fora impedida pelo vizinho alto, forte e bonitão da casa do lado. Nichkhun não era lá o tipo de pessoa por quem Tiffany viria a se interessar, mas talvez fosse necessária a ajuda alheia para irritar Kim Taeyeon. Claro que ele não precisava saber disso...
– Com certeza. – Tiffany respondera com um belo sorriso e saindo dos braços do vizinho. Apenas dera um passo para o lado e notou o rapaz subir nas escadas. – Você é muito gentil, Senhor Nichkhun.
– Que nada, Tiffany! – O rapaz dera um leve sorriso e pegou a furadeira, começando a trabalhar. A garota não sabia, mas tinha uma leve suspeita que sua vizinha lhe fitava mortalmente.
E ela adorava isso.
– Quer uma limonada ou algo do gênero? – A garota colocou as mãos na escada e a segurou enquanto o vizinho furava o local certo para fazer o encaixe da câmera e outro para os cabos.
– Não, obrigado. – Nichkhun dera um sorriso para a moça e esta o retribuiu da mesma forma. Após todo o encaixe, eis que Tiffany se lembrou da criatura do outro lado da rua. E quando se virou... Não vira nada além de uma latinha amassada jogada perto do lixo. Havia irritado a besta.
O que na verdade era ótimo.
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Já no dia seguinte...
Tiffany esperou até o momento certo em que Taeyeon saísse de casa para então aproveitar a falta de movimentação da rua. Nada lhe tirava da cabeça que sua vizinha tinha algum envolvimento com os assassinatos e sumiços que estavam ocorrendo na região. Levava apenas uma câmera fotográfica e uma pequena lanterna. O que não era lá uma boa ideia... Mas Tiffany geralmente não costumava pensar nas consequências. Fingiu estar dormindo quando Sehun lhe avisou que estava saindo e naturalmente saiu após o irmão, mas sem trancar a porta. Abaixou-se e atravessou a rua. Não que ela fosse invadir a casa alheia, longe disso. Apenas dera a volta pelo extenso quintal e ligou sua lanterna. Deveria mesmo era ter aproveitado a oportunidade do dia em que fora ver um filme naquela casa... Ahhh se arrependimento matasse!
E de tão distraída que estava em sua investigação... Eis que a moça não percebera que Sehun voltou em casa correndo e trancou a porta. O pobre rapaz havia esquecido a carteira e estava pronto para o que achava ser um encontro.
Tiffany notou uma janela levemente aberta e semicerrou seus olhos, colocando a lanterninha para dentro e observando a sala obscura. Tudo ficava pior pelo fato da casa ter sido construída no estilo rústico de madeira de carvalho escura. A moça rira de si mesma por estar com medo.
Ela estava sozinha!
Absolutamente ninguém estava por ali perto, nem mesmo o vizinho prestativo.
Tudo estava em silêncio.
A calmaria do luar podia acalmar qualquer coração acelerado.
Mais segura impossível!
Nada podia lhe acontecer.
Ou será que pode?
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Sehun andava de um lado para o outro dentro do estacionamento com um enorme buquê de flores em suas mãos. Encontrava-se trêmulo e verdadeiramente assustado com tudo aquilo. Recebera um papel em sua caixa de correio naquela manhã que lhe dera uma enorme fonte de esperança. Obviamente que o jovem Oh não media as possibilidades de ter sido enviado por outra pessoa, pois acreditava fielmente que a remetente de tal convite era Kim Irene. Sehun colocou a sua melhor camisa xadrez de botões, a melhor calça, os melhores sapatos e até a cueca da sorte para ver se surtia algum efeito e se desta vez conseguia um beijo mesmo de sua amada. Andava muito disperso desde que reencontrou com Hyuna. Não tinha bons pressentimentos sobre aquele reencontro e já sentia certa aflição com a situação. Muitos dias já haviam passado desde o incidente referente a Irene naquele colégio e acabou que ambos não conversaram muito em um todo, já que a semana de provas havia chego e tinham de preparar bem suas avaliações. E sobre o assunto “nós”, este nem sequer fora tocado.
Mas talvez naquela noite a situação poderia virar completamente.
Sehun andou apressadamente quando finalmente dera nove horas, indo na direção do velho cinema. Inclusive... Tal cinema parecia algo como aqueles dos filmes de terror, onde algo de ruim sempre acontece. Cortinas velhas, algumas coisas caindo aos pedaços, cartazes de filmes antigos que estão sendo reprisados... Nada de novo naquela cidadezinha no meio do nada.
Não dera lá muita bola ao ver o carro de Kim Taeyeon no outro lado da rua, o rapaz comprou os ingressos e calmamente esperou. Mostrava-se impaciente com a situação, mas quase gritou de susto ao avistar Do Kyungsoo muito bem arrumado a adentrar aquela área do cinema. Ele até tentou se esconder, mas não dera muito certo...
E então Sehun tentou esconder o buquê de flores atrás de suas costas, entretanto...
Não dava para esconder um buquê de flores daquele tamanho.
– Ora, ora vejamos se não é o Senhor Nerd-Quatro-Olhos. – Dissera o baixinho com um sorriso maldoso nos lábios. – Vejo que está aqui por um motivo muito... Curioso.
– Não lhe interessa, Diretor Do. – Sehun dissera seriamente, mas suas bochechas estavam vermelhas devido ao nervosismo que lhe consumia.
– Ohhhh... Por que penso que está aqui pelo mesmo motivo do que eu? – Arqueou a sobrancelha e rira de maneira irritante. – Eu não acredito que ela realmente te enviou aquele recadinho... – A risada se tornou maldosa e o professor pudera sentir um arrepio na espinha.
– Eu... – Sehun engolira em seco.
– Own! Coitadinho do menininho trouxa! – Kyungsoo caçoou com vontade, chegando a chorar de rir. – Eu apostei com a Irene que ela te enviava um recadinho idiota te convidando pra vir aqui hoje a noite, sendo que... Ela já tem e está tendo um encontro comigo. – Os olhos de Sehun se arregalaram no mesmo instante e o rapaz praticamente perdera a cor. – Agora... Enquanto estamos aqui, ela provavelmente deve estar do toalete, após retocar a maquiagem e então... Vai comprar uma pipoca, pois nós vamos ver um filme muito interessante hoje a noite.
Sehun não estava lá acreditando tanto, tanto naquilo. Mas a ficha caiu no instante que em que notou Kim Irene sair do banheiro e se direcionar na direção da praça de alimentação e pedir uma pipoca enorme. As mãos do rapaz se afrouxaram, mesmo que este não tivesse soltado o enorme buquê.
– Eu não...
– Parece que a sua casa caiu, não é mesmo, Oh? – Kyungsoo indagara como quem nada quer. O pior é que ele narrou tudo estando de costas para o local de onde Irene estava. Aquilo não era pegadinha. A moça piscou surpresa ao ver Sehun, mas curiosamente estava com roupas normais.
– Eu vou...
– Vai embora, não é? Pois deveria... Quando ela chegar aqui, porque nós sabemos que ela está vindo, bem... Ela vai fazer o que qualquer mulher faria ao ver você nesta situação. – O sorriso se tornava cada vez mais sombrio. – Ela vai te humilhar e fazer muitas piadinhas. – Sehun nem mesmo esperou Irene chegar por ali, apenas empurrou as flores e os ingressos para o baixinho a sua frente e saiu as pressas do cinema.
A moça quando finalmente chegou perto, tinha uma interrogação em sua testa, pois de nada entendera daquela situação. Porém... Ao ver o buquê de flores que Sehun tinha feito o Diretor segurar e ao notar o sorriso maldoso deste último, a moça pudera ter uma leve ideia do que tinha se passado ali.
– Creio que isto seja meu. – Irene dissera friamente e puxando o buquê de flores das mãos do baixinho moreno. Aqueles olhos que sempre expressavam coisas boas naquele momento exalavam uma frieza absurda. – O que você fez com ele desta vez?
– Eu? Nada! – Kyungsoo exclamara naturalmente ao ver a moça e dando-lhe o seu melhor sorriso em seguida. – Quer ir assistir um filme, Irene? Tenho dois ingressos. – Mostrou os ingressos que anteriormente eram do pobre Sehun.
– Quero que você vá para o inferno! – Rira pela respiração e fitou-o de cima para baixo. – Você acha que eu sou o quê? Uma idiota? Uma palhaça que não percebe nada em minha volta? Eu vi muito bem o jeito que ele saiu e o jeito que estavas a sorrir, Do. O que você fez com ele?
– Não fiz nada, Irene! Cruzes! – O Diretor rira divertidamente. Porém, este se assustou quando a mulher tomou os ingressos de suas mãos. – Ei! Isso é meu!
– Não, isso é de Sehun. Não sou cega. – Rira pela respiração e se afastou para a saída com certa pressa. Suspirou pesadamente ao notar que Sehun já tinha ido embora. E então... Passou os seus olhos pela rua escura e vazia para então perceber...
O carro da irmã também não estava ali.
E então... A mulher percebera uma leve chuva começar a cair. Irene tinha um sorriso forçado e parecia realmente irritada. Limitou-se a abraçar-se ao buquê de flores e ir andando para casa, já que não tinham mais ônibus naquele horário.
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Tiffany se encontrava verdadeiramente assustada, tendo a certeza que cometera um dos piores, caso não seja o pior erro de sua vida. Decidira por abrir o restante da janela e então adentrá-la para dar uma pequena visualizada dentro da casa. O problema mesmo... É que aquela bendita janela se fechou assim que a moça entrou. E como não tinha a chave da casa e as janelas pareciam estranhas, cujo só poderiam ser abertas com força, Tiffany acabou por ficar sem opções. Tinha um leve, porém assustador pensamento que assim como ela, Kim Taeyeon também utilizava de câmeras e provavelmente de um sistema de segurança muito melhor do que o da jovem curiosa.
Mas o desespero só lhe tomou conta mesmo quando ouvira um carro manobrar pela rua. E tinha certeza de quem era, pois era o barulho de motor de um carro grande. Uma caminhonete. E parecia ter estacionado de qualquer jeito no lado de fora da casa. Tiffany tivera de tampar a boca com as duas mãos quando ouvira o barulho das chaves na porta da frente.
A garota rapidamente subira as escadas da forma mais silenciosa que conseguia e entrou na primeira porta que avistou aberta. Os olhos estavam bem arregalados, pois ouvira a pessoa que chegou em casa fechar a porta com tudo. Tiffany sentia a adrenalina adentrar seu corpo, pois conseguia se enfiar dentro de um armário. Aquilo parecia ser o escritório de alguém e dentro daquele armário haviam várias prateleiras na parte ao lado de Tiffany. A mulher tivera de ficar reta e segurar a respiração. Notou pela fresta da porta uma pessoa entrar naquela mesma sala. E para o seu desespero...
Kim Taeyeon.
A mulher procurava com certo ódio por alguma coisa.
Ou alguém...
– Eu sei que você está por aqui, pirralhinha... E você não vai gostar nada quando eu te pegar. – Taeyeon forçou um sorriso e saíra com passos firmes daquele escritório.
Tiffany esperou até o momento em que achou seguro sair e o fizera de forma silenciosa e extremamente lenta. Agachou-se e tentou observar o corredor escuro.
Aquilo era o pior... Taeyeon havia deixado as luzes apagadas para dificultar a locomoção da moça pela casa. E a garota não tinha a menor ideia de como aquela estranha sabia que era ela ali.
Ficou de joelhos sobre o chão e fora se arrastando pelo corredor ao lado do topo da escada. Haviam dois corredores, este onde ela havia entrado e que era localizado o escritório e um outro ao qual ela imaginava que ficavam os quartos. Nem se lembrava mais onde havia deixado aquela maldita câmera fotográfica e sua lanterna. Olhou por todo o extenso segundo corredor, percebendo uma luz no final do mesmo e aproveitando-se para levantar-se com cuidado. Mordia o lábio inferior devido ao medo. Porém... O grito fora alto quando ouvira a porta bem atrás de si ser aberta.
Basicamente saíra pulando os degraus das escadas e tentando chegar na porta da frente. E quando chegou...
Trancada.
Virou-se rapidamente e notou a vizinha lhe fitar ainda estando no topo da escada. Aquele olhar não passava absolutamente nada de bom. Tiffany correra na direção da cozinha e torceu com todo o seu ser para que a porta daquele cômodo estivesse aberta. Haviam duas portas para por adentrar ou sair da casa. A de entrada que ficava na sala e a da cozinha. Tentou inutilmente abrir aquela porta, mas percebera que estava tão trancada quanto a primeira. Podia ouvir Taeyeon descer sem pressa a escada. E em meio ao desespero, eis que a moça abrira o armário embaixo da pia e o adentrou rapidamente. Fechou-o e se abraçou com a caixa de sabão em pó.
Definitivamente aquela era a pior ideia da vida dela.
Segurou a respiração quando a morena ligou a luz do cômodo. Não tinha fresta para observar onde sua vizinha estava, mas Taeyeon fazia muita questão de ir batendo alto metálico nas coisas para aumentar o desespero alheio.
Estava ferrada e agora tinha consciência daquilo.
Esperou pelo menos meia hora para sair daquele armário e a situação era cada vez mais assustadora do que antes. Levantou-se com cuidado e pegou uma frigideira, crendo fielmente que estava um pouco protegida assim. Andou até a sala e reparou que a porta da frente estava aberta. E inclusive... Notou Kim Taeyeon de costas para si, sentada em frente a televisão e assistindo calmamente ao noticiário. Tiffany fora o mais silenciosa possível para aquela situação e quando finalmente chegou na porta da frente... Eis que resolvera correr em meio a chuva.
Grande erro!
Não reparou no meio do caminho que havia uma bugiganga bem antes do portão da casa das irmãs. E Tiffany pisou bem no meio daquilo...
Não esperava que Kim Taeyeon fosse ter algum tipo de armadilha para fazer uma corda puxar a pernas da moça e a deixar de ponta cabeça. O grito fora alto, mas a garota reparou que todas as luzes das casas próximas estavam desligadas. O desespero tomou completamente o seu corpo quando notou Kim Taeyeon se aproximar com um sorriso de canto maldoso.
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Sehun chegou horas mais tarde em casa, tendo uma feição péssima no rosto. No banco do passageiro do carro havia pelo menos três garrafas de bebidas alcoólicas fortes, claro, ele não iria tomar tudo de uma vez só, mas pretendia beber até cair dormindo. Saíra do carro e adentrou a casa pela porta da garagem, e largando suas garrafas de qualquer jeito em cima da mesinha da sala. Retirou a camisa xadrez e ficou apenas com a camiseta branca sem mangas que usava por baixo. Passou as mãos pelo rosto e ouvira a campainha ser tocada várias e várias vezes, com certa violência até. Suspirou pesadamente e pronto para dar uma bronca em Tiffany por esta ter descumprido seu pedido de ficar dentro de casa após as sete horas da noite. Destrancou a porta sem muita paciência e com uma feição séria.
– Não acredito que você perdeu as chav- – Fora calado pelo fato da porta ter sido aberta com tudo. O olhar da moça não era nada bom, não lhe transmitia a paz de sempre. Eis que a mulher fechou a porta com tudo e apertou o buquê contra si. – Você...
– Boa noite, Sehunzinho. – Irene forçou um sorriso e rira pela respiração. – Vamos para uma pequena aula de educação: Não se deve deixar uma mulher voltar sozinha, em meio a chuva sem uma proteção contra as gotas e tarde da noite. – Jogou o buquê de flores em cima de uma mesa e dera um passo a frente. Sehun já havia perdido a pose de homem sério há muito tempo, logo no primeiro olhar frio da moça para si... Eis que este dera um passo para trás. – Não é nada divertido voltar andando sozinha nesta chuva e por ser a noite se torna inseguro... Você quer me ver em uma situação de risco, Sehunzinho?
– N-não... – Pararam de andar quando chegaram em uma parede, tendo o rapaz a encostar nela e a engolir em seco. – P-pensei que você estivesse em um encontro com o-
– EU NÃO GOSTO DELE! EU GOSTO DE VOCÊ, SEU IDIOTA! – Irene gritou enfurecida e dando vários tapas no homem, que tentava lhe conter inutilmente. – Eu estava assistindo a merda de um filme com a minha irmã! MINHA IRMÃ!
– SUA IRMÃ?
– MINHA IRMÃ! – A mulher o puxou pelo colarinho e o fitou severamente. – Você nem mesmo esperou para ter certeza...
– Mas eu achei...
– VOCÊ ACHOU ERRADO, QUERIDO! – A castanha lhe empurrou e rira pela respiração incrédula. – Eu andei duras horas até chegar aqui, Oh Sehun! DUAS HORAS!
– E ONDE ESTAVA A SUA IRMÃ PARA LHE LEVAR EM CASA, HEIN? – Em um acesso de raiva o rapaz gritou de volta.
E arrependeu-se no mesmo instante...
Irene semicerrou seus olhos para o mesmo, andando lentamente na direção deste. E o pobre Sehun? O rapaz apenas se encolheu contra a parede e notou-a forçar um sorriso.
– Ela foi embora, apenas disse que iria fazer algo rápido em casa e que já voltaria. Ela não voltou. – Balançou a cabeça em negação e erguera o queixo orgulhosamente. – Mas se é assim então, Oh Sehun...
– NÃO! – Sehun literalmente se jogou no chão agarrando as pernas alheias e com um olhar suplicante. – E-eu não sabia! Foi tudo armação do Kyungsoo!
– Ah vá! – Irene rolou os olhos impaciente. – De quem mais seria, não é mesmo?
– Desculpa! – Pedira rapidamente e notando-a lançar-lhe outro daqueles olhares assustadores.
– Posso até desculpar... Mas com uma condição.
– E qual seria? – Indagara o rapaz curiosamente para a mais nova, que apenas dera um sorriso de canto antes de erguer e retirar a blusa, deixando-o de queixo caído pela visão esplêndida que estava a ter.
– Cansei de esperar.
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Tiffany acordou assustada em uma sala escura e sentou-se no que parecia ser um colchão. O coração ainda batia aceleradamente e a moça passou as mãos pelos olhos. Até tentou se levantar, mas sentia uma dor absurda na perna devido ao jeito que fora erguida naquela armadilha. Sentia o corpo estar frio devido suas roupas estarem molhadas, assim como podia ouvir alguém mexendo em alguma coisa na sala ao lado. Bem... Taeyeon já sabia que ela estava ali e provavelmente havia trancado tudo, então naturalmente Tiffany abrira a porta. Notou a Kim mais velha lhe fitar friamente, mas a sua reação fora muito espontânea. Basicamente sentou-se ao lado da mulher e fizera uma careta devido as dores que agora sentia no corpo todo. Quando a adrenalina passava... Restava-lhe somente uma dor tremenda.
– Deixa pra me matar depois de me emprestar um analgésico. – Tiffany suspirou pesadamente e deitou a cabeça no ombro da outra. Taeyeon rira pela respiração.
– Isso só pode ser brincadeira...
– Não é... Nunca mais me meto em uma perseguição como esta e nem mesmo vou invado mais a sua casa.
– Por que você invadiu a porcaria da minha casa, garota? – Taeyeon puxou o cabelo da moça, fazendo-a pender a cabeça para trás. Dera um sorriso torto. – Eu deveria ligar para a polícia...
– Depois do que quer que seja aquilo lá que você colocou bem na saída... Eu acho que ligar para a polícia iria ser muita maldade. – Fizera um biquinho pedinte. – Por favor... Não liga pra polícia!
– Pirralha louca e beijadora de costas alheias! – Largou-a e se levantou com os braços cruzados. – Que merda foi aquela, Tiffany?
– Foi... Foi uma ideia muito má pensada. – Deitou-se no sofá alheio e suspirou pesadamente. – Quero ir pra casa...
– Que seja! – Taeyeon forçou um sorriso e rolou os olhos. – Toma essa porcaria e abre a porta, vai! Deixa a porra da chave em cima da mesa e se manda daqui! – Jogou as chaves para a garota e ligou a luz do corredor.
E Tiffany até pegou a chave e se levantou para sair.
Mas percebera que Taeyeon quando chegou ao fim do corredor, naturalmente retirou a blusa e a jogou em um cesto de roupas.
A curiosidade poderia matá-la, mas Tiffany não se importava. Colocou a chave da casa na mesinha do corredor e andou lentamente até o quarto da garota, notando-a rir pela respiração ao vê-la na porta. Provavelmente iria fazer alguma piadinha ou seria grosseira, mas parou antes mesmo de pensar...
Pois Tiffany Hwang não conseguia desprender seus olhos do torso desnudo de sua vizinha. Podia-se dizer que a jovem até sentia seu coração bater aceleradamente. E não sabia dizer em que momento exato literalmente se atirou para cima da morena, mas o fizera com muito bom grado. Os lábios se chocaram em um beijo carregado de desejo por ambas as partes, tendo imediatamente Taeyeon a empurrá-la contra a parede e praticamente prensá-la ali. Continuaram se beijando mesmo quando a mais velha puxou suas pernas e a pegou no colo.
E todo aquele desespero que Tiffany sentia antes... Agora havia se tornado desejo.
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